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Avaliação geriátrica global dos idosos mais velhos residentes em Ribeirão Preto (SP) e Caxias do Sul (RS): indicadores para envelhecimento longevo / Comprehensive Geriatric Assessment of the oldest-old in Ribeirão Preto (SP) and Caxias do Sul (RS): indicators for long-lived aging.

Cruz, Idiane Rosset 30 November 2009 (has links)
O Brasil está entre os países em desenvolvimento onde a faixa etária acima dos 80 anos é a que mais cresce. Este grupo tem sido pouco estudado em nosso meio, sobretudo no que tange às diferenças inter-regionais relacionadas à saúde. Trata-se de estudo epidemiológico comparativo e transversal, de idosos >= 80 anos residentes em duas comunidades. A amostra probabilística constou de dois grupos de idosos mais velhos: um de Ribeirão Preto (RP-SP), com 155 sujeitos e outro de Caxias do Sul (CS-RS), com 117 sujeitos. A coleta de dados se deu através de uma Avaliação Geriátrica Global, com entrevistas domiciliares realizadas entre maio de 2007 e setembro de 2008. O instrumento de coleta foi composto por dados demográficos e socioeconômicos, medidas antropométricas, Miniexame do Estado Mental (MEEM), Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD), Medida de Independência Funcional (MIF), presença de comorbidades, Escala de Depressão Geriátrica (EDG) e estilo de vida (uso de álcool, tabagismo, nível de atividade física e avaliação da dieta). A média de idade foi de 84,4 (± 4,3) anos em RP e 85,0 (± 3,9) anos em CS. Houve predominância do sexo feminino (~ 67%), cor branca (~ 89%) e viúvos (~56%) em ambos os municípios, sem que houvesse diferenças significativas nestas variáveis. Não houve diferença importante na escolaridade média dos dois grupos, e a renda média do idoso foi maior (P = 0,020) em RP (R$ 978,2 ± 1.329,6) do que em CS (R$ 668,3 ± 596,1). Entretanto, em RP houve maior concentração de indivíduos tanto analfabetos como com alta escolaridade; bem como daqueles que recebiam tanto menos de um salário mínimo (SM) como mais de 3 SM. Verificou-se ainda uma proporção maior de idosos que utilizavam convênio de saúde em CS (63%) do que em RP (49%). Não houve diferença estatisticamente significativa no escore médio do MEEM entre os dois grupos (20,6 ± 7,5 em RP e 19,5 ± 6,3 em CS; P = 0,23), sendo que este foi significativamente menor para indivíduos do sexo feminino, com idade mais avançada e analfabetos. Verificou-se uma proporção maior de idosos independentes para as AIVD em RP (22%) do que em CS (7%; P = 0,001), bem como um escore maior na MIF naquele grupo (108,2 ± 24,3) do que em CS (102,9 ± 19,9; P = 0,058). Um melhor nível de independência em ambos os municípios foi observado para os idosos do sexo masculino, aqueles casados, de maior escolaridade e melhor renda. Houve uma tendência a uma maior proporção de idosos com sobrepeso e obesos em CS (41,9% e 21,4%, respectivamente) do que em RP (32,7% e 15,3%, respectivamente; P = 0,08). Verificou-se também maior número de comorbidades em CS (7,6 ± 2,9) do que em RP (5,9 ± 2,9; P < 0,001). Entretanto, RP apresentou maior escore na EDG (4,1 ± 2,9), com maior proporção de sujeitos depressivos (39,3%) do que CS (3,1 ± 2,8 e 22,8%, respectivamente; P = 0,005). Os idosos com menos sintomas depressivos foram aqueles do sexo masculino, casados, ou com maior escolaridade em ambos os grupos. Em ambos os municípios, após ajustar-se para idade e gênero, observouse que o grau de independência funcional (MIF) correlacionou-se positivamente com o MEEM e negativamente com o número de comorbidades e o escore na EDG. Quanto ao estilo de vida, não houve diferença significativa entre os dois grupos no que tange ao gasto energético em atividade física e ao consumo de cigarros. No entanto, em CS houve uma proporção maior de idosos que utilizam ou utilizavam bebida alcoólica, especialmente vinho. Os idosos de CS também apresentaram maior consumo calórico diário, inclusive de carboidratos, gorduras saturadas e sódio do que em RP (P < 0,001 para todos). Quando comparado a RP, embora os idosos de CS apresentem menor desigualdade educacional e de renda, além de menores índices de depressão, a dieta destes é menos