Objetivo: Analisar a associação entre os grupos sanguíneos e os resultados a longo prazo após correção de aneurisma de aorta abdominal (AAA). Métodos: Estudo de coorte retrospetivo que incluiu pacientes consecutivos submetidos a cirurgia eletiva de AAA (2009-2019). Os resultados foram a sobrevida do paciente e a ausência de eventos cardíacos adversos maiores (MACE). Resultados: De um total de 333 pacientes, 49.5% eram do tipo sanguíneo A, seguidos de 39.3% O, 8.1% B e 3.1% AB, enquanto 82.4% eram Rh+ e 17.6% Rh-. A distribuição dos fenótipos sanguíneos foi semelhante entre os doentes com AAA e a população portuguesa. O tempo médio de acompanhamento foi de 75.4 meses (intervalo interquartil 65.8-81.6). A sobrevida do paciente em 1 e 5 anos foi de 89.3% (Intervalo de Confiança de 95% 86.0-92.7%) e 61.9% (56.2-68.2%), respetivamente. A sobrevida livre de MACE em 1 e 5 anos foi de 85.7% (81.9-89.5%) e 57.6% (51.9-64%), respetivamente. A sobrevida e a sobrevida livre de MACE foram semelhantes entre os tipos de grupos sanguíneos. Idade, diâmetro máximo da aorta, doença arterial periférica e pulmonar obstrutiva crónica foram preditores positivos independentes de todas as causas de mortalidade. Diâmetro máximo da aorta, taxa de filtração glomerular estimada, doença cerebrovascular e o tipo de cirurgia foram preditores independentes de sobrevida livre de MACE. Conclusão: Não encontramos associação entre os tipos sanguíneos e a presença de AAA, nem com os principais resultados após a correção do AAA. / Purpose: To analyze the association between the blood groups and long-term outcomes after abdominal aortic aneurysm (AAA) repair. Methods: Retrospective cohort study that included consecutive patients submitted to elective AAA surgery (2009-2019). Outcomes were patient survival, and freedom from major adverse cardiac events (MACE). Results: From a total of 333 patients, 49.5% were blood type A, followed by 39.3% O, 8.1% B and 3.1% AB, while 82.4% were Rh+ and 17.6% Rh-. The distribution of the blood phenotypes was similar between AAA patients and the Portuguese population. The median follow-up time was 75.4 months (interquartile range 65.8-81.6). Patient survival at 1 and 5 years was 89.3% (95%Confidence Interval 86.0-92.7%) and 61.9% (56.2-68.2%), respectively. MACE-free survival at 1 and 5 years was 85.7% (81.9-89.5%) and 57.6% (51.9-64%), respectively. Survival and MACE-free survival was similar between blood group types. Age, maximum aortic diameter, peripheral arterial disease and chronic obstructive pulmonary were independent positive predictors of all-cause mortality. Maximum aortic diameter, estimated glomerular filtration rate, cerebrovascular disease and type of surgery were independent predictors of MACE-free survival. Conclusion: We did not find any association between the blood types and the presence of AAA nor with the main outcomes after AAA repair.

