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Formação de conceitos em adultos iletrados: em busca de indícios de oralidade letradaBarros Filho, Delma 08 1900 (has links)
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Delma Barros_Dissertação.pdf: 9789741 bytes, checksum: 7553c5c82a7277e7b0aef79dd79424bf (MD5) / CNPq / Este trabalho tem o objetivo de compreender a maneira como adultos iletrados
pertencentes a sociedades letradas manejam conceitos no que diz respeito a diferentes
níveis de abstração. No campo de estudos sobre o desenvolvimento cognitivo de adultos,
os autores que se dedicam a investigar o funcionamento cognitivo de pessoas em
diferentes contextos têm concordado quanto à ideia de que o processo de escolarização
promove o treinamento sistemático em operações teóricas, aspecto que envolve a
aquisição de ferramentas culturais que subsidiam a organização do pensamento. O tema
tem sido pesquisado através da comparação da cognição de iletrados com a de pessoas
formalmente escolarizadas. O interesse tem sido investigar possíveis consequências
cognitivas do uso da linguagem escrita e compreender as inter-relações entre as linguagens
oral e escrita. Os estudos considerados apontam que a aquisição da escrita é avaliada, por
um lado, como promovendo efeitos homogêneos; por outro, como sendo caracterizada
pelas práticas sociais de uso desta habilidade, não devendo ser tomada por efeitos gerais.
O presente trabalho é uma proposta de estudo sobre as relações entre o pensamento não
escolarizado e o escolarizado tomando como base os desenvolvimentos teóricos de
Vigotski, especificamente o tópico da formação de conceitos (cotidianos ou científicos).
No pensamento orientado por conceito cotidiano, palavras codificam informações com
base nos atributos perceptuais dos referentes. No pensamento orientado por conceito
científico a estrutura do significado de palavra é abstrata, não dependendo do reflexo
imediato da realidade. Para Vigotski o objetivo principal da escolarização seria a ascensão
do pensamento empírico para o teórico. Este estudo propõe levar em conta uma rota
alternativa de desenvolvimento, configurada para aqueles que não foram escolarizados,
permanecendo iletrados. O conceito de oralidade letrada, considerado neste estudo, aponta
para o fato de que, em sociedades letradas, a ascensão ao pensamento teórico pode
acontecer fora da escola, através, por exemplo, de demandas sociais do trabalho. Foram
examinadas as respostas de dois grupos de participantes (iletrados: adultos que nunca
frequentaram a escola ou o fizeram rudimentarmente por poucos anos, permanecendo,
portanto, não-alfabetizados ou semi-analfabetos; e letrados: estudantes universitários ou
pessoas com nível superior concluído) a testes sobre formação de conceitos (com vistas a
identificar a estrutura conceitual predominante) e a testes sobre medidas de habilidades
cognitivas. A consideração da estrutura conceitual leva em conta a maneira como o
participante organizou as respostas aos testes: os critérios subjacentes a essa organização e
a forma de ligação das palavras, no conjunto formulado. Esta análise permite classificar a
estrutura do seu pensamento como orientada predominantemente por conceito cotidiano
ou científico. Entre os resultados da análise comparativa entre o padrão de respostas
encontrado para os dois grupos de participantes, destacam-se, conforme esperado: a) o
predomínio da utilização de conceitos cotidianos entre iletrados; b) o predomínio do uso
de conceitos científicos entre letrados. No entanto, o fato de os participantes dos dois
subgrupos terem formulado os dois tipos de conceitos permite discutir questões
relacionadas com o desenvolvimento da oralidade letrada no subgrupo dos participantes
iletrados.
This study has the objective of understanding the way how illiterate adults belonging to
literate societies handle concepts respecting to different levels of abstraction. In the field
of studies about cognitive development, the authors dedicated to investigate the cognitive
operation of people in different contexts have agreed on the idea that the schooling
process promotes the systematic training in theoretical operations, aspect that encompass
the acquisition of cultural tools that support the organization of thought. The subject has
been investigated by comparison between the cognition of illiterates and of formally
schooled persons. The objective has been the investigation possible cognitive
consequences about the use of written language and understanding the inter-relations
between oral and written languages. The studies here considered point that the acquisition
of writing is evaluated, at one hand, as promoting homogeneous effects; and on the other
hand, as being characterized by the social practices of this skill’s usage, should not be
taken as general effects. This present work is a study proposal about the relationships
between unschooled and schooled thought based on the Vygotsky’s theoretical
developments, specifically the topic about word meaning structure (WMS) (the
description of the system of relationships of words - the connections between symbols -
that characterizes the semiotically mediated thought). There are hierarchical levels of
language utilization, that is WMS. In this work we study two of these levels: everyday
concept and scientific concept. In thought organized/ oriented by everyday concept, words
code information based on the related sensitive’s attributes. In thought oriented by
scientific concept the structure of word meaning is abstract, not depending on reality’s
immediate reflex. To Vygotsky the main objective of schooling would be the ascension of
empirical thought to theoretical thought. This study proposes to have in account an
alternative route of development, configured the people who didn’t went through school,
remaining illiterates. The concept of literate orality, considered in this study, points out to
the fact that, in literate societies, the ascension to theoretical thought can happen outside
the school, by means of, for example, working social demands. There have been examined
the answers of two groups of participants (illiterates: adults which never attended to
school or did it poorly in few years, remaining, thus, unlettered or semi-lettered; and
literates: university students or persons which concluded the high school) to tests about
word meaning structure (concepts formation) (intending to identify the predominant
conceptual structure) and to tests about cognitive skills measurement. The consideration
about the conceptual structure has in account the way how the participant organized the
answers to the tests: the underlying criterions to this organization and the form of binding
words, inside the formulated series. This analysis enables to classify the structure of the
thought as predominantly oriented by everyday or scientific concept. Among the results of
the comparative analysis between the patterns of answers found on the two groups of
participants, excel out, as expected: a) the predominance of everyday concepts utilization
among illiterates; b) the predominance of scientific concepts among literates. However,
the fact that the participants of both subgroups formulated the two types of concepts
allows the discussion of questions related with the development of literate orality inside
the subgroup of illiterate participants.
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