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Carolina Maria de Jesus e Clarice Lispector: representações do feminino na literatura brasileira contemporânea / Carolina Maria de Jesus and Clarice Lispector: representations of the feminine in contemporary brazilian literature

Macena, Fabiana Souza Valadão de Castro 08 November 2017 (has links)
Submitted by Franciele Moreira (francielemoreyra@gmail.com) on 2017-11-14T13:03:00Z No. of bitstreams: 2 Tese - Fabiana Souza Valadão de Castro Macena - 2017.pdf: 2259967 bytes, checksum: 3d008681167e95989cb690adde21ed1d (MD5) license_rdf: 0 bytes, checksum: d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e (MD5) / Approved for entry into archive by Luciana Ferreira (lucgeral@gmail.com) on 2017-11-16T10:10:21Z (GMT) No. of bitstreams: 2 Tese - Fabiana Souza Valadão de Castro Macena - 2017.pdf: 2259967 bytes, checksum: 3d008681167e95989cb690adde21ed1d (MD5) license_rdf: 0 bytes, checksum: d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e (MD5) / Made available in DSpace on 2017-11-16T10:10:21Z (GMT). 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In the process of writing, women emerge the anxieties, conflicts and longings proper to their universe; this means the opportunity for the subaltern to represent himself and, in this sense, conscious of his voice, to be empowered (LÉON, 2001). Thus, it is hypothesized that women's writing will reverberate the social, cultural and ethnic conditions to which the woman was and is submitted, allowing a comparison that reflects on the path taken by this gender in the attempt to leave the periphery and goes forward the conquest of an “own roof" (WOOLF, 2004). If in the text of Clarice Lispector, the flow of consciousness and the existential dimension prevail, there being room for the expansion and evaluation of feelings such as love; in Carolina Maria de Jesus’ writing hatches the material aspect, represented in incipient necessities like children’s education, the lack of money and food that will culminate in the degradation of the individual without perspectives. In order to observe and contrast the writing of these two authors, it is necessary to recognize the ethnic elements studied by Regina Dalcastagnè (2012), to use the social and identity studies proposed by Stuart Hall (2015) and to analyze the cultural analyzes of Pierre Bourdieu (2012) and Simone de Beauvoir (1980), observing the influence of these markers in the writing process. The Claricean text enjoys the privilege that comes from an educated woman, admitted in the niche of the intellectuality, while the Carolinean production arises under the same marginalization suffered by the author. In short, through the analysis, it can be seen that the woman in the text of Clarice Lispector may not get rid of the social and cultural domination that has been pursuing her for centuries, however, she begins to have a small right over her body and to reflect about her desires. Although in more arid soil, it is in the same emancipatory sense that goes through Carolina Maria de Jesus, who, under the prejudice of being a woman, without a husband, with no schooling, money or professionalization, realizes the dream of becoming a writer and opens space for other voices, subalternized like hers, to be heard and considered in the social and literary space. / O presente trabalho tem como objetivo analisar os textos Quarto de Despejo (1960) e Onde estaes felicidade? (2014) de Carolina Maria de Jesus e Perto do Coração Selvagem (1998) e Amor (1998) de Clarice Lispector. A partir dos estudos comparados de Tânia Carvalhal (2006), procuramos estabelecer um diálogo entre essas duas autoras e alguns de seus textos, a fim de ponderar como a participação feminina na produção literária interfere na representação da mulher (BUTLER, 2017). O percurso de análise compreende os aspectos étnicos, sociais e culturais que repercutem na escrita e, consequentemente, criam pontos de dissonância entre essas duas autoras, enquanto a convergência decorre da possibilidade de uma mulher representar a si mesma. No processo de escritura, a mulher faz emergir as angústias, os conflitos e os anseios próprios de seu universo, isso significa a oportunidade de o subalterno se representar e, nesse sentido, consciente de sua voz, empoderar-se (LÉON, 2001). Assim, suscita-se a hipótese de que a escrita feminina irá reverberar as condições sociais, culturais e étnicas a que a mulher esteve e está submetida, possibilitando uma comparação que repercuta no caminho trilhado por esse gênero na tentativa de sair da periferia da submissão rumo à conquista de um “teto todo seu” (WOOLF, 2004). Se no texto de Clarice Lispector imperam o fluxo de consciência e a dimensão existencial, havendo espaço para a expansão e avaliação de sentimentos como o amor; na escrita de Carolina Maria de Jesus eclode o aspecto material, representado em necessidades incipientes como a criação dos filhos, a falta de dinheiro e comida que culminarão na degradação do indivíduo sem perspectivas. Para observar e contrapor a escrita dessas duas autoras, é preciso, portanto, reconhecer os elementos étnicos estudados por Regina Dalcastagnè (2012), recorrer aos estudos sociais e identitários propostos por Stuart Hall (2015) e perfilhar as análises culturais de Pierre Bourdieu (2012) e Simone de Beauvoir (1980), observando a influência desses marcadores no processo de escrita. O texto clariceano goza do privilégio que advém de uma mulher escolarizada e admitida no nicho da intelectualidade, enquanto a produção carolineana surge sob a mesma marginalização sofrida pela autora. Em suma, por meio das análises, percebe-se que a mulher no texto de Clarice Lispector pode não se livrar inteiramente da dominação social e cultural que por séculos a tem perseguido, contudo, começa a ter um pequeno direito sobre seu corpo e a refletir sobre seus desejos. Embora em solo mais árido, é no mesmo sentido emancipatório que caminha Carolina Maria de Jesus, a qual, sob o preconceito de ser mulher, sem marido, sem escolaridade, sem dinheiro nem profissionalização, realiza o sonho de se tornar escritora e abre espaço para que outras vozes, subalternizadas como a sua, sejam ouvidas e consideradas no espaço social e literário.

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