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A presença do masoquismo erógeno na histeria

Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura, 2018. / O objetivo desta tese é estabelecer a presença do masoquismo erógeno na histeria, buscando as bases deste na sexualidade infantil, considerada fundamental para Freud na constituição da histeria. Em O problema econômico do masoquismo, de 1924, Freud considera o masoquismo como componente primário da sexualidade infantil, o que permite articular a teoria da histeria a do masoquismo erógeno, sendo a primeira inicial na reflexão freudiana, e a segunda, tardiamente elaborada. A releitura da histeria pelo masoquismo erógeno tem como principal referência bibliográfica a obra de Freud, mas manteve-se constantemente um diálogo com autores contemporâneos. Os eixos teóricos que sustentaram a tese basearam-se nas reflexões que apontavam uma aproximação entre o masoquismo erógeno, como experiência erótica fundadora do psíquico, bem como sua face mortífera, uma potencialidade que não deixa de ser uma constante ameaça, podendo tornar-se um instrumento privilegiado da própria destrutividade do sujeito. A aproximação teórica do masoquismo com a feminilidade e passividade originárias tornou-se fundamental para discutir a sexualidade primitiva. Diante das condições de sedução originária, conforme autores que pensam as relações primitivas de objeto, a sexualidade invade a criança, que sem condições psíquicas de elaborá-la, é vivida como uma efração da dor, mas que também porta prazer. Na histeria, esse aspecto primário da sexualidade infantil é analisado considerando a transformação dos afetos que culmina no sintoma conversivo. Nesse aspecto, além de um masoquismo guardião da vida, que acolhe a dor, se constitui um masoquismo mortífero, que se encontra na base do processo de constituição da histeria, pois envolve uma tolerância à dor à custa do sintoma conversivo. As atividades autoeróticas apresentam-se fixadas, mais empobrecidas, e o masoquismo erógeno acabaria por compensar a pobreza erótica com uma supervalorização do autoerotismo, servindo mais para fixação da libido do que favorecendo a simbolização. Na formação do sintoma conversivo está presente uma parte irrepresentável e desconhecida, não vinculada aos processos de simbolização e de fantasia, o que caracteriza, na histeria, uma sexualidade primitiva que adere à ordem corporal, sem possibilitar ligações. A presença do masoquismo erógeno na histeria é então pensada como um retorno ao primitivismo da sexualidade que se incrusta no corpo, como um empuxo ao orgânico. / The purpose of this thesis is to establish the presence of erogenous masochism in hysteria, seeking the basis of this in child sexuality, considered fundamental for Freud in the constitution of hysteria. In The Economic Problem of Masochism, 1924, Freud considers masochism as the primary component of infantile sexuality, which makes it possible to articulate the theory of hysteria with erogenous masochism, being the first initial in Freudian reflection, and the second, late elaborated. The re-reading of hysteria by erogenous masochism has as main bibliographical reference the work of Freud, but a dialogue with contemporary authors has been constantly maintained. The theoretical axes that supported the thesis were based on the reflections that indicated an approximation between the erotic masochism, as erotic experience founder of the psychic, as well as its lethal face, a potentiality that nevertheless is a constant threat, being able to become an instrument of the very destructiveness of the subject. The theoretical approximation of masochism with the original femininity and passivity became fundamental to discuss primitive sexuality. Faced with the conditions of original seduction, according to authors who think primitive object relations, sexuality invades the child, who without psychic conditions to elaborate it, is experienced as an effusion of pain, but which also carries pleasure. In hysteria, this primary aspect of infantile sexuality is analyzed by considering the transformation of the affections that culminates in the converting symptom. In this aspect, besides a masochism guardian of the life, that receives the pain, constitutes a deadly masochism, that is at the base of the process of constitution of the hysteria, because it involves a tolerance to the pain at the expense of the convergent symptom. The autoerotic activities are fixed, more impoverished, and erogenous masochism would eventually compensate for erotic poverty with an overvaluation of autoerotism, serving more to fix libido than favoring symbolization. In the formation of the conversive symptom there is an unrepresentable and unknown part, not linked to the processes of symbolization and fantasy, which characterizes, in hysteria, a primitive sexuality that adheres to the corporal order, without making possible connections. The presence of erogenous masochism in hysteria is then thought of as a return to the primitivism of sexuality that is embedded in the body as a thrust to the organic.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unb.br:10482/34147
Date30 August 2018
CreatorsSilva, Maria Fernanda Fernandes da
ContributorsCeles, Luiz Augusto Monnerat
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UnB, instname:Universidade de Brasília, instacron:UNB
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