Introdução: as sequelas de queimaduras na morfologia, mobilidade das estruturas motoras orais e nas funções orofaciais, como mastigação, deglutição e fala, são frequentes em pacientes com queimaduras graves na região de cabeça e pescoço. Objetivo: verificar a efetividade de um programa de reabilitação fonoaudiológica da motricidade orofacial em pacientes com queimaduras em cabeça e pescoço. Método: participaram da pesquisa 29 indivíduos encaminhados para avaliação e reabilitação ao Ambulatório de Funções da Face da Divisão de Fonoaudiologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, no período de abril de 2016 a abril de 2018. Os critérios inclusão adotados na pesquisa foram: idade > = 6 anos; queimadura de terceiro grau caracterizada por perda epidérmica e dérmica em áreas de cabeça e pescoço; realização de tratamento cirúrgico prévio da ferida; ausência de falhas dentárias; presença de queixas relacionadas às alterações motoras orais; quadro clínico estável (conforme registros em prontuários médicos); alimentação por via oral exclusiva. Os pacientes foram divididos em dois grupos considerando o tempo da queimadura: Grupo 1 (G1) - pacientes com até um ano após a queimadura; Grupo 2 (G2) - pacientes com mais de um ano após a queimadura. A gravidade da queimadura foi determinada pela escala ABSI (The Abbreviated Burn Severity Index), aplicada no primeiro atendimento hospitalar do paciente. Todos os participantes foram submetidos à avaliação fonoaudiológica em dois momentos distintos, pré e pós-programa terapêutico. A avaliação foi composta pelos seguintes protocolos clínicos: Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores Expandido (AMIOFE-E), verificação da amplitude mandibular (abertura oral máxima, lateralização para a direita e esquerda e protrusão mandibular) e medida antropométrica do canto de olho à comissura labial. O programa terapêutico adotado foi composto por 8 sessões semanais individuais, com duração de trinta minutos cada. O programa terapêutico foi composto por: manobras de compressão e alongamento em tecido cicatricial, manobras de alongamento intra e extra orais dos músculos da face, exercícios para mobilidade da musculatura da face e região cervical e exercícios para a adequação das funções de mastigação e deglutição. Resultados: a análise estatística evidenciou que o G2 apresentou idade significativamente maior que o G1. Nas análises intragrupos, tanto G1 quanto G2 apresentaram diferenças estatísticas para todos os itens do AMIOFE-E: aparência e condição postural; mobilidade e funções orofaciais (mastigação e deglutição). Quanto às medidas de amplitude mandibular, ambos os grupos apresentaram aumento significativo da medida de abertura oral máxima. Nas análises intergrupos, não foram observadas diferenças significativas entre G1 e G2, indicando que a melhora foi semelhante para ambos os grupos. Conclusão: a pesquisa comprova a eficácia do programa fonoaudiológico, baseado em evidências e com controle de resultados, em pacientes com queimaduras de terceiro grau em cabeça e pescoço. Os resultados demonstraram que ambos os grupos apresentaram melhora significativa na atividade miofuncional oral e na amplitude mandibular. Quando comparados os resultados obtidos entre G1 e G2, não foi observada diferença relevante, indicando que o tratamento proposto foi eficiente, independentemente do tempo entre a queimadura e o início do tratamento / Introduction: alterations in the morphology and mobility of the oral motor structures, and orofacial functions (i.e. mastication, swallowing and speech) are often observed in patients who suffered severe head and neck burns. Purpose: the purpose of the present study was to verify the effectiveness of a myofunctional orofacial rehabilitation program for patients with head and neck burns. Method: participants of this study were 29 individuals referred to the Division of Orofacial Myology of Instituto Central do Hospital das Clínicas of the School of Medicine, University of São Paulo, between April 2016 and April 2018, for oral motor assessment and rehabilitation. Inclusion criteria were as follows: age >= 6 years; third degree burns to the head and neck (i.e. epidermal and dermal loss); previous surgical treatment to the wound; complete dentition; oral motor alterations deficits; medical stability (according to medical records); receiving all nutrition by mouth. Patients were divided in two groups according to the onset of the injury: Group 1 (G1) - patients with injuries less than a year old; Group 2 (G2) - patients with injuries more than a year old. Burn severity was determined by the ABSI (The Abbreviated Burn Severity Index) according to the patient\'s first hospital record. All participants underwent clinical assessment that involved an oral motor evaluation (Expanded Protocol of Orofacial Myofunctional Evaluation with Scores - OMES-E), the assessment of the mandibular range of movements (maximal incisor distance, right and left lateral excursions and protrusion) and an anthropometric assessment (measurement of the distance between the commissures of mouth and the corners of the eyes). For comparison purposes, assessments were performed pre and post-treatment. The rehabilitation program involved 8 individual 30 minute weekly sessions. The rehabilitation program involved: compression and stretching maneuvers on the scar tissue; intra and extra oral stretching maneuvers of the facial muscles; facial and cervical muscles mobility exercises; mastication and swallowing exercises. Results: the statistical analysis indicated that G2 was significantly older than G1. When comparing pre and post-treatment results, both group of patients presented significant differences considering the items on the OMES-E (i.e. appearance and posture, mobility and orofacial functions), and the maximal incisor opening. The analysis comparing the performance of G1 and G2 did not indicate differences between the groups. Conclusion: The results of the study indicated that the rehabilitation program was effective for third degree burns on the head and neck, demonstrating significant improvement of the oral myofunctional parameters and of the maximal incisor opening. The results also suggest that the maturation of the scar tissue did not have an influence on the results of the treatment program
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-27022019-124230 |
Date | 12 December 2018 |
Creators | Dicarla Motta Magnani |
Contributors | Claudia Regina Furquim de Andrade, Carlos Fontana, Silvana Bommarito Monteiro, Fernanda Chiarion Sassi |
Publisher | Universidade de São Paulo, Ciências da Reabilitação, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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