A Doença por Coronavírus - 2019 (COVID-19) é uma doença infeciosa causada pelo Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2). Desde o seu aparecimento foram descritos vários casos de Pneumonia Organizativa Secundária (SOP) induzida pelo SARS-CoV-2. Neste estudo, pretendemos determinar a prevalência de SOP em doentes hospitalizados por COVID-19 e avaliar se a gravidade da doença, e outros fatores clínicos e comorbilidades se correlacionam com o desenvolvimento de SOP. Realizámos um estudo caso-controlo retrospetivo incluindo doentes hospitalizados devido a COVID-19 que realizaram Tomografia Computorizada (TC) de tórax durante o período de hospitalização e comparámos doentes com evidencia clínica e radiológica de SOP com doentes sem evidencia de SOP. Dados demográficos, comorbilidades, severidade da doença, tratamento com dexametasona / remdesivir, resultados analíticos e outcomes foram comparados entre os grupos. Incluímos 115 pacientes, 48 dos quais (41.7%) cumpriam critérios clínicos e imagiológicos de SOP. Entre os doentes com SOP, os achados radiológicos mais comuns foram consolidações, condensações arciformes e bandas subpleurais. Os doentes com SOP tiveram hospitalizações mais longas (19.5 vs 10 dias), mas não houve diferença nas taxas de readmissão e mortalidade em comparação com os controlos. No modelo de efeitos ajustado, a necessidade de oxigénio suplementar ao 21º dia após início de sintomas, a presença de OSCI = 4 em comparação com OSCI ≤ 3, e a elevação da proteína C-reativa à admissão, foram associados a uma chance significativamente maior de SOP. Não foram identificadas mais diferenças entre SOP e controlos após ajuste para outros fatores. O uso de remdesivir ou dexametasona não teve impacto no diagnóstico de SOP. Apenas 38% dos doentes com SOP necessitaram de tratamento específico com corticosteroides em alta-dose. Em conclusão, SOP induzida por SARS-CoV-2 pode ser mais frequente do que previamente estimado, especialmente em doentes hospitalizados. A SOP pode ser mais frequente em doentes com doença grave, particularmente se não apresentarem melhoria clínica após a segunda semana de sintomas ou apresentarem marcadores inflamatórios mais elevados à admissão. Esta complicação aumenta a duração da hospitalização, mas nem todos os doentes necessitam de tratamento específico e podem melhorar apesar da ausência de corticosteroides em alta-dose. / Coronavirus disease 2019 (COVID-19) is an infectious disease caused by the Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 (SARS-CoV-2). Since its appearance, there have been several reports of cases of Secondary Organising Pneumonia (SOP) induced by SARS-CoV-2. We aimed to evaluate the prevalence of SOP among hospitalised patients with COVID-19 pneumonia and to assess if disease severity, and other clinical factors and comorbidities are correlated with SOP development. We conducted a retrospective case-control study including hospitalised patients due to COVID-19 who performed a chest CT-scan during hospitalisation and compared patients with clinical and radiological evidence of SOP to patients without evidence of SOP. Demographics, comorbidities, disease severity, dexamethasone / remdesivir treatment, laboratorial results and outcomes were compared between groups. 115 patients were included, of whom 48 (41.7%) fulfilled clinical and imaging criteria for SOP. Among SOP patients, the most common chest CT-scan findings were consolidations, arciform condensations, and subpleural bands. SOP patients had longer hospitalisation (19.5 vs 10 days), but no significant differences in readmittance or mortality rates comparing to controls. In the adjusted effects model, the need for supplementary oxygen on the 21st day after symptom onset, the presence of OSCI = 4, when compared to OSCI ≤ 3, and higher C-reactive protein on admission, were significantly associated with higher odds for SOP. No other differences were identified between SOP and controls after adjusting for other factors. The use of Remdesivir or dexamethasone did not impact the diagnosis of SOP. Only 38% of SOP patients required specific treatment with high-dose corticosteroids. In conclusion, SARS-CoV-2 induced SOP may be more frequent than previously thought, especially among hospitalised patients. SOP may be more common in patients with a more severe disease, particularly those who fail to improve after the 2nd week of disease or who present higher inflammatory markers on admission. It increases the length of stay, but not all patients require specific treatment and may improve despite the absence of high dose corticosteroid treatment.

