1 |
[pt] ACHO QUE ISSO FOI BASTANTE MACHO PRA ELA: REFORÇO E SUBVERSÃO DE IDEOLOGIAS HETERONORMATIVAS EM PERFORMANCES NARRATIVAS DIGITAIS DE PRATICANTES DE PEGGING / [en] GUESS THAT WAS MACHO ENOUGH FOR HER: REINFORCEMENT AND SUBVERSION OF HETERONORMATIVE IDEOLOGIES IN PEGGING PRACTITIONERS DIGITAL NARRATIVE PERFORMANCESELIZABETH SARA LEWIS 11 November 2016 (has links)
[pt] A presente pesquisa examina imbricações entre performatividade e ideologia em relação à (re)produção de discursos heteronormativos sobre gêneros e sexualidades e maneiras de desestabilizar, ressignificar e subverter tais discursos limitadores. Nosso trabalho é guiado por um posicionamento queer que vê o gênero e a sexualidade como performances identitárias e não fatos naturais (BUTLER, [1990] 2003, [1993] 2002) e uma perspectiva linguística que considera as narrativas como uma maneira de intervir no social para mudar (ou reiterar) discursos ideológicos normatizantes e estigmatizantes (MOITA LOPES, 2008; THREADGOLD, 2005). Concentra-se sobre performances identitárias de gênero e sexualidade em narrativas digitais de praticantes de pegging, uma prática sexual na qual uma mulher usa um dildo segurado com um cinto para penetrar um homem (que se identifica como heterossexual) no ânus. O pegging é frequentemente alvo de preconceitos devido à associação ideológica heteronormativa entre o prazer anal dos homens e a homossexualidade (SÁEZ e CARRASCOSA, 2011) e à ideia que seja uma prática desviante relacionada com o BDSM (outro conjunto de práticas estigmatizadas) e, portanto, supostamente não íntimo. Nas narrativas e interações analisadas, fruto de uma etnografia virtual (HINE, 2000, 2005) na comunidade online Pegging 101, três temas principais surgiram: (1) as dificuldades dxs usuárixs em criar uma divisão nítida entre o que conta como pegging sensual ou BDSM, (2) visões diferentes da relação entre pegging e intimidade, incluindo a construção da intimidade a partir de compartilhar revelações ou de praticar a inversão de papéis e (3) problemas em lidar com a associação ideológica entre o prazer anal masculino e a homossexualidade. Embora o pegging tenha o potencial de ser uma prática subversiva que poderia contribuir para mudar concepções heteronormativas de gênero e sexualidade, nas narrativas a maioria dxs usuárixs da
comunidade procurava ressignificar o pegging como uma prática normal, encaixando-o em discursos ideológicos heteronormativos sobre amor romântico e intimidade, e reforçava o binário de gênero e a masculinidade hegemônica. No processo de ressignificação, xs usuárixs da comunidade geralmente reiteravam certos discursos ideológicos heteronormativos na tentativa de subverter outros, particularmente, performando masculinidades que valorizavam a coragem ou a agressão como maneira de provar que não são homossexuais, ou reforçando estereótipos negativos sobre o BDSM nas suas tentativas de provar que o pegging pode ser algo íntimo. Desta maneira, ao estudar como discursos ideológicos heteronormativos são (re)produzidos performativamente nas narrativas digitais ao mesmo tempo que certas desestabilizações surgem, a presente pesquisa contribui para entender como fomentar uma política narrativa com mais discursos transgressores e menos reforços da heteronorma, produzindo mais rupturas e visibilizando possibilidades de discursos alternativos sobre gênero e sexualidade. / [en] The present study examines imbrications between performativity and ideology with regards to the (re)production of heteronormative discourses regarding gender and sexualities and to ways of destabilizing, resignifying and subverting such limiting discourses. Our research is guided by a queer position that sees gender and sexuality as identity performances and not natural facts (BUTLER, [1990] 2003, [1993] 2002) and a linguistic perspective that considers narratives to be a way of intervening in the social world in order to change (or reiterate) normalizing and stigmatizing ideological discourses (MOITA LOPES, 2008; THREADGOLD, 2005). It focuses on gender and sexuality identity performances in digital narratives of practitioners of pegging, a sexual practice in which a woman uses a strap-on dildo to penetrate the anus of a man (who identifies as heterosexual). Pegging is frequently the target of discrimination due to the ideological association between men s anal pleasure and homosexuality (SÁEZ e CARRASCOSA, 2011) and that idea that it is a deviant practice related to BDSM (another set of stigmatized practices) and, therefore, supposedly not intimate. In the narratives and interactions that were analyzed, stemming from virtual ethnography (HINE, 2000, 2005) in the online community Pegging 101, three principal topics emerged: (1) the users difficulties in creating a clear separation between what counts as sensual pegging or BDSM, (2) different views of the relationship between pegging and intimacy, including intimacy being created through revealing things about oneself or by practicing role reversal and (3) problems in dealing with the ideological association between male anal pleasure and homosexuality. Although pegging has the potential to be a subversive practice that could contribute to changing heteronormative conceptions of gender and sexuality, in their narratives, most of the community s users tried to resignify pegging as a normal practice, fitting it
into ideological heteronormative discourses about romantic love and intimacy and reinforcing the gender binary and hegemonic masculinity. During the resignification process, the community s users usually reiterated certain heteronormative ideological discourses in their attempts to subvert others, in particular, by performing masculinities that valued courage or aggression as a way of proving they re not homosexual, or by reinforcing negative stereotypes about BDSM in their attempt to prove that pegging can be intimate. As such, by studying how heteronormative ideological discourses are performatively (re)produced at the same time as certain destabilizations emerge, this study contributes to understanding how to foster a narrative politics with more discourses that are transgressive and fewer ones that reinforce heteronormativity, creating more ruptures and visibilizing possibilities for alternative discourses about gender and sexuality.
|
Page generated in 0.0514 seconds