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[pt] DE QUIMERAS MARTELADAS: SOBRE POSSÍVEIS DIÁLOGOS ENTRE LIMA BARRETO E NIETZSCHE / [en] ON HAMMERED CHIMERAS: ABOUT POSSIBLE DIALOGUES BETWEEN LIMA BARRETO AND NIETZSCHE

ANDRE MESQUITA PENNA FIRME 10 September 2021 (has links)
[pt] Este trabalho se desenvolve em três etapas, nas quais o contato entre Lima Barreto e Nietzsche caminha do contato do primeiro com as obras do segundo ao que há de mais profundo na forma como os dois autores constroem o mundo, um no final do século XIX, o outro no início do século XX. O escritor carioca, imerso em um contexto intelectual fervilhante nas primeiras décadas do século, teve contato com as correntes filosóficas mais importantes que circulavam no Rio de Janeiro do período. Tornou-se quase inevitável o contato com as obras de Nietzsche, que desde fins da década de 1890 tornara-se fenômeno no mundo intelectual, sendo absorvido por segmentos letrados específicos que usavam suas obras como embasamento de renovações estéticas e morais. Nesse contexto, Lima Barreto rechaça o pensamento nietzschiano como o que havia de mais vil, burguês e contrário aos ideais de solidariedade e comunidade que pregava. Contudo, uma leitura mais atenta permite entrever, por trás do debate público, uma relação mais imbricada entre a forma como os dois autores entendem a existência em um mundo que parecia fragmentar-se. A repetição nas anotações de Lima Barreto da frase do prólogo do Zaratustra nos abre uma leitura em que a perspectiva da construção do Eu – em uma literatura que caminha entre a complexidade de um mundo de aparência e o processo trágico de dissolução do sujeito – apontam para a crítica ao idealismo e para a fundamentação artística de um mundo em devir, seja nas exortações de Zaratustra, seja no caminhar de Gonzaga de Sá. / [en] This work is developed in three stages, in which the contact between Lima Barreto and Nietzsche moves from the contact of the former with the works of the later to what is most profound in the way the two authors build the world, one in the late nineteenth century, the other in the early twentieth century. The writer from Rio de Janeiro, immersed in a vibrant intellectual context in the first decades of the century, had contact with the most important philosophical currents that circulated in Rio de Janeiro at that time. Contact with Nietzsche s works became almost inevitable, as since the late 1890s he had become a phenomenon in the intellectual world, being absorbed by specific literate segments that used his works as a basis for aesthetic and moral renewals. In this context, Lima Barreto rejects Nietzsche s thought as the most vile, bourgeois and contrary to the ideals of solidarity and community that he preached. However, a closer reading allows us to glimpse, behind the public debate, a more intertwined relationship between the way in which the two authors understand existence in a world that seemed to be fragmenting. The repetition in Lima Barreto s notes of the sentence in the prologue of Zarathustra opens up a reading in which the perspective of the construction of the Self – in a literature that walks between the complexity of a world of appearance and the tragic process of dissolution of the subject – points to the critique of idealism and the artistic foundation of a world in the process of becoming, whether in Zarathustra s exhortations or in the wandering of Gonzaga de Sá.

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