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Os dilemas de se estar no fio da navalha: a experiência do Banco Palmas e suas práticas cotidianas / The dilemas of walking a fine line: the experience of Banco Palmas and its daily practices

Braz, Juliana de Oliveira Barros 04 April 2014 (has links)
Em 1998, após vinte anos de conquistas de infraestrutura para o bairro do Conjunto Palmeiras, em Fortaleza, Ceará, a pobreza e a geração de trabalho e renda apresentavam-se como os grandes desafios a serem enfrentados por seus moradores. Na busca por alternativas locais, estruturou-se uma estratégia de desenvolvimento comunitário que articulou o consumo à produção local. O consumo foi estimulado, inicialmente, por meio de um cartão de crédito chamado PalmaCard e, mais tarde, pelo uso da moeda social Palmas. Já a produção, foi incentivada a partir da oferta de crédito produtivo articulada à criação de pontos de comercialização locais como feiras, festivais e uma loja solidária, e ao fomento à formação de empreendimentos coletivos. Nascia, assim, o primeiro banco comunitário do Brasil: o Banco Palmas. As ações propostas pelo banco comunitário, com a formação de redes locais de produção e consumo, e o debate sobre o desenvolvimento do bairro abriram caminhos para a experimentação de valores antagônicos aos pregados pela sociedade atual: ao invés da competição, a afirmação do trabalho associado; do individualismo do empreendimento, a decisão coletiva. Por assumir múltiplas dimensões, o Banco Palmas se torna uma experiência potente para a análise das iniciativas de economia solidária que articulam a dimensão econômica às dimensões social e política. O lugar que essas experiências ocupam na vida cotidiana das pessoas passa pela importância da família na organização das relações sociais e da vida, da cultura clientelista, da referência ainda presente do trabalho assalariado, dos costumes e da cultura popular, do lugar da mulher, da relação com o bairro e a cidade e das políticas sociais dos últimos anos. Este trabalho é, portanto, uma tentativa de compreensão e de articulação entre esses elementos que compõem a trama de nossa dinâmica social, sendo o crédito, o banco comunitário, os serviços financeiros e a moeda social alguns de seus personagens. São diversas pontas e tentativas de ligação entre os elementos trazidos à cena. O Banco Palmas pode ser visto como instituição mediadora na promoção de relações diferenciadas para os moradores do bairro, ampliando o acesso à cidade, a espaços de participação e a novos sistemas simbólicos que permitem a conexão da vida a outras redes de sentidos e significados. Ancorada nos escritos de José de Souza Martins e, de alguma forma, nas ideias de Henri Lefebvre as contradições do vivido puderam se tornar material rico de análise. Algumas das principais reflexões tratam da articulação do tradicional e do moderno na configuração do Banco Palmas, da função do crédito na sustentação das relações dos moradores com o banco e da busca, a partir das relações de vizinhança e de família, em constituir uma experiência formal que pode basear a criação de uma referência menos privatizada da vida social / In 1998, after 20 years of achievements within the infrastructure at the neighbourhood of Conjunto Palmeiras at Fortaleza, Ceara, poverty and job and income generation were the major challenges to be overcome by its inhabitants. In search of local alternatives, the local Community Association (ASMOCONP) structured a strategy for community development capable of articulating local consumption and production. Consumption was initially stimulated by a credit card called PalmaCard, and later with the use of the social currency Palmas. Production was driven by offers of production credit and wholesaling strategic for local producers and retailers, fomenting collective entrepreneurs, creation of local retail areas for fairs, festivals and community shops. It was being born the first community bank in Brazil, Banco Palmas. The proposed actions, with creation of a local net of consumptions and production and debates upon neighbourhood improvement, instead of competition, partnership labour avowal; instead of the individualism of entrepreneurship, the collective decision making. By assuming multiple dimensions, Banco Palmas becomes a strong experience for the analysis of initiatives on solidary economy which articulated the economic realm towards social and political dimensions. Besides its importance as a mediation institution and in promoting unique relations for the local community, it enlarges access to the city, to places of participation and to symbolic new systems which allow the connections of life to other networks of sense and meaning. The place in which these experiences occupy in peoples everyday life, bears the importance of family, once it organizes social relations and life, of cultural clientele, of a reference still present of labour, customs and popular cultura, of women\'s place within society, of relationships between the neighbourhood and the city, of social policies from earlier years. This work is an attempt to get comprehension and articulation of elements that constitute this web of social dynamic, being credit, community bank, financing and loan services, and social currency a few of the players. It is a variety of loose pieces and connection attempts among elements brought about the scene. Anchored on writings by José de Souza Martins and, at some level, in the ideas of Henri Lefebvre, the contradictions of the living become a rich material for analysis. Some of the main reflexions deal with the articulation of the traditional and the modern in Banco Palmas configuration; of the function of credit within the maintenance of relationships between neighbourhood and families\' constitution, a formal experience that can be the basis for the creation of a reference of social life less privatized
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Os dilemas de se estar no fio da navalha: a experiência do Banco Palmas e suas práticas cotidianas / The dilemas of walking a fine line: the experience of Banco Palmas and its daily practices

