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Abrindo as portas do quarto terapeutico

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Florianópolis, 2012 / Made available in DSpace on 2013-06-25T23:41:29Z (GMT). No. of bitstreams: 1
317377.pdf: 1655983 bytes, checksum: 4a3e2159f0e4fba86f3b07fcbaf7ddfe (MD5) / Algumas histórias vividas no cotidiano das pessoas nos fazem refletir acerca da saúde, da razão de viver e ser saudável. A partir do momento que a radiação começa a fazer parte da experiência de vida de uma pessoa, muitos significados perpassam seu imaginário. A radiação pode ser utilizada como benefício no mundo contemporâneo, como, por exemplo, na área da saúde, porém, é pouco divulgada. Em alguns tratamentos contra o câncer são utilizados elementos radiativos como, por exemplo, iodo radioativo para alguns casos de câncer da tireóide, objeto do nosso estudo. Enquanto enfermeira de um Serviço de Medicina Nuclear num hospital público da grande Florianópolis, e atuando na Radioiodoterapia desde 2004, observava que o medo era uma sensação que acompanhava as pessoas em vários momentos: após o impacto da descoberta do câncer, quando submetidas à tireoidectomia total, durante o preparo para o tratamento com Radioiodo, culminando com a internação no quarto terapêutico. As orientações encontradas sobre a radioiodoterapia nem sempre alcançavam a profundidade necessária para esta pessoa compreender o seguimento do tratamento. Os sentimentos em relação à radiação faziam dela uma refém da falta de conhecimento. Muitas pessoas, na primeira avaliação de enfermagem, relatavam que nada sabiam a respeito do tratamento. Às vezes, elas tinham a possibilidade de conversar com alguém que havia passado por este processo, outras buscavam informações na Internet, algumas perguntavam ao seu médico, mas nem sempre as respostas correspondiam aos anseios e dúvidas, e nem sempre esclarecedoras o suficiente para aquele estágio do tratamento. No cotidiano da Unidade de internação hospitalar, observava que o medo e o pouco conhecimento sobre as Radiações Ionizantes, por parte da equipe de enfermagem, permeavam o cuidado dispensado às pessoas que se internavam no quarto terapêutico. Os significados apreendidos pela equipe de instigavam a procurar respostas no intuito de re-significar este cotidiano. Deste modo surgiu a pergunta de pesquisa: Como as pessoas significam a Radioiodoterapia? A partir da nossa experiência de trabalho, podemos colocar em tese que: a falta de conhecimento sobre a radioiodoterapia faz com que as pessoas tenham medo do quarto terapêutico e do tratamento em si; que a partir do momento em que são preparadas, orientadas e vivenciam este tratamento, passam a ver com outros olhares e re-significam a idéia, o conhecimento, o conceito que tinham sobre a radioiodoterapia e o quarto terapêutico. Neste sentido, o despertar para a realização deste estudo, foi motivado pelo aspecto subjetivo do comportamento humano e o desejo de aprofundar o conhecimento acerca dos significados que a radioiodoterapia possa ter para pessoas que passaram por esta experiência. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, interpretativa e que se refere às experiências vividas, tendo como referencial teórico o Interacionismo Simbólico. Com base nestes aspectos, foram traçados os seguintes objetivos para este estudo: Conhecer os significados do quarto terapêutico para pessoas que vivenciam a radioiodoterapia e elaborar um construto teórico a partir dos significados construídos. Como caminho metodológico foi utilizada a Teoria Fundamentada nos Dados, método que nos provoca a teorizar sobre os problemas concretos de experiências vividas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina, sob o parecer consubstanciado nº 094/2011, sendo a pesquisa realizada entre os meses de outubro de 2011 a setembro de 2012. Os dados são o resultado de entrevistas semi-estruturadas, memorandos e análise de prontuários das pessoas submetidas ao tratamento com radioiodo no Serviço de Medicina Nuclear do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina. As entrevistas foram realizadas com componentes de quatro grupos amostrais. Do primeiro grupo amostral, participaram pessoas que se internaram no quarto terapêutico e que realizaram o tratamento pela primeira vez. Os demais grupos amostrais foram formados a partir das categorias que surgiram no primeiro grupo, sendo incluídas pessoas que se internaram pela segunda vez no quarto terapêutico, cônjuges e familiares, além de profissionais de enfermagem que atuam direta ou indiretamente no processo de cuidado das pessoas no quarto de Radioiodoterapia. Os resultados originaram o tema central #LUTANDO PELA VIDA# e integram e se relacionam com oito categorias: Recebendo a noticia da