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Sofrimento, solidão e desordem: a representação trágica como meio político no cinema de Leon Hirszman / Suffering, solitude and disorder: the tragic representation as a political medium in Leon Hirszman\'s cinema

Takeda, Anna Carolina Botelho 16 March 2017 (has links)
Esta tese tem como objetivo analisar três narrativas do cineasta Leon Hirszman: A falecida (1965), S. Bernardo (1972) e Eles não usam black-tie (1981) a partir do conceito de tragédia moderna, de Raymond Williams. A comparação sistemática entre as obras fez surgir o que se chamou nesta tese de trágico desalienante, uma vez que ao observar a maneira adotada pelo diretor, sobretudo, ao conduzir as suas personagens, evidenciou-se sua preferência por expor o sofrimento e a desordem dentro das narrativas com o intuito de produzir o conhecimento da realidade. Com isso, pôde-se constatar que o tom trágico empregado foi a opção estética de Leon Hirszman para levar adiante o seu projeto cinematográfico, fincado na ideia de cinema como instrumento político. Porém, em contraposição à valorização do trágico, muito em consonância com o contexto histórico repressivo imposto pela ditadura civil-militar no Brasil, vale apontar, com a reorganização do cenário nacional, uma retomada da perspectiva romântica, no sentido defendido por Michel Löwy e Robert Sayre, em Eles não usam black-tie, que se não recuperava o romantismo revolucionário proposto por Marcelo Ridenti ao analisar as obras produzidas no Brasil no começo dos anos 1960, resgatou a representação da esperança arrefecida com os anos de governo militar. Nessa direção, no cotejo das obras, atenta-se para o contexto histórico em que os filmes foram produzidos considerando-o como elemento estruturante de sua forma. Assim, se em A falecida, de 1965, começo do período ditatorial, há ainda espaço para um sutil humor que, de alguma forma, atenua o seu tom trágico; S. Bernardo, elaborado em 1972, no auge da repressão militar, impera o aniquilamento dos homens e a tragédia se instala sem respiro; por fim, como foi dito, em Eles não usam black-tie, realizado em 1981, período de abertura política e maciça insurreição dos movimentos populares, a perspectiva trágica cede espaço para a imagem da força da coletividade e, portanto, restaura certa visão romântica do mundo. / This dissertation aims to analyze three films directed by Brazilian filmmaker Leon Hirszman A Falecida (1965), S. Bernardo (1972), and Eles Não Usam Black-Tie (1981) through Raymond Williams concept of modern tragedy. The systematic comparison of the films gave rise to what is referred to in this analysis as the dealienating tragic. Hirszmans aesthetic procedures, especially those concerning the characterization process, reveal a preference for depicting suffering and disorder in order to portray knowledge of the world. Through this process, one can conclude that the tragic tone was Hirzmans aesthetic choice to carry out his cinematographic project based on the idea of filmmaking as a political instrument. However, it is worth mentioning that, in contrast to this use of tragedy shaped by the repressive historical context imposed by the Brazilian civil-military dictatorship, in Eles Não Usam Black-Tie it is possible to notice a recovery of a romantic perspective, as defined by Michel Löwy and Robert Sayre. Although this procedure does not achieve what Marcelo Ridenti, in his analysis of works produced in Brazil in the early 60s, defines as the revolutionary romanticism, it reclaims the portrayal of hope, lost during the years of the military government. Therefore, the historical context will be considered as a defining feature of the films formal structure. Thus, while there is still room for subtle comedy that somehow mitigates the tragic tone found in A Falecida, a film produced in 1965 right after the beginning of the dictatorship, in 1972, at the peak of political repression, one finds in S. Bernardo the annihilation of men while tragedy takes hold of everything. Accordingly, as it was mentioned before, during the process of political opening and the massive insurgency of popular movements, in 1981s Eles Não Usam Black-Tie, the tragic perspective gives way to an image of the power of collectivity, recovering, therefore, a romantic view of the world.
