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Assassinos, preguiçosos, trogloditas: imagens do professor de língua portuguesa na imprensa paulistana / Meurtriers, paresseux, troglodytes: images du professeur de la langue portugaise dans la presse de la ville de São PauloAdriana Seabra 28 November 2016 (has links)
Quand il sagit de donner des opinions ou de reporter des faits sur lenseignement de la langue portugaise, la presse consulte rarement les professeurs de lécole primaire. Elle recueille, en revanche, les opinions de professeurs d\'université, de membres de lAssociation Brésilienne de Lettres, d\'avocats, d\'économistes, d\'écrivains... autant de sources qui, quand elles parlent de la langue à lécole, produisent des images sur qui est, ou que devrait être, le professeur qui se charge de lenseigner. Dans ce travail, nous avons étudié les images du professeur de la langue portugaise telles qu\'elles apparaissent dans deux journaux, reconnus comme sérieux, de la ville de São Paulo, le Folha de S. Paulo et O Estado de S. Paulo. Dautre part, nous avons analysé des textes publiés par des professeurs sur Internet, pour observer comment ils répondent à l\'imaginaire déterminé par ces journaux. Le corpus est constitué à partir dun fait-échantillon: le non-événement à haut retentissement produit par les médias, en mai 2011, à propos de la distribution, par le Ministère de lÉducation, du livre didactique Pour une vie meilleure (Por uma vida melhor, AÇÃO EDUCATIVA, 2011). Vu la complexité du corpus, composé par une grande variété de sources, et de la sélection de différents objets danalyse qui y est faite, nous avons dû nous appuyer sur plusieurs théories du champ des sciences du langage. Pour observer la polémique entre les moyens de communication et ceux qui étudient la langue, nous avons fait appel à des catégories danalyse proposées par Maingueneau (2008b), comme la sémantique globale, l\'interincompréhension, le simulacre et l\'aphorisation. Pour observer les différents aspects des dispositifs dénonciation et de veridiction du discours journalistique, nous avons eu recours aux conceptions de Benveniste (2005), Greimas (1983), et Ducrot (1987). Pour ce qui est de limage discursive des co-énonçants, nous avons eu recours aux notions dethos et de pathos, dont la formalisation remonte à Aristote (1998). Nous avons pu observer que, dans les textes prenant position produits à propos de lépisode mentionné, circulent des discours idéologiques provenant de différentes sphères: la biologie, le droit, léconomie, la politique. En usant dexpédients dénonciation qui réifient lopinion, les textes informatifs sapproprient de façon différente ces discours, en même temps quils réactualisent et maintiennent en circulation ceux dont la conception de la langue et de lenseignement correspond à laxiologie des journaux, basée sur les valeurs de lautoritarisme. Les professeurs portés par des conceptions de langage non normatives, qui défendent un enseignement pluriel, sont décrits comme des barbares, des paresseux, des assassins de la langue. Ces derniers, lorsqu\'ils entrent dans le débat, doivent composer leur ethos de façon à éloigner cet imaginaire dysphorique produit dans les journaux et, en ce sens, ils cherchent à démontrer leur savoir quant à lobjet denseignement et leur engagement politique au travers de lenseignement. / Quando se trata de opinar ou reportar os fatos a respeito do ensino de português, a imprensa raramente consulta os professores da educação básica. Consigna, entretanto, pareceres e comentários de pesquisadores universitários, acadêmicos da ABL, advogados, economistas, escritores... fontes que, ao falar sobre a língua na escola, produzem imagens sobre quem é, ou deveria ser, o professor que se incumbe de ensiná-la. Nesta pesquisa, investigamos as imagens do professor de língua portuguesa que circulam em dois órgãos da imprensa paulistana dita séria, a Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo. Em contrapartida, analisamos textos publicados por professores na internet, para observar como respondem ao imaginário configurado