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Geografia, gênero e contra-espaço: mulheres no assentamento Serra Dourada – Goiás/GO - Brasil / Geography, gender and contra-space: women of Serra Dourada settlement – Goiás/GO - Brazil

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Previous issue date: 2016-12-07 / Geography is a science that studies the (re)produced space from the social relations – like the gender ones – established in the scope of the social work and conducted for the hegemonic demands of the capital. The land concentration of the municipality of Goiás (state of Goiás, Brazil) is a result of these demands, representing the spatialization of the capitalism in Brazil and evidencing the inequalities of this system, for example, when preventing that a part of peasants would have the possibility of (re)produce themselves social, cultural and economically from the access to the land. Thus, this class united around the fight for the land, reverberating in the creation of twenty-three rural settlements in the municipality of Goiás, which the Serra Dourada Settlement is part and territory of this research. The research aims to understand the acting of peasant women of Serra Dourada Settlement in the production of contra-spaces. For this, the methodological procedures selected were organized in three continued and simultaneous steps: bibliographic review; information and data gathering; field research, with semi structured interviews, participating observation, participating mapping and transversal walking. It was possible to observe that this settlement present itself as a contra-hegemony for permitting the peasants to rescue their modes of life and produce contra-spaces, i.e., spaces produced from a contra-hegemonic logic, even for the way of the production of vegetables and other foods for self-consumption and commercialization; for the way of the reciprocity established between the members of the familiar group, of these ones and other ones also with the Cerrado; for the religious manifestations; or, also, for the family organization around the work in the land. The organization of the family group obeys a patriarchal structure which the man is responsible for the work directions, while women and children are subordinated to him. The functions made by women in the productive space are those considered socially lighter and require more cares in contraposition of the functions of men. The social place occupied by women is, mostly, the reproductive role. We realized a gain of strength of the women of the settlement in the scope of the family relations as well as between the peasants who they live together, propitiated by the participation in the cultivation and, posteriorly, selling of their products in fairs of the city of Goiás and for the supplying to governmental programs, through the participation in social movements. However, it was not enough to have a review of the power structures of the familiar group because of factors as fragility of their territories in the public space, invisibility of domestic work added to the patriarchal/capitalist thought which considers the reproductive space subordinated to the productive. We understand the fight for gender equality is extremely linked to the class struggle in a sense of complementarity, and, therefore, must be considered when we think about the rupture with the bonds of an order which the capitalists and patriarchal relations form, together, a system that submit the members of a social class composed by men and women who suffer together, but differently, the situations of oppression. / A Geografia é uma ciência que estuda o espaço (re)produzido a partir das relações sociais - dentre as quais as de gênero - estabelecidas no âmbito do trabalho social e conduzidas pelas demandas hegemônicas do capital. A concentração fundiária do município de Goiás/GO é um reflexo dessas demandas, representando a espacialização do capitalismo no Brasil e evidenciando as desigualdades inerentes desse sistema, por exemplo, ao impedir que parcela de camponesas e camponeses tivessem a possibilidade de se (re)produzirem social, cultural e economicamente, a partir do acesso a terra. Diante disso, essa classe se organizou em torno da luta pela terra reverberando na criação de vinte e três assentamentos rurais no município de Goiás/GO, dentre os quais o Assentamento Serra Dourada, território delimitado para essa pesquisa. Essa visa compreender a atuação das mulheres camponesas do Assentamento Serra Dourada na produção de contra-espaços. Para isso, os procedimentos metodológicos selecionados foram organizados em três etapas contínuas e concomitantes: revisão bibliográfica; levantamento de dados e informações; pesquisa de campo, com realização de entrevistas semiestruturadas, observação participante, mapeamento participativo e caminhada transversal. Foi possível observar que esse Assentamento se apresenta como uma contra hegemonia por ter possibilitado que as camponesas e os camponeses resgatassem seus modos de vida e produzissem contra-espaços, ou seja, espaços produzidos a partir de uma lógica contra-hegemônica, por meio da produção de hortaliças ou de outros alimentos para autoconsumo e comercialização; das relações de reciprocidade estabelecidas entre os membros do grupo familiar, destes com as outras e os outros e também com o Cerrado; das manifestações religiosas; ou, ainda, da organização familiar em torno do trabalho na terra. A organização do grupo familiar obedece a uma estrutura patriarcal em que o homem é responsável pelo direcionamento do trabalho, enquanto a mulher, as filhas e os filhos são subordinados a ele. As funções desempenhadas pelas mulheres no espaço produtivo são aquelas socialmente consideradas mais leves e que exigem maiores cuidados, em contraposição às dos homens. O lugar social ocupado por elas é, predominantemente, o reprodutivo. Percebemos um fortalecimento das mulheres do Assentamento no âmbito das relações familiares como, também, entre as camponesas e os camponeses com quem convivem, propiciado pela participação no cultivo e, posteriormente, na venda de seus produtos em feiras na Cidade de Goiás/GO, pelo fornecimento a programas governamentais e pela participação em movimentos sociais. Todavia, não foi suficiente para que houvesse uma revisão das estruturas de poder do grupo familiar em razão de fatores como fragilidade de seus territórios no espaço público, invisibilidade do trabalho doméstico somado ao pensamento patriarcal/capitalista que considera o espaço reprodutivo como subordinado ao produtivo. Entendemos que a luta por igualdade de gênero está extremamente vinculada à luta de classes, em um sentido de complementaridade, e, portanto, deve ser considerada ao se pensar a ruptura com as amarras de uma ordem cujas relações capitalistas e patriarcais formam, juntas, um sistema que submete os membros de uma classe social, composta por mulheres e homens que sofrem juntas e juntos, mas, diferentemente, as situações de opressão.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.bc.ufg.br:tede/6694
Date07 December 2016
CreatorsMesquita, Natalia Lucas
ContributorsMendonça, Marcelo Rodrigues, Mendonça, Marcelo Rodrigues, Ratts, Alecsandro José Prudêncio, Ribeiro, Dinalva Donizete
PublisherUniversidade Federal de Goiás, Programa de Pós-graduação em Geografia (IESA), UFG, Brasil, Instituto de Estudos Socioambientais - IESA (RG)
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFG, instname:Universidade Federal de Goiás, instacron:UFG
Rightshttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/, info:eu-repo/semantics/openAccess
Relation7888271059505704147, 600, 600, 600, 4536785967207850203, -599424733620574926

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