O desaparecimento de pessoas é um fenômeno complexo e polissêmico que pode estar conectado a diferentes condições históricas, saberes, tecnologias, expertises. Através de uma etnografia multissituada nos propomos a compreender as relações de poder investidas nas formas de governo (Foucault, 2008) do desaparecimento, através da emergência da militância de familiares, dos modos de subjetivação da experiência, de casos de desaparecimento, dos regimes de verdade e das expertises dos mediadores. Para tanto, fazemos uso da observação participante em eventos sobre o tema, entrevistas semiestruturadas com familiares e mediadores e de pesquisa bibliográfica e documental. A militância de familiares de pessoas desaparecidas emergiu a partir da mobilização contra a violência no Rio de Janeiro, nos anos de 1990, mas foi transformada pela imagem do sofrimento materno no espaço público. A família é fundamental na construção de marcos sociais a partir dos quais o desaparecimento é vivido como uma experiência social que envolve o tempo, o sofrimento, as relações de gênero e de classe e a busca à verdade. Embora a militância e o trabalho das instituições do Estado sejam fundamentais para o estabelecimento das relações de governo do desaparecimento, outros atores humanos e não-humanos são potencialmente aptos a se engajar e definir novos sentidos, táticas ou problematizações. A expertise se constitui como uma tecnologia de governo para os mediadores e funcionários do Estado, produzindo o desaparecido por meios de associações com familiares, técnicas e saberes. / The disappearance of people is a complex and polysemic phenomenon that can be connected to different historical conditions, knowledge, technologies and expertise. Through a multisituated ethnography, we propose to understand the power relations invested in the forms of government (Foucault, 2008) of disappearance, through the emergence of family militancy, modes of subjectification of experience, cases of disappearance, truth regimes and of the mediators' expertises. To do so, we use participant observation on events on the topic, semi-structured interviews with family and mediators, and bibliographical and documentary research. The militancy of relatives of disappeared persons emerged from the mobilization against violence in Rio de Janeiro in the 1990s, but was transformed by the image of maternal suffering in the public space. The family is fundamental in building social milestones from which disappearance is experienced as a social experience that involves time, suffering, gender and class relations and the search for truth. Although militancy and the work of state institutions are fundamental to the establishment of governance relations of disappearance, other human and nonhuman actors are potentially apt to engage and define new meanings, tactics or problematizations. The expertise constitutes as a technology of government for the mediators and officials of the State, producing the disappeared by means of associations with relatives, techniques and knowledge.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/173797 |
Date | January 2017 |
Creators | Leal, Eduardo Martinelli |
Contributors | Schuch, Patrice |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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