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KAGWYRI’PE JIHOI: O TERRITÓRIO COMO FUNDAMENTO DO SABER TRADICIONAL PARINTINTIN NA ALDEIA TRAÍRA DA TERRA INDÍGENA NOVE DE JANEIRO, HUMAITÁ - AMStrachulski, Juliano 28 June 2018 (has links)
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Previous issue date: 2018-06-28 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Ao longo do tempo, os povos indígenas vêm desenvolvendo seus saberes tradicionais e construindo uma relação transcendental com o território e natureza local, inerentes não somente a elementos práticos, materiais, mas também simbólicos, espirituais. A Geografia acaba despertando o interesse pelos povos indígenas, por seus conhecimentos tradicionais, que versam sobre as formas de viver no mundo (relação com o território e territorialidades), o savoir-faire (práticas e habilidades), e tratam do mundo em que se vive (cosmogonia e cosmologia). Em especial, a Geografia Cultural entende como elementar, a tradução da complexidade local não de forma a simplificá-la, mas com vistas a torná-la mais inteligível aos olhos da ciência, a partir de referenciais como o território, territorialidade, (geo)símbolos, identidade territorial e suas implicações socioculturais e ambientais. Acerca do exposto, o objetivo norteador da tese foi compreender a importância do território para a existência dos saberes tradicionais Parintintin na Aldeia Traíra da Terra Indígena Nove de Janeiro, Humaitá - AM. Em termos metodológicos, buscou-se valorizar as vivências e saberes cotidianos, a partir de uma pesquisa participativa. Dentre os procedimentos metodológicos e as técnicas adotadas, destacam-se: entrevistas semiestruturadas, excursões à floresta, oficina participativa, convívio diário com os indígenas, uso de caderno de campo, registros fotográficos, entre outros. Na vivência com os atores sociais, observou-se que no contato e relacionamento com a sociedade não indígena seus saberes e costumes tradicionais proporcionaram uma relativa resistência à cultura externa, sendo que seu sistema cultural se adaptou, internalizando novas práticas materiais e imateriais híbridas. Portanto, a relação com o território e o manejo da floresta, apesar de ter sofrido com influências externas, é guiada por um conhecimento tradicional, apoiado numa concepção de natureza menos utilitarista e exploratória do que aquela da sociedade envolvente. O território é visto como sua base material e simbólica, em que se assentam seus conhecimentos tradicionais, tem origem seus mitos, lendas e crenças, onde caçam, pescam, praticam a agricultura e manejam as espécies vegetais elementares a sua sobrevivência física e cultural e, em especial, local em que coevoluem com a natureza. Em relação à interpretação dos saberes indígenas acerca da vegetação, evidencia-se que identificam e classificam, em especial, aquelas espécies utilizadas para o tratamento da saúde, conhecem a melhor forma de manipulá-las, e os ambientes em que elas se encontram, estando intimamente associados ao seu território. Entendem que devem respeitar as fases da lua, os seres da floresta (Curupira, Kagwyrajara e Pirakwera‟ğa) e suas crenças, em que situações determinadas plantas podem ser usadas para fins práticos (chás, xaropes, massagens, etc.) ou simbólicos (benzimentos, pintura corporal). Portanto, não são somente saberes práticos, que atendem às suas necessidades primárias, mas também frutos de observações em termos estéticos, intelectuais e/ou espirituais. São transmitidos oralmente dos mais velhos para os mais jovens, porém igualmente adquiridos por sua curiosidade, por uma capacidade intelectual de associar a presença de certos elementos (naturais e culturais) a determinados territórios. Por fim, destaca-se que os conhecimentos tradicionais possuem uma forma totalizadora de classificar e interpretar o mundo, mediante uma sensibilidade humana (elementos materiais e simbólicos). / Throughout time, indigenous peoples have been developing their traditional knowledge and building a transcendental relationship with local territory and nature, inherent not only to practical elements, materials, but symbolics, spirituals. Geography ends up awakening interest for the indigenous peoples, for their traditional knowledges, which address with the ways of living in the world (relation to the territory and territorialities), the know-how (practices and skills), and deals with the world in which live (cosmogony and cosmology). In particular, Cultural Geography understands as elementary, the translation of local complexity not in order to simplify it, but with a view to making it more intelligible to the eyes of science, from references such as territory, territorialities, (geo)symbols, territorial identity and their sociocultural and environmental implications. About the above, the guiding objective of the thesis was to understand the importance of the territory for the existence of traditional knowledges Parintintin in the Village Traíra of the Indigenous Land Nove de Janeiro, Humaitá-AM. In methodological terms, it was sought to value at experiences and daily knowing, from the participatory research. Among the methodological procedures and the techniques adopted, stand out: semi-structured interviews, excursions to the forest, participatory workshop, daily living with the indigenous, use of field notebook, photographic records, among others. In the living with social actors, it was observed that in contact and relationship with the non-indigenous society its traditional knowledges and customs provided a relative resistance to external culture, being that their cultural system has adapted, internalizing new material and immaterial hybrid practices. Therefore, relationship with the territory and forest management, despite having suffered with external influences, is guided by traditional knowledge, supported in a conception of a less utilitarian and exploratory nature than that of surrounding society. The territory is seen as its material and symbolic basis, on which their traditional knowledge are based, has origin its myths, legends and beliefs, where they hunt, fish, practice agriculture and manage elemental vegetable species for their physical and cultural survival and, in particular, where they co-evolve with nature. Regarding the interpretation of indigenous knowledges about vegetation, is evidenced that identify and classify, in particular, those species used for the treatment of health, know the best way to manipulate them, and the environments in which they are, being closely associated with their territory. They understand that must respect the phases of the moon, the beings of forest (Curupira, Kagwyrajara and Pirakwera‘ğa) and their beliefs, in which situations certain plants can be used for practical purposes (teas, syrups, massages, etc.) or symbolic (benziments, body painting). Therefore, are not only practical know-how that meets their primary needs, but also fruits of aesthetic, intellectual and/or spiritual observations. Are transmitted orally from the olders to the youngers, but equally acquireds by his curiosity, by an intellectual capacity to associate the presence of certain elements (naturals and culturals) to determined territories. Finally, stands out that traditional knowledges has a totalizing form of classifying and interpreting the world, through a human sensibility (material and symbolic elements).
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