nos jornais. O corpus constitui-se a partir de um evento-amostra: o factoide criado pela mídia, em maio de 2011, a propósito da distribuição, pelo MEC, do livro didático Por uma vida melhor (AÇÃO EDUCATIVA, 2011). Em vista da complexidade do corpus, composto de uma pletora de gêneros, e da seleção de diferentes objetos de análise em seu interior, tivemos de nos apoiar em mais de uma teoria no campo das ciências da linguagem. Para observar a polêmica que se trava entre a mídia e os estudiosos da língua, empregamos categorias de análise propostas por Maingueneau (2008b), semântica global, interincompreeensão, simulacro, aforização etc. Para observar diferentes aspectos dos dispositivos de enunciação e veridicção do discurso jornalístico, recorremos a construtos de Benveniste (2005), Greimas (1983), e Ducrot (1987). Para a imagem discursiva dos coenunciadores, às noções de ethos e pathos, cuja formalização remonta a Aristóteles (1998). Pudemos observar que, nos textos opinativos a propósito de tal episódio, circulam discursos ideológicos provenientes de esferas diversas, a biologia, o direito, a economia, a política, produzindo sentidos sobre a língua e o ensino de língua. Por meio de expedientes enunciativos que reificam a opinião, os textos informativos apropriam-se diferencialmente desses discursos, atualizando e mantendo em circulação aqueles cuja concepção de língua e de ensino de língua convém à axiologia dos jornais, sustentada nos valores do autoritarismo. Professores informados por concepções de linguagem não normativas, que defendem o ensino plural, são retratados como bárbaros, preguiçosos, assassinos da língua. Estes, ao adentrar o debate, têm de compor o ethos de modo a afastar esse imaginário disfórico produzido nos jornais e, com essa finalidade, procuram demonstrar seu saber sobre o objeto de ensino e seu compromisso político com a docência.
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RefutaÃÃo em perspectiva discursiva: a polÃmica como interincompreensÃo em artigos de opiniÃo acerca do Estatuto da Igualdade Racial / Confutation under discursive focus: polemics as inter-incomprehension in opinion articles on Racial Equality StatuteOtÃvia Marques de Farias 16 May 2008 (has links)
Conselho Nacional de Desenvolvimento CientÃfico e TecnolÃgico / CoordenaÃÃo de AperfeiÃoamento de Pessoal de NÃvel Superior / Este trabalho, inserido na linha da AnÃlise do Discurso francesa, tem como objetivo estudar a refutaÃÃo sob uma perspectiva discursiva. Muitos autores, entre os quais se destacam Moeschler (1982) e Ducrot (1984), trataram-na de um ponto-de-vista essencialmente lingÃÃstico, sem considerar os aspectos discursivos nela envolvidos. AlÃm disso, nÃo foram encontrados trabalhos que a abordassem discursivamente, nos moldes aqui propostos. Por considerar de grande importÃncia a dimensÃo discursiva para a compreensÃo do funcionamento da refutaÃÃo numa dada prÃtica de linguagem (identificada a um gÃnero especÃfico, qual seja, o artigo de opiniÃo), elabora-se, na presente pesquisa, um estudo fundamentalmente discursivo acerca do assunto, tendo como hipÃtese norteadora do trabalho a idÃia de que a refutaÃÃo se sustenta na polÃmica discursiva como interincompreensÃo. Assim, esta dissertaÃÃo se baseia, principalmente, nas teorizaÃÃes apresentadas por Maingueneau em suas obras Semantique de la polemique (1983) e GÃnese dos Discursos (1984), nas quais a noÃÃo de polÃmica à concebida como a ausÃncia de compreensÃo interdiscursiva e à descrita como constitutiva dos discursos. Um importante deslocamento à feito neste trabalho, pois propÃe-se ser possÃvel que as polÃmicas apareÃam, em certos momentos, na superfÃcie discursiva. Defende-se, entÃo, ser isso o que acontece quando se tem uma ocorrÃncia refutativa. Para o desenvolvimento da pesquisa, analisa-se a refutaÃÃo, tomando como corpus artigos de opiniÃo acerca do Estatuto da Igualdade Racial, escritos a partir de 2000, ano da proposiÃÃo do projeto de lei. Os artigos foram separados em dois subcorpus, cada um identificado com uma prÃtica discursiva, visando ao exame das relaÃÃes polÃmicas