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Ensino de arte e feminismos : urdiduras entre relações de poder e resistênciasDias, Taís Ritter January 2017 (has links)
Esta pesquisa tem como objeto central de investigação a relação entre estudos de gênero e o ensino de artes visuais em escolas. A partir de um mergulho nas teorizações de Michel Foucault, especialmente em suas asserções quanto à dinâmica poder e resistência, bem como nas teorizações feministas de vertente pós-estruturalista (Guacira Louro, Judith Butler, Beatriz Preciado, Margareth Rago, Joan Scott), pergunta-se: como as abordagens feministas em relação às artes visuais podem alimentar práticas de resistência aos discursos hegemônicos envolvendo gênero que incidem sobre o ensino de arte? Para problematizar esta questão, a pesquisa realiza dois movimentos. O primeiro movimento consiste em um processo de contextualização em torno de alguns discursos e representações de gênero cristalizados no âmbito das artes visuais, na recente urdidura política que envolve gênero e educação e no ensino de arte. Neste sentido, lança mão de materialidades diversas: trabalhos artísticos, memes, documentários, relatos de cenas escolares, imagens e ditos variados. Estas materialidades dão a ver algumas das urgências na interface gênero e ensino de arte, mas também fazem despontar inúmeras práticas de resistência, enfrentamentos e recusas aos discursos hegemônicos. O segundo movimento, deu-se a partir de um levantamento de artigos que tratam de gênero e ensino de arte nos anais de dois eventos da área de arte e educação, o CONFAEB (Congresso Nacional da Federação de Arte-Educadores do Brasil) e os Encontros Nacionais da ANPAP (Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas) Perante os estudos pinçados de cada um dos eventos, foram feitas interrogações e análises que conjugam as considerações teórico-metodológicas extraídas da dinâmica poder/resistência do pensamento foucaultiano e a paisagem feminista pós-estruturalista, construída no percurso da pesquisa. Com isso, foi possível constatar, de um lado, as potencialidades das práticas descritas pelos/as autores/as, as estratégias diversas que podem ser empregadas na discussão do tema e, por outro lado, algumas armadilhas e riscos oriundos de certas abordagens. Por fim, tendo no horizonte todas as movimentações e análises realizadas na pesquisa, esboçam-se algumas possíveis intervenções feministas para o ensino de arte. Sugere-se que as discussões de gênero, não se limitem à inserção de artistas mulheres, ainda que esta seja uma demanda contínua. Propõe-se que se assuma uma postura de problematização em relação às abordagens e às narrativas criadas em todas as práticas docentes, às questões de gênero trazidas pelos/as próprios/as alunos/as, aos discursos do senso comum que ecoam pela escola. São pequenas e modestas intervenções cotidianas que, comprometidas com as relações de poder em que estão imersas, podem fazer vacilar discursos discriminatórios, racistas, misóginos e excludentes presentes na escola. / This research has, as a central research object, the relationship between gender studies and the teaching of visual arts in schools. From a dip in Michel Foucault's theorizations, especially in his assertions about dynamic power and resistance, as well as in post-structuralist feminist theorizations (Guacira Louro, Judith Butler, Beatriz Preciado, Margareth Rago, Joan Scott), we ask: How feminist approaches, in relation to the visual arts, can foster practices of resistance to the hegemonic discourses that affect the teaching of art? In order to problematize this question, the research makes two movements. The first movement consists of a process of contextualization around some crystallized discourses and representations of the visual arts, the recent political warfare that involves gender and education and the teaching of art. In this sense, it makes use of diverse materialities: artistic works, memes, documentaries, reports of school scenes, images and various sayings. These materialities show some of the urgencies in the interface genre and art teaching, but also bring out innumerable practices of resistance, confrontations and refusals to hegemonic discourses. The second movement occurred from a selection of articles dealing with gender and art education in the annals of two events in the area of art and education, the CONFAEB (National Congress of the Art-Educators Federation of Brazil) and the National Meetings of ANPAP (National Association of Researchers in Arts Plastic). Given the pinched studies of each of the events, interviews and analyzes were carried out combining the theoretical-methodological considerations drawn from the power / resistance dynamics of Foucaultian thought and the post-structuralist feminist landscape, built in the course of research. With this, it was possible to observe, on the one hand, the potentialities of the practices described by the authors, the different strategies that can be used in the discussion of the subject and, on the other hand, some pitfalls and risks arising from certain approaches. Finally, considering all the movements and analyzes carried out in the research, some possible feminist interventions for the teaching of art are outlined. It is suggested that gender discussions should not be limited to the inclusion of female artists, even if this is a continuous demand. It is proposed that a problematizing posture be adopted in relation to the approaches and narratives created in all teaching practices, the gender issues brought by the students themselves, the common-sense discourses that resonate with the school. They are small, modest daily interventions that, compromised by the power relations in which they are immersed, can wipe out discriminatory, racist, misogynist, and exclusionary discourses present in the school.
