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Farol invisível: fenômeno urbano e paisagem no bairro do Jaguaré / Invisible lighthouse: urban phenomenon and landscape in the neighborhood of Jaguaré

Callegari, Bruna 15 May 2017 (has links)
Erguido próximo a confluência dos rios Pinheiros e Tietê, um curioso torreão feito à semelhança de um farol marítimo observa São Paulo há cerca de 70 anos. A cidade já não o vê, mas o invisível está bem ali. Por trás dos prédios, encoberto pela metrópole, esconde-se um monumento cuja razão de existir é um mistério. Sua construção, iniciada no ano de 1942, esteve ligada à iniciativa do urbanista Henrique Dumont Villares de realizar um ambicioso projeto no local: o Centro Industrial Jaguaré, que deu início à ocupação do bairro na década de 1940. Como o Farol do Jaguaré, outros remanescentes obsoletos restaram como marcas impressas na paisagem do bairro - a antiga ponte, os trilhos de trem -, deixados por ações ocorridas em tempos passados, formas às quais o geógrafo Milton Santos chamou de rugosidades, e que produzem conflito entre o novo e o antigo. Figurando aparentemente sem função na paisagem urbana, o Farol do Jaguaré nos permite entrever variados desafios arquitetônicos, imobiliários, territoriais e paisagísticos da cidade contemporânea. Em 2000, após duas décadas de reivindicações por parte dos moradores locais, a torre foi tombada pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Concresp). Seu tombamento traz à tona inúmeras questões sobre as formas possíveis de sua apropriação pela sociedade. Balizando o horizonte da metrópole, o monumento é capaz de descortinar ideários urbanísticos que marcaram sua existência ao longo dos anos e a disputa de interesses dos variados grupos da sociedade que convivem atualmente a seu redor. É também capaz de disparar reflexões sobre a cidade que temos e aquela que queremos. / Built in the confluence of the Pinheiros and Tietê rivers, a curious tower in the likeness of a lighthouse has been overseeing São Paulo for about 70 years. The city no longer sees it, but the invisible is right there. Behind the buildings and swallowed by the metropolis, lies a hidden monument, whose reason for existing is a mystery. Its construction started in 1942 and was linked to an initiative by urbanist Henrique Dumont Villares to undertake an ambitious project at the site: The Industrial Center of Jaguaré, which gave origin to the occupation of the neighborhood in the 1940\'s. Other obsolete remnants were left by past actions as imprints on the neighborhood\'s landscape - the old bridge, the train tracks - ; these are urban forms that geographer Milton Santos called rugosities and that lead to conflicts between the old and the new. Standing on the urban landscape with no apparent function, the Lighthouse of Jaguaré enables us to see different architectural, real estate, territorial and landscape challenges posed by contemporary cities. In 2000, after nearly two decades of demands by local residents, the monument was designated a protected Historic Landmark by the Municipal Council for the Preservation of Historical, Cultural, and Environmental Heritage of the City of São Paulo (Concresp). Its recognition as heritage raises countless issues concerning the possible ways of making use of it in the contemporary city. Delimiting the megalopolis\' horizon, the monument is capable of revealing urban ideologies that have marked its existence throughout the years and the conflict of interests between different social groups that coexist around it. It is also able to encourage reflections on the city that we have and the city that we want.
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Farol invisível: fenômeno urbano e paisagem no bairro do Jaguaré / Invisible lighthouse: urban phenomenon and landscape in the neighborhood of Jaguaré

Bruna Callegari 15 May 2017 (has links)
Erguido próximo a confluência dos rios Pinheiros e Tietê, um curioso torreão feito à semelhança de um farol marítimo observa São Paulo há cerca de 70 anos. A cidade já não o vê, mas o invisível está bem ali. Por trás dos prédios, encoberto pela metrópole, esconde-se um monumento cuja razão de existir é um mistério. Sua construção, iniciada no ano de 1942, esteve ligada à iniciativa do urbanista Henrique Dumont Villares de realizar um ambicioso projeto no local: o Centro Industrial Jaguaré, que deu início à ocupação do bairro na década de 1940. Como o Farol do Jaguaré, outros remanescentes obsoletos restaram como marcas impressas na paisagem do bairro - a antiga ponte, os trilhos de trem -, deixados por ações ocorridas em tempos passados, formas às quais o geógrafo Milton Santos chamou de rugosidades, e que produzem conflito entre o novo e o antigo. Figurando aparentemente sem função na paisagem urbana, o Farol do Jaguaré nos permite entrever variados desafios arquitetônicos, imobiliários, territoriais e paisagísticos da cidade contemporânea. Em 2000, após duas décadas de reivindicações por parte dos moradores locais, a torre foi tombada pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Concresp). Seu tombamento traz à tona inúmeras questões sobre as formas possíveis de sua apropriação pela sociedade. Balizando o horizonte da metrópole, o monumento é capaz de descortinar ideários urbanísticos que marcaram sua existência ao longo dos anos e a disputa de interesses dos variados grupos da sociedade que convivem atualmente a seu redor. É também capaz de disparar reflexões sobre a cidade que temos e aquela que queremos. / Built in the confluence of the Pinheiros and Tietê rivers, a curious tower in the likeness of a lighthouse has been overseeing São Paulo for about 70 years. The city no longer sees it, but the invisible is right there. Behind the buildings and swallowed by the metropolis, lies a hidden monument, whose reason for existing is a mystery. Its construction started in 1942 and was linked to an initiative by urbanist Henrique Dumont Villares to undertake an ambitious project at the site: The Industrial Center of Jaguaré, which gave origin to the occupation of the neighborhood in the 1940\'s. Other obsolete remnants were left by past actions as imprints on the neighborhood\'s landscape - the old bridge, the train tracks - ; these are urban forms that geographer Milton Santos called rugosities and that lead to conflicts between the old and the new. Standing on the urban landscape with no apparent function, the Lighthouse of Jaguaré enables us to see different architectural, real estate, territorial and landscape challenges posed by contemporary cities. In 2000, after nearly two decades of demands by local residents, the monument was designated a protected Historic Landmark by the Municipal Council for the Preservation of Historical, Cultural, and Environmental Heritage of the City of São Paulo (Concresp). Its recognition as heritage raises countless issues concerning the possible ways of making use of it in the contemporary city. Delimiting the megalopolis\' horizon, the monument is capable of revealing urban ideologies that have marked its existence throughout the years and the conflict of interests between different social groups that coexist around it. It is also able to encourage reflections on the city that we have and the city that we want.

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