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Autopoiesis do corpoema: a vida como obra de arteMello, Ivan Maia de 06 February 2012 (has links)
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Tese Ivan Maia de Mello.pdf: 2137353 bytes, checksum: c56787d91376923b4874548822cfecf1 (MD5) / A tese aborda a questão da auto-educação a partir da perspectiva de Friedrich
Nietzsche e outros pensadores, que o tomaram como referência para pensar filosoficamente
possibilidades de uma aprendizagem voltada para fazer da vida uma obra de arte. A questão
problematizada é como esta aprendizagem pode ocorrer de modo cada vez mais autônomo
configurando uma arte de viver direcionada para a poetização da existência. A auto-educação
é pensada como parte de uma autopoiesis, um processo de subjetivação mais abrangente
quanto aos aspectos da existência em que a aprendizagem é experimentada no sentido
proposto por Nietzsche para fazer da vida uma obra de arte, tornando-se poeta da própria
existência e tomando o corpo como fio condutor desse processo.
A perspectiva de Nietzsche é considerada juntamente com algumas outras que se
apropriaram dela para formularem suas próprias concepções, tais como, principalmente:
Oswald de Andrade, pela Antropofagia como visão de mundo voltada para a apropriação
seletiva da alteridade subjetiva; Martin Heidegger, pela hermenêutica do acontecimento
apropriativo na criação poética; Michel Foucault, pela genealogia dos processos de
subjetivação, abrangendo desde a antiguidade greco-romana até a contemporaneidade, que o
permitiu formular a questão da estética da existência; Gilles Deleuze e Felix Guattari, pela
cartografia da autopoiesis como processo de subjetivação singularizante, modulado por
paradigmas estéticos apropriados; e Dante Galeffi, pela proposta poemático-pedagógica de
uma educação transdisciplinar para o fazer inventivo do ser-sendo, que configura a vita
poemática.
Essas e outras perspectivas foram usadas para elaborar a proposta de uma educação
autopoiética do corpo criador que Nietzsche indicou como o ser próprio, e foi denominado
nesta tese de corpoema. A educação autopoiética do corpoema é pensada ao longo da
experimentação da autopoiesis em alguns campos da existência, nos quais se constitui a
estética da existência corpoética: os campos de experimentação da habitação do espaço de
vida, da dinâmica corporal dos impulsos, das relações de poder, das valorações afetivas, das
linguagens de expressão e da compreensão dos sentidos do viver.
Em cada um desses campos, são consideradas tendências vitais a serem apropriadas e
dificuldades a serem superadas para a composição de um estilo singular na arte de viver
corpoética, voltada para a poetização do corpo e incorporação da poesia. Assim, quanto à
experiência da habitação, as tendências voltadas para o local e o global; quanto à
corporeidade, as tendências dos impulsos eróticos e fraternos; quanto às relações de poder, as
tendências para a emancipação e para a solidariedade; quanto à afetividade, as tendências para
a dignidade ética e para a intensidade passional; quanto à expressividade, as tendências para a
linguagem figurada e para o discurso conceitual; quanto à experiência da compreensão, as
tendências para o aprofundamento e para a abrangência.
A autopoiesis do corpoema é, portanto, apresentada transversalmente numa
cartografia genealógica do processo de subjetivação constituído por essas experimentações,
guiadas pelas perspectivas consideradas, no sentido de configurar um estilo corpoéticopara essa estética da existência autopoiética. / ABSTRACT The question of self-education is approached from the perspective of Friedrich
Nietzsche and other authors, who took him as reference to think philosophically the
possibilities of a learning whose objective is to make life a work of art. The problematized
question is how this apprenticeship may occur in a more autonomous way configurating an art
of living directed to the poeticization of existence. Self-education is thought as part of an
autopoiesis, a widely process of subjectification that includes some aspects of existence in
which the apprenticeship is experimented according to Nietzsche‟s proposal to make life a
work of art, becoming the poet of one‟s own existence and considering the body as a
conducting thread of this process.
Nietzsche‟s perspective is considered together with some others which appropriated
his ideas to formulate their own conceptions, like, mainly: Oswald de Andrade, for his
Anthropophagic world vision turned to a selective appropriation of a subjective otherness;
Martin Heidegger, for his hermeneutics of the appropriative happening in poetry creation;
Michel Foucault, for his genealogy of subjectification processes, including since greco-roman
antiquity until contemporaneity, which allowed him to formulate the question of the esthetics
of existence; Gilles Deleuze and Felix Guattari, for their cartography of autopoiesis as a
singularizing subjectification process, modulated by proper esthetical paradigms; and Dante
Galeffi, for his poematic-pedagogical proposal of a transdisciplinary education for an
inventive producing of being, which configurates the poematic vita.
These and other perspectives were used to elaborate the proposal of an autopoietic
education of the creator body that Nietzsche considered as the self, and is named in this thesis
as corpoema. The autopoietic education of corpoemais thought along the experimentation of
autopoiesisin some spheres of existence, in which the esthetics of existence of corpoemais
constituted. They are the spheres of experimentation of: vital space occupation, body‟s
dynamic of impulses, power relations, affective evaluations, languages of expression, and
comprehension of living meanings.
In each of these spheres, vital tendencies to be appropriated and difficulties to be
overcomed are considered to compose a singular style of corpoema‟s art of living, turning to
poeticization of the body and embodiment of poetry. Therefore, concerning the habitation
experience, the tendencies for local and global; concerning the body experience, the
tendencies for erotic and fraternal impulses; concerning the power relations, the tendencies for
emancipation and solidarity; concerning affectivity, the tendencies for ethical dignity and for
passional intensity; concerning expressivity, the tendencies for figurative languages and for
conceptual discourse; concerning comprehension, the tendencies for deepening and for
expanding.
Corpoema‟s autopoiesis isthus presented transversally in a genealogical cartography
of the subjectification process constituted by these experimentations, guided by the
considered perspectives, in the way of seting the corpoema‟s style for this autopoietic
esthetics of existence.
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