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Ensino de arte e feminismos : urdiduras entre relações de poder e resistênciasDias, Taís Ritter January 2017 (has links)
Esta pesquisa tem como objeto central de investigação a relação entre estudos de gênero e o ensino de artes visuais em escolas. A partir de um mergulho nas teorizações de Michel Foucault, especialmente em suas asserções quanto à dinâmica poder e resistência, bem como nas teorizações feministas de vertente pós-estruturalista (Guacira Louro, Judith Butler, Beatriz Preciado, Margareth Rago, Joan Scott), pergunta-se: como as abordagens feministas em relação às artes visuais podem alimentar práticas de resistência aos discursos hegemônicos envolvendo gênero que incidem sobre o ensino de arte? Para problematizar esta questão, a pesquisa realiza dois movimentos. O primeiro movimento consiste em um processo de contextualização em torno de alguns discursos e representações de gênero cristalizados no âmbito das artes visuais, na recente urdidura política que envolve gênero e educação e no ensino de arte. Neste sentido, lança mão de materialidades diversas: trabalhos artísticos, memes, documentários, relatos de cenas escolares, imagens e ditos variados. Estas materialidades dão a ver algumas das urgências na interface gênero e ensino de arte, mas também fazem despontar inúmeras práticas de resistência, enfrentamentos e recusas aos discursos hegemônicos. O segundo movimento, deu-se a partir de um levantamento de artigos que tratam de gênero e ensino de arte nos anais de dois eventos da área de arte e educação, o CONFAEB (Congresso Nacional da Federação de Arte-Educadores do Brasil) e os Encontros Nacionais da ANPAP (Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas) Perante os estudos pinçados de cada um dos eventos, foram feitas interrogações e análises que conjugam as considerações teórico-metodológicas extraídas da dinâmica poder/resistência do pensamento foucaultiano e a paisagem feminista pós-estruturalista, construída no percurso da pesquisa. Com isso, foi possível constatar, de um lado, as potencialidades das práticas descritas pelos/as autores/as, as estratégias diversas que podem ser empregadas na discussão do tema e, por outro lado, algumas armadilhas e riscos oriundos de certas abordagens. Por fim, tendo no horizonte todas as movimentações e análises realizadas na pesquisa, esboçam-se algumas possíveis intervenções feministas para o ensino de arte. Sugere-se que as discussões de gênero, não se limitem à inserção de artistas mulheres, ainda que esta seja uma demanda contínua. Propõe-se que se assuma uma postura de problematização em relação às abordagens e às narrativas criadas em todas as práticas docentes, às questões de gênero trazidas pelos/as próprios/as alunos/as, aos discursos do senso comum que ecoam pela escola. São pequenas e modestas intervenções cotidianas que, comprometidas com as relações de poder em que estão imersas, podem fazer vacilar discursos discriminatórios, racistas, misóginos e excludentes presentes na escola. / This research has, as a central research object, the relationship between gender studies and the teaching of visual arts in schools. From a dip in Michel Foucault's theorizations, especially in his assertions about dynamic power and resistance, as well as in post-structuralist feminist theorizations (Guacira Louro, Judith Butler, Beatriz Preciado, Margareth Rago, Joan Scott), we ask: How feminist approaches, in relation to the visual arts, can foster practices of resistance to the hegemonic discourses that affect the teaching of art? In order to problematize this question, the research makes two movements. The first movement consists of a process of contextualization around some crystallized discourses and representations of the visual arts, the recent political warfare that involves gender and education and the teaching of art. In this sense, it makes use of diverse materialities: artistic works, memes, documentaries, reports of school scenes, images and various sayings. These materialities show some of the urgencies in the interface genre and art teaching, but also bring out innumerable practices of resistance, confrontations and refusals to hegemonic discourses. The second movement occurred from a selection of articles dealing with gender and art education in the annals of two events in the area of art and education, the CONFAEB (National Congress of the Art-Educators Federation of Brazil) and the National Meetings of ANPAP (National Association of Researchers in Arts Plastic). Given the pinched studies of each of the events, interviews and analyzes were carried out combining the theoretical-methodological considerations drawn from the power / resistance dynamics of Foucaultian thought and the post-structuralist feminist landscape, built in the course of research. With this, it was possible to observe, on the one hand, the potentialities of the practices described by the authors, the different strategies that can be used in the discussion of the subject and, on the other hand, some pitfalls and risks arising from certain approaches. Finally, considering all the movements and analyzes carried out in the research, some possible feminist interventions for the teaching of art are outlined. It is suggested that gender discussions should not be limited to the inclusion of female artists, even if this is a continuous demand. It is proposed that a problematizing posture be adopted in relation to the approaches and narratives created in all teaching practices, the gender issues brought by the students themselves, the common-sense discourses that resonate with the school. They are small, modest daily interventions that, compromised by the power relations in which they are immersed, can wipe out discriminatory, racist, misogynist, and exclusionary discourses present in the school.
