O alinhamento de voto no sistema internacional tem sido objeto de estudo desde o estabelecimento de Organizações Internacionais, principalmente após a Segunda Guerra Mundial. Parte da literatura trata da formação de grupos de votação em troca da alocação de ajuda externa por países desenvolvidos, que se verifica como uma estratégia de política externa a qual perdura a relação desigual de dependência econômica e barganha de voto no sistema internacional. Assim, a fundação da ONU e de outras Organizações que a sucederam destacou a crescente relevância em estudar os determinantes do comportamento dos Estados em votações multilaterais, tendo em vista seus posicionamentos de política externa. Já a cooperação brasileira se diferencia do formato tradicional de ajuda externa e enfoca na relação de parceria e redução de discrepâncias entre países em desenvolvimento. Buscou-se analisar a relação entre a ajuda externa brasileira, no formato de cooperação técnica bilateral, e o comportamento de voto de seus receptores na Assembleia Geral da ONU (AGNU), sendo que a alocação seria um meio para influenciar o comportamento de voto a favor de seus interesses de política externa no sistema internacional. Entretanto, os dados observados não apontam claramente para a barganha de votos nesse escopo, de forma que as análises sobre alocação da cooperação técnica brasileira, fluxo de comércio e investimentos levaram à escolha de Angola para o desenvolvimento de um estudo de caso. Logo, este estudo se aprofunda no alinhamento político entre Brasil e Angola, em cooperação técnica, fluxos bilaterais de comércio e investimentos e discursos diplomáticos. Verificou-se que o Brasil utiliza, em Angola, o modelo de cooperação pela transferência de conhecimentos, enquanto busca fortalecer as relações bilaterais, ampliar o prestígio brasileiro e alinhar votos na AGNU, de acordo com o interesse em se tornar uma liderança no cone Sul e em promover a reforma da AGNU e do Conselho de Segurança. Além disso, as entrevistas realizadas mostraram que as relações comerciais e de investimento de multinacionais brasileiras em Angola também contribuíram para a aproximação política entre os países, envolvendo o âmbito público e privado. Conclui-se que o alinhamento entre Brasil e Angola na AGNU não é um comportamento constante, de forma que não se verifica uma coalizão de voto. Por fim, esse alinhamento decorre dos interesses de países em desenvolvimento, quanto a representação do Brasil na esfera de membros permanentes do Conselho de Segurança. / Voting alingment in the international system has been a study object since the formation of International Organizations, mainly after the II World War. Part of the literature on this matter leans on voting groups formation in exchange for foreign aid allocation from developed countries, which is verified as a foreign policy strategy that endures the unequal relation of economic dependence and vote buying in the international system. Thus, UN foundation, among other organizations which succedded it, highlights the growing relevance of compreheding the determinants of State behaviour in multilateral votings, considering their foreign policy interests. Brazilian Cooperation, on the other hand, differs from traditional foreign aid format and focuses on the partnership relation and reduction of discrepancies among developing countries. We sought to analyze the correlation between Brazilian foreign aid, as Bilateral Technical Cooperation, and voting behaviour of its recepients in the UN General Assembly. Thus, the allocation would be used as a tool to influence voting behaviour towards Brazilian Foreign Policy objectives in the international system. However, the data observed do not clearly point out vote buying in this domain, so that further analysis about Brazilian technical cooperation, trade and investment flows led to the choice of Angola for a case-study. This study is about the political alignment between Brazil and Angola, related to technical cooperation, bilateral trade, investment flows and diplomatic discourses. It showed that Brazilian Foreign Aid model in Angola focuses on expertise transfer, while it aims to strengthen bilateral relations, increase Brazilian prestige and promote vote alignments in UNGA. Thus, Brazilian motivation is according with the interest in becoming a leader in the South cone and supporting the political reform in the General Assembly and the Security Council. Besides, the interviews showed that comercial relations and investments of Brazilian multinationals in Angola also contribute to the political approximation among both countries, involving the public and private sphere. It\'s possible to conclude that the voting alignment between Brazil and Angola in the General Assembly is not a constant behavior, since no vote coalition was identified. Therefore, this alingment is due to developing countries interests, in regards to Brazil\'s representation among the permanent members of the Security Council.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-15012019-104957 |
Date | 18 October 2018 |
Creators | Paula Ferolla Correia |
Contributors | Feliciano de Sá Guimarães, Juliana Jerônimo Costa, Jan Oliver Della Costa Stuenkel |
Publisher | Universidade de São Paulo, Relações Internacionais, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.003 seconds