INTRODUÇÃO: Skin-Picking também conhecida como escoriação neurótica, escoriação psicogénica ou dermatotilexomania, é uma perturbação psiquiátrica comum na população geral, descrita na literatura médica desde o século XIX, que se caracteriza pelo ato repetido de tocar, cortar, beliscar ou arranhar a pele, gerando lesões cutâneas visíveis e percetíveis em regiões corporais previamente ou aparentemente saudáveis. É uma síndrome de evolução crónica, com uma prevalência entre 1,4% a 5,4%, mais comum no género feminino e com início sobretudo na adolescência. Com este artigo de revisão pretendemos estudar a clínica da dermatotilexomania, com intuito de familiarizar os diversos profissionais de saúde da sua importância, e avaliar possíveis relações e semelhanças com outras perturbações psiquiátricas que possam ser confundidoras e dificultar o diagnóstico de skin picking, permitindo desta forma que os pacientes sejam corretamente e precocemente tratados. MÉTODOS: Foi realizada uma pesquisa bibliográfica via internet, recorrendo ao programa de pesquisa científica PubMed. Foram analisados artigos entre 2008 e 2020, tendo sido selecionados os mais relevantes e pertinentes para o tema em questão. RESULTADOS: Após revisão dos diferentes artigos, verificamos que doentes com skin picking, padecem não só de dor física, mas também de dor psicológica. São vários os fatores que desencadeiam esta perturbação, e grande parte dos doentes descrevem estados de elevada tensão e nervosismo prévios aos episódios, que atenuam com o ato de lesar a própria pele. Além disso, a idade de surgimento dos sintomas, tem vindo a revelar-se um marcador clínico importante. A face é o local mais afetado, e o método de manipulação da pele é altamente variável. Verificamos também que skin picking e tricotilomania apresentam semelhanças em relação a dados demográficos, traços de personalidade e comorbilidades e que o ato de cutucar a pele, também se assemelha a rituais compulsivos verificados na POC. CONCLUSÃO: Apesar de se tratar de uma patologia bastante prevalente e com impacto considerável a nível mundial, é ainda nos dias de hoje sub-diagnosticada, pouco estudada e com baixas taxas de adesão terapêutica. Trata-se de uma população muito heterogénea, que apresenta semelhanças com outras perturbações psiquiátricas e que muitas vezes camufla as lesões, sendo por isso necessária uma avaliação física e psiquiátrica completa, que inclua os diversos diagnósticos diferenciais, e uma consciencialização por parte dos profissionais de saúde, de forma a diminuir os falsos diagnósticos que atualmente se verificam, permitindo que os doentes sejam tratados precocemente e corretamente. / INTRODUCTION: Skin picking also known as neurotic excoriation, psychogenic excoriation or dermatothylexomania is a common psychiatric disorder in general population, described in the medical literature since 19th century, which is characterized by the repeated act of touching, cutting, pinching or scratching the skin, generating visible and perceptible skin lesions in previously or apparently healthy body regions. It is a syndrome of chronic evolution, with a prevalence between 1,4% to 5,4%, more common in females and beginning mainly in adolescence. With this article, we intend to study the dermatothylexomania clinic in order to familiarize the different health professionals of its importance, and to evaluate possible relationships and similarities with other psychiatric disorders that can be confusing and hinder the diagnosis of skin picking, thus allowing that patients are treated correctly and early. METHODS: A bibliographic search was carried out on the internet, using PubMed scientific research program. Articles between 2008 and 2020 were analyzed, and the most relevant and pertinente to the topic in question were selected. RESULTS: After reviewing the different articles, we found that skin picking patients suffer not only from physical pain, but also from psychological pain. There are several factores that trigger this disorder, and most patients describe states of high tension and nervousness prior to the episodes, which attenuate with act of injuring their own skin. In addition, the age of onset of symptoms has proved to be an important clinical marker. The face is the most affected area, and the method of handling the skin is highly variable. We also found that skin picking and trichotillomania have similarities in relation to demographic data, personality traits and comorbidities and the act of picking the skin, also resembles compulsive rituals verified in obsessive compulsive disorder. CONCLUSION: Despite being a very prevalent pathology and with considerable impact wordwide, it is still under-diagnosed, poorly studied and with low rates of therapeutic adherence. It is a very heterogeneous population which has similarities with other psychiatric disorders and that often camouflages the lesions, therefore requiring a complete physical and psychiatric evaluation, which includes the differential diagnoses, and awareness by health professionals in order to reduce the false diagnoses that currently occur, allowing patients to be treated early and correctly.