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Ensino de arte e feminismos : urdiduras entre relações de poder e resistênciasDias, Taís Ritter January 2017 (has links)
Esta pesquisa tem como objeto central de investigação a relação entre estudos de gênero e o ensino de artes visuais em escolas. A partir de um mergulho nas teorizações de Michel Foucault, especialmente em suas asserções quanto à dinâmica poder e resistência, bem como nas teorizações feministas de vertente pós-estruturalista (Guacira Louro, Judith Butler, Beatriz Preciado, Margareth Rago, Joan Scott), pergunta-se: como as abordagens feministas em relação às artes visuais podem alimentar práticas de resistência aos discursos hegemônicos envolvendo gênero que incidem sobre o ensino de arte? Para problematizar esta questão, a pesquisa realiza dois movimentos. O primeiro movimento consiste em um processo de contextualização em torno de alguns discursos e representações de gênero cristalizados no âmbito das artes visuais, na recente urdidura política que envolve gênero e educação e no ensino de arte. Neste sentido, lança mão de materialidades diversas: trabalhos artísticos, memes, documentários, relatos de cenas escolares, imagens e ditos variados. Estas materialidades dão a ver algumas das urgências na interface gênero e ensino de arte, mas também fazem despontar inúmeras práticas de resistência, enfrentamentos e recusas aos discursos hegemônicos. O segundo movimento, deu-se a partir de um levantamento de artigos que tratam de gênero e ensino de arte nos anais de dois eventos da área de arte e educação, o CONFAEB (Congresso Nacional da Federação de Arte-Educadores do Brasil) e os Encontros Nacionais da ANPAP (Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas) Perante os estudos pinçados de cada um dos eventos, foram feitas interrogações e análises que conjugam as considerações teórico-metodológicas extraídas da dinâmica poder/resistência do pensamento foucaultiano e a paisagem feminista pós-estruturalista, construída no percurso da pesquisa. Com isso, foi possível constatar, de um lado, as potencialidades das práticas descritas pelos/as autores/as, as estratégias diversas que podem ser empregadas na discussão do tema e, por outro lado, algumas armadilhas e riscos oriundos de certas abordagens. Por fim, tendo no horizonte todas as movimentações e análises realizadas na pesquisa, esboçam-se algumas possíveis intervenções feministas para o ensino de arte. Sugere-se que as discussões de gênero, não se limitem à inserção de artistas mulheres, ainda que esta seja uma demanda contínua. Propõe-se que se assuma uma postura de problematização em relação às abordagens e às narrativas criadas em todas as práticas docentes, às questões de gênero trazidas pelos/as próprios/as alunos/as, aos discursos do senso comum que ecoam pela escola. São pequenas e modestas intervenções cotidianas que, comprometidas com as relações de poder em que estão imersas, podem fazer vacilar discursos discriminatórios, racistas, misóginos e excludentes presentes na escola. / This research has, as a central research object, the relationship between gender studies and the teaching of visual arts in schools. From a dip in Michel Foucault's theorizations, especially in his assertions about dynamic power and resistance, as well as in post-structuralist feminist theorizations (Guacira Louro, Judith Butler, Beatriz Preciado, Margareth Rago, Joan Scott), we ask: How feminist approaches, in relation to the visual arts, can foster practices of resistance to the hegemonic discourses that affect the teaching of art? In order to problematize this question, the research makes two movements. The first movement consists of a process of contextualization around some crystallized discourses and representations of the visual arts, the recent political warfare that involves gender and education and the teaching of art. In this sense, it makes use of diverse materialities: artistic works, memes, documentaries, reports of school scenes, images and various sayings. These materialities show some of the urgencies in the interface genre and art teaching, but also bring out innumerable practices of resistance, confrontations and refusals to hegemonic discourses. The second movement occurred from a selection of articles dealing with gender and art education in the annals of two events in the area of art and education, the CONFAEB (National Congress of the Art-Educators Federation of Brazil) and the National Meetings of ANPAP (National Association of Researchers in Arts Plastic). Given the pinched studies of each of the events, interviews and analyzes were carried out combining the theoretical-methodological considerations drawn from the power / resistance dynamics of Foucaultian thought and the post-structuralist feminist landscape, built in the course of research. With this, it was possible to observe, on the one hand, the potentialities of the practices described by the authors, the different strategies that can be used in the discussion of the subject and, on the other hand, some pitfalls and risks arising from certain approaches. Finally, considering all the movements and analyzes carried out in the research, some possible feminist interventions for the teaching of art are outlined. It is suggested that gender discussions should not be limited to the inclusion of female artists, even if this is a continuous demand. It is proposed that a problematizing posture be adopted in relation to the approaches and narratives created in all teaching practices, the gender issues brought by the students themselves, the common-sense discourses that resonate with the school. They are small, modest daily interventions that, compromised by the power relations in which they are immersed, can wipe out discriminatory, racist, misogynist, and exclusionary discourses present in the school.
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Cidade e direitos humanos : o comum como exercício ético da vida urbanaReis, Carolina dos January 2017 (has links)
