Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias, Programa de Pós-Graduação em Recursos Genéticos Vegetais, Florianópolis, 2015. / Made available in DSpace on 2015-11-03T03:09:16Z (GMT). No. of bitstreams: 1
336037.pdf: 2880450 bytes, checksum: fac37b41535e9928fac0ef43df275ffe (MD5) / O milho doce é uma hortaliça cultivada em muitas partes do mundo, cujas principais finalidades são o consumo in natura e o processamento industrial. Na região Oeste de Santa Catarina, o Projeto Mays- desenvolvido pelo Núcleo de Estudos em Agrobiodiversidade da UFSC - identificou agricultores que conservavam, em suas propriedades, variedades crioulas de milho indicadas como mais doces e, assim, classificadas pelo Censo da Diversidade de Milho (Diagnóstico da Diversidade I) como variedades locais de milho adocicado. Diante disso, o objetivo desta pesquisa foi analisar a diversidade de milho doce e adocicado conservada pelos agricultores familiares dos municípios de Anchieta e Guaraciaba, quanto ao conhecimento e manejo dos agricultores, distribuição espacial e atributos fenotípicos das variedades. Para tanto, durante o ano de 2013, foi conduzido o Diagnóstico da Diversidade II nesses municípios, por meio de entrevistas semiestruturadas junto a famílias de agricultores mantenedores de variedades crioulas de milho adocicado. Os dados gerados a partir das entrevistas foram sistematizados em planilhas Excel e submetidos a análises descritivas, não-paramétricas, multivariadas e espaciais. O diagnóstico permitiu identificar 29 variedades de milho, das quais 19 foram classificados como milhos doces e 10 como milhos adocicados. As variedades de milho doce e adocicado são conservadas, em pequenas propriedades rurais, há uma média de 11,1 e 5 anos, respectivamente. A análise espacial demonstrou que as variedades se encontram amplamente distribuídas pelos dois municípios, embora não estejam presentes em todas as comunidades. Foram identificados 12 diferentes nomes locais, com maior porcentagem de ocorrência do nome Doce. Quatro variedades exclusivas e raras foram identificadas por meio da análise de quatro células, efetuada com base no ?nome local? e ?grupo morfológico?. O Índice de Shannon (H?) calculado para cor, tipo de espiga e tempo de cultivo para milho doce, foi de 0,83, 1,19 e 1,46, respectivamente, e de 1,50, 1,17 e 0,64, para milho adocicado. Os agricultores citaram 71 indicações de valores de uso e preferências para as variedades, a maior parte delas dentro da categoria gastronômica. As variedades crioulas de milho doce e adocicado são utilizadas, quase que em sua totalidade, para consumo da família na forma de milho verde. A análise de agrupamento, com base nos dados morfológicos informados pelos agricultores, separou as variedades de acordo com o tipo de milho (doce e adocicado). O cultivo, o manejo e a seleção das variedades crioulas de milho doce e adocicado são realizados, em 62% dos casos,por mulheres. A idade média dos mantenedores é de 57,8 anos e são poucos os casos em que a propriedade possui sucessor. Além disso, existe pouco interesse dos filhos na conservação das variedades. Na maior parte das propriedades, as variedades crioulas de milho doce e adocicado são cultivadas em sistemas tradicionais, com reduzida utilização de equipamentos agrícolas e limitado consumo de insumos externos. Cerca de 90,0% dos agricultores utilizam estratégias de isolamento (temporal, espacial ou ambos) para produção de sementes, visto que na propriedade são cultivadas variedades crioulas e comerciais de milho comum e pipoca, paralelamente ao cultivo das variedades crioulas de milho doce e adocicado. A quantidade de sementes armazenadas de uma safra para a outra é muito baixa, variando de 1 a 12 espigas em 45,0% dos casos. Para fins de caracterização fenotípica e produção de semente genética, foram coletadas 21 variedades, sendo 11 identificadas como doce e 10 como adocicado, distribuídas por 17 comunidades de Anchieta e Guaraciaba. Das 21 variedades, 19 foram caracterizadas de acordo com descritores de espiga e grão; a análise de agrupamento identificou a formação de sete grupos. Portanto, assim como na análise de agrupamento realizada utilizando descrição morfológica citada pelos agricultores, a análise de agrupamento baseado na caracterização dos descritores para espiga e grão, as variedades de milho doce se agruparam separadamente das adocicado e apresentando maior similaridade entre si, com sete das nove variedades se associaram ao mesmo grupo. A presente pesquisa permite afirmar que os municípios de Anchieta e Guaraciaba apresentam um número significativo de variedades crioulas de milho doce. Contudo, a análise sociocultural e de manejo dos mantenedores demonstrou que as variedades se encontram em constante ameaça de erosão, seja pela idade avançada dos mantenedores, pela falta de sucessão familiar, pela pouca quantidade de sementes armazenadas ou pelos riscos de contaminação com outras lavouras de milho. Dessa forma, os municípios devem ser incluídos em estratégias de conservação in situ-on farm, paralelamente à conservação ex situ, a fim de diminuir os riscos iminentes de perda de variedades. As informações obtidas com este estudo podem colaborar para o desenvolvimento de estratégias integradas de conservação in situ-on farm e ex situ, bem como para a estruturação de um programa de melhoramento participativo de milho doce ajustado às demandas de agricultores tradicionais e aos agroecosssitemas do Oeste catarinense.