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Contradições do detetive: a literatura policial como problema para a teoria literária em obras de Machado de Assis, Jorge Luis Borges e Roberto Bolaño / Contradictions of the detective: crime fiction as a problem for literary theory in works of Machado de Assis, Jorge Luis Borges and Roberto BolañoSant\'Ana, Raquel Vieira Parrine 05 September 2012 (has links)
Este estudo parte de uma visão teórica da literatura policial para analisar obras de três escritores latino-americanos: Machado de Assis, Jorge Luis Borges e Roberto Bolaño. O objetivo é fornecer um novo subsídio teórico para a leitura destes autores e, por outro lado, aprofundar a visão sobre o gênero policial no Brasil, ampliando, a partir dele, as discussões relacionadas à teoria literária. A causa secreta é um conto contemporâneo ao marco do nascimento do gênero policial nos Estados Unidos, com Edgar Allan Poe. Neste momento em que a literatura policial ainda não está consolidada, Machado de Assis cria também um personagem apaixonado pela análise dos caracteres humanos, o médico Garcia. Desde o título, como nos livros policiais, o leitor está procurando um segredo, cuja solução depende de sua confiança na autoridade narrativa, mas, em última análise, nunca pode ser realmente liquidado, porque nele reside o enigma fundamental da literatura: a impossibilidade de apropriação do Outro. Em El jardín de senderos que se bifurcan, Jorge Luis Borges usa o gênero para travar uma discussão sobre o tempo na narrativa e revolve o relato sobre si mesmo, usando uma autoinserção temporal. Foi considerado, assim, uma subversão na medida em que, pretensamente, destrói as balizas de gênero. Entretanto, segundo Jacques Derrida, um gênero é formado não só de marcas que identificam uma obra com a outra, mas também por alterações dentro da forma, que aumentam os limites genéricos. Desta forma, Borges, do ponto de vista da literatura policial, ajuda a criar um novo subgênero, o policial metafísico. Desde a perspectiva de um novo policial que discute seu próprio estatuto, analisamos o romance do escritor chileno Roberto Bolaño, Los detectives salvajes, em que lemos a história da busca de uma pessoa que, na verdade, está morta e só sabemos de sua morte no final da narrativa. Isso opera uma diferença fundamental: esta obra narra pela lente do luto, enquanto no policial esta dimensão é suplantada pela necessidade da intriga. De outra forma, o percurso dos personagens também responde à sombra do enigma que é a voz do Outro. A literatura policial, assim, é um gênero caracterizado por uma busca incessante, motivada por um enigma que o detetive precisa solucionar. Tradicionalmente, esta demanda é bem sucedida. Entretanto, nunca vemos o personagem, satisfeito por mais um trabalho resolvido, voltar para casa, o que prova que, de alguma forma, nem ele mesmo está convencido da solução do enigma. O segredo, portanto, exige uma dedicação infinita. De alguma forma, o personagem modelar do detetive reflete o trabalho do crítico literário. A busca incessante, o solilóquio que esconde o enigma, a necessidade de autoridade narrativa são questões importantes do nosso trabalho. Qual seria a responsabilidade, portanto, do crítico? Estaria disposto a sacrificar sua autoridade pela verdade? / This research begins with a theoretical vision of crime fiction to analyze works of three Latin-american authors: Machado de Assis, Jorge Luis Borges and Roberto Bolaño. The objective is to offer a new theoretical basis for reading these writers and also to deepen the study of crime fiction in Brazil, widening, thus, the debates regarding literary theory. A causa secreta is a short story contemporary of the birth of crime fiction in the United States, with Edgar Allan Poe. In that moment, when crime fiction wasnt consolidated yet, Machado de Assis also created a character passionate for the analysis of human character, doctor Garcia. From the title, as to the mystery book itself, the reader is looking for a secret, and the solution will only be brought through the readers distrust of the narrative settings. But the enigma, in fact, can never be solved because within it there is the fundamental secret of literature: the impossibility of appropriation of the Other. In El jardín de senderos que se bifurcan Jorge Luis Borges uses the genre to discuss time in fiction and turns the narrative upon itself by creating a temporal auto insertion. It is considered, thus, a subversion as it allegedly destroys the laws of the genre. However, according to Jacques Derrida, a genre is formed not only by the marks that defines it, but also by the alterations within its form, which enlarges its limits. In this way, through the point of view of crime fiction, Borges contributes to create a new subgenre: the metaphysical crime fiction. Through the perspective of a new crime fiction that questions its own statute, we analyzed the novel Los detectives salvajes, by Chilean author Roberto Bolaño, in which we read the story of a search of a person who, actually, is already dead, and we only get to know it in the end of the novel. This operates a structural difference: the book narrates through the lens of mourning, while in crime fiction this sentiment is superseded by the necessity of intrigue. In another way, the course of those characters also responds to the shadows of the enigma that is the voice of the Other. Crime fiction, thus, is a genre based on a relentless quest, motivated by an enigma that the detective has to solve. Traditionally, this demand is well succeeded. But we never see the detective, satisfied after another job well done, going back home, which proves that, in a way, not even he is convinced that the enigma is solved. In a way, the model character of the detective reflects, as some authors suggest, the work of the literary critic. The endless search, the monologue that hides the enigma, the necessity of narrative authority all this elements are important to our work. Then, what is the responsibility of the critic? Is he willing to sacrifice his authority for the truth?