Esse estudo parte da problemática da moradia no Brasil para pensar o modo como temos construídos as políticas de gestão do espaço urbano. Desde 2009 acompanhamos o aumento das práticas de remoção, impulsionadas pela demanda de organização do país para a Copa do Mundo de Futebol de 2014. Esse cenário agrava-se pelo fato de que, de maneira geral, as famílias removidas são oriundas das comunidades mais pauperizadas, habitantes informais de um modelo de cidade que os exclui da possibilidade de acesso a moradia legal. Tomamos como campo de pesquisa a remoção de 1500 famílias para ampliação da Avenida Tronco na cidade de Porto Alegre. Nesse contexto proliferam-se denúncias, promovidas por coletivos de militância, de violações de direitos humanos por parte dos gestores na execução das obras. No entanto, essa gramática dos direitos vai ser igualmente utilizada pela Prefeitura Municipal como forma de justificar e legitimar a demanda de retirada dos moradores dos locais das obras. Desta forma, os direitos se constituem como uma ferramenta privilegiada por meio da qual tanto os gestores, quanto os militantes buscam engajar os moradores atingidos pelas obras, bem como dos demais habitantes da cidade em determinados modos de compreender e se relacionar com ela, com a moradia, com a remoção, com os movimentos contestatórios e entre nós. Nesse sentido, inspirados na concepção foucaultiana de dispositivos, buscamos nos colocar sobre as linhas de visibilidade e dizibilidade produzidas pelos discursos dos direitos humanos em meio à essas disputas, para compreender como esses discursos incidem sobre os modos como habitamos as cidades e nos colocamos frente aos modos de gestão do território e da vida urbana. Assim, tomamos como material de análise documentos produzidos pela Prefeitura Municipal e pelos movimentos sociais, tais como vídeos de audiências públicas, relatórios técnicos, atas das reuniões nas comunidades atingidas e dossiês de denúncias de violações de direitos. Além disso, no intuito de nos aproximarmos de outras formas de compreender e habitar as cidades, que extrapolam aqueles propostos pelas linhas de visibilidade dos grandes enunciados dos direitos humanos, realizamos entrevistas com as famílias que estão sendo removidas, lideranças comunitárias, funcionários da prefeitura municipal e vereadores envolvidos no reassentamento. Essas análises evidenciam a forma como a urbanização da cidade e, nesse contexto, mais especificamente da Avenida Tronco, opera no disciplinamento das ruas e dos corpos, trazendo estes para as zonas de luminosidade e legalidade da cidade. Os direitos serão a ferramenta de disputa, de inclusão, exclusão e de controle do trânsito entre essas zonas. As práticas de remoção vão se constituir como formas de promoção de uma inclusão condicionada e fragmentária. São práticas que não irão se colocar no enfrentamento das desigualdades de acesso à moradia e à cidade, mas que servem para a gestão da pobreza, para sua submissão à lógica Estatal e para o azeitamento logicado sistema capitalista de produção das cidades e dos modos como vivemos nelas. O medo, a insegurança, a precariedade das condições de vida serão elementos fundamentais para a aceitabilidade das ações Estatais por parte dos citadinos. O discurso do acesso a direitos contribui para o engajamento da população nessa relação de aceitabilidade, pois são a promessa, ainda que por vezes falaciosa, da possibilidade de acesso à uma vida mais segura. Entretanto, eles são também veículo de manutenção de relações de dominação e de desigualdade nas cidades. Por outro lado, vemos a proliferação de formas de viver que escapam à essas tentativas de normatização, não necessariamente em uma atitude de oposição a elas, mas antes de indiferença e displicência, por operarem a partir de outros agenciamentos do desejo. Nesse sentido trazemos o conceito de comum, articulado à discussão sobre o direito à cidade, como possibilidade de construção de uma nova gramática de proposição ética de modos gestão do território e da vida urbana, que extrapola a lógica individualista presente em meio as Declarações de direito e investe em um agenciamento das singularidades e diferenças nas cidades. / This study draws upon the problematic of housing in Brazil to think the way policies of urban space management are constructed. Since 2009 we have been following the increase in practices of displacement, driven by the demand of Brazilian’s organization for the 2014 Football World Cup. This scenario is worsened by the fact that, in general, the families removed come from impoverished communities, informal inhabitants of a model of city that excludes them from the possibility of access to legal housing. Hence this thesis takes as a field of research the displacement of 1500 families for the expansion of Avenida Tronco in the city of Porto Alegre. In this context, militancy collective groups proliferate a series of indictments regarding human rights violations perpetrated by executive managers of the construction works. However, this grammar of human rights is equally used by Porto Alegre’s City Hall as a way of justifying and legitimizing the removal of local residents within construction sites. In this sense, human rights constitute a privileged tool through which both groups – managers and militants – try to obtain the engagement of residents towards a certain way of understanding and relating to the city and its problematic: housing matters, displacement practices, protest movements and even how to relate amongst ourselves. This process affects not only those harassed by the construction sites, as every other inhabitant of the city. Inspired by foucauldian concept of apparatus, we place ourselves on the lines of visibility and utterance produced by human rights discourses in the midst of these disputes. We do it so in order to understand how these discourses produce ways of inhabit cities, we put ourselves ahead of territory and urban life management mechanisms. As analytical material, it is taken documents produced by both Municipal Government and social movements, such as videos of public hearings, technical reports, minutes of meetings from affected communities and files of human rights violations formal complaints. In addition, in order to get closer to other ways of understanding and inhabiting cities, which extrapolate those proposed by lines of visibility of human rights leading narratives, we conducted interviews with families who were being removed, community leaders, municipal officials and councilmen involved in the resettlement. These analyses show how urbanization of a city and, in this context, more specifically of Avenida Tronco, operates in the disciplining of streets and bodies, bringing them to the areas of luminosity and legality of a city. Human rights are the tool of dispute, inclusion, exclusion and traffic control between these zones. Displacement practices constitute a way of promoting fragmented and conditioned inclusion. These are practices unwilling to serve as a confrontation line towards inequalities, specially those regarding equal access to housing and to the city. Displacement practices serve, therefore, to the management of poverty, its submission towards State logic and to the logical ease of the capitalist system of production of cities and the ways we live in them. Fear, insecurity, and the precariousness of living conditions will be fundamental elements for the acceptability of State actions by city dwellers. The discourse of access to rights contributes to the engagement of the population in this relation of acceptability, since they are the promise, albeit sometimes fallacious, of the possibility of access to a safer life. On the one hand, they are also a vehicle for maintaining relations of domination and inequality in cities. On the other, however, we