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Jogos de ofensas: epítetos verbais entre estudantes de uma escola na Amazônia / Insult games: verbal epithets among students of the school at AmazoniaRibeiro, Alan Augusto Moraes 30 May 2016 (has links)
Na presente tese desenvolvo um estudo sobre os jogos de ofensas entre estudantes do ensino medio da Escola de Aplicação da Universidade Federal do Para (EAUFPA), realizados por meio de trocas de epítetos verbais e atos não-verbais entre dois ou mais participantes. Estes jogos de ofensas integram um conjunto de praticas relacionais e tipos de interação social que se remetem a processos identitarios a partir da intersecção das categorias raça, genero e classe. Por meio de pesquisa etnografica e entrevistas, descrevo as maneiras pelas quais as diferentes definições sobre o que e ofensivo-insultuoso e o que e comico entre os estudantes se relacionam com processos de percepção de si dentro do cotidiano escolar, fazendo surgir micro-hierarquias, procedimentos relacionais de subordinação e atos de humilhação social entre os envolvidos nas trocas verbais, bem como outras modalidades conflitivas de interação social dentro desta escola. Esta tese procura destacar variabilidades e arbitrariedades nas definições nativas acerca do que seria ofensividadeinsultuosidade ou brincadeira entre os sujeitos da pesquisa, usando para isso diferentes relatos e narrativas registradas junto aos entrevistados como definições semânticas polarizadas. Em outras palavras, procuro identificar, compreender e descrever etnograficamente em que momentos e situações um epíteto verbal ou um ato não-verbal passa a ser definido como ofensivo-insultuoso. Analisando entrevistas formais e conversas informais, tento descrever como um vocabulo ou uma ação não-verbal mobilizam uma ofensividade-insultuosidade oposta a uma comicidade-ludicidade em certos momentos, mas em outros não. Qual e a influencia da sociabilidade escolar, das vivencias e experiencias construídas entre os estudantes na escola sobre a definição do que e considerado ofensivo e, de outro modo, do que e comicidade? O que e vivido em outros espaços não escolares pelos estudantes influencia nestas definições sobre ofensividade ou brincadeira na escola? Quais são os termos nativos usados para identificar estas trocas verbais? Como estas praticas mobilizam raça, genero e classe para tecer masculinidades, feminilidades e políticas relacionais que estabelecem aliados e adversarios, amizades e inimizades entre os estudantes? Inicialmente, apresento tais jogos como tipos de altercações e contendas que abarcam, de modo simultâneo, tanto insultos estigmatizantes que se referem caricaturalmente a estereotipos coletivos imputados de modo grotesco a alguem com base em situações e condutas que divergem ou não de um padrão comportamental definido como norma na sociabilidade estudantil, como galhofas e zombarias aceitas ludicamente entre os estudantes que se aproximam e sedimentam entre si relações grupais na escola. Depois, estipulo tres modalidades heurísticas de jogos verbais (sistematizadas a partir de estudos feitos sobre o tema) que interagem entre si para ajudar a compreender as complexidades das praticas observadas. A primeira consiste em um jogo de insultar que mobiliza epítetos e atos ofensivos, humilhantes que implicam em danos identitarios e perdas relacionais entre os envolvidos. A segunda e o jogo de brincar, uma troca que envolve eminentemente a ludicidade, a jocosidade, e, no limite, uma comicidade conflitiva. A terceira e o jogo de insultar e de brincar, uma troca que envolve ludicidade, comicidade e jocosidade mas que pode fazer surgir insultuosidade, danos identitarios e perdas relacionais para os envolvidos. Procuro tambem descrever praticas e sujeitos que mobilizam de modo específico insultos verbais raciais e sexuais remissivos a estereotipos, masculinidades e feminilidades racializadas em uma perspectiva que ressalta a agencia política de jovens homens negros e jovens mulheres negras. / This thesis presents a study of offensive games played among middle school students attending the Application School of the Federal University of Para. These games consist of exchanges of verbal insults and/or non verbal acts between two or more participants. All of these pranks are composed of a group of interpersonal relationships and social interactions that relate to identitary processes involving the intersection of social categories such as race, gender and class. By way of ethnographic research and interviews, I describe the ways in which the different conceptions of what is considered offensive or derogatory and what is considered funny among the students is related to processes of self perception in their daily school life that bring forth the microhierarchies, subordination procedures and humiliation practices between the students involved in the pranks as well as other conflictive modalities of social interaction in the school. This dissertation points to making visible the variabilities and arbitrary aspects present in the native definitions of what is considered offensive-derogatory or mere joking among the research subjects using different accounts or narratives developed by the interviewees as polarized semantic definitions. In