FundaÃÃo de Amparo à Pesquisa do Estado do Cearà / Os sujeitos do campo sÃo compreendidos pela sua forÃa produtiva no que se refere ao trabalho braÃal. Neste aspecto, sÃo valorizados. Mas, essa valorizaÃÃo cessa quando esses mesmos sujeitos sÃo confrontados com o trabalho intelectual. Nesta dissertaÃÃo, parte-se do pressuposto de que o potencial intelectual desses sujeitos, se estimulado e desenvolvido, pode contribuir para o entendimento da sociedade sobre a vida e mesmo sobre a ciÃncia, manifestando a sua sabedoria para que seja interpretada pelas instÃncias em que a produÃÃo do conhecimento à validada. As distÃncias geogrÃficas que dificultam o acesso das pessoas Ãs vias dessa categoria de conhecimento podem ser reduzidas pela apropriaÃÃo dos meios tecnolÃgicos da informaÃÃo e da comunicaÃÃo. Mesmo tecnologias mais antigas, como à o caso do rÃdio, podem servir de suporte à elaboraÃÃo, traduÃÃo e veiculaÃÃo dessa sabedoria, sobretudo se for articulada a outras mais recentes, como a internet. O texto apresenta um estudo sobre uma experiÃncia do uso do rÃdio como uma ferramenta educativa no Assentamento Santana, no CearÃ. Os estudantes e educadores de Santana conduzem a programaÃÃo da radioescola, denominada RÃdio Cultura de Santana, produzindo mensagens a partir da discussÃo de temÃticas de interesse local. As fontes de informaÃÃo para a produÃÃo dessas mensagens sÃo acessadas por meio de entrevistas diretas com a comunidade do assentamento ou por meio de pesquisas pela internet. A comunidade participa da produÃÃo e da audiÃÃo da programaÃÃo, trocando saberes de naturezas distintas advindas da experiÃncia interna e das fontes escritas vindas de outros espaÃos, disponÃveis graÃas à interferÃncia e adaptaÃÃo tecnolÃgica. A base teÃrica do texto tem como linha mestra a teoria de Paulo Freire que trata da comunicaÃÃo dialÃgica, da leitura do mundo, da troca de saberes. Outros autores como Jesus Martin-Barbero, Adilson Citelli e MÃrio KaplÃn sÃo referÃncias nas reflexÃes sobre a relaÃÃo comunicaÃÃo e educaÃÃo, assim como Ãngela Kleyman, Marcuschi e Magda Soares aportam conhecimentos nas reflexÃes sobre o letramento. A metodologia utilizada à a Pesquisa Participativa, cujos instrumentos de coleta de dados exigiu a participaÃÃo ativa no cotidiano da comunidade por meio de entrevistas, observaÃÃo in loco, pesquisa documental e anÃlise das aÃÃes e depoimentos dos sujeitos da pesquisa. Os resultados da pesquisa apontam para transformaÃÃes observÃveis nos processos de aprendizagem e usos da leitura e da escrita, assim como alteraÃÃes nas prÃticas pedagÃgicas dos educadores do assentamento.