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Sofrimento, solidão e desordem: a representação trágica como meio político no cinema de Leon Hirszman / Suffering, solitude and disorder: the tragic representation as a political medium in Leon Hirszman\'s cinema

Anna Carolina Botelho Takeda 16 March 2017 (has links)
Esta tese tem como objetivo analisar três narrativas do cineasta Leon Hirszman: A falecida (1965), S. Bernardo (1972) e Eles não usam black-tie (1981) a partir do conceito de tragédia moderna, de Raymond Williams. A comparação sistemática entre as obras fez surgir o que se chamou nesta tese de trágico desalienante, uma vez que ao observar a maneira adotada pelo diretor, sobretudo, ao conduzir as suas personagens, evidenciou-se sua preferência por expor o sofrimento e a desordem dentro das narrativas com o intuito de produzir o conhecimento da realidade. Com isso, pôde-se constatar que o tom trágico empregado foi a opção estética de Leon Hirszman para levar adiante o seu projeto cinematográfico, fincado na ideia de cinema como instrumento político. Porém, em contraposição à valorização do trágico, muito em consonância com o contexto histórico repressivo imposto pela ditadura civil-militar no Brasil, vale apontar, com a reorganização do cenário nacional, uma retomada da perspectiva romântica, no sentido defendido por Michel Löwy e Robert Sayre, em Eles não usam black-tie, que se não recuperava o romantismo revolucionário proposto por Marcelo Ridenti ao analisar as obras produzidas no Brasil no começo dos anos 1960, resgatou a representação da esperança arrefecida com os anos de governo militar. Nessa direção, no cotejo das obras, atenta-se para o contexto histórico em que os filmes foram produzidos considerando-o como elemento estruturante de sua forma. Assim, se em A falecida, de 1965, começo do período ditatorial, há ainda espaço para um sutil humor que, de alguma forma, atenua o seu tom trágico; S. Bernardo, elaborado em 1972, no auge da repressão militar, impera o aniquilamento dos homens e a tragédia se instala sem respiro; por fim, como foi dito, em Eles não usam black-tie, realizado em 1981, período de abertura política e maciça insurreição dos movimentos populares, a perspectiva trágica cede espaço para a imagem da força da coletividade e, portanto, restaura certa visão romântica do mundo. / This dissertation aims to analyze three films directed by Brazilian filmmaker Leon Hirszman A Falecida (1965), S. Bernardo (1972), and Eles Não Usam Black-Tie (1981) through Raymond Williams concept of modern tragedy. The systematic comparison of the films gave rise to what is referred to in this analysis as the dealienating tragic. Hirszmans aesthetic procedures, especially those concerning the characterization process, reveal a preference for depicting suffering and disorder in order to portray knowledge of the world. Through this process, one can conclude that the tragic tone was Hirzmans aesthetic choice to carry out his cinematographic project based on the idea of filmmaking as a political instrument. However, it is worth mentioning that, in contrast to this use of tragedy shaped by the repressive historical context imposed by the Brazilian civil-military dictatorship, in Eles Não Usam Black-Tie it is possible to notice a recovery of a romantic perspective, as defined by Michel Löwy and Robert Sayre. Although this procedure does not achieve what Marcelo Ridenti, in his analysis of works produced in Brazil in the early 60s, defines as the revolutionary romanticism, it reclaims the portrayal of hope, lost during the years of the military government. Therefore, the historical context will be considered as a defining feature of the films formal structure. Thus, while there is still room for subtle comedy that somehow mitigates the tragic tone found in A Falecida, a film produced in 1965 right after the beginning of the dictatorship, in 1972, at the peak of political repression, one finds in S. Bernardo the annihilation of men while tragedy takes hold of everything. Accordingly, as it was mentioned before, during the process of political opening and the massive insurgency of popular movements, in 1981s Eles Não Usam Black-Tie, the tragic perspective gives way to an image of the power of collectivity, recovering, therefore, a romantic view of the world.
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Dramas íntimos e dramas sociais: uma releitura dos papéis feminino e masculino no cinema novo. / Intimate dramas and social dramas: a remake of the male and female roles in movies again.