INTRODUÇÃO: A enxaqueca é uma doença neurovascular disseminada com um enorme impacto social e económico. Um subgrupo de doentes não consegue ser tratado com terapia farmacológica. Embora a descompressão cirúrgica de nervos sensoriais extracranianos tenha sido proposta como uma alternativa de tratamento válida, a comunidade médica permanece relutante a aceitá-la. MATERIAIS E MÉTODOS: Esta revisão sistemática foi realizada de acordo com as guidelines PRISMA. Foi efetuada uma pesquisa eletrónica em setembro de 2020 nas bases de dados Pubmed, ScienceDirect, CENTRAL e Google Scholar para artigos originais que relatavam os resultados da cirurgia da enxaqueca. RESULTADOS: A estratégia de pesquisa revelou um total de 922 estudos, dos quais 52 foram incluídos na revisão. Foi referida uma melhoria significativa em 58.3-100% e eliminação completa em 8.3-86.8% dos pacientes de entre os estudos. Não foram descritas complicações major. DISCUSSÃO: Esta revisão sistemática demonstra que a cirurgia da enxaqueca é um procedimento eficaz e seguro, com um impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes e redução dos custos a longo prazo. CONCLUSÃO: Existe evidência científica considerável para reconhecer a cirurgia extracraniana da enxaqueca como um procedimento eficaz e seguro. Esta cirurgia deverá ser considerada em doentes devidamente selecionados e refratários ao tratamento médico. / INTRODUCTION: Migraine headache is a widespread neurovascular disorder with an enormous social and economic impact. A subgroup of patients cannot be managed with pharmacological therapy. Although surgical decompression of extracranial sensory nerves has been proposed as a valid alternative treatment option, the medical community remains reluctant to accept it. MATERIALS AND METHODS: This systematic review was conducted following the PRISMA guidelines. An electronic search was performed in September 2020 on Pubmed, ScienceDirect, CENTRAL and Google Scholar databases for original articles reporting outcomes on migraine surgery. RESULTS: The search strategy reveled a total of 922 studies of which 52 were included in the review. Significant improvement was reported in 58.3-100% and complete elimination in 8.3-86.8% of patients across studies. No major complications were reported. DISCUSSION: This systematic review demonstrates that migraine surgery is an effective and safe procedure, with a positive impact in patients' quality of life and a reduction in long-term costs. CONCLUSION: There is considerable scientific evidence to recognize extracranial migraine surgery as an effective and safe procedure. This surgery should be considered in properly selected migraineurs refractory to medical treatment.

Objetivo: Este estudo tem como objetivo avaliar a qualidade de vida após a cirurgia de doentes com Escoliose Idiopática do Adolescente (EIA), quando comparados com indivíduos saudáveis, e determinar a relação entre os resultados radiológicos e de qualidade de vida. Métodos: Neste estudo transversal, foram incluídos doentes EIA tratados cirurgicamente entre 2014 e 2019, bem como controlos de idades correspondentes. A qualidade de vida foi avaliada usando os questionários SF36 e SRS24 em ambos os grupos. A evolução radiológica do grupo de EIA foi avaliada através da medição dos ângulos de Cobb pré e pós-operatórios. Resultados: Foram recrutados 43 doentes com EIA e 50 controlos correspondentes. Com exceção dos critérios de saúde geral e alteração da saúde no SF36 e a auto-imagem geral e função por condição das costas no SRS24, todos os outros parâmetros de qualidade de vida foram significativamente mais altos no grupo controlo. Apenas a auto-imagem pós-cirúrgica no SRS24 teve uma correlação significativa com a redução do ângulo de Cobb. Conclusão: Os doentes com EIA, mesmo 5 anos após a cirurgia, apresentam uma qualidade de vida globalmente inferior, quando comparados com indivíduos saudáveis. Adicionalmente, os parâmetros de qualidade de vida correlacionam-se de forma limitada com a correção do ângulo de Cobb. Isto enfatiza a necessidade de ferramentas apropriadas para avaliar o sucesso do procedimento, ao invés de depender apenas dos resultados radiológicos. / Purpose: This study aims to evaluate the post-surgery quality of life of patients with Adolescent Idiopathic Scoliosis (AIS), when compared to healthy control individuals, and to assess the relationship between their radiological outcomes and self-reported quality of life. Methods: In this cross-sectional study, surgically-treated AIS patients between 2014 and 2019 were enrolled, along with age matching controls. Quality of life (QoL) data was gathered using SF36 and SRS24 questionnaires in both groups. Pre and postoperative Cobb angles were measured to assess AIS patients' radiological evolution. Results: Forty-three AIS patients and fifty age-matched controls were enrolled. Except for SF36 general health and health change and SRS24 general self-image and functioning from back condition, all other QoL parameters were significantly higher in the control group. Apart from SRS24 postoperative self-image, no other parameter had a significant correlation with Cobb angle reduction. Conclusion: AIS patients, even about 5 years after surgery, reported an overall worst QoL, when compared to matched healthy individuals, but this reported QoL correlated poorly with correction of Cobb angle. This highlights the need for appropriate tools to assess the success of this procedure, rather than to rely solely on the radiological outcomes.

