[pt] A presente tese tem como objetivo investigar os desdobramentos do ódio
na constituição subjetiva em sua dimensão transgeracional em função de falhas
ambientais ocorridas nos primórdios da vida psíquica na relação com o objeto
primário. A reflexão sobre o ódio no pensamento psicanalítico começa atrelada à
neurose obsessiva e, posteriormente, é expandida para contemplar os primeiros
movimentos psíquicos do ego em relação ao objeto. A radicalidade que tal
sentimento pode assumir no psiquismo devido a severas falhas na rêverie materna
ocasionam a interrupção da função comunicativa da identificação projetiva. Dessa
maneira, o ódio revela sua face destrutiva, uma vez que o psiquismo se encontra
colonizado por objetos bizarros impossíveis de serem metabolizados pelo
continente materno. As derivações desses traumatismos precoces na formação do
self afetam profundamente a modalidade identificatória em ação, prevalecendo o
seu uso adesivo que impede a construção de espaços psíquicos. A manifestação do
claustro como derivativo do ódio traumático possui profundos impactos na
existência do indivíduo, que experimenta uma relação de encarceramento com o
objeto primário. Investigamos de que maneira o ódio é passível de se perpetuar
entre gerações ao assumir um caráter transgeracional, no qual prevalece a lógica
do segredo e da identificação alienante, que impede a atuação da identificação
projetiva como via de comunicação intergeracional. Defendemos que essa forma
de perpetuação críptica e condensada do ódio se manifesta em uma configuração
psicopatológica que nomeamos como claustro transgeracional, que provoca
impasses no campo psicanalítico e convoca o psicanalista ao trabalho implicado e
empático através da contratransferência enquanto instrumento clínico. / [fr] La présente thèse vise à étudier le déploiement de la haine dans la
constitution subjective dans sa dimension transgénérationnelle en fonction des
échecs environnementaux survenus aux premiers stades de la vie psychique dans
la relation avec l objet primaire. La réflexion sur la haine dans la pensée
psychanalytique commence liée à la névrose obsessionnelle et s élargit ensuite
pour envisager les premiers mouvements psychiques du moi par rapport à l objet.
La radicalité qu un tel sentiment peut assumer dans le psychisme en raison de
graves failles dans la rêverie maternelle provoque l interruption de la fonction
communicative de l identification projective. La haine révèle ainsi son visage
destructeur, puisque le psychisme est colonisé par des objets bizarres, impossibles
à métaboliser par le continent maternel. Les dérivations de ces traumatismes
précoces dans la formation du moi affectent profondément la modalité
identificatoire en action, prévalant son utilisation adhésive qui empêche la
construction d espaces psychiques. La manifestation du claustrum comme dérivé
de la haine traumatique a des impacts profonds sur l existence de l individu, qui vit
une relation d emprisonnement avec l objet primaire. Nous étudions comment la
haine est susceptible de se perpétuer entre les générations en assumant un
caractère transgénérationnel, dans lequel la logique du secret et de l identification
aliénante prévaut, empêchant l action de l identification projective comme moyen
de communication intergénérationnelle. Nous soutenons que cette forme de
perpétuation cryptique et condensée de la haine se manifeste dans une
configuration psychopathologique que nous nommons claustrum
transgénérationnel, qui provoque des impasses dans le champ psychanalytique et
convoque le psychanalyste au travail implicite et empathique par le contretransfert comme instrument clinique.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:58634 |
Date | 18 April 2022 |
Creators | DANIEL PINHO SENOS DE JESUS |
Contributors | SILVIA MARIA ABUJAMRA ZORNIG |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | French |
Type | TEXTO |
Page generated in 0.0021 seconds