necessidade do tratamento; Significando a doença e a morte; Percebendo o corpo e a alma; Vivenciando o quarto terapêutico; Comentando as mudanças no cotidiano; Convivendo com a família; Atuando como profissional da saúde; Construindo e des-construindo o imaginário coletivo na enfermagem. Os resultados apontam para o medo da morte aliado ao contato com a radiação, sendo que o resultado desta realidade permite a esta pessoa alterar sua forma de vivenciar o cotidiano, resignificando na prática sua forma de pensar e agir em relação a estas terapias. A ansiedade e o estresse também surgem nos resultados e fazem com que as pessoas que passaram pela radioiodoterapia durante o período de preparo, tratamento, internação e isolamento, busquem várias maneiras de driblar este período, buscando na contagem regressiva do tempo, uma forma de diminuir esta ansiedade, além de criar novas receitas na sua alimentação diária, a compreender a necessidade de isolamento e reorganizar sua vida no cotidiano. Em relação aos profissionais de enfermagem os resultados assinalam para uma necessidade de conhecimento em Radioiodoterapia na educação formal, além da superação do medo da radiação para salvar vidas, caracterizando a dinâmica de trabalho em Radioiodoterapia. Sinalizam ainda para a necessidade de mudanças no fluxograma de internação e como a vivencia com as pessoas que realizam o tratamento interfere no cotidiano dos profissionais de enfermagem no momento em que resignificam o cuidado na radioiodoterapia. O cuidado de enfermagem envolve a sensibilização dos profissionais para o acolhimento dessas pessoas, assim como as informações recebidas neste período atenuam os temores relacionados ao câncer e tratamento com radioiodo. Uma educação direta e contínua, aliada a prática diária sobre a terapia com Radioiodo, também foi apontada como sendo uma necessidade importante no cotidiano da equipe de enfermagem. As considerações finais levam a uma abordagem do cotidiano e do imaginário das pessoas que vivenciaram a experiência de tratamento com radioiodoterapia, destacando os aspectos subjetivos implicados nos significados sobre a radioiodoterapia. Os subsídios para compor um construto teórico foram encontrados a partir do processo de conhecimento e compreensão da subjetividade dessas pessoas. Compreender este processo foi a parte mais desafiadora da tarefa, pois requer reflexão, análise e o entendimento de como são construídas as interações a partir do simbólico, no mundo das experiências vividas, sob o ponto de vista daqueles que nele vivem e passaram pela experiência de se internar no quarto terapêutico e receber o tratamento com radioiodo.<br> / Abstract : Some stories lived in the daily life make us think about health, the reason to live and be healthy. From the moment that the radiation becomes part of the experience of a person#s life, many meanings pervade his imagery. Radiation can be used as a benefit in today#s world, for example, in health care, however, it is little known. In some cancer treatments elements of radioactive are used, eg, radioactive iodine for some cases of thyroid cancer, which is the object of our study. As a nurse at the Nuclear Medicine Service at a public hospital of Florianopolis, and acting on radioiodine therapy since 2004, it must be noted that fear was a feeling that accompanied people at various times: after the impact of the discovery of cancer when undergoing total thyroidectomy during the preparation of treatment with Radioiodine, culminating in the hospital therapeutic room. The guidelines found on radioiodine do not always reached the necessary depth for the person to understand the following treatment. Feelings regarding the radiation made her a hostage to lack of knowledge. Many people , in the first evaluation of nursing, reported that they knew nothing about the treatment. Sometimes they were able to talk to someone Who had gone through this process, others sought information on the internet, some ask thier doctor, but not always is the answer corresponded to thier desires and doubts, and not always illuminating enough for that stage of treatment. In everyday hospital unit, its noted that fear and little knowledge of ionising radiations on the part of the nursing team, permeated the care given to the person interned in the therapeutic room. The meanings apprenheded by the team of professionals to contact the person being irradiated is instigated to seek answers in order to re-signify this everyday. Thus arose the study question: what do the people mean by radioiodine? From our work experience, we can put that in theory: the lack of knowledge about the radioiodine makes people afraid of therapeutic room and the treatment itself, from the moment they are prepared, oriented and experienced this