see the proliferation of forms of living that escape these attempts of normalization, not necessarily in an attitude of opposition to them, but rather of indifference and disgruntlement, since they operate through other agencies of desire. Irrevocably, we bring the concept of common, articulated to the discussion about the right to the city, as a possibility for constructing a new grammar of ethical proposition of territorial and urban life management means, which extrapolates the individualistic logic existent in declarations of rights documents and invests in an agency of singularities and differences in the cities. / Este estudio parte de la problemática de la vivienda en Brasil para pensar los modos como hemos construido las políticas de gestión del espacio urbano. Desde 2009 hemos acompañado el aumento de las prácticas de remoción, estimuladas por la demanda de organización del país para el Mundial de Fútbol de 2014. Ese escenario agravase por el hecho de que, de manera general, las familias removidas son oriundas de comunidades más empobrecidas, residentes informales de un modelo de ciudad que los excluye de la posibilidad de acceso a la vivienda formal. Hemos tomado como campo de pesquisa la remoción de 1500 familias para la ampliación de la Avenida Tronco en la ciudad de Porto Alegre. En ese contexto se proliferan denuncias, promovidas por colectivos de militancia, de violaciones de derechos humanos por parte de los gestores en la ejecución de las obras. Sin embargo, esa gramática de los derechos es igualmente utilizada por la Intendencia Municipal a fines de justificar y legitimar la demanda de retirada de los residentes de estas regiones. De esta forma, los derechos se constituyen como una herramienta privilegiada por la cual tanto los gestores cuanto los militantes buscan engranar los moradores atingidos por las obras, así como los demás residentes de la ciudad en determinados modos de comprender y relacionarse con ella, con la vivienda, con la remoción, con los movimientos de protestas y entre nosotros. En ese sentido, inspirados por la concepción foucaultiana de dispositivos, buscamos colocarnos sobre las líneas de visibilidad y decibilidad producidas por los discursos de los derechos humanos en medio a esas disputas, para comprender como esos discursos inciden sobre los modos como habitamos las ciudades y nos colocamos frente a los modos de gestión del territorio y de la vida urbana. Así hemos tomado como material de análisis documentos producidos por la Intendencia Municipal y por los movimientos sociales, como videos de audiciones públicas, informes técnicos, atas de reuniones en las comunidades que serán reubicadas y expedientes de denuncias de violaciones de derechos. Además, con el intento de aproximación de otras formas de comprender y habitar las ciudades, que extrapolan aquellos propuestos por las líneas de visibilidad de los grandes enunciados de los derechos humanos, hemos realizado entrevistas con las familias que están siendo removidas, líderes comunitarios, funcionarios de la Intendencia Municipal y concejales involucrados en la reubicación. Esos análisis evidencian la forma como la urbanización de la ciudad y, en ese contexto, más específicamente de la Avenida Tronco, opera en el disciplinamiento de las calles y de los cuerpos, trayendo estos para las zonas de luminosidad y legalidad de la ciudad. Los derechos son herramientas de disputa, inclusión, exclusión y control de la circulación entre estas zonas. Las prácticas de remoción se constituyen como formas de promoción de una inclusión condicionada y fragmentaria. Son prácticas que no se colocan en el enfrentamiento de las desigualdades de acceso a la vivienda y a la ciudad, pero que sirven para la gestión de la pobreza, para la sumisión frente a la lógica estatal y para la manutención del sistema capitalista de producción de ciudades y de los modos de vivir en ellas. El miedo, la inseguridad, la precariedad de las condiciones de vida van a ser elementos fundamentales para la aceptabilidad de las acciones estatales por parte de los citadinos. El discurso de acceso a los derechos contribuye para el compromiso de la población en esa relación de aceptabilidad, pues es la promesa, aunque por veces equivocada, de la posibilidad de acceso a una vida más segura. No obstante, ellos son también vehículo de manutención de relaciones de dominación y de desigualdad en las ciudades. Por otro lado, hemos visto la proliferación de formas de vivir que escapan a esas tentativas de normalización, no necesariamente en una actitud de oposición a ellas, pero antes de indiferencia y displicencia, por operaren a partir de otras agencias del deseo. En ese sentido, traemos el concepto del común, articulado a la discusión sobre el derecho a la ciudad, como posibilidad de construcción de una nueva gramática de proposición ética de modos de gestión del territorio y de la vida urbana, que extrapola la lógica individualista presente en medio a las Declaraciones de derecho y invierte en una agencia de las singularidades y diferencias en las ciudades.
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Cidade e direitos humanos : o comum como exercício ético da vida urbanaReis, Carolina dos January 2017 (has links)
Esse estudo parte da problemática da moradia no Brasil para pensar o modo como temos construídos as políticas de gestão do espaço urbano. Desde 2009 acompanhamos o aumento das práticas de remoção, impulsionadas pela demanda de organização do país para a Copa do Mundo de Futebol de 2014. Esse cenário agrava-se pelo fato de que, de maneira geral, as famílias removidas são oriundas das comunidades mais pauperizadas, habitantes informais de um modelo de cidade que os exclui da possibilidade de acesso a moradia legal. Tomamos como campo de pesquisa a remoção de 1500 famílias para ampliação da Avenida Tronco na cidade de Porto Alegre. Nesse contexto proliferam-se denúncias, promovidas por coletivos de militância, de violações de direitos humanos por parte dos gestores na execução das obras. No entanto, essa gramática dos direitos vai ser igualmente utilizada pela Prefeitura Municipal como forma de justificar e legitimar a demanda de retirada dos moradores dos locais das obras. Desta forma, os direitos se constituem como uma ferramenta privilegiada por meio da qual tanto os gestores, quanto os militantes buscam engajar os moradores atingidos pelas obras, bem como dos demais habitantes da cidade em determinados modos de compreender e se relacionar com ela, com a moradia, com a remoção, com os movimentos contestatórios e entre nós. Nesse sentido, inspirados na concepção foucaultiana de dispositivos, buscamos nos colocar sobre as linhas de visibilidade e dizibilidade produzidas pelos discursos dos direitos humanos em meio à essas disputas, para compreender como esses discursos incidem sobre os modos como habitamos as cidades e nos colocamos frente aos modos de gestão do território e