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[pt] LINGUAGEM CORPO MARCADO: AÇÕES E CONTRA-AÇÕES DISCURSIVAS EM RELATOS DE PARTO / [en] MARKED BODY LANGUAGE: DISCOURSIVE ACTIONS AND COUNTER-ACTIONS IN BIRTH NARRATIVESBARBARA VENOSA 01 October 2024 (has links)
[pt] Partindo de relatos de parto de mulheres brasileiras circunscritas em diferentes
realidades sociais, o presente trabalho, de cunho qualitativo e interpretativista tem
como objetivo analisar a construção e os efeitos dos discursos hegemônicos
(Foucault, 1988) em falas sobre experiências de gestação e parto. Observaremos
em performances narrativas emergentes em dez entrevistas de pesquisa (offline e
online), a construção da agentividade das narradoras em conexão com as relações
corpo/afeto. Narrativas de mulheres de lugares socias diversos (diferentes raças,
classes, sexualidades, faixas etárias, usuárias de organizações de saúde públicas e
privadas) serão analisadas sob uma lente interseccional de gênero, raça e classe,
focalizando como tais narrativas constroem inteligibilidades que regem a vida
social e, assim, cerceiam corpos – o que induz à reflexão sobre a soberania do
discurso médico hegemônico e seus impactos na experiência da maternidade. Nossa
compreensão de gênero se pauta em feminismos matricêntricos – se propondo,
assim, a dar centralidade a mulheres mães sob uma perspectiva interseccional. Sob
a perspectiva interdisciplinar, indisciplinar e mestiça da Linguística Aplicada
Contemporânea (Moita Lopes, 2006), alinhamo-nos à Análise de Narrativa por
entendermos que, contando histórias, construímos a nós mesmos, nossa percepção
de identidade, além de construirmos o mundo ao redor. A análise das narrativas
examina a construção da avaliação – componente narrativo que imprime
dramaticidade e razão de ser ao que se narra, contemplando a dimensão discursiva
dos afetos. Dessa forma, foi possível observar, no âmbito das inter-relações entre
cultura–discurso–corpo–afeto, como os atravessamentos discursivos deixam
marcas: seja reprimindo, constrangendo e destituindo as mães da gestão de sua
própria corporeidade; seja, por outro lado, instando autonomia e agentividade às
mães em seus relatos. Assim, compreender os rastros discursivos pela via dos afetos
possibilita ao analista interpretar, reelaborar e redimensionar a experiência vivida. / [en] The aim of this qualitative-interpretive study is to analyse the construction and
effects of normative discourses) regarding pregnancy and birth by analysing labour
narratives of Brazilian mothers located in distinct social contexts. In the narrative
performances that emerge from three research interviews (conducted both on and
offline), we observe how speakers build agency in relation to body/affect. The
narratives of these women - from diverse social backgrounds (in terms of race,
class, age, private/public health system users) - are analysed focusing on how these
stories build intelligibility that governs social life and which can curtail bodies –
leading us to reflect on the pervasiveness of medical discourse and its impacts on
the experience of mothering and maternity. Our understanding of gender is based
on matricentric feminisms and aims at furthering mothers visibility from an
intersectional perspective. As part of an emerging tradition of undisciplined,
Contemporary Applied Linguistics of Latin America, this study draws on Narrative
Analysis, aiming at the further understanding of locally constructed identities and
their relationship with the surrounding world. Our analysis examines the building
of evaluation - a narrative component which heightens drama, conveying the
story s very raison d être - as to consider the discursive dimension of affect. Our
examination of the relationship between culture, discourse, body and affect, enables
us to identify the way these insidious discourses leave their mark on mothers; either
through reprimands, constraints and the erasure of control over their own
corporeality or otherwise by prompting autonomy and agency. Medical discourse,
as we observe, is a powerful institution which serves as underlying other major
overwhelming discourses, such as the patriarchal and the racist. Thus, by building
the bridges between the micro and macro dimensions it is possible to realise that
what happens in social interactions reveals a lot from a complex broader scenario
as much as the major institutions have a great impact on social life. The observation
of the discursive scars left makes way to analyse, interpret, rework and reimagine
the lived experience of labour.
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