other words, I will identify, explain, and describe ethnographically in what moments and situations a verbal epithet or a non verbal act comes to be defined as offensive-derogatory. Analyzing formal interviews and informal conversations I intend to describe how is it that a word or a non verbal act mobilizes an offensive insult that opposes a comic-ludicity in some moments but in others not. Some of the main questions that this dissertation explores are: What is the influence of the school socialization and the lived experiences of the students in the school on their definitions of what is considered offensive and what is considered a joke? Do their lived experiences in spaces outside the school influence these definitions of what is an insult or a joke in the school? What are the native terms used to identify these verbal exchanges? How do these practices mobilize race, gender and class to weave masculinities, femininities and interpersonal politics that establish allies and adversaries friendships and animosities between the students? From the beginning I present these pranks or games as arguments and exchanges that are composed simultaneously of stigmatizing insults that make reference to collective caricature stereotypes imposed over someone grotesquely because of situations and behaviors that are different or not from a established behavioral pattern defined as the norm of the school socialization,or in other words as normal and accepted jokes and pranks between the students that develop group relationships or cliques in the school. Afterwards, I establish three heuristic modalities of verbal jokes (sistematized after research done on the topic) that interact within themselves to comprehend the complexities of the observed practices. The first of these modalities consists on a insult game that mobilizes words and offensive humiliating acts that end in identity damages and broken relationships among the students involved. The second modality is the joking game, an exchange that involves playfulness and, on its limits, a problematic comic relief. The third modality is the joking and insulting game, this exchange involves ludic characteristics, playfulness and comic relief that may result in insults, identity damages and broken relationships among the students involved. I also describe subjects and practices that mobilize in a specific manner verbal insults of racial or sexual nature that reference to stereotypes, racialized masculinities and femininities from a perspective that visibilizes the political agency of Black young middle class men and Black young working class women.
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Jogos de ofensas: epítetos verbais entre estudantes de uma escola na Amazônia / Insult games: verbal epithets among students of the school at AmazoniaAlan Augusto Moraes Ribeiro 30 May 2016 (has links)
Na presente tese desenvolvo um estudo sobre os jogos de ofensas entre estudantes do ensino medio da Escola de Aplicação da Universidade Federal do Para (EAUFPA), realizados por meio de trocas de epítetos verbais e atos não-verbais entre dois ou mais participantes. Estes jogos de ofensas integram um conjunto de praticas relacionais e tipos de interação social que se remetem a processos identitarios a partir da intersecção das categorias raça, genero e classe. Por meio de pesquisa etnografica e entrevistas, descrevo as maneiras pelas quais as diferentes definições sobre o que e ofensivo-insultuoso e o que e comico entre os estudantes se relacionam com processos de percepção de si dentro do cotidiano escolar, fazendo surgir micro-hierarquias, procedimentos relacionais de subordinação e atos de humilhação social entre os envolvidos nas trocas verbais, bem como outras modalidades conflitivas de interação social dentro desta escola. Esta tese procura destacar variabilidades e arbitrariedades nas definições nativas acerca do que seria ofensividadeinsultuosidade ou brincadeira entre os sujeitos da pesquisa, usando para isso diferentes relatos e narrativas registradas junto aos entrevistados como definições semânticas polarizadas. Em outras palavras, procuro identificar, compreender e descrever etnograficamente em que momentos e situações um epíteto verbal ou um ato não-verbal passa a ser definido como ofensivo-insultuoso. Analisando entrevistas formais e conversas informais, tento descrever como um vocabulo ou uma ação não-verbal mobilizam uma ofensividade-insultuosidade oposta a uma comicidade-ludicidade em certos momentos, mas em outros não. Qual e a influencia da sociabilidade escolar, das vivencias e experiencias construídas entre os estudantes na escola sobre a definição do que e considerado ofensivo e, de outro modo, do que e comicidade? O que e vivido em outros espaços não escolares pelos estudantes influencia nestas definições sobre ofensividade ou brincadeira na escola? Quais são os termos nativos usados para identificar estas trocas verbais? Como estas praticas mobilizam raça, genero e classe para tecer masculinidades, feminilidades e políticas relacionais que estabelecem aliados e adversarios, amizades e inimizades entre os estudantes? Inicialmente, apresento tais jogos como tipos de altercações e contendas que abarcam, de modo simultâneo, tanto insultos estigmatizantes que se