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Contradições do detetive: a literatura policial como problema para a teoria literária em obras de Machado de Assis, Jorge Luis Borges e Roberto Bolaño / Contradictions of the detective: crime fiction as a problem for literary theory in works of Machado de Assis, Jorge Luis Borges and Roberto BolañoRaquel Vieira Parrine Sant\'Ana 05 September 2012 (has links)
Este estudo parte de uma visão teórica da literatura policial para analisar obras de três escritores latino-americanos: Machado de Assis, Jorge Luis Borges e Roberto Bolaño. O objetivo é fornecer um novo subsídio teórico para a leitura destes autores e, por outro lado, aprofundar a visão sobre o gênero policial no Brasil, ampliando, a partir dele, as discussões relacionadas à teoria literária. A causa secreta é um conto contemporâneo ao marco do nascimento do gênero policial nos Estados Unidos, com Edgar Allan Poe. Neste momento em que a literatura policial ainda não está consolidada, Machado de Assis cria também um personagem apaixonado pela análise dos caracteres humanos, o médico Garcia. Desde o título, como nos livros policiais, o leitor está procurando um segredo, cuja solução depende de sua confiança na autoridade narrativa, mas, em última análise, nunca pode ser realmente liquidado, porque nele reside o enigma fundamental da literatura: a impossibilidade de apropriação do Outro. Em El jardín de senderos que se bifurcan, Jorge Luis Borges usa o gênero para travar uma discussão sobre o tempo na narrativa e revolve o relato sobre si mesmo, usando uma autoinserção temporal. Foi considerado, assim, uma subversão na medida em que, pretensamente, destrói as balizas de gênero. Entretanto, segundo Jacques Derrida, um gênero é formado não só de marcas que identificam uma obra com a outra, mas também por alterações dentro da forma, que aumentam os limites genéricos. Desta forma, Borges, do ponto de vista da literatura policial, ajuda a criar um novo subgênero, o policial metafísico. Desde a perspectiva de um novo policial que discute seu próprio estatuto, analisamos o romance do escritor chileno Roberto Bolaño, Los detectives salvajes, em que lemos a história da busca de uma pessoa que, na verdade, está morta e só sabemos de sua morte no final da narrativa. Isso opera uma diferença fundamental: esta obra narra pela lente do luto, enquanto no policial esta dimensão é suplantada pela necessidade da intriga. De outra forma, o percurso dos personagens também responde à sombra do enigma que é a voz do Outro. A literatura policial, assim, é um gênero caracterizado por uma busca incessante, motivada por um enigma que o detetive precisa solucionar. Tradicionalmente, esta demanda é bem sucedida. Entretanto, nunca vemos o personagem, satisfeito por mais um trabalho resolvido, voltar para casa, o que prova que, de alguma forma, nem ele mesmo está convencido da solução do enigma. O segredo, portanto, exige uma dedicação infinita. De alguma forma, o personagem modelar do detetive reflete o trabalho do crítico literário. A busca incessante, o solilóquio que esconde o enigma, a necessidade de autoridade narrativa são questões importantes do nosso trabalho. Qual seria a responsabilidade, portanto, do crítico? Estaria disposto a sacrificar sua autoridade pela verdade? / This research begins with a theoretical vision of crime fiction to analyze works of three Latin-american authors: Machado de Assis, Jorge Luis Borges and Roberto Bolaño. The objective is to offer a new theoretical basis for reading these writers and also to deepen the study of crime fiction in Brazil, widening, thus, the debates regarding literary theory. A causa secreta is a short story contemporary of the birth of crime fiction in the United States, with Edgar Allan Poe. In that moment, when crime fiction wasnt consolidated yet, Machado de Assis also created a character passionate for the analysis of human character, doctor Garcia. From the title, as to the mystery book itself, the reader is looking for a secret, and the solution will only be brought through the readers distrust of the narrative settings. But the enigma, in fact, can never be solved because within it there is the fundamental secret of literature: the impossibility of appropriation of the Other. In El jardín de senderos que se bifurcan Jorge Luis Borges uses the genre to discuss time in fiction and turns the narrative upon itself by creating a temporal auto insertion. It is considered, thus, a subversion as it allegedly destroys the laws of the genre. However, according to Jacques Derrida, a genre is formed not only by the marks that defines it, but also by the alterations within its form, which enlarges its limits. In this way, through the point of view of crime fiction, Borges contributes to create a new subgenre: the metaphysical crime fiction. Through the perspective of a new crime fiction that questions its own statute, we analyzed the novel Los detectives salvajes, by Chilean author Roberto Bolaño, in which we read the story of a search of a person who, actually, is already dead, and we only get to know it in the end of the novel. This operates a structural difference: the book narrates through the lens of mourning, while in crime fiction this sentiment is superseded by the necessity of intrigue. In another way, the course of those characters also responds to the shadows of the enigma that is the voice of the Other. Crime fiction, thus, is a genre based on a relentless quest, motivated by an enigma that the detective has to solve. Traditionally, this demand is well succeeded. But we never see the detective, satisfied after another job well done, going back home, which proves that, in a way, not even he is convinced that the enigma is solved. In a way, the model character of the detective reflects, as some authors suggest, the work of the literary critic. The endless search, the monologue that hides the enigma, the necessity of narrative authority all this elements are important to our work. Then, what is the responsibility of the critic? Is he willing to sacrifice his authority for the truth?