da vida urbana. Assim, tomamos como material de análise documentos produzidos pela Prefeitura Municipal e pelos movimentos sociais, tais como vídeos de audiências públicas, relatórios técnicos, atas das reuniões nas comunidades atingidas e dossiês de denúncias de violações de direitos. Além disso, no intuito de nos aproximarmos de outras formas de compreender e habitar as cidades, que extrapolam aqueles propostos pelas linhas de visibilidade dos grandes enunciados dos direitos humanos, realizamos entrevistas com as famílias que estão sendo removidas, lideranças comunitárias, funcionários da prefeitura municipal e vereadores envolvidos no reassentamento. Essas análises evidenciam a forma como a urbanização da cidade e, nesse contexto, mais especificamente da Avenida Tronco, opera no disciplinamento das ruas e dos corpos, trazendo estes para as zonas de luminosidade e legalidade da cidade. Os direitos serão a ferramenta de disputa, de inclusão, exclusão e de controle do trânsito entre essas zonas. As práticas de remoção vão se constituir como formas de promoção de uma inclusão condicionada e fragmentária. São práticas que não irão se colocar no enfrentamento das desigualdades de acesso à moradia e à cidade, mas que servem para a gestão da pobreza, para sua submissão à lógica Estatal e para o azeitamento logicado sistema capitalista de produção das cidades e dos modos como vivemos nelas. O medo, a insegurança, a precariedade das condições de vida serão elementos fundamentais para a aceitabilidade das ações Estatais por parte dos citadinos. O discurso do acesso a direitos contribui para o engajamento da população nessa relação de aceitabilidade, pois são a promessa, ainda que por vezes falaciosa, da possibilidade de acesso à uma vida mais segura. Entretanto, eles são também veículo de manutenção de relações de dominação e de desigualdade nas cidades. Por outro lado, vemos a proliferação de formas de viver que escapam à essas tentativas de normatização, não necessariamente em uma atitude de oposição a elas, mas antes de indiferença e displicência, por operarem a partir de outros agenciamentos do desejo. Nesse sentido trazemos o conceito de comum, articulado à discussão sobre o direito à cidade, como possibilidade de construção de uma nova gramática de proposição ética de modos gestão do território e da vida urbana, que extrapola a lógica individualista presente em meio as Declarações de direito e investe em um agenciamento das singularidades e diferenças nas cidades. / This study draws upon the problematic of housing in Brazil to think the way policies of urban space management are constructed. Since 2009 we have been following the increase in practices of displacement, driven by the demand of Brazilian’s organization for the 2014 Football World Cup. This scenario is worsened by the fact that, in general, the families removed come from impoverished communities, informal inhabitants of a model of city that excludes them from the possibility of access to legal housing. Hence this thesis takes as a field of research the displacement of 1500 families for the expansion of Avenida Tronco in the city of Porto Alegre. In this context, militancy collective groups proliferate a series of indictments regarding human rights violations perpetrated by executive managers of the construction works. However, this grammar of human rights is equally used by Porto Alegre’s City Hall as a way of justifying and legitimizing the removal of local residents within construction sites. In this sense, human rights constitute a privileged tool through which both groups – managers and militants – try to obtain the engagement of residents towards a certain way of understanding and relating to the city and its problematic: housing matters, displacement practices, protest movements and even how to relate amongst ourselves. This process affects not only those harassed by the construction sites, as every other inhabitant of the city. Inspired by foucauldian concept of apparatus, we place ourselves on the lines of visibility and utterance produced by human rights discourses in the midst of these disputes. We do it so in order to understand how these discourses produce ways of inhabit cities, we put ourselves ahead of territory and urban life management mechanisms. As analytical material, it is taken documents produced by both Municipal Government and social movements, such as videos of public hearings, technical reports, minutes of meetings from affected communities and files of human rights violations formal complaints. In addition, in order to get closer to other ways of understanding and inhabiting cities, which extrapolate those proposed by lines of visibility of human rights leading narratives, we conducted interviews with families who were being removed, community leaders, municipal officials and councilmen involved in the resettlement. These analyses show how urbanization of a city and, in this context, more specifically of Avenida Tronco, operates in the disciplining of streets and bodies, bringing them to the areas of luminosity and legality of a city. Human rights are the tool of dispute, inclusion, exclusion and traffic control between these zones. Displacement practices constitute a way of promoting fragmented and conditioned inclusion. These are practices unwilling to serve as a confrontation line towards inequalities, specially those regarding equal access to housing and to the city. Displacement practices serve, therefore, to the management of poverty, its submission towards State logic and to the logical ease of the capitalist system of production of cities and the ways we live in them. Fear, insecurity, and the precariousness of living conditions will be fundamental elements for the acceptability of State actions by city dwellers. The discourse of access to rights contributes to the engagement of the population in this relation of acceptability, since they are the promise, albeit sometimes fallacious, of the possibility of access to a safer life. On the one hand, they are also a vehicle for maintaining relations of domination and inequality in cities. On the other, however, we see the proliferation of forms of living that escape these attempts of normalization, not necessarily in an attitude of opposition to them, but rather of indifference and disgruntlement, since they operate through other agencies of desire. Irrevocably, we bring the concept of common, articulated to the discussion about the right to the city, as a possibility for constructing a new grammar of ethical proposition of territorial and urban life management means, which extrapolates the individualistic logic existent in declarations of rights documents and invests in an agency of singularities and differences in the cities. / Este estudio parte de la problemática de la vivienda en Brasil para pensar los modos como hemos construido las políticas de gestión del espacio urbano. Desde 2009 hemos