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Una ciència de l'home, una ciència de la societat:Frenologia i magnetisme animal a Catalunya, 1842-1854

Nofre Mateo, David 27 January 2006 (has links)
La frenologia i el magnetisme animal van ser dues de les moltes pràctiques mèdiques alternatives que van aparèixer a finals del segle XVIII, principalment als països de parla alemanya. La frenologia té el seus orígens en les recerques que va realitzar el metge alemany Franz Joseph Gall (1758-1828) sobre l'anatomia i la fisiologia del cervell. La doctrina de Gall era una combinació de teoria del cervell i de ciència del caràcter que es basava en la idea que la ment es trobava en el cervell i que aquest estava format per vint-i-set òrgans localitzats en diferents àrees del cervell. El magnetisme animal, també anomenat mesmerisme en els països de parla anglesa, va aparèixer de la mà de la tradició ocultista europea i sota la influència del newtonianisme i de la correspondent proliferació de fluids que, com l'electricitat o el calòric, va caracteritzar el període final de la Il.lustració. El metge alemany Franz Anton Mesmer (1734-1815) provà de donar una explicació del poder curatiu dels imants basant-se en les lleis de la natura. Mesmer estava convençut de l'existència d'un fluid universal ("magnetisme animal"), present en tots els éssers humans i sensible a l'acció de l'electricitat i dels imants naturals ("magnetisme mineral"). L'aplicació d'imants o electricitat al cos d'una persona malalta permetria reforçar l'acció de la quantitat de fluid, restaurant així el balanç corporal i l'harmonia del sistema nerviós del pacient. A Catalunya, la frenologia i el magnetisme animal es van popularitzar conjuntament amb la fisionomia i la tradicional teoria dels temperaments, formant part d'una amalgama de pràctiques que es presentava com una autèntica ciència de l'home i de la societat. La popularització d'aquestes pràctiques va tenir el seu punt àlgid durant la dècada de 1840 i 1850, un període d'importants canvis polítics, socials i culturals a la societat catalana. Al llarg dels diferents capítols de la tesi, s'estudien les activitats que realitzaven els frenòlegs i els magnetitzadors catalans, prestant especial atenció a les activitats desenvolupades pels indianos Marià Cubí (1801-1875) i Magí Pers i Ramona (1803-1888). També s'estudien les audiències que assistien a les activitats dels frenòlegs i dels magnetitzadors, alhora que s'analitzen els elements de seducció que presentaven les "noves ciències". S'analitzen també les reaccions que les "noves ciències" van despertar entre els sectors més conservadors de les elits intel.lectuals catalanes, així com les actituds vers el nou coneixement de figures claus de la medicina catalana del XIX, com Pere Mata (1811-1877), Pere Felip Monlau (1808-1871) o Antoni Pujadas (1811-1881). L'estudi de les seves actituds vers la frenologia i el magnetisme animal permet determinar quines van ser les estràtegies d'apropiació de les "noves ciències" que van desenvolupar els sectors afins al liberalisme progressista en un context que els era especialment hostil.
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Entre crânios analógicos e imagens digitais: alguns antecedentes históricos e culturais das tecnologias de neuro-imageamento / Between analog skulls and digital images: some background historical and cultural of neuro-imaging technologies

Camilo Barbosa Venturi 02 March 2007 (has links)
Nos últimos anos, temos nos deparado com a difusão maciça e a popularização crescente de descrições biológicas para aspectos outrora pensados como mentais, sociais, ou relacionais. Visível em diversas arenas leigas e científicas, esta tendência freqüentemente elege o cérebro como o órgão privilegiado da sua atenção. A cada semana é divulgada uma nova localização cerebral correlacionada os mais variados aspectos comportamentais e ou de personalidade. Acompanhando este movimento, é notável o esforço intelectual e financeiro despendido nos últimos anos no campo da saúde mental, no sentido de fazer avançar pesquisas cujo foco central é a descoberta das bases neurobiológicas dos transtornos mentais. Esta tendência apontaria na direção de uma fusão entre a psiquiatria e a neurologia em uma disciplina única, de teor fisicalista, chamada por alguns de cerebrologia. Dentre os acontecimentos que serviram de alicerce para a legitimação e a popularização desta tendência, o desenvolvimento nas últimas décadas de novas técnicas e tecnologias de visualização médica, como a tomografia por emissão de pósitrons (PET scan) e a ressonância magnética funcional (fMRI), foi fundamental. Elas permitiram a construção de imagens das mais diversas categorias nosográficas construídas no campo psiquiátrico, veiculando tacitamente uma série de pressupostos e promessas. Malgrado o imaginário cultural sustentado por estas tecnologias e todo o esforço despendido nas últimas décadas no sentido de se tentar localizar os marcadores biológicos dos transtornos psiquiátricos, não há, até o presente momento, nenhum