saudável, há maior prevalência de obesidade e outras comorbidades e maior dependência funcional. Um adequado planejamento em termos de políticas de saúde, que melhor atendesse aos prérequisitos do envelhecimento bem-sucedido, poderia contribuir ao bem-estar dos idosos brasileiros mais velhos. / Brazil is one of the developing countries where the age range over 80 years is the fastest growing population group. This group has been little studied in our context, mainly with respect to interregional health-related differences. This comparative and cross-sectional epidemiological research looked at elderly >= 80 years of age living in two communities. The probabilistic sample comprised two groups of elder elderly: one in Ribeirão Preto (RP-SP), with 155 subjects; and another in Caxias do Sul (CS-RS), including 117 subjects. Data were collected through a Comprehensive Geriatric Assessment, involving home interviews carried out between May 2007 and September 2008. The data collection instrument consisted of demographic and socioeconomic data, anthropometric measures, the Mini-Mental State Examination (MMSE), Instrumental Activities of Daily Living (IADL), Functional Independence Measure (FIM), presence of comorbidities, Geriatric Depression Scale (GDS) and lifestyle (alcohol use, smoking, level of physical activity and diet assessment). The mean age was 84.4 (± 4,3) years in RP and 85,0 (± 3,9) years in CS. Female (~ 67%), white (~ 89%) and widowed (~56%) persons predominated in both cities, without any significant differences in these variables. No important difference was found between the two groups\' mean education level, and the elderly\'s mean income was higher (P = 0.020) in RP (R$ 978,2 ± 1,329,6) than in CS (R$ 668.3 ± 596,1). In RP, a greater concentration of both illiterate people and persons with a high education level was found; and of people receiving either less than one minimum wage (MW) or more than 3 MW. Also, the proportion of elderly people with health insurance found in CS (63%) was larger than in RP (49%). No statistically significant difference was found in the mean MMSE score between both groups (20.6 ± 7.5 in RP against 19.5 ± 6.3 in CS; P = 0.23), which was significantly lower for female, older and illiterate people. A larger proportion of independent elderly in terms of IADL was found in RP (22%) when compared with CS (7%; P = 0.001), and a higher score on the FIM in RP (108.2 ± 24.3) than in CS (102.9 ± 19.9; P = 0.058). In both cities, a higher level of independence was found for male, married elderly with higher education and income levels. A larger proportion of overweight and obese elderly was found in CS (41.9% and 21.4%, respectively) than in RP (32.7% and 15.3%, respectively; P = 0.08). Also, in CS, a larger quantity of comorbidities was found (7.6 ± 2.9) than in RP (5.9 ± 2.9; P < 0.001). However, RP displayed a higher score on the GDS (4.1 ± 2.9), with a larger proportion of depressive subjects (39.3%) than in CS (3.1 ± 2.8 and 22.8%, respectively; P = 0.005). In both groups, male, married elderly with higher education levels showed less depressive symptoms. In both cities, after adjusting for age and gender, a positive correlation was observed between the level of FIM and the MMSE, and a negative correlation with the number of comorbidities and the GDS score. As for lifestyle, no significant differences were found between both groups in terms of energy spent on physical activity and smoking. However, in CS, a larger proportion of elderly was found who were consuming or had consumed alcohol, especially wine. Elderly in CS also presented higher daily consumption levels of calories, carbohydrates, saturated fats and sodium than in RP (P < 0.001 for all). In comparison with RP, although elderly in CS demonstrated less inequality in terms of education and income and lower depression rates, their diet is less healthy and prevalence levels of obesity, other comorbidities and functional dependence are higher. Thus, efforts can me made to adequately plan health policies with a view to better complying with the prerequisites of successful aging and providing greater wellbeing to the Brazilian oldest-old.