acompañado el aumento de las prácticas de remoción, estimuladas por la demanda de organización del país para el Mundial de Fútbol de 2014. Ese escenario agravase por el hecho de que, de manera general, las familias removidas son oriundas de comunidades más empobrecidas, residentes informales de un modelo de ciudad que los excluye de la posibilidad de acceso a la vivienda formal. Hemos tomado como campo de pesquisa la remoción de 1500 familias para la ampliación de la Avenida Tronco en la ciudad de Porto Alegre. En ese contexto se proliferan denuncias, promovidas por colectivos de militancia, de violaciones de derechos humanos por parte de los gestores en la ejecución de las obras. Sin embargo, esa gramática de los derechos es igualmente utilizada por la Intendencia Municipal a fines de justificar y legitimar la demanda de retirada de los residentes de estas regiones. De esta forma, los derechos se constituyen como una herramienta privilegiada por la cual tanto los gestores cuanto los militantes buscan engranar los moradores atingidos por las obras, así como los demás residentes de la ciudad en determinados modos de comprender y relacionarse con ella, con la vivienda, con la remoción, con los movimientos de protestas y entre nosotros. En ese sentido, inspirados por la concepción foucaultiana de dispositivos, buscamos colocarnos sobre las líneas de visibilidad y decibilidad producidas por los discursos de los derechos humanos en medio a esas disputas, para comprender como esos discursos inciden sobre los modos como habitamos las ciudades y nos colocamos frente a los modos de gestión del territorio y de la vida urbana. Así hemos tomado como material de análisis documentos producidos por la Intendencia Municipal y por los movimientos sociales, como videos de audiciones públicas, informes técnicos, atas de reuniones en las comunidades que serán reubicadas y expedientes de denuncias de violaciones de derechos. Además, con el intento de aproximación de otras formas de comprender y habitar las ciudades, que extrapolan aquellos propuestos por las líneas de visibilidad de los grandes enunciados de los derechos humanos, hemos realizado entrevistas con las familias que están siendo removidas, líderes comunitarios, funcionarios de la Intendencia Municipal y concejales involucrados en la reubicación. Esos análisis evidencian la forma como la urbanización de la ciudad y, en ese contexto, más específicamente de la Avenida Tronco, opera en el disciplinamiento de las calles y de los cuerpos, trayendo estos para las zonas de luminosidad y legalidad de la ciudad. Los derechos son herramientas de disputa, inclusión, exclusión y control de la circulación entre estas zonas. Las prácticas de remoción se constituyen como formas de promoción de una inclusión condicionada y fragmentaria. Son prácticas que no se colocan en el enfrentamiento de las desigualdades de acceso a la vivienda y a la ciudad, pero que sirven para la gestión de la pobreza, para la sumisión frente a la lógica estatal y para la manutención del sistema capitalista de producción de ciudades y de los modos de vivir en ellas. El miedo, la inseguridad, la precariedad de las condiciones de vida van a ser elementos fundamentales para la aceptabilidad de las acciones estatales por parte de los citadinos. El discurso de acceso a los derechos contribuye para el compromiso de la población en esa relación de aceptabilidad, pues es la promesa, aunque por veces equivocada, de la posibilidad de acceso a una vida más segura. No obstante, ellos son también vehículo de manutención de relaciones de dominación y de desigualdad en las ciudades. Por otro lado, hemos visto la proliferación de formas de vivir que escapan a esas tentativas de normalización, no necesariamente en una actitud de oposición a ellas, pero antes de indiferencia y displicencia, por operaren a partir de otras agencias del deseo. En ese sentido, traemos el concepto del común, articulado a la discusión sobre el derecho a la ciudad, como posibilidad de construcción de una nueva gramática de proposición ética de modos de gestión del territorio y de la vida urbana, que extrapola la lógica individualista presente en medio a las Declaraciones de derecho y invierte en una agencia de las singularidades y diferencias en las ciudades.
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Cidade e direitos humanos : o comum como exercício ético da vida urbanaReis, Carolina dos January 2017 (has links)
Esse estudo parte da problemática da moradia no Brasil para pensar o modo como temos construídos as políticas de gestão do espaço urbano. Desde 2009 acompanhamos o aumento das práticas de remoção, impulsionadas pela demanda de organização do país para a Copa do Mundo de Futebol de 2014. Esse cenário agrava-se pelo fato de que, de maneira geral, as famílias removidas são oriundas das comunidades mais pauperizadas, habitantes informais de um modelo de cidade que os exclui da possibilidade de acesso a moradia legal. Tomamos como campo de pesquisa a remoção de 1500 famílias para ampliação da Avenida Tronco na cidade de Porto Alegre. Nesse contexto proliferam-se denúncias, promovidas por coletivos de militância, de violações de direitos humanos por parte dos gestores na execução das obras. No entanto, essa gramática dos direitos vai ser igualmente utilizada pela Prefeitura Municipal como forma de justificar e legitimar a demanda de retirada dos moradores dos locais das obras. Desta forma, os direitos se constituem como uma ferramenta privilegiada por meio da qual tanto os gestores, quanto os militantes buscam engajar os moradores atingidos pelas obras, bem como dos demais habitantes da cidade em determinados modos de compreender e se relacionar com ela, com a moradia, com a remoção, com os movimentos contestatórios e entre nós. Nesse sentido, inspirados na concepção foucaultiana de dispositivos, buscamos nos colocar sobre as linhas de visibilidade e dizibilidade produzidas pelos discursos dos direitos humanos em meio à essas disputas, para compreender como esses discursos incidem sobre os modos como habitamos as cidades e nos colocamos frente aos modos de gestão do território e da vida urbana. Assim, tomamos como material de análise documentos produzidos pela Prefeitura Municipal e pelos movimentos sociais, tais como vídeos de audiências públicas, relatórios técnicos, atas das reuniões nas comunidades atingidas e dossiês de denúncias de violações de direitos. Além disso, no intuito de nos aproximarmos de outras formas de compreender e habitar as cidades, que extrapolam aqueles propostos pelas linhas de visibilidade dos grandes enunciados dos direitos humanos, realizamos entrevistas com as famílias que estão sendo removidas, lideranças comunitárias, funcionários da prefeitura municipal e vereadores envolvidos no reassentamento. Essas análises evidenciam a forma como a urbanização da cidade e, nesse contexto, mais especificamente da Avenida Tronco, opera no