resultado conclusivo que autorize o diagnóstico por imagem de nosografias como a esquizofrenia, a depressão, e muito menos o jogo patológico. Apesar de todo o alarde midiático e dos montantes milionários direcionados para pesquisas nesta área, os resultados concretos obtidos até agora não estão livres das mais ferozes controvérsias. Entretanto, ainda que estejamos muito longe da construção de mapas precisos para as perturbações mentais é espantoso o poder de convencimento que as neuro-imagens comportam na atualidade. Os scans são exibidos como verdades visuais, ou fatos acerca das pessoas e do mundo, numa proporção muito superior aos dados que apresentam. Alguns críticos chamam este aspecto de neurorealismo, ou de retórica da auto-evidência. A intenção deste trabalho é problematizar o poder persuasivo que as neuro-imagens detém na contemporaneidade, especialmente quando utilizadas com a finalidade diagnóstica no campo da saúde mental. Se estas imagens transmitem uma ideia de neutralidade, transparência imediata e auto-evidência, este trabalho almeja inseri-las num contexto sócio-histórico, a partir do qual puderam adquirir sentido, familiaridade e valor de verdade. O ponto de partida é o de que elas estão localizadas no cruzamento de dois movimentos históricos distintos: o das ilustrações médicas, em sua relação com a produção de conhecimento objetivo; e o das pesquisas acerca da localização no córtex cerebral de comportamentos complexos e traços de personalidade. Além de estabelecer algumas condições históricas de possibilidade para a emergência de um neo-localizacionismo cerebral, mediado pelas novas tecnologias de imageamento, pretende-se enfatizar algumas descontinuidades com projetos anteriores e marcar a influência do contexto cultural da atualidade para o sucesso e poder persuasivo deste tipo de tecnologia. / Lately, we have seen the popularization and massive difusion of biological descriptions to aspects that we used to consider as social or mentaly based. Notable in scientific and lay environments, this tendency frequently chooses the brain as the privileged organ of its attention. Every week, a new cerebral locality, related to behavioral and personality traces, is publicized. Along with this movement, it is remarkable the intellectual and financial efforts undertaken in the last years in the domaine of mental health, to advance the researchs that aim to discover the neurobiological basis of the mental disorders. This tendency points to the fusion between psychiatry and neurology in only one discipline, phisicalistically based, sometimes called brainology. One of the most important events that served as a base to the legitimation and the popularization of this trend was the development, in the last decades, of the new medical imaging techniques and technologies, like the Positron Emission Tomography (PET scan) and the Functional Magnetical Ressonance Imaging (fMRI). These technologies allowed the image construction of almost every nosografic category made up in the psychiatric domaine, transmitting implicitly many assumptions and promises. Notwithstanding the cultural imaginary sustaned by these technologies and the efforts undertaken to localize the biological markers of psychiatric disorders, there isnt, until the present time, any conclusive result that entitle the imaging diagnostic of nosographies like schizophrenia, depression, and the pathogical gambling. In spite of the mediatic attention and the milionaires amounts destined to researchs in this field, the concret results obtained until now arent free from tough controversies. However, even considering we are very far from the construction of accurate maps for the mental disfunctions, its incredible the power of conviction that neuroimages have nowadays. The scans are exhibited as visuable truths, or facts concerning the people and the world, in a proportion much superior to the data they present. Some critics call such an aspect neurorealism, or rhetoric of auto-evidence. The aim of this work is to question the persuasive power acquired by the neuroimages nowadays, especially when addopted to diagnostic aims in the field of mental health. If these images pass the idea of neutrality, immediate transparence and auto-evidence, this work intends to include them in a social-historical context, through wich they have obtained meaning, familiarity, and the status of truth. The point of depart is their localization in the crossing of two different historical movements: that of the medical illustrations, in its relation to the production of objective knowledge; and that of the researches about the localization, in the brain cortex, of complex behaviours and personality traits. Besides the establishment of some historical conditions of possibylity to the emergence of a cerebral neo-localizationism, this work pretends to stress some diferences in relation to preceding localizationist projects, and to emphasize the influence of the contemporary cultural context to the success e persuasive power of this kind of technologie.