<br> / Abstract : Sweet corn is a vegetable cultivated in many parts of the world, whose main purposes are consumption in natura and industrial processing. In western region of Santa Catarina (SC), the Mays Project ? developed by Agrobiodiversity Studies Group at Federal University of Santa Catarina ? identified farmers that conserve on farm local varieties as sweeter, and as such, classified by the Corn Diversity Census (Diversity Diagnose I) as varieties of sweetish corn. Therefore, this research aimed to analyze the diversity of sweet and sweetish corn, which are conserved in Anchieta and Guaraciaba by small-scale farmers; the farmers? knowledge and management performed by farmers and; spatial distribution and phenotypical attributes of these varieties. In 2013, Diversity Diagnose (II) was carried out in these two municipalities through semi structured interviews made with the maintainers of sweetish corn. The data was systematized on Excel spreadsheets and submitted to descriptive, non-parametric, multivariate and spatial analyses. The diagnosis allowed to identify 29 local varieties of which 19 were classified as sweet corn and 10 as sweetish corn. Sweet and sweetish varieties have been conserved in small farms for 11.1 and 5 years in average, respectively. According to spatial analysis, the varieties are widely distributed in all yield areas in the two municipalities, although were not present in all communities. A quantity of 12 different local names was identified and a major percentage was named Sweet. Four exclusive and rare varieties were identified by four-cell analysis, which was based on ?local name? and ?morphologic group?. Shannon?s Index (H?) was calculated for color, type of cob and cultivation time; for sweet corn, H? was 0.83, 1.19 and 1.46, and for sweetish corn, H? was 1.50, 1.17 and 0.64, respectively. The farmers cited 71 indications of use and preferences for the varieties, mostly in the gastronomical category. The varieties of sweet and sweetish corn are used almost in their totality for consumption in form of green corn. Grouping analysis based on morphological data informed by the farmers separated the varieties according with type of corn (sweet and sweetish). Women perform cultivation, management and selection of sweet and sweetish corn in 62% of cases. The average age of the maintainers is 57.8 years old and few are the cases where the farm has a successor. In addition, there is little interest of young farmers of conserving the local varieties. In the most of farms, the sweet and sweetish varieties are cultivated in traditional systems through little agricultural equipment and limited external inputs. Isolation strategies (temporal, spatial or both) for seed production are utilized by approximately 90% of thefarmers, since both landraces and commercial corns, and popcorn are cultivated at the same time with sweet and sweetish landraces. The quantity of stored seeds from one season to next is very low, ranging 1 to 12 ears in 45% of the cases. Twenty-one varieties were collected for the purpose of phenotypical characterization and genetic seed production: 11 were identified as sweet and 10 as sweetish, distributed in 17 communities of Anchieta and Guaraciaba. Of 21 varieties, 19 were characterized for ear and grain descriptors; the grouping analysis identified the formation of seven groups. Therefore, as in the grouping analysis held using morphological description cited by the farmers, the grouping analysis based on characterization through ear and grain descriptors, sweet corn varieties were grouped separately from sweetish and showed greater similarity between themselves wherein 7 of the 9 varieties joined the same group.(Rose, refazer essa frase, pois está muito confuse). Significant quantity of sweet varieties are being conserved in Anchieta and Guaraciaba. Nevertheless, the data shows that many factors threat the varieties and contribute for genetic erosion, such as the lack of family succession, small quantity of stored seeds or/and the risk of contamination by other corn farming. Thereby, Anchieta and Guaraciaba must be included in strategies plan of in situ-on farm and ex situ conservation, in order to minimize imminent risks of varieties lost. The information contained within this study can help the development of integrated strategies of in situ-on farm and ex situ conservation, as well as the organization of a participatory breeding program for sweet corn adjusted to the demands of traditional farmers and agroecosystems in western Santa Catarina.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/135998 |
Date | 03 November 2015 |
Creators | Souza, Rosenilda de |
Contributors | Universidade Federal de Santa Catarina, Ogliari, Juliana Bernardi |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | 190 p.| il., grafs., tabs. |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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