Return to search

Entre boys e frangos: análise das performances de gênero dos homens que se prostituem em Recife

Made available in DSpace on 2014-06-12T22:59:58Z (GMT). No. of bitstreams: 2
arquivo3723_1.pdf: 2237620 bytes, checksum: e29c21a224afb996684c7d9ed5839eed (MD5)
license.txt: 1748 bytes, checksum: 8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33 (MD5)
Previous issue date: 2009 / Este estudo analisa as vivências da prostituição masculina e tem como base de análise
a pesquisa etnográfica realizada no principal território de prostituição masculina do
centro do Recife. Através da observação participante, conversas informais e entrevistas
com Boys de programa e outros atores relevantes para compreender o fenômeno da
prostituição, busquei reconstruir os processos históricos e psicossociais que levaram os
homens investigados ao engajamento no trabalho sexual; analisar o processo de
construção dos papéis de gênero na perspectiva dos boys de programa; verificar quais
fatores (idade, performances de gênero, raça/cor, fontes privilegiadas de prazer
corporal, etc.) encontram-se envolvidos no negócio do sexo. O estudo se fundamentou
em teorias construcionistas da sexualidade e do gênero. A análise sugere que as
relações sexuais comerciais entre homens estão estruturadas em algumas dicotomias
(boy/bicha; ativo/passivo), balizadas pelo fato de alguém supostamente ser penetrado.
Acontecimento que vai ganhar diferentes sentidos a partir das marcações de sexogênero
e fontes privilegiadas de prazer corporal. O estudo aponta para a centralidade
do ânus, no negócio do boy. Se para o boy o ato de penetrar o cliente lhe garante a
supremacia de sua masculinidade, inversamente, para o cliente, o fato de penetrar o
boy destitui este último da posição de macho viril e dominador. O boy de programa que
é comido pelo cliente perde o status de boy e passa a ser reconhecido como frango ,
por se igualar aos clientes passivos. Sob o peso simbólico de significado sócioculturalmente
construído, o ânus enquanto zona proibida para muitos boys de
programa deve ser resguardado, a fim de garantir o reconhecimento público de sua
masculinidade. Dentro dessa lógica, o homem não se tornará, ou ainda será
reconhecido enquanto frango por comer outro homem, mas sim por dar para outro
homem . É neste sentido que a região anal se configura enquanto símbolo de força e
cobiça. No universo da prostituição masculina, o boy, muitas vezes, cobra e ganha mais
para ser penetrado. Socialmente para os boys de programa, o sexo assume uma
representação valorativa estabelecida e justificável pela relação de troca e ganho
econômico, onde a honra, muitas vezes, parece se concentrar única e exclusivamente
no ânus. Esta zona erógena, ainda que simbolicamente, apresenta-se como divisor de
águas e fator determinante para as construções de identidades sobre as quais irão se
desenvolver os processos estruturadores das performances de gênero que respaldarão
as práticas sexuais comerciais

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufpe.br:123456789/8423
Date31 January 2009
CreatorsNunes de Souza Neto, Epitácio
ContributorsFelipe Rios do Nascimento, Luis
PublisherUniversidade Federal de Pernambuco
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPE, instname:Universidade Federal de Pernambuco, instacron:UFPE
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.0022 seconds