Return to search

Distantes do berço

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Florianópolis, 2016. / Made available in DSpace on 2017-06-27T04:06:31Z (GMT). No. of bitstreams: 1
345646.pdf: 1689855 bytes, checksum: ebab57f134c8e9e09220e92b0550e246 (MD5)
Previous issue date: 2016 / A imagem do garoto sírio encontrado sem vida às margens da praia turca se tornou símbolo da crise migratória que assolou o mundo nos últimos anos, sem precedentes na história da humanidade. O número crescente de deslocamento global provocado por guerras, conflitos e perseguições atingiu índices recordes de pessoas forçadas a deixarem seus lares em busca de sobrevivência. O quantitativo de crianças que compõem as solicitações por asilo ao redor do mundo é expressivo, e a percentagem representativa no Brasil também segue crescente. À procura de guarida na nação de acolhimento, os pequenos imigrantes apresentam feridas que vão além das cicatrizes corporais. Foi realizada uma revisão de literatura acerca da temática da saúde mental infantil da imigração, sendo verificada a carência de publicações nacionais. Os achados internacionais sinalizam desafios enfrentados pelas crianças ao chegar no país de acolhimento, impactos psicológicos advindos da imigração e propostas de intervenção na saúde mental dos pequenos refugiados. Os estudos indicam que as crianças demostram alterações emocionais e comportamentais como marca das experiências traumáticas associadas à imigração forçada. Com base no referencial teórico advindo do estado da arte, dos pressupostos psicanalíticos e da perspectiva intercultural, surgiu o propósito de compreender os impactos psicológicos da imigração involuntária em crianças de 06 a 12 anos residentes na Grande Florianópolis. O delineamento metodológico com vias a alcançar tal objetivo se configurou como uma pesquisa qualitativa, de cunho descritivo e exploratório. Participaram do estudo 07 crianças imigrantes e 08 cuidadores por elas responsáveis, todos com morada no Brasil há pelo menos 01 ano. Os pequenos imigrantes realizaram Desenhos-Estórias com Tema relacionados ao seu país de origem e ao país de acolhimento, e seus cuidadores foram entrevistados através de um roteiro semiestruturado com questões voltadas para a imigração da criança. As informações projetivas dos desenhos-estórias foram analisadas a partir de inspeção livre do material com base no referencial psicanalítico, e complementadas pela análise dos aspectos formais dos desenhos. As narrativas das entrevistas com os cuidadores foram submetidas à análise de conteúdo. Após os resultados obtidos com as crianças e os cuidadores terem sido discutidos em diálogo com a literatura, fez-se a integração dos resultados. Percebeu-se que as crianças vivenciam no processo migratório situações percebidas como ameaçadoras, de rupturas e perdas. Sintomas depressivos, ansiosos e somáticos foram identificados na experiência migratória. Observou-se fatores de risco à saúde mental das crianças e se verificou que há também fatores protetivos ao adoecimento psíquico no período anterior e posterior à imigração. Os resultados apontam o sofrimento psíquico que as crianças imigrantes vivenciam. Faz-se o alerta para a necessidade de problematizar a temática no meio acadêmico, mas também se estima que os conteúdos trabalhados neste estudo possam alcançar a comunidade, as escolas e instituições governamentais que atuam na rotina das crianças imigrantes no Brasil. Almeja-se que a reflexão sobre os impactos psicológicos decorrentes da imigração involuntária favoreça a fundamentação de práticas que garantam a atenção à saúde mental dos pequenos imigrantes, com olhar sensível a singularidade das diferenças culturais.<br> / Abstract : The image of the syrian boy found lifeless on the shores of the turkish beach has become a symbol of the migratory crisis that has plagued the world in recent years, unprecedented in the history of humanity. The increasing number of global displacement brought on by wars, conflicts and persecutions has reached record levels of people forced to leave their homes in search of survival. The number of children making up asylum applications around the world is significant, and the percentage in Brazil is also increasing. In search of shelter in the host nation, small immigrants have wounds that go beyond body scars. A review of the literature on children's mental health of immigration was carried out, and the lack of national publications was verified. International findings pointed to challenges faced by children upon arrival in the host country, psychological impacts from immigration and proposals for intervention in the mental health of small refugees. Studies show that children demonstrate emotional and behavioral changes as a hallmark of the traumatic experiences associated with forced immigration. Based on the theoretical reference from the state of the art, psychoanalytical assumptions and intercultural perspective, the purpose of understanding the psychological impacts of involuntary immigration in children aged 6 to 12 years residing in Greater Florianópolis arose. The methodological design with ways to reach this objective was configured as a qualitative research, descriptive and exploratory. The study involved 07 immigrant children and 08 caregivers responsible for them, all of them living in Brazil for at least one year. The small immigrants carried out Drawing-and-Story with theme related to their country of origin and the host country, and their caregivers were interviewed through a semi-structured script with questions focused on the child's immigration. The projective information of the story drawings was analyzed from a free inspection of the material based on the psychoanalytical framework and complemented by the analysis of the formal aspects of the drawings. The narratives of the interviews with the caregivers were submitted to content analysis. After the results obtained with the children and caregivers were discussed in dialogue with the literature, the results were integrated. It was noticed that the children experience in the migratory process situations perceived as threatening, ruptures and losses. Depressive, anxious, and somatic symptoms were identified in the migratory experience. Risk factors for children's mental health were observed and there were also protective factors for psychic illness in the period before and after immigration. The results point to the psychological suffering that immigrant children experience. The need to problematize the theme in the academic environment is also raised, but it is also estimated that the content worked in this study can reach the community, schools and government institutions that act on the routine of immigrant children in Brazil. It is hoped that the reflection on the psychological impacts resulting from involuntary immigration favors the foundation of practices that guarantee the attention to the mental health of the small immigrants, with a sensitive view of the singularity of the cultural differences.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/176662
Date January 2016
CreatorsBezerra, Cecília Braga
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Borges, Lucienne Martins
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Format158 p.| il., tabs.
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.003 seconds