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O cérebro criminógeno na antropologia criminal do século XIX: um estudo sobre a etiologia do crime a partir da medicalização da sociedade / The criminogeous brain in the criminal anthropology of the 19th century: a study of the ethiology of crime from the medicalisation of society

Cristiane Brandão Augusto Mérida 17 November 2009 (has links)
O presente trabalho se dedica a realizar uma incursão na história do pensamento criminológico a fim de contribuir para um mapeamento das justificativas do surgimento de certas normas penais, algumas ainda em vigor, e o mapeamento das razões da edificação de muitas instituições jurídicas e administrativas, algumas ainda em funcionamento. A análise tradicional da biografia da Criminologia costuma, todavia, omitir certas ideias que deveriam ser integradas ao percurso da sua vertente científica. Vários são os autores que apontam para a origem da trajetória cientificista criminológica na Europa do fim do século XIX. No entanto, quando se aprofunda na identificação das raízes das referências positivistas na implicação Medicina-Pessoa-Sociedade da era moderna e sua influência na seara criminológica, percebesse que uma tímida Criminologia já estava nascendo no início do século XIX com os estudos sobre a fisiologia cerebral. Em meio a um processo político amplo de fortalecimento do Estado e da burguesia, dá-se a formação de um aparato médico-jurídico, pelo qual se demonstra a tentativa de reconhecimento da autoridade médica para além dos limites legítimos da atividade. Preocupa-se, portanto, em chamar a atenção para o movimento de medicalização do criminoso por uma leitura histórica do impacto do cientificismo cerebral na esfera criminal. O material desenvolvido pela Frenologia e, depois, pela Antropologia Criminal, é emblemático dessa onda cientificista do século XIX, na qual as pesquisas cerebrais imprimem a visão sobre a etiologia do crime a partir de seus marcadores biológicos. Mais particularmente, atenta-se para a recepção das teorias de Franz Joseph Gall e de Cesare Lombroso sobre o cérebro (do) criminoso na criminologia do século XIX, através da discussão da noção de livre arbítrio, do debate sobre retribuição versus tratamento, bem como das propostas de medidas preventivas em caso de tendências à violência e das políticas públicas voltadas para o cerceamento de direitos em nome de uma suposta defesa social. / The current work aims at performing an analysis of the history of criminological reasoning in order to contribute to an overview that justifies the appearance of certain criminal rules, some of them still ongoing, together with the mapping of the reasons for the building of many juridical and administrative institutions, some of which are still functioning. Traditional analysis of the genesis of Criminology is accustomed to, nevertheless, omitting certain ideas, which ought to be integrated into the current scientific scope. There are several authors who point to the origin of the scientificist trajectory in Europe, at the end of the 19th- century. However, when we go deeper into the identification as to the roots of the positivist references in the implication Medicine-Person-Society of modern times and its influence on the criminological domain, we realize that a timid Criminology was about to be born at the beginning of the 19th -century, following the studies on brain physiology. Amidst the vast political process of the strengthening of the State and the bourgeoisie, a medical-juridical apparatus is originated, through which the attempt of recognition of the medical authority is demonstrated, beyond the legitimate limits of the activity. It is concerned, therefore, in drawing attention to the criminals medicalisation movement by means of a historical reading of the impact of brain scientificism in the criminal sphere. The material developed by Phrenology and, afterwards, by Criminal Anthropology, is a significant sign of such a scientificist trend in the 19th-century, in which brain researchers put forward their vision on the etiology of the crime from its biologic markers. More particularly, there is an emphasis on the reception of the theories of Franz Joseph Gall and Cesare Lombroso about the criminal brain in 19th-century Criminology, through discussion of the notion of free will, the debate on retribution versus treatment, as well as the proposition of preventive measures in cases of tendencies to violence and public policies towards controlling rights in the name of a socalled social defense.