existentes entre os discursos envolvidos e que sustentam os procedimentos refutativos. Com a anÃlise do corpus, verifica-se que a refutaÃÃo se dà a partir de traduÃÃes e elaboraÃÃes de simulacros do Outro que sÃo evocados e negados, tendo em vista seu silenciamento, o que caracteriza, de fato, um procedimento fundado na interincompreensÃo. / This paper deals with Discourse Analysis, according to the French school, and it aims to understand confutation under a discursive focus. Many authors, among whom we italicize Ducrot and Moeschler, have treated this issue by an essentially linguistic point-of-view, without considering its discursive features. In fact, we could not find any other works which had already approach it this way we propose. We realize how much important is the discursive dimension when we try to understand confutation in a given language drill â related to a specific genre, that is, the estimating article. Thus along this research we elaborate a fundamentally discursive study on this matter, having as a guide hypothesis the idea that confutation supports itself upon the discursive polemics as inter-incomprehension. Therefore, this paper is based mainly in Maingueneau, in his Semantique de la polemique (1983) and Genesis of discourses (1984), in which the notion of polemics is conceived as lack of inter-discursive comprehension and it is described like as being a shaper of the discourses. An important displacement is made in this paper: we propose sometimes it is possible to see polemics emerging to discursive surface. That is what we defend that occurs when we have confutation. Throughout this research, we analyze confutation taking as a corpus some opinion articles on Racial Equality Statute, written since 2000, when the law was proposed. These articles were separated in two sub corpus, each one of them identified as a discursive practice, aiming at polemic links among the discourses involved that sustain confutative procedures. After corpus analysis, it was verified that confutation starts from translation and elaboration of simulacra of the Other, which are evocated and denied because of their hushing, what characterizes, indeed, a behavior based in inter-incomprehension.
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Assassinos, preguiçosos, trogloditas: imagens do professor de língua portuguesa na imprensa paulistana / Meurtriers, paresseux, troglodytes: images du professeur de la langue portugaise dans la presse de la ville de São PauloSeabra, Adriana 28 November 2016 (has links)
Quando se trata de opinar ou reportar os fatos a respeito do ensino de português, a imprensa raramente consulta os professores da educação básica. Consigna, entretanto, pareceres e comentários de pesquisadores universitários, acadêmicos da ABL, advogados, economistas, escritores... fontes que, ao falar sobre a língua na escola, produzem imagens sobre quem é, ou deveria ser, o professor que se incumbe de ensiná-la. Nesta pesquisa, investigamos as imagens do professor de língua portuguesa que circulam em dois órgãos da imprensa paulistana dita séria, a Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo. Em contrapartida, analisamos textos publicados por professores na internet, para observar como respondem ao imaginário configurado nos jornais. O corpus constitui-se a partir de um evento-amostra: o factoide criado pela mídia, em maio de 2011, a propósito da distribuição, pelo MEC, do livro didático Por uma vida melhor (AÇÃO EDUCATIVA, 2011). Em vista da complexidade do corpus, composto de uma pletora de gêneros, e da seleção de diferentes objetos de análise em seu interior, tivemos de nos apoiar em mais de uma teoria no campo das ciências da linguagem. Para observar a polêmica que se trava entre a mídia e os estudiosos da língua, empregamos categorias de análise propostas por Maingueneau (2008b), semântica global, interincompreeensão, simulacro, aforização etc. Para observar diferentes aspectos dos dispositivos de enunciação e veridicção do discurso jornalístico, recorremos a construtos de Benveniste (2005), Greimas (1983), e Ducrot (1987). Para a imagem discursiva dos coenunciadores, às noções de ethos e pathos, cuja formalização remonta a Aristóteles (1998). Pudemos observar que, nos textos opinativos a propósito de tal episódio, circulam discursos ideológicos provenientes de esferas diversas, a biologia, o direito, a economia, a política, produzindo sentidos sobre a língua e o ensino de língua. Por meio de expedientes enunciativos que reificam a opinião, os textos informativos apropriam-se diferencialmente desses discursos, atualizando e mantendo em circulação aqueles cuja concepção de língua e de ensino de língua convém à axiologia dos jornais, sustentada nos valores do autoritarismo. Professores informados por concepções de linguagem não normativas, que defendem o ensino plural, são retratados como bárbaros, preguiçosos, assassinos da língua. Estes, ao adentrar o debate, têm de compor o ethos de modo a afastar esse imaginário disfórico produzido nos jornais e, com essa finalidade, procuram demonstrar seu saber sobre o objeto de ensino e seu compromisso político com a docência. / Quand il sagit de donner des opinions ou de reporter des faits sur lenseignement de la langue portugaise, la presse consulte rarement les professeurs de lécole primaire. Elle recueille, en revanche, les opinions de professeurs d\'université, de membres de lAssociation Brésilienne de Lettres, d\'avocats, d\'économistes, d\'écrivains... autant de sources qui, quand elles parlent de la langue à lécole, produisent des images sur qui est, ou que devrait être, le professeur qui se charge de lenseigner. Dans ce travail, nous avons étudié les images du professeur de la langue portugaise telles qu\'elles apparaissent dans deux journaux, reconnus comme sérieux, de la ville de São Paulo, le Folha de S. Paulo et O Estado de S. Paulo. Dautre part, nous avons analysé des textes publiés par des professeurs sur Internet, pour observer comment ils répondent à l\'imaginaire déterminé par ces journaux. Le corpus est constitué à partir dun fait-échantillon: le non-événement à haut retentissement produit par les médias, en mai 2011, à propos de la distribution, par le Ministère de lÉducation, du livre didactique Pour une vie meilleure (Por uma vida melhor, AÇÃO EDUCATIVA, 2011). Vu la complexité du corpus, composé par une grande variété de sources, et de la sélection de différents objets danalyse qui y est faite, nous avons dû nous appuyer sur plusieurs théories du champ des sciences du langage. Pour observer la polémique entre les moyens de communication et ceux qui étudient la langue, nous avons fait appel à des catégories danalyse proposées par Maingueneau (2008b), comme la sémantique globale, l\'interincompréhension, le simulacre et l\'aphorisation. Pour observer les différents aspects des dispositifs dénonciation et de veridiction du discours journalistique, nous avons eu recours aux conceptions de Benveniste (2005), Greimas (1983), et Ducrot (1987). Pour ce qui est de limage discursive des co-énonçants, nous avons eu recours aux notions dethos et de pathos, dont la formalisation remonte à Aristote (1998). Nous avons pu observer que, dans les textes prenant position produits à propos de lépisode mentionné, circulent des discours idéologiques provenant de différentes sphères: la biologie, le droit, léconomie, la politique. En usant dexpédients dénonciation qui réifient lopinion, les textes informatifs sapproprient de façon différente ces discours, en même temps quils réactualisent et maintiennent en circulation ceux dont la conception de la langue et de lenseignement correspond à laxiologie des journaux, basée sur les valeurs de lautoritarisme. Les professeurs portés par des conceptions de langage non normatives, qui défendent un enseignement pluriel, sont décrits comme des barbares, des paresseux, des assassins de la langue. Ces derniers, lorsqu\'ils entrent dans le débat, doivent composer leur ethos de façon à éloigner cet imaginaire dysphorique produit dans les journaux et, en ce sens, ils cherchent à démontrer leur savoir quant à lobjet denseignement et leur engagement politique au travers de lenseignement.