Objetivos: Estudos anteriores sugerem que a gordura epicárdica poderá ter um efeito parácrino no miocárdio. Neste sentido, poucos estudos ainda avaliaram o papel da gordura epicárdica no risco de fibrilhação auricular (FA). O objetivo deste estudo foi avaliar a associação entre o volume e atenuação da gordura epicárdica com o risco de recorrência de FA após ablação. Métodos e Resultados: Foram incluídos 350 doentes submetidos a ablação (2017-2019), neste estudo observacional - 34% mulheres, com uma idade mediana de 57 anos (amplitude interquartil 48-65) e 21% com FA persistente. A gordura foi medida pela determinação automática do volume da gordura pericárdica e pela avaliação do volume da gordura epicárdica após o contorno manual do pericárdio, utilizando o software Syngo.via Frontier - Cardiac Risk Assessment. A atenuação (como possível marcador de inflamação local) foi também avaliada pelo contorno manual de uma área de gordura entre a aurícula esquerda e o esófago. O outcome primário foi a recorrência de FA, definida como um episódio documentado de FA, flutter auricular ou taquicardia auricular, mais de 3 meses após a ablação. Após um follow-up mediano de 34 meses (intervalo de 12 a 57 meses), 114 doentes (33%) desenvolveram recorrência de FA. Na análise de Cox univariável, doentes com volume de gordura epicárdica ≥ 80 mL tiveram maior risco de recorrência [HR: 1,65 (95% CI 1,14-2,39; p = 0,007]. No entanto, após ajuste multivariável, o volume não foi preditor independente de recorrência de FA [HR 1,24 (95% CI 0,83-1,87; p = 0,3)]. Os resultados foram semelhantes para o volume da gordura pericárdica. Doentes com menor valor de atenuação da gordura não tiveram maior risco de recorrência (log-rank test p = 0,75). Conclusão: Os parâmetros da gordura cardíaca, incluindo a avaliação do volume de gordura epicárdica e pericárdica e a atenuação, não foram preditores independentes de recorrência de FA após ablação. / Aims: Previous studies have suggested that epicardial adipose tissue (EAT) could exert a paracrine effect in the myocardium. Indeed, few earlier studies have assessed the role of EAT in the risk of atrial fibrillation (AF). This study aimed to evaluate the association between EAT volume and its attenuation with the risk of AF recurrence after catheter ablation. Methods and Results: 350 consecutive patients submitted to AF ablation (2017-2019) were included in this cohort study - 34% female, median age 57 years (IQR 48-65), 21% with persistent AF. Fat was measured by the automatic calculation of pericardial fat volume (PATV) and by the evaluation of EAT volume through manual tracing of the pericardium (EATV) using Syngo.via Frontier-Cardiac Risk Assessment software. The attenuation of EAT (which could be a marker of local inflammation) was also assessed by manually contouring an area of fat between left atrium and esophagus. The primary outcome was AF recurrence, defined as any documented episode of AF, atrial flutter, or atrial tachycardia, more than 3 months after procedure. After a median follow-up of 34 months (range 12 to 57 months), 114 patients (33%) had AF recurrence. We observed that patients with an EATV ≥ 80 mL had an increased risk of AF recurrence in the univariable Cox regression [HR 1.65 (95% CI 1.14-2.39), p = 0.007]. However, after multivariable adjustment, EATV did not remain an independent predictor of AF recurrence [HR 1.24 (95% CI 0.83-1.87, p = 0.3)]. Similar results were observed with PATV. Moreover, patients with lower attenuation of EAT did not have a higher risk of recurrence (log-rank test p = 0.75). Conclusion: EAT parameters including the evaluation of EATV, PATV and EAT attenuation were not independent predictors of AF recurrence after catheter ablation.