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Avaliação geriátrica global dos idosos mais velhos residentes em Ribeirão Preto (SP) e Caxias do Sul (RS): indicadores para envelhecimento longevo / Comprehensive Geriatric Assessment of the oldest-old in Ribeirão Preto (SP) and Caxias do Sul (RS): indicators for long-lived aging.

Idiane Rosset Cruz 30 November 2009 (has links)
O Brasil está entre os países em desenvolvimento onde a faixa etária acima dos 80 anos é a que mais cresce. Este grupo tem sido pouco estudado em nosso meio, sobretudo no que tange às diferenças inter-regionais relacionadas à saúde. Trata-se de estudo epidemiológico comparativo e transversal, de idosos >= 80 anos residentes em duas comunidades. A amostra probabilística constou de dois grupos de idosos mais velhos: um de Ribeirão Preto (RP-SP), com 155 sujeitos e outro de Caxias do Sul (CS-RS), com 117 sujeitos. A coleta de dados se deu através de uma Avaliação Geriátrica Global, com entrevistas domiciliares realizadas entre maio de 2007 e setembro de 2008. O instrumento de coleta foi composto por dados demográficos e socioeconômicos, medidas antropométricas, Miniexame do Estado Mental (MEEM), Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD), Medida de Independência Funcional (MIF), presença de comorbidades, Escala de Depressão Geriátrica (EDG) e estilo de vida (uso de álcool, tabagismo, nível de atividade física e avaliação da dieta). A média de idade foi de 84,4 (± 4,3) anos em RP e 85,0 (± 3,9) anos em CS. Houve predominância do sexo feminino (~ 67%), cor branca (~ 89%) e viúvos (~56%) em ambos os municípios, sem que houvesse diferenças significativas nestas variáveis. Não houve diferença importante na escolaridade média dos dois grupos, e a renda média do idoso foi maior (P = 0,020) em RP (R$ 978,2 ± 1.329,6) do que em CS (R$ 668,3 ± 596,1). Entretanto, em RP houve maior concentração de indivíduos tanto analfabetos como com alta escolaridade; bem como daqueles que recebiam tanto menos de um salário mínimo (SM) como mais de 3 SM. Verificou-se ainda uma proporção maior de idosos que utilizavam convênio de saúde em CS (63%) do que em RP (49%). Não houve diferença estatisticamente significativa no escore médio do MEEM entre os dois grupos (20,6 ± 7,5 em RP e 19,5 ± 6,3 em CS; P = 0,23), sendo que este foi significativamente menor para indivíduos do sexo feminino, com idade mais avançada e analfabetos. Verificou-se uma proporção maior de idosos independentes para as AIVD em RP (22%) do que em CS (7%; P = 0,001), bem como um escore maior na MIF naquele grupo (108,2 ± 24,3) do que em CS (102,9 ± 19,9; P = 0,058). Um melhor nível de independência em ambos os municípios foi observado para os idosos do sexo masculino, aqueles casados, de maior escolaridade e melhor renda. Houve uma tendência a uma maior proporção de idosos com sobrepeso e obesos em CS (41,9% e 21,4%, respectivamente) do que em RP (32,7% e 15,3%, respectivamente; P = 0,08). Verificou-se também maior número de comorbidades em CS (7,6 ± 2,9) do que em RP (5,9 ± 2,9; P < 0,001). Entretanto, RP apresentou maior escore na EDG (4,1 ± 2,9), com maior proporção de sujeitos depressivos (39,3%) do que CS (3,1 ± 2,8 e 22,8%, respectivamente; P = 0,005). Os idosos com menos sintomas depressivos foram aqueles do sexo masculino, casados, ou com maior escolaridade em ambos os grupos. Em ambos os municípios, após ajustar-se para idade e gênero, observouse que o grau de independência funcional (MIF) correlacionou-se positivamente com o MEEM e negativamente com o número de comorbidades e o escore na EDG. Quanto ao estilo de vida, não houve diferença significativa entre os dois grupos no que tange ao gasto energético em atividade física e ao consumo de cigarros. No entanto, em CS houve uma proporção maior de idosos que utilizam ou utilizavam bebida alcoólica, especialmente vinho. Os idosos de CS também apresentaram maior consumo calórico diário, inclusive de carboidratos, gorduras saturadas e sódio do que em RP (P < 0,001 para todos). Quando comparado a RP, embora os idosos de CS apresentem menor desigualdade educacional e de renda, além de menores índices de depressão, a dieta destes é menos saudável, há maior prevalência