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Noturno Vagar : o Eu mortal imortal nos Hieroì Lógoi de Élio Aristides / Night wander : the mortal immortal Self in Aelius Aristides' Hieroì Lógoi

Guerra, Lolita Guimarães, 1981- 24 August 2018 (has links)
Orientador: André Leonardo Chevitarese / Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas / Made available in DSpace on 2018-08-24T06:57:00Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Guerra_LolitaGuimaraes_D.pdf: 3272234 bytes, checksum: bc2f37f5088831937e035ad9b21cb6f3 (MD5) Previous issue date: 2014 / Resumo: Os Hieroì Lógoi de Élio Aristides, compostos ca. 170 da Era Comum, constituem uma narrativa autobiográfica dedicada a Asclépio, cujo santuário, em Pérgamo, foi frequentado pelo autor ao longo de sua vida. Este, ao voltar-se em direção ao deus em busca de suas famosas curas praticadas por meio de sonhos, é transformado em meio a uma relação de favorecimento e intimidade com Asclépio que, em última instância, identifica-o a ele. Essa identificação, dada a ver no corpo de Aristides e por ele sentida é atravessada por valores paradoxais e inapreensíveis do ponto de vista de uma elaboração sistemática. Ela é entendida, assim, como uma iniciação mistérica, a qual dialoga com a cultura material de Asclepeia como os santuários de Pérgamo e o de Epidauro. Nesses espaços circulam sentidos e práticas cuja dinâmica resulta, não apenas, na produção da própria materialidade, como dos indivíduos que, no ocupar-se dela, são também constituídos. Esta relação circular com o mundo material ultrapassa o contexto dos santuários e deve ser também observada no próprio texto dos Hieroì Lógoi como produto humano e, ao mesmo tempo, produtor do humano. A escrita autobiográfica oferece-se, assim, como locus privilegiado para a reflexão sobre os modos de produção e existência do Eu enquanto ser no mundo. Ao mesmo tempo, na medida em que esta autobiografia é composta por meio de discursos nos quais se combinam elementos sobrenaturais e de transformação do si mesmo em algo para além do humano, ela deve ser pensada como parte de um antigo ocupar-se do Eu em ambiente greco-romano. Esta forma de tratar o Eu, tomá-lo e ocupar-se dele, prescinde da elaboração sistemática de um saber teórico e, simultaneamente, fundamenta toda reflexão desenvolvida em torno do problema do si mesmo a partir da perspectiva da primeira pessoa. A identificação de Aristides a Asclépio dialoga com temas caros a esses questionamentos: a unidade, a continuidade e a impermeabilidade do Eu, muitas vezes contestadas por ideias de multiplicidade, fragmentação e abertura. Essas reflexões frequentemente lançam hipóteses sobre a autonomia do indivíduo e sua vulnerabilidade perante os imortais. Na medida em que a identificação de Aristides a Asclépio se dá, em grande parte, por meio da visualidade e dos encontros face a face, sinaliza-se a necessidade de questionar a mortalidade e a imortalidade como pares antitéticos tributários de noções de alteridade próprias da dicotomia sujeito / objeto. Assim, a partir do discurso paradoxal de Aristides sobre suas experiências, o qual reatualiza antigas perspectivas sobre os limites entre deuses e homens como flexíveis, contestáveis e, até mesmo, apenas virtualmente existentes, defendemos uma abordagem da mortalidade e da imortalidade como pares incomensuráveis os quais, nos Hieroì Lógoi, constituem o Eu. Essa abordagem nos permite pensar mortalidade imortalidade como expressão particular de uma dimensão de trato, tomada e ocupação do Eu anterior, não-tributária e não-fundadora de um saber sistematizado das relações de alteridade. Os Hieroì Lógoi apresentam-se, portanto, como materialidade narrativa das possibilidades-Eu emergidas no sonho e na devoção de um homem do segundo século de nossa Era / Abstract: The Hieroì Lógoi of Aelius Aristides, composed ca. 170 C.E., constitute an autobiographical narrative dedicated to Asclepius, whose sanctuary, in Pergamon, the author visited many times throughout his life. As he turns to the god in search of his famous dream cures, Aristides is transformed through a favoritism and intimacy relationship with Asclepius which ultimately identifies them. This identification, bodily seen and felt by Aristides, is permeated by paradoxical and inapprehensible values from the perspective of systematic elaboration. Therefore, it is understood as an initiation into a mystery which is in close relation to the Asclepieia¿s material culture, as in Pergamon and Epidauros. In these spaces there are available meanings and practices in circulation whose dynamics result not only in the production of materiality but, also, in the fashioning of individuals who, as they deal with it, are constituted by it. This circular relation with the material world trespasses the sanctuaries¿ context and may be also observed in the Hieroì Lógoi text itself as a human product and, at the same time, it's producer. Autobiography is offered, therefore, as a privileged locus for the reflection on the modes of existence and fashioning of the Self as being in the world. At the same time, as this autobiography is composed by discourses which combine supernatural features and elements which transform the Self into something beyond human, it must be approached as part of the ancient self-occupation in the Greco-Roman world. This taking and occupation of the Self dispenses the systematic elaboration of a theoretical knowledge and simultaneously grounds all reflection on the problem of the Self from the first-person perspective. Aristides¿ identification with Asclepius engages in important themes to these inquiries: unity, continuity and the Self¿s impermeability, often contested by ideas of plurality, fragmentation and openness. These reflections frequently construct hypothesis regarding individual agency and autonomy, on the one hand, and vulnerability towards the gods, on the other. As Aristides¿ identification with Asclepius occurs, mostly, trough face-to-face visuality, comes to light the necessity to question mortality and immortality as antithetical pairs dependent on notions about otherness peculiar to the subject / object dichotomy. Therefore, from Aristides¿ paradoxical discourse on his experiences, which reactualizes ancient perspectives on the limits between gods and men as flexible, contested and even virtually absent, we assert an approach towards mortality and immortality as incommensurable pairs which constitute the Self in the Hieroì Lógoi. This approach allows us to consider mortality immortality as a particular expression of treatment, taking and occupancy of the Self which is prior, independent and non-constituent of systematized and discursively built alterity. The Hieroì Lógoi present themselves, therefore, as the narrative materiality of Self-possibilities arisen in this second-century man's dream and devotion / Doutorado / Historia Cultural / Doutora em História

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