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O cérebro criminógeno na antropologia criminal do século XIX: um estudo sobre a etiologia do crime a partir da medicalização da sociedade / The criminogeous brain in the criminal anthropology of the 19th century: a study of the ethiology of crime from the medicalisation of society

Cristiane Brandão Augusto Mérida 17 November 2009 (has links)
O presente trabalho se dedica a realizar uma incursão na história do pensamento criminológico a fim de contribuir para um mapeamento das justificativas do surgimento de certas normas penais, algumas ainda em vigor, e o mapeamento das razões da edificação de muitas instituições jurídicas e administrativas, algumas ainda em funcionamento. A análise tradicional da biografia da Criminologia costuma, todavia, omitir certas ideias que deveriam ser integradas ao percurso da sua vertente científica. Vários são os autores que apontam para a origem da trajetória cientificista criminológica na Europa do fim do século XIX. No entanto, quando se aprofunda na identificação das raízes das referências positivistas na implicação Medicina-Pessoa-Sociedade da era moderna e sua influência na seara criminológica, percebesse que uma tímida Criminologia já estava nascendo no início do século XIX com os estudos sobre a fisiologia cerebral. Em meio a um processo político amplo de fortalecimento do Estado e da burguesia, dá-se a formação de um aparato médico-jurídico, pelo qual se demonstra a tentativa de reconhecimento da autoridade médica para além dos limites legítimos da atividade. Preocupa-se, portanto, em chamar a atenção para o movimento de medicalização do criminoso por uma leitura histórica do impacto do cientificismo cerebral na esfera criminal. O material desenvolvido pela Frenologia e, depois, pela Antropologia Criminal, é emblemático dessa onda cientificista do século XIX, na qual as pesquisas cerebrais imprimem a visão sobre a etiologia do crime a partir de seus marcadores biológicos. Mais particularmente, atenta-se para a recepção das teorias de Franz Joseph Gall e de Cesare Lombroso sobre o cérebro (do) criminoso na criminologia do século XIX, através da discussão da noção de livre arbítrio, do debate sobre retribuição versus tratamento, bem como das propostas de medidas preventivas em caso de tendências à violência e das políticas públicas voltadas para o cerceamento de direitos em nome de uma suposta defesa social. / The current work aims at performing an analysis of the history of criminological reasoning in order to contribute to an overview that justifies the appearance of certain criminal rules, some of them still ongoing, together with the mapping of the reasons for the building of many juridical and administrative institutions, some of which are still functioning. Traditional analysis of the genesis of Criminology is accustomed to, nevertheless, omitting certain ideas, which ought to be integrated into the current scientific scope. There are several authors who point to the origin of the scientificist trajectory in Europe, at the end of the 19th- century. However, when we go deeper into the identification as to the roots of the positivist references in the implication Medicine-Person-Society of modern times and its influence on the criminological domain, we realize that a timid Criminology was about to be born at the beginning of the 19th -century, following the studies on brain physiology. Amidst the vast political process of the strengthening of the State and the bourgeoisie, a medical-juridical apparatus is originated, through which the attempt of recognition of the medical authority is demonstrated, beyond the legitimate limits of the activity. It is concerned, therefore, in drawing attention to the criminals medicalisation movement by means of a historical reading of the impact of brain scientificism in the criminal sphere. The material developed by Phrenology and, afterwards, by Criminal Anthropology, is a significant sign of such a scientificist trend in the 19th-century, in which brain researchers put forward their vision on the etiology of the crime from its biologic markers. More particularly, there is an emphasis on the reception of the theories of Franz Joseph Gall and Cesare Lombroso about the criminal brain in 19th-century Criminology, through discussion of the notion of free will, the debate on retribution versus treatment, as well as the proposition of preventive measures in cases of tendencies to violence and public policies towards controlling rights in the name of a socalled social defense.
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Entre crânios analógicos e imagens digitais: alguns antecedentes históricos e culturais das tecnologias de neuro-imageamento / Between analog skulls and digital images: some background historical and cultural of neuro-imaging technologies

Camilo Barbosa Venturi 02 March 2007 (has links)
Nos últimos anos, temos nos deparado com a difusão maciça e a popularização crescente de descrições biológicas para aspectos outrora pensados como mentais, sociais, ou relacionais. Visível em diversas arenas leigas e científicas, esta tendência freqüentemente elege o cérebro como o órgão privilegiado da sua atenção. A cada semana é divulgada uma nova localização cerebral correlacionada os mais variados aspectos comportamentais e ou de personalidade. Acompanhando este movimento, é notável o esforço intelectual e financeiro despendido nos últimos anos no campo da saúde mental, no sentido de fazer avançar pesquisas cujo foco central é a descoberta das bases neurobiológicas dos transtornos mentais. Esta tendência apontaria na direção de uma fusão entre a psiquiatria e a neurologia em uma disciplina única, de teor fisicalista, chamada por alguns de cerebrologia. Dentre os acontecimentos que serviram