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Mulheres embarcadas: gênero, família e trabalho na percepção de mulheres em espaços masculinos / Offshore women: gender, family and work in womens in male space perception

Camila Daniel 15 June 2009 (has links)
Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro / Esta dissertação teve como objetivo examinar a relação entre a participação de mulheres em ambientes de trabalho masculinos e gênero. Como estudo de caso, focamos nossa pesquisa nos relatos das embarcadas, mulheres que trabalham em plataformas de petróleo. Nesta situação de trabalho, elas deixam o cotidiano que costumam ter em terra, para passar uma temporada de 14 dias na plataforma, lugar onde casa e trabalho se confundem. Para tanto, optou-se por uma análise qualitativa, fundamentada no ponto de vista das próprias embarcadas a respeito da relação entre sua vida dentro e fora da plataforma. Desta maneira, empreendemos, inicialmente, uma discussão cujas temáticas principais foram as imbricações entre gênero e trabalho e, assumimos como referenciais teórico-conceituais os conceitos de trajetória e habitus, formulados por Pierre Bourdieu. Por meio de entrevistas semi-estruturadas e conversas via internet e pessoalmente, foram colhidos depoimentos das embarcadas, o que permitiu a análise das percepções, significados e representações que envolvem os relatos contados. Assim, constatamos que existe uma estreita relação entre trabalho remunerado e vida familiar nas suas escolhas e opiniões. Elas vêem a presença da mulher como fundamental para a vida familiar, por isso, percebem o trabalho embarcado como incompatível com as responsabilidades que as mulheres assumem na família, principalmente com a maternidade. As embarcadas acreditam que esposa e marido conseguem encontrar alternativas para que elas continuem a embarcar, mas tais alternativas se mostram inviáveis quando da chegada dos filhos. Elas valorizam o trabalho remunerado, e não estão dispostas a deixá-lo em nenhum momento de suas trajetórias: o que elas desejam é trabalhar em terra e, assim conciliar maternidade e trabalho. Neste sentido, a entrada das mulheres no mercado de trabalho e sua participação num ambiente predominantemente masculino não as levam a uma total adesão a valores igualitários entre os gêneros, mas a uma (re)atualização dos papéis tradicionais atribuídos a homens e mulheres. / This dissertation had as objective to examine the relation between women participation in masculine work ambient and gender. Our case study is focused on the research of offshore women, women whose work is executed on petroleum platforms. In this work situation, they leave the daily routine they use to have onshore to spend fourteen days onboard, a place where home and work are mingled. For such purposes, we selected a qualitative analysis, based on offshore womens point of view about the relation of their lives in and outside the platform. Therefore, we firstly undertook a discussion which main themes were the imbrications between gender and work, and we assumed as conceptual-theoretic references trajectory and habitus concepts, formulated by Pierre Bourdieu. Through semi-structured interviews and internet and personal talks, we collected offshore women testimonial, which permitted us to analyze perceptions, meanings and representations in their speech. Thus, we observed that there is a close relation between paid work and family life in offshore womens choices and opinions. They see woman presence in family life as fundamental; hence, they perceive offshore work as incompatible to the responsibilities they take in family, particularly in motherhood. Offshore women believe wife and husband can find alternatives in case the woman doesnt leave the platform, but such alternatives are shown as unviable when children come. They value paid work, and are not willing to leave it any time during their trajectories: what they desire is stopping embarking in order to conciliate motherhood and work. In these terms, the entrance of women in labor market and their participation in male dominant ambient dont lead them into a total adhesion to more egalitarian gender values, but into a (re)actualization of male and female traditional roles, based on the experiences they have been facing.
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Mulheres embarcadas: gênero, família e trabalho na percepção de mulheres em espaços masculinos / Offshore women: gender, family and work in womens in male space perception

Camila Daniel 15 June 2009 (has links)
Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro / Esta dissertação teve como objetivo examinar a relação entre a participação de mulheres em ambientes de trabalho masculinos e gênero. Como estudo de caso, focamos nossa pesquisa nos relatos das embarcadas, mulheres que trabalham em plataformas de petróleo. Nesta situação de trabalho, elas deixam o cotidiano que costumam ter em terra, para passar uma temporada de 14 dias na plataforma, lugar onde casa e trabalho se confundem. Para tanto, optou-se por uma análise qualitativa, fundamentada no ponto de vista das próprias embarcadas a respeito da relação entre sua vida dentro e fora da plataforma. Desta maneira, empreendemos, inicialmente, uma discussão cujas temáticas principais foram as imbricações entre gênero e trabalho e, assumimos como referenciais teórico-conceituais os conceitos de trajetória e habitus, formulados por Pierre Bourdieu. Por meio de entrevistas semi-estruturadas e conversas via internet e pessoalmente, foram colhidos depoimentos das embarcadas, o que permitiu a análise das percepções, significados e representações que envolvem os relatos contados. Assim, constatamos que existe uma estreita relação entre trabalho remunerado e vida familiar nas suas escolhas e opiniões. Elas vêem a presença da mulher como fundamental para a vida familiar, por isso, percebem o trabalho embarcado como incompatível com as responsabilidades que as mulheres assumem na família, principalmente com a maternidade. As embarcadas acreditam que esposa e marido conseguem encontrar alternativas para que elas continuem a embarcar, mas tais alternativas se mostram inviáveis quando da chegada dos filhos. Elas valorizam o trabalho remunerado, e não estão dispostas a deixá-lo em nenhum momento de suas trajetórias: o que elas desejam é trabalhar em terra e, assim conciliar maternidade e trabalho. Neste sentido, a entrada das mulheres no mercado de trabalho e sua participação num ambiente predominantemente masculino não as levam a uma total adesão a valores igualitários entre os gêneros, mas a uma (re)atualização dos papéis tradicionais atribuídos a homens e mulheres. / This dissertation had as objective to examine the relation between women participation in masculine work ambient and gender. Our case study is focused on the research of offshore women, women whose work is executed on petroleum platforms. In this work situation, they leave the daily routine they use to have onshore to spend fourteen days onboard, a place where home and work are mingled. For such purposes, we selected a qualitative analysis, based on offshore womens point of view about the relation of their lives in and outside the platform. Therefore, we firstly undertook a discussion which main themes were the imbrications between gender and work, and we assumed as conceptual-theoretic references trajectory and habitus concepts, formulated by Pierre Bourdieu. Through semi-structured interviews and internet and personal talks, we collected offshore women testimonial, which permitted us to analyze perceptions, meanings and representations in their speech. Thus, we observed that there is a close relation between paid work and family life in offshore womens choices and opinions. They see woman presence in family life as fundamental; hence, they perceive offshore work as incompatible to the responsibilities they take in family, particularly in motherhood. Offshore women believe wife and husband can find alternatives in case the woman doesnt leave the platform, but such alternatives are shown as unviable when children come. They value paid work, and are not willing to leave it any time during their trajectories: what they desire is stopping embarking in order to conciliate motherhood and work. In these terms, the entrance of women in labor market and their participation in male dominant ambient dont lead them into a total adhesion to more egalitarian gender values, but into a (re)actualization of male and female traditional roles, based on the experiences they have been facing.

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