Juliana de Oliveira Barros Braz 04 April 2014 (has links)
Em 1998, após vinte anos de conquistas de infraestrutura para o bairro do Conjunto Palmeiras, em Fortaleza, Ceará, a pobreza e a geração de trabalho e renda apresentavam-se como os grandes desafios a serem enfrentados por seus moradores. Na busca por alternativas locais, estruturou-se uma estratégia de desenvolvimento comunitário que articulou o consumo à produção local. O consumo foi estimulado, inicialmente, por meio de um cartão de crédito chamado PalmaCard e, mais tarde, pelo uso da moeda social Palmas. Já a produção, foi incentivada a partir da oferta de crédito produtivo articulada à criação de pontos de comercialização locais como feiras, festivais e uma loja solidária, e ao fomento à formação de empreendimentos coletivos. Nascia, assim, o primeiro banco comunitário do Brasil: o Banco Palmas. As ações propostas pelo banco comunitário, com a formação de redes locais de produção e consumo, e o debate sobre o desenvolvimento do bairro abriram caminhos para a experimentação de valores antagônicos aos pregados pela sociedade atual: ao invés da competição, a afirmação do trabalho associado; do individualismo do empreendimento, a decisão coletiva. Por assumir múltiplas dimensões, o Banco Palmas se torna uma experiência potente para a análise das iniciativas de economia solidária que articulam a dimensão econômica às dimensões social e política. O lugar que essas experiências ocupam na vida cotidiana das pessoas passa pela importância da família na organização das relações sociais e da vida, da cultura clientelista, da referência ainda presente do trabalho assalariado, dos costumes e da cultura popular, do lugar da mulher, da relação com o bairro e a cidade e das políticas sociais dos últimos anos. Este trabalho é, portanto, uma tentativa de compreensão e de articulação entre esses elementos que compõem a trama de nossa dinâmica social, sendo o crédito, o banco comunitário, os serviços financeiros e a moeda social alguns de seus personagens. São diversas pontas e tentativas de ligação entre os elementos trazidos à cena. O Banco Palmas pode ser visto como instituição mediadora na promoção de relações diferenciadas para os moradores do bairro, ampliando o acesso à cidade, a espaços de participação e a novos sistemas simbólicos que permitem a conexão da vida a outras redes de sentidos e significados. Ancorada nos escritos de José de Souza Martins e, de alguma forma, nas ideias de Henri Lefebvre as contradições do vivido puderam se tornar material rico de análise. Algumas das principais reflexões tratam da articulação do tradicional e do moderno na configuração do Banco Palmas, da função do crédito na sustentação das relações dos moradores com o banco e da busca, a partir das relações de vizinhança e de família, em constituir uma experiência formal que pode basear a criação de uma referência menos privatizada da vida social / In 1998, after 20 years of achievements within the infrastructure at the neighbourhood of Conjunto Palmeiras at Fortaleza, Ceara, poverty and job and income generation were the major challenges to be overcome by its inhabitants. In search of local alternatives, the local Community Association (ASMOCONP) structured a strategy for community development capable of articulating local consumption and production. Consumption was initially stimulated by a credit card called PalmaCard, and later with the use of the social currency Palmas. Production was driven by offers of production credit and wholesaling strategic for local producers and retailers, fomenting collective entrepreneurs, creation of local retail areas for fairs, festivals and community shops. It was being born the first community bank in Brazil, Banco Palmas. The proposed actions, with creation of a local net of consumptions and production and debates upon neighbourhood improvement, instead of competition, partnership labour avowal; instead of the individualism of entrepreneurship, the collective decision making. By assuming multiple dimensions, Banco Palmas becomes a strong experience for the analysis of initiatives on solidary economy which articulated the economic realm towards social and political dimensions. Besides its importance as a mediation institution and in promoting unique relations for the local community, it enlarges access to the city, to places of participation and to symbolic new systems which allow the connections of life to other networks of sense and meaning. The place in which these experiences occupy in peoples everyday life, bears the importance of family, once it organizes social relations and life, of cultural clientele, of a reference still present of labour, customs and popular cultura, of women\'s place within society, of relationships between the neighbourhood and the city, of social policies from earlier years. This work is an attempt to get comprehension and articulation of elements that constitute this web of social dynamic, being credit, community bank, financing and loan services, and social currency a few of the players. It is a variety of loose pieces and connection attempts among elements brought about the scene. Anchored on writings by José de Souza Martins and, at some level, in the ideas of Henri Lefebvre, the contradictions of the living become a rich material for analysis. Some of the main reflexions deal with the articulation of the traditional and the modern in Banco Palmas configuration; of the function of credit within the maintenance of relationships between neighbourhood and families\' constitution, a formal experience that can be the basis for the creation of a reference of social life less privatized

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