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A figuração da história em um conto de Edgar Allan Poe / The representation of History in one short story by Edgar Allan PoeVilaço, Fabiana de Lacerda 13 March 2012 (has links)
O objetivo deste trabalho é apresentar uma leitura do conto The Murders in the rue Morgue, do escritor norte-americano Edgar Allan Poe (1809-1849), do ponto de vista de sua relação com seu contexto histórico de produção. Uma parte essencial desta pesquisa foi o estudo da fortuna crítica do escritor, a qual em grande parte ocupa-se em fazer leituras da obra de Poe como objeto de ideologia, destacado de uma realidade sócio-histórica e do lugar do escritor como trabalhador. A discussão feita aqui sobre esta parte de sua fortuna crítica aponta alguns mecanismos por meio dos quais a crítica desvia a atenção da leitura da obra de Poe para questões de ordem puramente formal ou mesmo biográfica. O estudo do contexto histórico em que viveu Poe, bem como de material crítico que estabelece relações entre tal contexto e sua obra, fornece fundamentação importante para a leitura do conto aqui apresentada, a qual visa a evidenciar a configuração de contradições históricas dentro da forma literária. Posicionando Edgar Allan Poe em seu devido lugar histórico, é possível compreender como a forma do conto de detetive sedimenta tais contradições, revelando os esforços do escritor em lidar com o material sócio-histórico disponível, conforme a leitura de The Murders in the rue Morgue feita aqui busca demonstrar. / The objective of this research is to present an analysis of the North American writer Edgar Allan Poes short story The Murders in the rue Morgue, from the perspective of its relations with its historical context of production. A central part of this research was the study of the critical material produced about the author and his work, whose major interest, in general, is to analyze Poes work as an object of ideology, detached from a social historical reality and from the writers position as a worker. The discussion presented here about this part of the criticism indicates some mechanisms through which criticism distracts the attention from the reading of Poes work to questions of merely formal or biographical order. The study of the historical context in which Poe lived, as well as that of critical material which establishes relations between this context and his work, provides important basis for the analysis of the short story presented here, which aims at demonstrating the representation of historical contradictions inside the literary form. Positioning Edgar Allan Poe in his historical place, it is possible to understand how the form of the detective story is related to these contradictions, revealing the writers efforts to deal with the social historical content available, as the analysis presented here intends to show.
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A figuração da história em um conto de Edgar Allan Poe / The representation of History in one short story by Edgar Allan PoeFabiana de Lacerda Vilaço 13 March 2012 (has links)
O objetivo deste trabalho é apresentar uma leitura do conto The Murders in the rue Morgue, do escritor norte-americano Edgar Allan Poe (1809-1849), do ponto de vista de sua relação com seu contexto histórico de produção. Uma parte essencial desta pesquisa foi o estudo da fortuna crítica do escritor, a qual em grande parte ocupa-se em fazer leituras da obra de Poe como objeto de ideologia, destacado de uma realidade sócio-histórica e do lugar do escritor como trabalhador. A discussão feita aqui sobre esta parte de sua fortuna crítica aponta alguns mecanismos por meio dos quais a crítica desvia a atenção da leitura da obra de Poe para questões de ordem puramente formal ou mesmo biográfica. O estudo do contexto histórico em que viveu Poe, bem como de material crítico que estabelece relações entre tal contexto e sua obra, fornece fundamentação importante para a leitura do conto aqui apresentada, a qual visa a evidenciar a configuração de contradições históricas dentro da forma literária. Posicionando Edgar Allan Poe em seu devido lugar histórico, é possível compreender como a forma do conto de detetive sedimenta tais contradições, revelando os esforços do escritor em lidar com o material sócio-histórico disponível, conforme a leitura de The Murders in the rue Morgue feita aqui busca demonstrar. / The objective of this research is to present an analysis of the North American writer Edgar Allan Poes short story The Murders in the rue Morgue, from the perspective of its relations with its historical context of production. A central part of this research was the study of the critical material produced about the author and his work, whose major interest, in general, is to analyze Poes work as an object of ideology, detached from a social historical reality and from the writers position as a worker. The discussion presented here about this part of the criticism indicates some mechanisms through which criticism distracts the attention from the reading of Poes work to questions of merely formal or biographical order. The study of the historical context in which Poe lived, as well as that of critical material which establishes relations between this context and his work, provides important basis for the analysis of the short story presented here, which aims at demonstrating the representation of historical contradictions inside the literary form. Positioning Edgar Allan Poe in his historical place, it is possible to understand how the form of the detective story is related to these contradictions, revealing the writers efforts to deal with the social historical content available, as the analysis presented here intends to show.
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