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Bases teóricas dos processos de medicalização: um olhar sobre as forças motrizes / Theoretical bases of the process of medicalization: a view on the driving forces

Minakawa, Marcia Michie 30 May 2016 (has links)
Introdução: O tema medicalização emerge como objeto de estudo no campo da sociologia da saúde, a partir da década de 70, nas vozes de Irving Zola, Ivan Illich, Peter Conrad e Michel Foucalt; as quais indicaram a crescente influência da medicina em campos que até então não lhe pertenciam. E, no decorrer dos anos, o termo vem sendo apropriado por vários campos: na saúde, na educação, na psicologia, entre outros. Esta configuração levou alguns estudiosos da primeira década do século XXI, a se preocupar com o uso impreciso e vago do conceito de medicalização na produção científica. Neste sentido, este estudo busca olhar para os processos de medicalização, tomando-o em sua pluralidade a fim de discernir as principais forças motrizes e coteja-las com as mudanças na contemporaneidade. Objetivo: Recuperar as forças motrizes contidas nas principais contribuições dos autores primários sobre os processos de medicalização. Método: Realizou-se um exercício hermenêutico composto pelos seguintes passos: leitura profunda do texto, fichamento dos aspectos centrais que caracterizam as diversas concepções sobre medicalização. Interpretação do conteúdo por meio da abstração dos núcleos de sentido e dos referenciais teóricos que lhe dão suporte. Resultados: A partir deste movimento reflexivo e crítico conseguiu-se desvelar quatro conceitos nucleares que representam as principais forças motrizes: a indústria, as instituições, o Estado e a sociedade. Zola oferece indícios que o Estado e a indústria teriam levado a sociedade à dependência da medicina. Para Illich, a medicina, por si só, detém o poder comparada as outras instituições. Para Michel Foucault, a medicina deixou de ser uma ciência pura e transformou-se numa instituição subordinada a um sistema econômico e de poder, enfim a uma lógica subjacente aos princípios e regras de governo. Em contrapartida, para Conrad a medicalização não constitui um empreendimento exclusivo da medicina, prevalecendo os interesses de outras instituições e organizações sociais. O sentido com que cada um desses conceitos é usado difere entre os autores e a distinção desses aspectos é chave para compreender a contribuição efetiva de cada um. Da mesma forma, ocorre quando os autores discutem as consequências e os efeitos causados pelos processos de medicalização. Alguns autores direcionam seus efeitos para os indivíduos, num processo de exacerbação da individualização; enquanto que outros focam os efeitos da medicalização nas políticas de saúde e na questão econômica associada ao oneroso custo financeiro para a sociedade e o país. Considerações finais: A recuperação e a compreensão dos significados subjacentes às principais forças motrizes presentes nas contribuições de cada autor apresentadas nesta investigação constituem-se em passo importante para subsidiar a reflexão sobre processos concretos de medicalização no início do século XXI, um período marcado por aceleradas transformações, no qual, entre outros aspectos, a medicina e várias instituições têm sido crescentemente, capturadas para satisfazer, de um lado o consumismo, e de outro, a avidez pelo lucro do mercado capitalista; ao mesmo tempo em que forças desagregadoras atravessam os sujeitos impactando sua autonomia e identidade política, social e econômica. / Introduction: The theme medicalization rises as an object of study in the sociology of health field, starting in the 70s from Irving Zola, Ivan Illich, Peter Conrad and Michel Foucault; which indicated the growing influence of medicine on groups not yet belonged by it. And, as years went by, the term has been appropriated by several fields: health, education, psychology, and so forth. This configuration took some scholars from the first decade of the 21st century to worry about the inaccurate and vague use of the concept of medicalization in the scientific production. Hence, this study focus on looking at the process of medicalization, taking it in its pluralities in order to discern the main driving forces and collate them with the changes in contemporaneity. Goal: Recover the driving forces contained in the main contributions from the primary authors about the process of medicalization. Methodology: It was performed an hermeneutic assignment made by the following steps: deep reading of the text, indexing of main aspects that characterize the various conceptions about medicalization, and interpretation of the content by the abstraction of the core of senses and theoretical references that support it. Result: From that reflexive and critic movement it was able to unveil four core concepts that represent the main driving forces: the industry, the institutions, the state and society. Zola offers clues showing that the state and the industry had taken society to a dependence of medicine. As for Illich, medicine by itself holds the power compared to the other institutions. For Michel Foucault, medicine stopped being plain science and became an institution subordinate to an economic and power system, therefore to an underlying logic to the government\'s rules and principles. In contrast, for Peter Conrad medicalization doesn\'t consist in a medicine exclusive enterprise, prevailing the interests of other social institutions and organizations. The meaning of which each of these concepts is used differs among the authors and the distinction of these aspects is the key to understanding an effective contribution of each one. Accordingly, it happens when the authors discuss the consequences and effects caused by the medicalization process. Some authors aim its effects to individuals, in a process of aggravation of individualization; whereas others focus the effects of medicalization on health policies and the economic aspect associated with the onerous financial cost to society and to the country. Final considerations: The recovery and understanding of the underlying meanings to the main driving forces contained within each authors contribution shown in this investigation consist in an important step to support the reflection about the factual process of medicalization at the beginning of the 21st century, a period marked by fast transformations which, among other aspects, medicine and several institutions have been increasingly taken to satisfy on the one hand consumerism, and on the other hand the greed for profit of the capitalist market, at the same time that disintegrating forces cross the subjects, impacting its political, social and economic autonomy and identity.
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Bases teóricas dos processos de medicalização: um olhar sobre as forças motrizes / Theoretical bases of the process of medicalization: a view on the driving forces

