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Impactos psicológicos da imigração voluntária

Girardi, Júlia de Freitas January 2015 (has links)
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Florianópolis, 2015. / Made available in DSpace on 2016-05-24T17:34:14Z (GMT). No. of bitstreams: 1 338123.pdf: 10910640 bytes, checksum: 567c07b4561e6b80a6e2d70659ebe5bd (MD5) Previous issue date: 2015 / Os universitários imigrantes são sujeitos que deixam seus países de origem em busca de realizar uma formação superior em outro país. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) estima um aumento de 7,1% ao ano de pessoas nessa categoria de imigração, sendo que em 2010 o total era de 4.1 milhões de universitários imigrantes no mundo. Como qualquer tipo de imigração, essa também acarreta em impactos psicológicos para os sujeitos envolvidos, uma vez que deixar sua cultura de origem e passar a viver em uma outra, desconhecida, pode gerar vulnerabilidade psicológica devido as mudanças, transições e elaborações de lutos. No entanto, ainda são poucos os estudos, no Brasil, que trabalham com essa população, sendo escassos aqueles que investiguem diretamente a questão dos impactos psicológicos. Dessa forma, esta pesquisa teve como objetivo compreender os impactos psicológicos decorrentes da imigração em universitários imigrantes. Para tanto, seguiu-se uma abordagem qualitativa, exploratória e descritiva. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas com 15 participantes e pela aplicação de um questionário sociodemográfico. A análise de dados foi realizada com base na técnica de análise de conteúdo, com suporte do software Atlas.ti, o que possibilitou elaborar quatro categorias de análise: processo migratório, sofrimento psíquico, fatores de risco e fatores de proteção; cada uma dessas com suas próprias subcategorias e unidades temáticas. Em relação ao processo migratório percebeu-se a influência das características do país de origem, da família e da motivação individual no processo de escolha por imigrar. Além disso, notou-se a dificuldade de deixar o país de origem e o impacto da diferença cultural ao chegar no país de acolhimento, expressa por meio do idioma, da dificuldade de se relacionar com pessoas nativas, dos hábitos alimentares, dos problemas financeiros, em experiências de discriminação e das dificuldades nas disciplinas da universidade. Essas dificuldades são mediadas por fatores que atuam de forma protetiva, de modo que esses estudantes desenvolvem estratégias de inserção na sociedade como religião, relações sociais, atividades e lazer; e ao mesmo tempo de manutenção do vínculo com a cultura de origem, como o contato com conterrâneos, o uso da língua materna, a manutenção de hábitos alimentares, as músicas típicas. No que se refere ao sofrimento psíquico, observou-se que os participantes da pesquisa relatam um sentimento de não pertencimento, isto é, de dificuldade de se sentir como parte do país de acolhimento e de nele se projetar, o que leva muitos a desejarem o retorno ao país de origem. Por fim, ressalta-se o papel que a universidade possui na integração e adaptação dos estudantes universitários estrangeiros, uma vez que ela assume um lugar de referencia fundamental para esses sujeitos e possibilita a articulação com a comunidade. Tendo isso em vista, é necessário o desenvolvimento de estratégias de convivência, tanto com outros estudantes estrangeiros como com pessoas do país de acolhimento, e também em relação a capacitação de servidores e funcionários para as especificidades desses sujeitos.<br> / Abstract : The university immigrants are individuals who leave their countries of origin seeking to have a university degree in another country. The United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) estimate an increase of 7.1% per annum of people in this category of immigration, and in the year of 2010 there were 4.1 million of university immigrants in the world. Like any type of immigration, this also leads to psychological impacts for those involved, since leaving their culture of origin and therefore living in another one, unknown, can cause psychological vulnerability because of the changes, transitions and elaborations of mourning. However, there are few studies in Brazil the worked with this population, and there are even fewer who directly investigate the issue of psychological impacts. Thus, this study aimed to understand the psychological impacts of immigration on university immigrants. To this end, this study followed a qualitative, exploratory and descriptive approach. The data were collected through semi-structured interviews with 15 participants and by applying a sociodemographic questionnaire. The data analysis was based on a content analysis technique, with the support of the software Atlas.ti, which enabled to classify four categories of analysis: migratory process, psychological distress, risk factors and protective factors; each of these with its own subcategories and thematic units. Regarding the migratory process it was seen the influence of the characteristics of the country of origin, family and individual motivation in the process of the decision to immigrate. In addition, it was noted the difficulty of leaving the country of origin and the impact of cultural differences on arriving in the host country, expressed through the language, the difficulty of relating to host people, the eating habits, the financial problems, in the experiences of discrimination and in the difficulties in the classes of the university. These difficulties are mediated by factors that act in a protective manner, in which these students develop integration strategies as religion, social relationships, and leisure activities; and at the same time they maintained the bonds with the culture of origin, by the contact with peers, the use of the mother tongue, maintaining eating habits, and by typical songs. With regard to psychological distress, it was observed that the research participants reported a feeling of not belonging, that is, the difficulty to feel like part of the host country and to project itself on it, which leads many to wish the return to their country of origin. Finally, it is emphasized the role that the university has in the integration and adaptation of foreign university students, since it is a fundamental reference place for these individuals and also because it enables interaction with the community. Keeping this in view, it is necessary the development of strategies of interaction, both with other foreign individuals and also of the host country, and also the training of the university staff and teachers for the necessities of these subjects.

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