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A hospitalização desnudando o microcosmo de uma unidade hospitalar

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem / Made available in DSpace on 2012-10-18T08:50:29Z (GMT). No. of bitstreams: 0Bitstream added on 2014-09-25T23:50:07Z : No. of bitstreams: 1
180044.pdf: 2269967 bytes, checksum: cf678fbd00509b3f8abe21f2334db9ba (MD5) / Trata-se de um estudo etnográfico sobre uma unidade cirúrgica que interna adultos e idosos num hospital de ensino de grande porte da capital do estado do Paraná. A etnografia focalizou os eventos perpassados pela trajetória da pré-internação, internação e da alta hospitalar. Além dos doentes, foram atores do estudo a equipe de enfermagem, a equipe médica, estudantes de medicina, estudantes de enfermagem (graduação, técnicos e auxiliares), nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo, religiosos, funcionários administrativos e pessoal dos serviços de apoio. Utilizei o método de James P. Sprandley (1972; 1979; 1980) para determinadas etapas metodológicas ao realizar a pesquisa etnográfica. A teoria interpretativa de Clifford Geertz (1989; 1997; 2001) serviu de embasamento teórico durante o estudo. Os dados em campo foram coletados no período de 23 de novembro de 1999 até janeiro de 2001 por meio da observação participante fundamentada em Spradley. Dois temas surgiram na descrição etnográfica: a hélice que move a unidade cirúrgica apesar do sofrimento e o sustentáculo da unidade. A hélice da unidade caracteriza o "poder oculto" que emana dos doentes internados e que impulsiona todas as atividades administrativas, assistenciais, teórico-práticas, de ensino e de pesquisa realizadas na unidade cirúrgica. O sustentáculo da unidade é o traço característico da enfermagem que sustenta, que dá base, ampara, apóia e dá suporte a todos os atores e ao próprio cenário da unidade com solidariedade, presença, afeto e ternura. Os domínios identificados foram sete: I - Solidariedade: os doentes com acompanhantes se mostram solidários com aqueles que estão desacompanhados, dividem alimentos; II - O sofrimento pela espera e pela incerteza: a demora no atendimento da central de internação pelo aguardo de uma vaga para internação; III - Normas e rotinas como negação da identidade: durante a internação as normas e rotinas da unidade forjam um processo de (des)construção da identidade; Visita de Enfermagem: guarda características de normas a serem cumpridas e proporciona facilidades para o centro cirúrgico e unidade cirúrgica; Passagem de plantão: manifesta-se com muita seriedade, momentos de checagem do cuidado realizado e a ser realizado e elo de informações entre um e outro turno da equipe de enfermagem; O banho como exigência: é uma rotina institucionalizada que a enfermagem obedece cegamente; a enfermeira não reconhece o poder que tem para provocar mudança na gerência assistencial; A presença da enfermagem: um fato em todas as atividades administrativas, assistenciais e de ensino; Cuidado pré-operatório: mostra-se repleto de rotinas e normas que guardam uma dependência direta com o tipo de cirurgia, imposições médicas, com as doenças associadas e as condições do paciente; IV - A morte: a morte tem suporte pela presença da enfermagem; V - Os rituais: a unidade cirúrgica ainda guarda ricos e complexos os símbolos de certos ritos e revelam valores no seu nível mais profundo. Registrei os rituais da visita médica: ritual de informação, discussão e decisão das práticas médicas, alicerçado no saber médico; da visita da capelania: a fé que atua sobre o doente e familiares, no sentido de recuperar uma religiosidade muitas vezes abandonada, quer na divindade ou no sagrado, onde se imagina que possa estar a cura ou se tenta buscar uma explicação para a origem do sofrimento; e da visita dos familiares: são repletas de cenas culturais, nos diálogos mantidos, nos objetos que trazem e nas demonstrações de preocupação e dedicação; VI - A decepção: sofrimento e sentimento de estar sendo desrespeitado experimentados pelo paciente quando a cirurgia é suspensa sem aviso prévio; VII - Alta hospitalar: a enfermagem não abre espaço para a especificiade nas orientações para a pessoa adulta e para a pessoa idosa: todos são considerados doentes cirúrgicos, orientados com as mesmas perspectivas e intenções dos demais. Com base na identificação dos domínios e nos temas emergidos, foram feitas algumas considerações e recomendações

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/79931
Date January 2001
CreatorsLenardt, Maria Helena
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Trentini, Mercedes
PublisherFlorianópolis, SC
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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