CARVALHO, Angela Julita Leitão de January 2006 (has links)
CARVALHO, Angela Julita Leitão de. Dramas íntimos e dramas sociais: uma releitura dos papéis feminino e masculino no cinema novo. (2006). 256f. Tese (Doutorado em Sociologia) – Universidade Federal do Ceará, Departamento de Ciências Sociais, Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Fortaleza-CE, 2006. / Submitted by nazareno mesquita (nazagon36@yahoo.com.br) on 2011-11-24T16:17:30Z No. of bitstreams: 1 2006_tese_AJLdeCarvalho.pdf: 7493633 bytes, checksum: 45aa6e78dc928abd67e37a6fa391ee42 (MD5) / Approved for entry into archive by Maria Josineide Góis(josineide@ufc.br) on 2011-11-28T14:46:36Z (GMT) No. of bitstreams: 1 2006_tese_AJLdeCarvalho.pdf: 7493633 bytes, checksum: 45aa6e78dc928abd67e37a6fa391ee42 (MD5) / Made available in DSpace on 2011-11-28T14:46:36Z (GMT). No. of bitstreams: 1 2006_tese_AJLdeCarvalho.pdf: 7493633 bytes, checksum: 45aa6e78dc928abd67e37a6fa391ee42 (MD5) Previous issue date: 2006 / This study examines representations of intimate dramas on the question of women facing the inequality of power, in relationship between the sexes, as well as images of the search for autonomy and sexual liberty in the films Os Cafajestes, A Falecida and O Desafio, which are part of the New Cinema, a cultural movement which arose in the 60s. Here, intimate drama is defined as situations or experiences which men and women have in the space which surrounds their affective and sexual relationships. The choice of cinema to analyze this theme was due to the fact of understanding that cinema is a dialogue with a historical context, even though it uses a specific language to transmit messages ? having an association to images, movement of the camera, the lighting effects and the use of sound. Thus, this study is set in a sociological perspective which adopts the establishment of a link of the work (the film) with the group of historical, cultural, economic and political relationships as a basic principle. In spite of the filmography of the New Cinema being characteristically directed towards the representation of economic and political problems of the county, the study done, identified the movie directors involved with this cultural movement who also approached questions referring to ?intimate dramas? forming new representations of being feminine and of being masculine. In the films analyzed, one perceived the attribution of values which contribute to the denigration of feminine images, which, in turn, reinforces masculine models confirmed by patterns of aggressive, violent attitudes towards women. However, at the same time there are representations of women who are determined and decided, who choose paths which they want to take, and in this way maintain relationships of power with men. Despite emerging traces which are not homogenous in that which refers to the practices of men and women, there are, in summary, representations of continuing strict social rules concerning the behavior of women who dare to face social determinations. / Este trabalho examina representações de dramas íntimos, do questionamento das mulheres frente às desigualdades de poder, nas relações entre os sexos, e, ainda, imagens da busca de autonomia e de liberdade sexual, nos filmes Os cafajestes, A falecida e O desafio, nos anos 1960. Aqui, dramas íntimos são definidos como situações ou experiências vivenciadas por homens e mulheres, em espaços nos quais se circunscrevem suas relações afetivas e sexuais. A escolha do cinema para analisar esta temática deve-se ao fato de entendê-lo como veículo que dialoga com o contexto histórico, embora empregue uma linguagem específica para transmitir mensagens - associação de imagens, movimento de câmera, efeitos de iluminação e uso de sons. Assim, a pesquisa se insere dentro de uma perspectiva sociológica que adota como princípio básico o estabelecimento de um vínculo da obra com o conjunto das relações históricas, culturais, econômicas e políticas. Apesar da filmografia do Cinema Novo voltar-se característicamente para representações dos problemas econômicos e políticos do país, a pesquisa realizada identificou que cineastas envolvidos com este movimento cultural abordaram, também, questões referentes aos "dramas íntimos", construindo novas representações do feminino e do masculino. Nos filmes analisados, percebe-se a atribuição de valores que contribuem para denegrir as imagens femininas, o que, por sua vez, reforça modelos masculinos referendados por padrões de atitudes agressivas e violentas contra a mulher. Porém, há, simultaneamente, representações de mulheres determinadas e decididas, que escolhem os caminhos que querem trilhar e, neste sentido, mantêm relações de poder com os homens. A despeito de emergirem traços não unívocos no que se refere às práticas de homens e mulheres, em última instância, estão presentes representações de regras sociais rígidas no que concerne a comportamentos de mulheres que ousam enfrentar as determinações sociais.

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