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O valor político do inútilAlvim, Mayara Helena 11 April 2016 (has links)
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Previous issue date: 2016-04-11 / Diante de experiências no Movimento Estudantil e em programas e projetos de extensão universitária junto a movimentos de cunho político e social, me pus a questionar sobre a vitalidade de fazeres artísticos e poéticos em espaços de militância. A partir disso, posso dizer que sinto que estes fazeres são incorporados de diferentes maneiras em diferentes organizações políticas e é sobre o lugar que estes fazeres ocupam que me pergunto aqui, por perceber muitas vezes uma relação utilitária com a arte e poucas vezes com o entendimento de seu fazer como um fim em si ou um meio sem fim. Acreditando que nestas coletividades vive-se uma constante urgência de demandas estratégicas, táticas, enfrentamentos e de solução de necessidades básicas de sobrevivência, suponho que fazeres artísticos acabam por se posicionar em um segundo plano de prioridade e me proponho a estranhar essa realidade. Estranhar que nota-se no mundo capitalista, a apreensão do tempo aiônico por desejos cronotípicos e que em movimentos sociais de base de esquerda como os que convivi, surpreendentemente, a mesma lógica de apreensão se aplica. Os momentos de suspensão do tempo produtivo também são tomados pela razão e pela objetividade de construir um projeto contra hegemônico de futuro. Cantar, dançar, encenar etc. aparecem como ferramentas de um propósito. Estranhando esta realidade é que proponho esta reflexão sobre a (in)utilidade dos fazeres artísticos, que despontam nestes espaços, valorizando tal condição. Entendendo este estudo como uma escrita como experiência, desde a experiência e, algumas vezes, sobre a experiência de lidar com os temas que abordo, cabe compartilhar que, como modo de organizar esta experiência, tenho alguns pontos que se configuram em capítulos. O primeiro esforço é a apresentação do milagre de Caná como introdução ao problema da temporalidade e da produtividade. O segundo é um estudo sobre o tempo e suas configurações. O terceiro, sobre o que quero chamar de “inútil” a partir de suas características de gratuidade e utopia. Por fim, o quarto capítulo diz do valor político da inutilidade, apontando que o inútil precisa ser sagrado, para que a suspensão do trabalho sirva a si mesma e não ao trabalho; que o inútil precisa ser gratuito, para que o presente não seja colonizado em dívida com o futuro e precisa ser utópico e poético, para que resguarde um espaço de indeterminação inalcançável pelo sistema capitalista, incalculável e aberto à felicidade. / Mediante las experiencias con el movimiento estudiantil, programas y proyectos de extensión universitaria, con objetivos políticos y sociales, empecé a cuestionarme sobre la vitalidad de espacios artísticos y poéticos en organizaciones políticas. A partir de esto, puedo decir que siento que estos espacios se incorporan de manera diferente en diferentes organizaciones políticas y es sobre el lugar que estas obras ocupan que me pregunto aquí, por observar muchas veces una relación utilitaria con el arte y pocas veces con la comprensión de su causa en sí. Creyendo que en estos espacios de carácter político se vive una constante urgencia de demandas estratégicas, tácticas, enfrentamientos y soluciones de necesidades básicas de supervivencia, supongo que estos espacios artísticos terminan colocados en segundo plano prioritario y me propongo a cuestionar esta realidad. Cuestionar que se nota en este mundo capitalista, la aprensión del tiempo aiónico por deseos cronotípicos y que en movimientos sociales con base izquierdista como los que interactué, sorprendentemente, la misma lógica de aprensión se aplica. Los momentos de suspensión del tiempo productivo también son tomados por la razón y la objetividad para construir un proyecto contra-hegemónico para el futuro. Cantar, bailar, actuar, no aparece con un fin en sí mismo sino como herramientas de un propósito. Cuestionando esta realidad propongo esta reflexión sobre la (in)utilidad de estas obras artísticas, que se destacan en estos espacios, valorando su condición de inutilidad. Entiendo este estudio como un escrito de una experiencia, desde la experiencia y a veces, sobre la experiencia de enfrentar los temas que se abordan y cabe compartir que, como una forma de organizar esta experiencia, tengo un par de puntos que están configurados en capítulos. El primer esfuerzo es la presentación del milagro de Caná como una introducción al problema de la temporalidad y la productividad. El segundo es un estudio sobre el tiempo y su configuración. El tercer dice de lo que quiero llamar de "inútil" a partir de sus características de gratuidad y utopia y, por último, el cuarto dice su valor político. Estos esfuerzos conducen a la defensa de los valores políticos de la inutilidad, señalando que él inútil necesita ser sagrado, para que la suspensión del trabajo sirva a sí y no al trabajo; él inútil necesita ser gratuito, para que el presente no sea colonizado en deuda con el futuro; él inútil tiene que ser utópico y poético, para que proteja un espacio de indeterminación imposible de obtener por el sistema capitalista, incalculable y abierto a la felicidad.
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