A relação entre as alterações estruturais cerebrais e a resposta ao tratamento da depressão em idosos continua a ser uma área intrigante de pesquisa. Neste estudo, foram investigadas diferenças quanto ao volume total e regionalizado de substância cinzenta e branca em exames de ressonância magnética (RM) de idosos com depressão (de acordo com os critérios do DSMIV-TR) e de controles. Além disso, para melhor compreender a fisiopatologia da depressão no idoso, o volume total das hiperintensidades em substância branca foi quantificado e comparado entre os grupos. A amostra foi composta por 30 idosos com depressão e 22 controles. Os idosos com depressão foram divididos em grupos de acordo com o uso prévio de antidepressivos, a resposta ao tratamento farmacológico, assim como de acordo com a idade de início da depressão. As imagens de RM foram processadas utilizando o programa Statistical Parametric Mapping e a morfometria baseada em voxel (DARTEL). A quantificação do volume total das hiperintensidades em substância branca foi realizada através de uma variação do método automático conhecido como Expectation Maximization Segmentation (EMS). Na análise do cérebro inteiro, encontramos uma redução volumétrica significativa no giro reto e no córtex orbitofrontal bilateralmente em pacientes em comparação com os controles.Além disso, os pacientes que não estavam em uso de antidepressivos no momento da aquisição da RM apresentaram uma redução volumétrica ainda maior no giro reto e no córtex orbitofrontal bilateralmente. Pacientes com uso prévio de antidepressivos mostraram uma redução volumétrica no giro reto e córtex orbitofrontal bilateralmente em comparação com os controles e pacientes sem uso prévio de antidepressivos apresentaram uma redução ainda maior no giro reto e no córtex orbitofrontal bilateralmente em comparação com os controles. De acordo com seu estado de remissão após o uso de um algoritmo de tratamento farmacológico da depressão em idosos, os pacientes foram classificados nos grupos remissão e não remissão. O grupo remissão apresentou uma redução volumétrica no giro reto e no córtex orbitofrontal bilateralmente e no pólo temporal médio direito, em comparação com o grupo controle. O grupo não remissão mostrou uma redução volumétrica ainda maior no giro reto e no córtex orbitofrontal bilateralmente em comparação com o grupo controle. Para investigar fatores preditores de remissão, foi utilizada uma regressão logística. A pontuação inicial do Mini Exame do Estado Mental e o volume corrigido (para o volume total de substância branca) inicial do córtex orbitofrontal superior lateral esquerdo classificaram os pacientes de acordo com a resposta ao tratamento farmacológico. As mesmas análises estatísticas foram realizadas em relação ao volume de substância branca. Pacientes sem uso prévio de antidepressivos mostraram uma redução volumétrica no giro frontal superior direito em comparação com os controles. Além disso, o grupo com depressão de início tardio apresentou um aumento volumétrico no lóbulo posterior esquerdo do cerebelo em comparação com o grupo controle. Em relação ao volume total das hiperintensidades de substância branca, a amostra final processada com o EMS foi constituída por 22 pacientes e 19 controles. As mesmas comparações entre grupos descritas anteriormente foram realizadas e não foi encontrada diferença estatisticamente significante entre os grupos. Foi realizada uma nova regressão logística para investigar fatores preditores de remissão nessa amostra menor, incluindo o volume total de hiperintensidades de substância branca e não foi encontrado resultado estatisticamente significante. Em conclusão, os idosos com depressão apresentam redução volumétrica no giro reto e no córtex orbitofrontal bilateralmente e isso pode ser uma característica da depressão em idosos e um potencial biomarcador dessa condição. O uso de antidepressivos pode proteger contra a redução volumétrica de substância cinzenta e branca e parece ter um efeito neurotrófico nesses pacientes. Além disso, déficit cognitivo e redução de substância cinzenta no córtex orbitofrontal superior lateral esquerdo no início do estudo podem ser preditores de pior resposta ao tratamento farmacológico da depressão no idoso. Estudos longitudinais, com amostras maiores e com pacientes com depressão mais grave poderão contribuir para uma melhor compreensão da fisiopatologia da depressão em idosos / The association between structural brain changes and treatment response in patients with late-life depression (LLD) remains an intriguing area of research. This magnetic resonance imaging (MRI) study investigated the baseline gray and white matter volume of elderly with and without major depression (according to the DSM-IV-TR criteria). Moreover, to better understand the pathophysiology of LLD, white matter hyperintensities total volume was quantified and compared among groups. The sample consisted of 30 elderly patients with depression and 22 elderly healthy controls. Depressed patients were classified according to their previous use of antidepressants, to their response to pharmacological treatment, and to their age of depression onset. Brain MRI scans were processed using statistical parametric mapping and voxel-based morphometry (DARTEL). White matter hyperintensities total volume was conducted with a variation of an automatic method known as Expectation Maximization Segmentation (EMS). In the whole-brain analysis, we found a significant volumetric reduction in the gyrus rectus and in the orbitofrontal cortex (OFC) bilaterally in patients in comparison with controls. Additionally, patients who were not taking antidepressants at the time of the MRI had an even greater volumetric decrease in the gyrus rectus and in the orbitofrontal cortex bilaterally. Besides, we classified patients according to their previous antidepressant use (with or without) and compared them with controls. Patients with previous antidepressant use had a volumetric reduction in the gyrus rectus and in the OFC bilaterally in comparison with controls and patients without previous antidepressant use had an even greater reduction in the gyrus rectus and in the OFC bilaterally in comparison with controls. According to their remission status after the use of a pharmacologic algorithm treatment, patients were classified in remitted or not remitted. In comparison with controls, remitted patients showed a volumetric reduction in a cluster that included the gyrus rectus and in the OFC bilaterally and in another cluster that included the right middle temporal pole. Non-remitted patients showed an even greater volumetric reduction in the gyrus rectus and in the OFC bilaterally compared with controls. A logistic regression was used to investigate baseline predictive factors of remission. Baseline Mini Mental State Examination scores and the left superior lateral OFC standardized (to the total gray matter volume) volume classified patients with respect to their remission status. Regarding white matter volume, the same statistical analyses were conducted. Patients without previous antidepressant use showed a volumetric reduction in the right superior frontal gyrus in comparison with controls. In addition, late onset depression group had a volumetric increase in the left posterior cerebellum lobe in comparison with controls. In relation to the white matter hyperintensities total volume, 22 patients and 19 controls were processed with EMS. The same comparisons among groups were conducted and no statistical significant difference was found. A logistic regression was conducted to investigate baseline predictive factors of remission in this smaller sample, including the white matter hyperintensities total volume and no statistically significant result was found. In conclusion elderly with depression have volumetric reduction in the gyrus rectus and in the OFC bilaterally and this may be characteristic of late life depression and a potential biomarker of this condition. Antidepressant use seems to protect against gray matter reduction and to have a neurotrophic effect. In addition, cognitive deficits and regional gray matter abnormalities at baseline seem to be predictors of worse response to antidepressant treatment. Further longitudinal studies with larger sample size and more severe depression intensity may contribute to a better understanding of the pathophysiology of depression in the elderly
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-13012014-142120 |
Date | 22 November 2013 |
Creators | Salma Rose Imanari Ribeiz |
Contributors | Cassio Machado de Campos Bottino, Tania Corrêa de Toledo Ferraz Alves, Sérgio Luís Blay, Renerio Fraguas Junior, Jerson Laks |
Publisher | Universidade de São Paulo, Psiquiatria, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0091 seconds