de obesidade e outras comorbidades e maior dependência funcional. Um adequado planejamento em termos de políticas de saúde, que melhor atendesse aos prérequisitos do envelhecimento bem-sucedido, poderia contribuir ao bem-estar dos idosos brasileiros mais velhos. / Brazil is one of the developing countries where the age range over 80 years is the fastest growing population group. This group has been little studied in our context, mainly with respect to interregional health-related differences. This comparative and cross-sectional epidemiological research looked at elderly >= 80 years of age living in two communities. The probabilistic sample comprised two groups of elder elderly: one in Ribeirão Preto (RP-SP), with 155 subjects; and another in Caxias do Sul (CS-RS), including 117 subjects. Data were collected through a Comprehensive Geriatric Assessment, involving home interviews carried out between May 2007 and September 2008. The data collection instrument consisted of demographic and socioeconomic data, anthropometric measures, the Mini-Mental State Examination (MMSE), Instrumental Activities of Daily Living (IADL), Functional Independence Measure (FIM), presence of comorbidities, Geriatric Depression Scale (GDS) and lifestyle (alcohol use, smoking, level of physical activity and diet assessment). The mean age was 84.4 (± 4,3) years in RP and 85,0 (± 3,9) years in CS. Female (~ 67%), white (~ 89%) and widowed (~56%) persons predominated in both cities, without any significant differences in these variables. No important difference was found between the two groups\' mean education level, and the elderly\'s mean income was higher (P = 0.020) in RP (R$ 978,2 ± 1,329,6) than in CS (R$ 668.3 ± 596,1). In RP, a greater concentration of both illiterate people and persons with a high education level was found; and of people receiving either less than one minimum wage (MW) or more than 3 MW. Also, the proportion of elderly people with health insurance found in CS (63%) was larger than in RP (49%). No statistically significant difference was found in the mean MMSE score between both groups (20.6 ± 7.5 in RP against 19.5 ± 6.3 in CS; P = 0.23), which was significantly lower for female, older and illiterate people. A larger proportion of independent elderly in terms of IADL was found in RP (22%) when compared with CS (7%; P = 0.001), and a higher score on the FIM in RP (108.2 ± 24.3) than in CS (102.9 ± 19.9; P = 0.058). In both cities, a higher level of independence was found for male, married elderly with higher education and income levels. A larger proportion of overweight and obese elderly was found in CS (41.9% and 21.4%, respectively) than in RP (32.7% and 15.3%, respectively; P = 0.08). Also, in CS, a larger quantity of comorbidities was found (7.6 ± 2.9) than in RP (5.9 ± 2.9; P < 0.001). However, RP displayed a higher score on the GDS (4.1 ± 2.9), with a larger proportion of depressive subjects (39.3%) than in CS (3.1 ± 2.8 and 22.8%, respectively; P = 0.005). In both groups, male, married elderly with higher education levels showed less depressive symptoms. In both cities, after adjusting for age and gender, a positive correlation was observed between the level of FIM and the MMSE, and a negative correlation with the number of comorbidities and the GDS score. As for lifestyle, no significant differences were found between both groups in terms of energy spent on physical activity and smoking. However, in CS, a larger proportion of elderly was found who were consuming or had consumed alcohol, especially wine. Elderly in CS also presented higher daily consumption levels of calories, carbohydrates, saturated fats and sodium than in RP (P < 0.001 for all). In comparison with RP, although elderly in CS demonstrated less inequality in terms of education and income and lower depression rates, their diet is less healthy and prevalence levels of obesity, other comorbidities and functional dependence are higher. Thus, efforts can me made to adequately plan health policies with a view to better complying with the prerequisites of successful aging and providing greater wellbeing to the Brazilian oldest-old.

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