Introdução - Vasculites são patologias sistémicas raras que podem ocorrer na infância. Até ao momento, os estudos pediátricos realizados foram escassos e com amostragens reduzidas. Este estudo de base populacional tem como objetivo aprofundar o conhecimento sobre as manifestações clínicas das vasculites em crianças. Métodos - Neste estudo retrospetivo colhemos dados epidemiológicos e referentes às manifestações clínicas de todas as crianças diagnosticadas com vasculites num hospital terciário português. Foram avaliados dados demográficos e sintomas clínicos em todos os doentes. Resultados - Foram incluídos 138 doentes no nosso estudo. A doença de Kawasaki (KD) apresentou a menor média de idades com uma mediana de 2.26 anos de idade. Na doença de Behçet (BD) os doentes eram mais velhos (13.41). O rácio de género apenas foi maior nas mulheres no grupo relativo a BD (1:1.86); em oposição às outras vasculites. O envolvimento cutâneo foi superior a 90% tanto na Vasculite de IgA (IgAV) como na KD. Sintomas gastrointestinais foram comuns em todos os grupos (15-50%); mais raros na BD (17%). Artrite e artralgia foram altamente prevalentes na IgAV (65%) e o atingimento oftálmico foi frequente na KD (70%). O atingimento renal na IgAV (11%) e o atingimento oftálmico na BD (22%) foram inferiores ao expectável. Houve um número relevante de crianças com queixas de atingimento articular na KD (27%). Também observamos uma prevalência ligeiramente mais comum de complicações vasculares na BD (30%). Conclusões - As manifestações clínicas observadas nas crianças do nosso estudo estão de acordo com os resultados de outros estudos publicados, com algumas exceções. Os autores sugerem a necessidade da realização de estudos de base populacional multicêntricos, sendo essas redes indispensáveis para a facilitação da investigação e ensaios clínicos. / Introduction - Vasculitides are rare systemic conditions which may occur in childhood. Pediatric studies done so far are few and have small sample sizes. This population-based study aims to develop knowledge regarding the clinical presentation of vasculitides in children. Methods - In this retrospective study we gathered data regarding epidemiology and clinical presentation of all children diagnosed with vasculitides in a tertiary Portuguese center. All patients were assessed for demographics and clinical presenting symptoms. Results - In our study, we included 138 patients. Kawasaki's disease (KD) had the youngest average patients with a median age of 2.26 years old. In Behçet's disease (BD) group patients were older (13.41). The gender ratio was only higher in females in BD's patients (1:1.86), as opposed to other vasculitides. Cutaneous involvement was >90% in both IgA Vasculitis (IgAV) and KD. Gastrointestinal symptoms were common in all groups (15-50%); rarer in BD (17%). Arthritis and arthralgia were highly prevalent in IgAV (65%); ophthalmic involvement was frequent in KD (70%). Renal manifestations in IgAV (11%) and ophthalmic involvement in BD (22%) were lower than expected. There was a notable number of children reporting joint involvement in KD (27%). We also noticed a slightly higher prevalence of vascular findings in BD (30%). Conclusions - Clinical symptoms observed in our patients were similar to previous reports in published studies, with some exceptions. The authors suggest that pediatric multicentric population-based studies are needed; such networks will be invaluable to facilitate research and clinical trials.