Marcia Michie Minakawa 30 May 2016 (has links)
Introdução: O tema medicalização emerge como objeto de estudo no campo da sociologia da saúde, a partir da década de 70, nas vozes de Irving Zola, Ivan Illich, Peter Conrad e Michel Foucalt; as quais indicaram a crescente influência da medicina em campos que até então não lhe pertenciam. E, no decorrer dos anos, o termo vem sendo apropriado por vários campos: na saúde, na educação, na psicologia, entre outros. Esta configuração levou alguns estudiosos da primeira década do século XXI, a se preocupar com o uso impreciso e vago do conceito de medicalização na produção científica. Neste sentido, este estudo busca olhar para os processos de medicalização, tomando-o em sua pluralidade a fim de discernir as principais forças motrizes e coteja-las com as mudanças na contemporaneidade. Objetivo: Recuperar as forças motrizes contidas nas principais contribuições dos autores primários sobre os processos de medicalização. Método: Realizou-se um exercício hermenêutico composto pelos seguintes passos: leitura profunda do texto, fichamento dos aspectos centrais que caracterizam as diversas concepções sobre medicalização. Interpretação do conteúdo por meio da abstração dos núcleos de sentido e dos referenciais teóricos que lhe dão suporte. Resultados: A partir deste movimento reflexivo e crítico conseguiu-se desvelar quatro conceitos nucleares que representam as principais forças motrizes: a indústria, as instituições, o Estado e a sociedade. Zola oferece indícios que o Estado e a indústria teriam levado a sociedade à dependência da medicina. Para Illich, a medicina, por si só, detém o poder comparada as outras instituições. Para Michel Foucault, a medicina deixou de ser uma ciência pura e transformou-se numa instituição subordinada a um sistema econômico e de poder, enfim a uma lógica subjacente aos princípios e regras de governo. Em contrapartida, para Conrad a medicalização não constitui um empreendimento exclusivo da medicina, prevalecendo os interesses de outras instituições e organizações sociais. O sentido com que cada um desses conceitos é usado difere entre os autores e a distinção desses aspectos é chave para compreender a contribuição efetiva de cada um. Da mesma forma, ocorre quando os autores discutem as consequências e os efeitos causados pelos processos de medicalização. Alguns autores direcionam seus efeitos para os indivíduos, num processo de exacerbação da individualização; enquanto que outros focam os efeitos da medicalização nas políticas de saúde e na questão econômica associada ao oneroso custo financeiro para a sociedade e o país. Considerações finais: A recuperação e a compreensão dos significados subjacentes às principais forças motrizes presentes nas contribuições de cada autor apresentadas nesta investigação constituem-se em passo importante para subsidiar a reflexão sobre processos concretos de medicalização no início do século XXI, um período marcado por aceleradas transformações, no qual, entre outros aspectos, a medicina e várias instituições têm sido crescentemente, capturadas para satisfazer, de um lado o consumismo, e de outro, a avidez pelo lucro do mercado capitalista; ao mesmo tempo em que forças desagregadoras atravessam os sujeitos impactando sua autonomia e identidade política, social e econômica. / Introduction: The theme medicalization rises as an object of study in the sociology of health field, starting in the 70s from Irving Zola, Ivan Illich, Peter Conrad and Michel Foucault; which indicated the growing influence of medicine on groups not yet belonged by it. And, as years went by, the term has been appropriated by several fields: health, education, psychology, and so forth. This configuration took some scholars from the first decade of the 21st century to worry about the inaccurate and vague use of the concept of medicalization in the scientific production. Hence, this study focus on looking at the process of medicalization, taking it in its pluralities in order to discern the main driving forces and collate them with the changes in contemporaneity. Goal: Recover the driving forces contained in the main contributions from the primary authors about the process of medicalization. Methodology: It was performed an hermeneutic assignment made by the following steps: deep reading of the text, indexing of main aspects that characterize the various conceptions about medicalization, and interpretation of the content by the abstraction of the core of senses and theoretical references that support it. Result: From that reflexive and critic movement it was able to unveil four core concepts that represent the main driving forces: the industry, the institutions, the state and society. Zola offers clues showing that the state and the industry had taken society to a dependence of medicine. As for Illich, medicine by itself holds the power compared to the other institutions. For Michel Foucault, medicine stopped being plain science and became an institution subordinate to an economic and power system, therefore to an underlying logic to the government\'s rules and principles. In contrast, for Peter Conrad medicalization doesn\'t consist in a medicine exclusive enterprise, prevailing the interests of other social institutions and organizations. The meaning of which each of these concepts is used differs among the authors and the distinction of these aspects is the key to understanding an effective contribution of each one. Accordingly, it happens when the authors discuss the consequences and effects caused by the medicalization process. Some authors aim its effects to individuals, in a process of aggravation of individualization; whereas others focus the effects of medicalization on health policies and the economic aspect associated with the onerous financial cost to society and to the country. Final considerations: The recovery and understanding of the underlying meanings to the main driving forces contained within each authors contribution shown in this investigation consist in an important step to support the reflection about the factual process of medicalization at the beginning of the 21st century, a period marked by fast transformations which, among other aspects, medicine and several institutions have been increasingly taken to satisfy on the one hand consumerism, and on the other hand the greed for profit of the capitalist market, at the same time that disintegrating forces cross the subjects, impacting its political, social and economic autonomy and identity.

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