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ConsciÃncia Corporal e Ancestralidade Africana: Conceitos SociopoÃticos Produzidos por Pessoas de Santo / Body Consciousness and African ancestry: Concepts âSociopoeticosâ produced by people of holy

Norval Batista Cruz 25 March 2009 (has links)
FundaÃÃo de Amparo à Pesquisa do Estado do Cearà / Este estudo apresenta os conceitos sociopoÃticos produzidos por uma comunidade de terreiro de candomblÃ, Ilà Axà Omo TifÃ, localizada no bairro de Jangurussu, na periferia de Fortaleza-Ce. O tema gerador da pesquisa à consciÃncia corporal e ancestralidade africana. Noto que, apesar dos terreiros de candomblÃ, em principio estarem mais conectados com a cultura de matriz africana, nem sempre se encontra uma prÃtica de consciÃncia corporal associada à ancestralidade africana e Ãs vezes, hà uma dificuldade de conexÃo entre as prÃticas religiosas e as dimensÃes corporais da cosmovisÃo africana. Diante deste contexto, neste estudo procuro responder a seguinte pergunta: Quais os conceitos que as pessoas de santo produzem a respeito da consciÃncia corporal e da ancestralidade africana e a relaÃÃo entre os mesmos? Outra pergunta Ã: atà que ponto as pessoas de santo produzem conceitos que escapam dos valores eurocÃntricos racionalistas? O mÃtodo utilizado foi o sociopoÃtico, onde o grupo alvo da pesquisa se transforma em co-pesquisadores/as do tema, participando com o pesquisador oficial de todo o processo da investigaÃÃo, objetivando produzir confetos (conceitos perpassados de afetos, sentimentos e emoÃÃes que apresentam sentidos desterritorializados). Nesta pesquisa, o grupo foi formado por dez pessoas entre iaÃs, (iniciados) abiÃs (prÃ-iniciados) e ogans (auxiliares da MÃe de Santo). Um dos princÃpios da sociopoÃtica à o corpo enquanto fonte de conhecimento, por isso recorre-se a vivÃncias e tÃcnicas artÃsticas, visando aguÃar os cinco sentidos e a imaginaÃÃo. Nesta pesquisa realizei trÃs vivÃncias com o grupo. A primeira foi a vivÃncia lunar, efetuada à noite, na AbreulÃndia, numa regiÃo agreste, com mar, dunas, lagoas, mangues e matas. Foi um ritual. Fizemos caminhadas, acessamos bases ancestrais (cÃcoras, movimentos dos animais, rastejamentos, descidas invertidas em dunas, reverÃncias aos elementos da natureza, etc.). A segunda vivÃncia foi a danÃa africana onde, apÃs o momento de relaxamento, o grupo realizou movimentos individuais e coletivos de auto-percepÃÃo e danÃas de vÃrias partes da Ãfrica e sua diÃspora. A terceira vivÃncia foi com argila. Com os olhos vendados, os co-pesquisadores produziram esculturas. A partir dessas vivÃncias, eles construÃram confetos relativos ao tema gerador, tais como: ancestralidade raiz (saberes da tradiÃÃo oral), homem terra (aquele que senta seu Ãnus no chÃo ao contrÃrio do homem moderno que senta na cadeira), rasgar a natureza (destruiÃÃo da natureza), exu impulso (energia que joga para frente e faz as coisas se movimentarem), corpo sinuosidade (movimento estÃtico, porÃm circular), Ãgua-fogo (sensaÃÃo de fogo dentro da Ãgua gelada). Concluo que esta pesquisa produziu conceitos surpreendentes, desterritorializados dos valores eurocÃntricos e dos chavÃes, gerando na minha pessoa um sentimento de felicidade e prazer, por ter me apropriado, junto com o grupo, das energias vivas da nossa ancestralidade.

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