Este trabalho apresenta uma reflexão sobre as relações entre educação, mundo comum, modernidade, natalidade e lembrar no pensamento de Hannah Arendt. A autora aborda o mundo humano como artifício criado por mulheres e homens plurais, por meio da fabricação de obras e da manifestação de atos e palavras. É na esfera pública gerada por este mundo que as pessoas se encontram, revelando suas singularidades e descobrindo-se plurais. A problemática apresentada no pensamento arendtiano, contudo, reside no fato de que a modernidade marca um movimento, de um lado, de constante de esfarelamento das coisas do mundo (mundo deserto), e, de outro, da permanente iminência de revoluções. Assim, a modernidade é um tempo de crises e transformações profundas e aceleradas de tudo o que existe entre nós. Nesse cenário, a educação passa a ser vista como um problema político de primeira grandeza. Compreendida como a forma humana de acolher os mais novos no mundo, a educação se encontra num vácuo: como acolher os mais novos num mundo que não é mais como era antes, mas tampouco é já como será quando as crianças e adolescentes se tornarem adultas? O caminho escolhido por este trabalho para refletir sobre essa pergunta foi o pensamento a partir das categorias apresentadas por Arendt, tecendo possíveis relações entre a educação e um mundo que fica imediatamente velho, e a educação e um mundo que precisa urgentemente de renovação. Nesse sentido, diante de um mundo caduco, cabe à educação despertar um olhar profundo capaz de dar vida às ruínas de nossa república, de nossas cidades, permitindo alguma compreensão diante dos acontecimentos que se amontoam na nossa frente. Quanto ao novo, se cabe à educação preparar os novos para a renovação do mundo, é preciso saber que a responsabilidade pelo mundo e pelas crianças, no presente, é dos adultos, que precisam agir no âmbito da política e fazer escolhas no âmbito da educação. Se a finalidade da educação é a liberdade, num sentido público, ela precisa ser conservadora, pois aos adultos cabe somente apresentar o mundo que conhecem, deixando aberto o caminho do futuro para que as novas gerações realizem aquilo que é impossível de prever. / This study presents a reflection on the connections among education, common world, modernity and remember in Hannah Arendts thought. The author approaches the human world as a human artificiality created by plural men and women through the production of works and the display of acts and words. People meet each other in the public context created by this world, revealing their singularities and finding themselves plural. However, the issue shown in the Arendtian conception lies on the fact that modernity sets apart a movement, on one hand, of constant crumbling of the things of the world (the desert world), and, on the other hand, of permanent imminence of revolutions. Therefore, modernity is a time of crises and deep, swift transformations of everything there is among us. In this context, education begins to be seen as a critical political problem; understood as the human way of sheltering the youth in the world, it is found in a vacuum: how to shelter the youth in a world that is not what it used to be, but nor is at the moment what it will be when children and teenagers become adults? The path chosen by this paper to reflect on such a question was the reasoning based on the categories proposed by Arendt, setting forth possible connections between education and a world that turns old immediately, and education and a world that desperately needs renovation. In a stale world, education has the role of awakening a deep attitude, able to bring life to the ruins of our republic, our cities, allowing some understanding in light of the events that pile up before us. As for the new, if it is the role of education to prepare the youth for the renovation of the world, it is necessary to be aware that the responsibility for the world and the children, at present, belongs to adults, who must act within politics and make choices in education. If the goal of education is freedom, in a public sense, it needs to be conservative because adults shall only present the world they know, leaving the path of future open so that new generations accomplish what is impossible to predict.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-14072017-170144 |
Date | 06 March 2017 |
Creators | Ferraz, Renata de Oliveira |
Contributors | Francisco, Maria de Fatima Simoes |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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