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Refutação em perspectiva discursiva: a polêmica como interincompreensão em artigos de opinião acerca do Estatuto da Igualdade Racial / Confutation under discursive focus: polemics as inter-incomprehension in opinion articles on Racial Equality StatuteFarias, Otávia Marques de January 2008 (has links)
FARIAS, Otávia Marques de. Refutação em perspectiva discursiva: a polêmica como interincompreensão em artigos de opinião acerca do Estatuto da Igualdade Racial. 168 f. 2008. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade Federal do Ceará, Departamento de Letras Vernáculas, Programa de Pós-Graduação em Linguística, Fortaleza-CE, 2008. / Submitted by Raul Oliveira (raulcmo@hotmail.com) on 2012-08-27T14:30:38Z
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Previous issue date: 2008 / This paper deals with Discourse Analysis, according to the French school, and it aims to understand confutation under a discursive focus. Many authors, among whom we italicize Ducrot and Moeschler, have treated this issue by an essentially linguistic point-of-view, without considering its discursive features. In fact, we could not find any other works which had already approach it this way we propose. We realize how much important is the discursive dimension when we try to understand confutation in a given language drill – related to a specific genre, that is, the estimating article. Thus along this research we elaborate a fundamentally discursive study on this matter, having as a guide hypothesis the idea that confutation supports itself upon the discursive polemics as inter-incomprehension. Therefore, this paper is based mainly in Maingueneau, in his Semantique de la polemique (1983) and Genesis of discourses (1984), in which the notion of polemics is conceived as lack of inter-discursive comprehension and it is described like as being a shaper of the discourses. An important displacement is made in this paper: we propose sometimes it is possible to see polemics emerging to discursive surface. That is what we defend that occurs when we have confutation. Throughout this research, we analyze confutation taking as a corpus some opinion articles on Racial Equality Statute, written since 2000, when the law was proposed. These articles were separated in two sub corpus, each one of them identified as a discursive practice, aiming at polemic links among the discourses involved that sustain confutative procedures. After corpus analysis, it was verified that confutation starts from translation and elaboration of simulacra of the Other, which are evocated and denied because of their hushing, what characterizes, indeed, a behavior based in inter-incomprehension. / Este trabalho, inserido na linha da Análise do Discurso francesa, tem como objetivo estudar a refutação sob uma perspectiva discursiva. Muitos autores, entre os quais se destacam Moeschler (1982) e Ducrot (1984), trataram-na de um ponto-de-vista essencialmente lingüístico, sem considerar os aspectos discursivos nela envolvidos. Além disso, não foram encontrados trabalhos que a abordassem discursivamente, nos moldes aqui propostos. Por considerar de grande importância a dimensão discursiva para a compreensão do funcionamento da refutação numa dada prática de linguagem (identificada a um gênero específico, qual seja, o artigo de opinião), elabora-se, na presente pesquisa, um estudo fundamentalmente discursivo acerca do assunto, tendo como hipótese norteadora do trabalho a idéia de que a refutação se sustenta na polêmica discursiva como interincompreensão. Assim, esta dissertação se baseia, principalmente, nas teorizações apresentadas por Maingueneau em suas obras Semantique de la polemique (1983) e Gênese dos Discursos (1984), nas quais a noção de polêmica é concebida como a ausência de compreensão interdiscursiva e é descrita como constitutiva dos discursos. Um importante deslocamento é feito neste trabalho, pois propõe-se ser possível que as polêmicas apareçam, em certos momentos, na superfície discursiva. Defende-se, então, ser isso o que acontece quando se tem uma ocorrência refutativa. Para o desenvolvimento da pesquisa, analisa-se a refutação, tomando como corpus artigos de opinião acerca do Estatuto da Igualdade Racial, escritos a partir de 2000, ano da proposição do projeto de lei. Os artigos foram separados em dois subcorpus, cada um identificado com uma prática discursiva, visando ao exame das relações polêmicas existentes entre os discursos envolvidos e que sustentam os procedimentos refutativos. Com a análise do corpus, verifica-se que a refutação se dá a partir de traduções e elaborações de simulacros do Outro que são evocados e negados, tendo em vista seu silenciamento, o que caracteriza, de fato, um procedimento fundado na interincompreensão.
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