Introdução: A demência é um problema de saúde pública devido à sua crescente prevalência, à elevada sobrecarga dos cuidadores e custos financeiros. Atualmente, os fármacos antidemenciais visam apenas o controlo sintomático. A prescrição destes medicamentos em fases avançadas é um tema de controvérsia, com diferentes países a proporem diferentes recomendações. Métodos: Realizou-se um ensaio clínico piloto, pragmático, unicêntrico, com alocação randomizada (1:1), aberto com avaliadores cegos para avaliar a segurança e eficácia da retirada de fármacos antidemenciais em doentes com demência avançada. Os resultados funcionais e comportamentais, índices de qualidade de vida (tanto para o doente como para os seus cuidadores), custos financeiros e efeitos adversos foram avaliados durante um período de 24 semanas. Resultados: 14 doentes foram incluídos no estudo. Os doentes alocados à continuação do tratamento, mostraram um melhor desempenho funcional nas atividades de vida diárias às 12 semanas e uma melhor qualidade de vida às 24 semanas, avaliado pelo EQ-5D. A taxa de eventos adversos e o tempo médio até ao evento adverso grave/retirada foi semelhante em ambos os grupos de tratamento. Em geral, os cuidadores consideraram que a condição do doente se manteve inalterada durante o seguimento e que a taxa de sintomas neuropsiquiátricos graves não diferiu entre os grupos. A análise custo-utilidade demonstrou um custo mais elevado e um menor ganho de QALY no grupo de retirada. Discussão: O nosso estudo sugere que a continuação do tratamento com fármacos antidemenciais em pessoas com doença de Alzheimer avançada poderá proporcionar melhores resultados funcionais e de qualidade de vida. Ainda assim, a interpretação dos nossos resultados deverá ser cuidadosamente interpretada à luz do reduzido tamanho amostral, ausência de um grupo de controlo com placebo e da subjetividade dos resultados avaliados. Conclusão: O nosso estudo acrescenta evidência relativamente à retirada de fármacos antidemenciais em demência avançada. É o primeiro estudo deste tipo em Portugal a fornecer uma visão da qualidade de vida e dos custos financeiros em doentes e cuidadores. Consideramos que, como estudo-piloto, o nosso trabalho poderá servir como base para novos estudos com amostras de maior tamanho e períodos de seguimento mais longos. / Introduction:Dementia is a major public health concern due to its increasing prevalence, substantial caregiver burden, and high financial costs. Currently, antidementia drugs provide only symptomatic effect. The subject of prescribing these drugs in advanced stages is a matter of substantial debate, with different countries making distinct recommendations. Methods:We conducted a pilot, pragmatic, unicentric, parallel randomized (1:1) open clinical trial with blinded assessors to assess the safety and efficacy of withdrawing antidementia drugs in patients with severe dementia. Functional and behaviour outcomes, quality of life indexes (both for the patient and their caregivers), financial costs and adverse events were evaluated for a period of 24 weeks. Results:14 patients were included in the study. Patients assigned to drug continuation showed better functional performance of activities of daily living at week 12 and better quality of life at week 24 as assessed by EQ-5D. Rate of adverse events and mean time to serious adverse event/withdrawal was similar in both treatment groups. Overall, caregivers considered the patient's condition to be unchanged during the follow-up and the rate of severe neuropsychiatric symptoms did not differ between groups. Despite costs were not statistically different, the incremental cost-utility ratio supports treatment continuation, given a higher cost and lower QALY gain in the withdrawal group. Discussion:Our study suggests that continuing antidementia drugs in people with advanced Alzheimer's disease may provide better functional outcomes and quality of life. The interpretation of our findings needs to be carefully considered in light of reduced sample size, absence of a placebo-controlled group and subjective nature of the outcomes evaluated. Conclusion:Our study improves the evidence regarding the withdrawal of antidementia drugs in advanced dementia. It is the first of its kind in Portugal to provide insight into quality of life and financial costs in patients and caregivers. We consider that, as a pilot study, our work could lay the foundations for further studies with higher sample sizes and longer follow-up periods.

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