referem caricaturalmente a estereotipos coletivos imputados de modo grotesco a alguem com base em situações e condutas que divergem ou não de um padrão comportamental definido como norma na sociabilidade estudantil, como galhofas e zombarias aceitas ludicamente entre os estudantes que se aproximam e sedimentam entre si relações grupais na escola. Depois, estipulo tres modalidades heurísticas de jogos verbais (sistematizadas a partir de estudos feitos sobre o tema) que interagem entre si para ajudar a compreender as complexidades das praticas observadas. A primeira consiste em um jogo de insultar que mobiliza epítetos e atos ofensivos, humilhantes que implicam em danos identitarios e perdas relacionais entre os envolvidos. A segunda e o jogo de brincar, uma troca que envolve eminentemente a ludicidade, a jocosidade, e, no limite, uma comicidade conflitiva. A terceira e o jogo de insultar e de brincar, uma troca que envolve ludicidade, comicidade e jocosidade mas que pode fazer surgir insultuosidade, danos identitarios e perdas relacionais para os envolvidos. Procuro tambem descrever praticas e sujeitos que mobilizam de modo específico insultos verbais raciais e sexuais remissivos a estereotipos, masculinidades e feminilidades racializadas em uma perspectiva que ressalta a agencia política de jovens homens negros e jovens mulheres negras. / This thesis presents a study of offensive games played among middle school students attending the Application School of the Federal University of Para. These games consist of exchanges of verbal insults and/or non verbal acts between two or more participants. All of these pranks are composed of a group of interpersonal relationships and social interactions that relate to identitary processes involving the intersection of social categories such as race, gender and class. By way of ethnographic research and interviews, I describe the ways in which the different conceptions of what is considered offensive or derogatory and what is considered funny among the students is related to processes of self perception in their daily school life that bring forth the microhierarchies, subordination procedures and humiliation practices between the students involved in the pranks as well as other conflictive modalities of social interaction in the school. This dissertation points to making visible the variabilities and arbitrary aspects present in the native definitions of what is considered offensive-derogatory or mere joking among the research subjects using different accounts or narratives developed by the interviewees as polarized semantic definitions. In other words, I will identify, explain, and describe ethnographically in what moments and situations a verbal epithet or a non verbal act comes to be defined as offensive-derogatory. Analyzing formal interviews and informal conversations I intend to describe how is it that a word or a non verbal act mobilizes an offensive insult that opposes a comic-ludicity in some moments but in others not. Some of the main questions that this dissertation explores are: What is the influence of the school socialization and the lived experiences of the students in the school on their definitions of what is considered offensive and what is considered a joke? Do their lived experiences in spaces outside the school influence these definitions of what is an insult or a joke in the school? What are the native terms used to identify these verbal exchanges? How do these practices mobilize race, gender and class to weave masculinities, femininities and interpersonal politics that establish allies and adversaries friendships and animosities between the students? From the beginning I present these pranks or games as arguments and exchanges that are composed simultaneously of stigmatizing insults that make reference to collective caricature stereotypes imposed over someone grotesquely because of situations and behaviors that are different or not from a established behavioral pattern defined as the norm of the school socialization,or in other words as normal and accepted jokes and pranks between the students that develop group relationships or cliques in the school. Afterwards, I establish three heuristic modalities of verbal jokes (sistematized after research done on the topic) that interact within themselves to comprehend the complexities of the observed practices. The first of these modalities consists on a insult game that mobilizes words and offensive humiliating acts that end in identity damages and broken relationships among the students involved. The second modality is the joking game, an exchange that involves playfulness and, on its limits, a problematic comic relief. The third modality is the joking and insulting game, this exchange involves ludic characteristics, playfulness and comic relief that may result in insults, identity damages and broken relationships among the students involved. I also describe subjects and practices that mobilize in a specific manner verbal insults of racial or sexual nature that reference to stereotypes, racialized masculinities and femininities from a perspective that visibilizes the political agency of Black young middle class men and Black young working class women.
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