Este trabalho sintetiza uma tentativa de explicação da complexidade socioespacial da relação dialética entre os camponeses-indígenas e o Estado, tomando o caso da comunidade camponesa-indígena Awá do Departamento do Putumayo, na região do piedemonte amazônico do sudoeste da Colômbia e que, desde sempre, tem sido área periférica no processo de conformação territorial do Estado-Nação colombiano. O desenvolvimento da pesquisa permitiu entrelaçar duas histórias, sendo, a primeira, da colonização do piedemonte do Putumayo por parte de comunidades camponesas e indígenas deslocadas das regiões adjacentes por efeito do processo de concentração da terra, as quais recriaram relações camponesas de produção no Putumayo baseadas na posse da terra e o cultivo da coca e, a segunda; a história do deslocamento das comunidades Awá de seu território ancestral no Departamento de Nariño até o Putumayo, processo em que se somaram ao resto do processo colonizador e perderam muitas das suas tradições ancestrais indígenas. A partir de meados da década de 1990, o Estado colombiano se embarca na tarefa de consolidar seu processo de institucionalização nas suas áreas periféricas (principalmente o Putumayo), mediante o combate à produção da coca, utilizando-se de estratégias de forte impacto para a vida das comunidades camponesas como a fumigação aérea e o controle militar. As comunidades reagem a esta iniciativa estatal com uma série de mobilizações em que reclamam seu direito a serem considerados como cidadãos e exigem a implantação do Desenvolvimento Alternativo. A resposta do Estado às mobilizações camponesas é a realização do Plano Colômbia, um gigantesco plano de combate à produção de coca mediante operativos militares para o confronto com as guerrilhas insurgentes, erradicação forçada dos cultivos de coca e imposição de estratégias de desenvolvimento alternativo, elaborado sob a influência dos Estados Unidos. Os impactos negativos deste plano e da incursão sistemática dos grupos paramilitares produziram um deslocamento em massa da população rural e o deterioro das condições de vida da população despejada da terra. Ante estes graves impactos, as comunidades camponesas como os Awá decidem retomar suas características ancestrais indígenas para assegurarem a propriedade da terra e outros benefícios consagrados na legislação, mas, neste processo vão se distanciando entre elas pela concorrência por benefícios estatais, e gerando processos de auto-segregação. / This paper synthesizes an attempt of explanation of the sociospatial complexity of the dialectic relationship between the peasant-indians and the State, showing the case of the peasant-indian Awá community from the Putumayo Department at the Amazonian piedemonte region in southwestern Colombia, which has always been peripheral respect to the territorial conformation of Colombian State. The development of this research allowed us to tie two histories: one. of Putumayo´s piedemonte colonization by peasant and Indian people, displaced from the surrounding regions affected by land concentration, which recreated peasant production relationships at Putumayo, based upon land possession and coca cultivation, and, the other, the history of Awá people displacement from their ancient territory at Nariño Department to Putumayo, process in which they became part of the rest of the piedemonte colonization and lose many of their Indian cultural traditions. Since the mid-nineties, Colombian State assumes the task of consolidating the process of institutionalization in its periphery (mainly at Putumayo), by means of attacking drug cultivation, using harassing strategies for both peasant and Indian communities as aerial fumigation and military control. Those communities react to that initiative with series of mobilizations in which they claim for their right to be considered as citizens and demand for the implementation of Alternative Development programs. The State response to that mobilization comes with the development of Colombia Plan, a gigantic program for combating drug production through military operations for coca crops fumigation and confrontation with the leftist rebel forces, accused of being supportive of those activities. In addition to that there was the imposition of Alternative Development programs in a strategy by which the coca cultivators were obligated to sign the accords for coca eradication so they would not get their crops fumigated. The negative impacts of such policies and of the invasion of paramilitary forces, produced a massive displacement of rural population, and the deterioration of life conditions for the people displaced from their lands. Because of these impacts, peasant communities like Awá, decide to retake their Indian ancestral characteristics to get complete recognition of their land tenure and other benefits established in the constitution for the Indian people, but, in this process, they come to get separated from other communities of peasants and Indians in a competition for legal benefits, creating auto-segregation processes.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-15042009-153756 |
Date | 24 June 2008 |
Creators | Camilo Alejandro Bustos Avila |
Contributors | Julio Cesar Suzuki, Sueli Angelo Furlan, Claudete de Castro Silva Vitte |
Publisher | Universidade de São Paulo, Geografia (Geografia Humana), USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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