Return to search

A morte de um filho para uma mãe

Resumo: O tema que embasa este trabalho tem origem na inserção das autoras, em 2010, em um grupo de apoio a enlutados majoritariamente composto por mães que perderam filhos. A escuta da narrativa dessas mães suscitou diversos questionamentos acerca da "dor que não tem nome", conforme definida pelas participantes do grupo. A perda de um filho, objeto de amor de grande investimento libidinal, produz nas mães muita tristeza e pouca perspectiva de reconstruírem suas vidas. A aproximação e o atendimento clínico dessas mães convocaram à investigação das questões implicadas nesse sofrimento, com vistas a contribuir com o constante processo de desconstrução e construção da clínica psicanalítica. Justifica-se esse trabalho pela riqueza contemplada nas pesquisas psicanalíticas que surgem da escuta clínica. O tema é de genuína relevância por ter partido de sujeitos que sofrem e demandam espaços de escuta. A intolerância ao tema da morte por parte da civilização humana tem fechado esses espaços para os que padecem da dor da perda, fato que apresenta reflexos no meio acadêmico: constatou-se pouca produção de base psicanalítica sobre o tema de mães que perdem filhos. O objetivo do presente trabalho foi o de compreender o sofrimento de mães que não concluem o luto pela morte de seus filhos. O método utilizado foi o teórico-clínico, haja vista que a questão investigada partiu da experiência clínica e que, a posteriori, foi feita uma análise da questão por intermédio da teoria psicanalítica de Freud e de autores psicanalistas contemporâneos que estudam o tema. Quanto aos resultados, o estudo abriu campo para compreender o sofrimento das mães que perderam filhos e que não concluíram o luto por sua morte conforme define Freud (1917), ou seja, não fizeram o desligamento das catexias do objeto perdido e o religamento em outro objeto. Essas mães se situam em um campo no qual a identificação com o filho foi e persiste sendo de ordem narcísica. Dessa forma, a sombra do filho recaiu sobre a mãe e ela adentrou no campo melancólico. A clínica com essas pacientes diz de uma ferida aberta diante da morte do filho que implica uma temporalidade específica que insiste em manter o evento da morte presente e que precisa ser reeditado a cada testemunho. O trabalho do analista parece ancorar-se na escuta do relato repetitivo e constante do evento da perda e na sustentação afetiva da mãe, com novas possibilidades de contornos e sombreamentos.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:dspace.c3sl.ufpr.br:1884/35375
Date January 2014
CreatorsPimenta, Susana de Oliveira
ContributorsGrassi, Maria Virginia Filomena Cremasco, Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPR, instname:Universidade Federal do Paraná, instacron:UFPR
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.072 seconds