Resumo: A literatura aponta que uma das principais características da fala de indivíduos portadores de Doença de Parkinson (DP) é o que se denomina fala monótona, a qual representa a diminuição da marcação dos parâmetros prosódicos por esses sujeitos. A partir dessas observações, optou-se por estudar o ritmo da fala desse grupo. Esse trabalho utiliza uma abordagem dinâmica para o tratamento do ritmo da fala, a qual propõe que o mesmo é realizado em dois níveis distintos: o macrorrítmo, que traduz o acento frasal e, o microrrítmo, que marca o acento lexical. Assume-se que a realização do ritmo é feita por dois osciladores acoplados, sendo o controle neuromotor responsável pela sincronia desses dois osciladores. Realizou-se um experimento fonético-acústico no intuito de verificar como indivíduos portadores de DP constróem o ritmo da fala, e confirmar a hipótese que ele é diferente do ritmo da fala de indivíduos não portadores de DP. Para tal, investigou-se a fala, através da tarefa de leitura, de três indivíduos portadores de DP, em três graus diferentes da doença - AQ, grau 1; AD, grau 2 e CM grau 4, comparando-os a um grupo controle composto por dois sujeitos não portadores de DP. As sentenças lidas e gravadas foram analisadas através do programa de análise acústica Praat versão 4.0.41,. Para o mapeamento da curva rítmica utilizou-se o cálculo do z-score estendido de duas unidades de programação rítmicas mínimas (UPRM): a sílaba e o GIPC. A primeira reflete o acento lexical e a segunda, o frasal. Procedeu-se duas formas de análise, uma qualitativa, na qual foram descritas as produções dos sujeitos, e outra, quantitativa, na qual foram avaliadas as evoluções das curvas rítmicas a partir das duas UPRM. Através da análise qualitativa pôde-se reconhecer três tipos principais de ocorrências na fala do grupo de parkinsonianos: introdução de segmentos não esperados; realização de pausas e distorção articulatoria. A análise quantitativa apontou uma freqüente falta de sincronia nos contornos duracionais dos enunciados nesse grupo. A marcação do acento lexical se mantém presente, mesmo que bastante diminuída, mostrando ser mais robusta do que a marcação do acento frasal. Os indivíduos parkinsonianos apresentam uma flutuação na equivalência das curvas do GIPC e da sílaba, fato este não observado no grupo-controle. Para tal, formula-se a hipótese de que a não sincronia das curvas macro e microrrítmicas decorrem da falta de controle neuromotor, traduzindo a falta de sincronia no acoplamento dos osciladores. Assim, as alterações rítmicas presentes na fala de indivíduos parkinsonianos não seriam apenas decorrentes de alterações motoras, mas também teriam um aspecto cognitivo, disparado pela falta de controle neuromotor.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:dspace.c3sl.ufpr.br:1884/23888 |
Date | 31 May 2010 |
Creators | Soares, Maria Francisca de Paula |
Contributors | Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciencias Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduaçao em Letras, Silva, Adelaide Hercilia Pescatori |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFPR, instname:Universidade Federal do Paraná, instacron:UFPR |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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