de alicerce para a legitimação e a popularização desta tendência, o desenvolvimento nas últimas décadas de novas técnicas e tecnologias de visualização médica, como a tomografia por emissão de pósitrons (PET scan) e a ressonância magnética funcional (fMRI), foi fundamental. Elas permitiram a construção de imagens das mais diversas categorias nosográficas construídas no campo psiquiátrico, veiculando tacitamente uma série de pressupostos e promessas. Malgrado o imaginário cultural sustentado por estas tecnologias e todo o esforço despendido nas últimas décadas no sentido de se tentar localizar os marcadores biológicos dos transtornos psiquiátricos, não há, até o presente momento, nenhum resultado conclusivo que autorize o diagnóstico por imagem de nosografias como a esquizofrenia, a depressão, e muito menos o jogo patológico. Apesar de todo o alarde midiático e dos montantes milionários direcionados para pesquisas nesta área, os resultados concretos obtidos até agora não estão livres das mais ferozes controvérsias. Entretanto, ainda que estejamos muito longe da construção de mapas precisos para as perturbações mentais é espantoso o poder de convencimento que as neuro-imagens comportam na atualidade. Os scans são exibidos como verdades visuais, ou fatos acerca das pessoas e do mundo, numa proporção muito superior aos dados que apresentam. Alguns críticos chamam este aspecto de neurorealismo, ou de retórica da auto-evidência. A intenção deste trabalho é problematizar o poder persuasivo que as neuro-imagens detém na contemporaneidade, especialmente quando utilizadas com a finalidade diagnóstica no campo da saúde mental. Se estas imagens transmitem uma ideia de neutralidade, transparência imediata e auto-evidência, este trabalho almeja inseri-las num contexto sócio-histórico, a partir do qual puderam adquirir sentido, familiaridade e valor de verdade. O ponto de partida é o de que elas estão localizadas no cruzamento de dois movimentos históricos distintos: o das ilustrações médicas, em sua relação com a produção de conhecimento objetivo; e o das pesquisas acerca da localização no córtex cerebral de comportamentos complexos e traços de personalidade. Além de estabelecer algumas condições históricas de possibilidade para a emergência de um neo-localizacionismo cerebral, mediado pelas novas tecnologias de imageamento, pretende-se enfatizar algumas descontinuidades com projetos anteriores e marcar a influência do contexto cultural da atualidade para o sucesso e poder persuasivo deste tipo de tecnologia. / Lately, we have seen the popularization and massive difusion of biological descriptions to aspects that we used to consider as social or mentaly based. Notable in scientific and lay environments, this tendency frequently chooses the brain as the privileged organ of its attention. Every week, a new cerebral locality, related to behavioral and personality traces, is publicized. Along with this movement, it is remarkable the intellectual and financial efforts undertaken in the last years in the domaine of mental health, to advance the researchs that aim to discover the neurobiological basis of the mental disorders. This tendency points to the fusion between psychiatry and neurology in only one discipline, phisicalistically based, sometimes called brainology. One of the most important events that served as a base to the legitimation and the popularization of this trend was the development, in the last decades, of the new medical imaging techniques and technologies, like the Positron Emission Tomography (PET scan) and the Functional Magnetical Ressonance Imaging (fMRI). These technologies allowed the image construction of almost every nosografic category made up in the psychiatric domaine, transmitting implicitly many assumptions and promises. Notwithstanding the cultural imaginary sustaned by these technologies and the efforts undertaken to localize the biological markers of psychiatric disorders, there isnt, until the present time, any conclusive result that entitle the imaging diagnostic of nosographies like schizophrenia, depression, and the pathogical gambling. In spite of the mediatic attention and the milionaires amounts destined to researchs in this field, the concret results obtained until now arent free from tough controversies. However, even considering we are very far from the construction of accurate maps for the mental disfunctions, its incredible the power of conviction that neuroimages have nowadays. The scans are exhibited as visuable truths, or facts concerning the people and the world, in a proportion much superior to the data they present. Some critics call such an aspect neurorealism, or rhetoric of auto-evidence. The aim of this work is to question the persuasive power acquired by the neuroimages nowadays, especially when addopted to diagnostic aims in the field of mental health. If these images pass the idea of neutrality, immediate transparence and auto-evidence, this work intends to include them in a social-historical context, through wich they have obtained meaning, familiarity, and the status of truth. The point of depart is their localization in the crossing of two different historical movements: that of the medical illustrations, in its relation to the production of objective knowledge; and that of the researches about the localization, in the brain cortex, of complex behaviours and personality traits. Besides the establishment of some historical conditions of possibylity to the emergence of a cerebral neo-localizationism, this work pretends to stress some diferences in relation to preceding localizationist projects, and to emphasize the influence of the contemporary cultural context to the success e persuasive power of this kind of technologie.

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