treatment, they began to see with diffrent eyes and re-signify the idea, the knowledge, the concept had on the RAI and therapeutic room. In this sense, the awakening to the realization of this study was motivated by the subjective aspect of human behaviour and the desire to deepen thier knowledge about the meanings that radioiodine therapy for people Who may have had this experience. This is a qualitative, interpretive and referred to the experience, having as theoretical Symbolic Interactionism. Based on these aspects, the following objectives were outlined for this study: know the meanings of the room for people who experience therapeutic radioiodine and develop a theoretical construction from the meanings constructed. The methodological approach used was the Grounded Theory, method that causes us to theorize about the problems of concrete experiences. The study was approved by the Research Ethics Committee of the Institute of Cardiology of Santa Catarina, in the opinion embodied No 094/2011, and the survey conducted between the months of October 2011 to September 2012. The data are the result of semi structured interviews, memos and analysis of records of persons subjected to treatment with radioiodine in the Department of Nuclear Medicine, Cardiology Institute of Santa Catarina. Interviews were conducted with components of four sample groups. The first sample group, that participated in the therapeutic room were hospitalized and underwent treatment for the first time. The other sample groups were formed from the categories that emerged in the first group, which included people who were hospitalized for the second time in the therapeutic room, spouses and family, and nurse practitioners Who work directly or indirectly in the process of care for people in radioiodine therapy room. The results led to the central theme of ##FIGHTHING FOR LIFE# and integrate and relate to eight categories: Recieving the news of the need for treatment ; meaning of the disease and death; Realizing through the body and soul; Experiencing therapeutic room; commenting on the changes in the daily, living with family; Acting as a professional; Constructing and des-constructing the collective imagination in nursing. The results point to the fear of death combined with contact with radiation, and the result of this reality allows this person to change thier way of experiencing everyday life, in practice redefining the way you think and act in relation to these therapies. Anxiety and stress also appear in the results and make the people Who passed by raidoiodine during the preparation, treatment, hospitalization and isolation, seek various ways to circumvent this period, seeking the countdown time, a way to reduce this anxiety, and create new recipes in your daily diet, you understand the need for isolation and reorganize your everyday life. Regarding nursing professionals the results indicate a need for knowledge on radioiodine in formal education, besides overcoming the fear of radiation to save lives, characterizing the dynamics of working in radioiodine therapy. It still indicate the need for changes in the flow chart of hospital and how the experience with the people doing the treatment interferes with the daily lives of nursing professionals at the time and to reframe care in radioiodine therapy. Nursing care involves the sensitization of professionals to host these people, as well as information recieved in this period mitigate the fears related to cancer and treatment with radioiodine. A direct and continous education, combined with daily practice on Radioiodine therapy was also identified as an important need in everyday nursing staff. The final considerations lead to an approach to the everyday and the imaginary people Who have experience treatment with radioiodine, highlighting the subjective aspects involved in the meanings of radioiodine. Subsidies to compose a theoretical construction were found from the process of knowlegde and understanding of the subjectivity of these people. Understanding this process has been the most challenging part of the task, as it requires reflection, analysis and understanding of how the interactions are constructed from the symbolic, in the world of experiences, from the point of view of those who live there and have themselves experienced interning in the therapeutic room and recieve treatment with radioiodine.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/100896
Date January 2012
CreatorsCordeiro, Elke Annegret Kretzschmar
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Martini, Jussara Gue
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Format201 p.| il., tabs.
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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