disciplinamento das ruas e dos corpos, trazendo estes para as zonas de luminosidade e legalidade da cidade. Os direitos serão a ferramenta de disputa, de inclusão, exclusão e de controle do trânsito entre essas zonas. As práticas de remoção vão se constituir como formas de promoção de uma inclusão condicionada e fragmentária. São práticas que não irão se colocar no enfrentamento das desigualdades de acesso à moradia e à cidade, mas que servem para a gestão da pobreza, para sua submissão à lógica Estatal e para o azeitamento logicado sistema capitalista de produção das cidades e dos modos como vivemos nelas. O medo, a insegurança, a precariedade das condições de vida serão elementos fundamentais para a aceitabilidade das ações Estatais por parte dos citadinos. O discurso do acesso a direitos contribui para o engajamento da população nessa relação de aceitabilidade, pois são a promessa, ainda que por vezes falaciosa, da possibilidade de acesso à uma vida mais segura. Entretanto, eles são também veículo de manutenção de relações de dominação e de desigualdade nas cidades. Por outro lado, vemos a proliferação de formas de viver que escapam à essas tentativas de normatização, não necessariamente em uma atitude de oposição a elas, mas antes de indiferença e displicência, por operarem a partir de outros agenciamentos do desejo. Nesse sentido trazemos o conceito de comum, articulado à discussão sobre o direito à cidade, como possibilidade de construção de uma nova gramática de proposição ética de modos gestão do território e da vida urbana, que extrapola a lógica individualista presente em meio as Declarações de direito e investe em um agenciamento das singularidades e diferenças nas cidades. / This study draws upon the problematic of housing in Brazil to think the way policies of urban space management are constructed. Since 2009 we have been following the increase in practices of displacement, driven by the demand of Brazilian’s organization for the 2014 Football World Cup. This scenario is worsened by the fact that, in general, the families removed come from impoverished communities, informal inhabitants of a model of city that excludes them from the possibility of access to legal housing. Hence this thesis takes as a field of research the displacement of 1500 families for the expansion of Avenida Tronco in the city of Porto Alegre. In this context, militancy collective groups proliferate a series of indictments regarding human rights violations perpetrated by executive managers of the construction works. However, this grammar of human rights is equally used by Porto Alegre’s City Hall as a way of justifying and legitimizing the removal of local residents within construction sites. In this sense, human rights constitute a privileged tool through which both groups – managers and militants – try to obtain the engagement of residents towards a certain way of understanding and relating to the city and its problematic: housing matters, displacement practices, protest movements and even how to relate amongst ourselves. This process affects not only those harassed by the construction sites, as every other inhabitant of the city. Inspired by foucauldian concept of apparatus, we place ourselves on the lines of visibility and utterance produced by human rights discourses in the midst of these disputes. We do it so in order to understand how these discourses produce ways of inhabit cities, we put ourselves ahead of territory and urban life management mechanisms. As analytical material, it is taken documents produced by both Municipal Government and social movements, such as videos of public hearings, technical reports, minutes of meetings from affected communities and files of human rights violations formal complaints. In addition, in order to get closer to other ways of understanding and inhabiting cities, which extrapolate those proposed by lines of visibility of human rights leading narratives, we conducted interviews with families who were being removed, community leaders, municipal officials and councilmen involved in the resettlement. These analyses show how urbanization of a city and, in this context, more specifically of Avenida Tronco, operates in the disciplining of streets and bodies, bringing them to the areas of luminosity and legality of a city. Human rights are the tool of dispute, inclusion, exclusion and traffic control between these zones. Displacement practices constitute a way of promoting fragmented and conditioned inclusion. These are practices unwilling to serve as a confrontation line towards inequalities, specially those regarding equal access to housing and to the city. Displacement practices serve, therefore, to the management of poverty, its submission towards State logic and to the logical ease of the capitalist system of production of cities and the ways we live in them. Fear, insecurity, and the precariousness of living conditions will be fundamental elements for the acceptability of State actions by city dwellers. The discourse of access to rights contributes to the engagement of the population in this relation of acceptability, since they are the promise, albeit sometimes fallacious, of the possibility of access to a safer life. On the one hand, they are also a vehicle for maintaining relations of domination and inequality in cities. On the other, however, we see the proliferation of forms of living that escape these attempts of normalization, not necessarily in an attitude of opposition to them, but rather of indifference and disgruntlement, since they operate through other agencies of desire. Irrevocably, we bring the concept of common, articulated to the discussion about the right to the city, as a possibility for constructing a new grammar of ethical proposition of territorial and urban life management means, which extrapolates the individualistic logic existent in declarations of rights documents and invests in an agency of singularities and differences in the cities. / Este estudio parte de la problemática de la vivienda en Brasil para pensar los modos como hemos construido las políticas de gestión del espacio urbano. Desde 2009 hemos acompañado el aumento de las prácticas de remoción, estimuladas por la demanda de organización del país para el Mundial de Fútbol de 2014. Ese escenario agravase por el hecho de que, de manera general, las familias removidas son oriundas de comunidades más empobrecidas, residentes informales de un modelo de ciudad que los excluye de la posibilidad de acceso a la vivienda formal. Hemos tomado como campo de pesquisa la remoción de 1500 familias para la ampliación de la Avenida Tronco en la ciudad de Porto Alegre. En ese contexto se proliferan denuncias, promovidas por colectivos de militancia, de violaciones de derechos humanos por parte de los gestores en la ejecución de las obras. Sin embargo, esa gramática de los derechos es igualmente utilizada por la Intendencia Municipal a fines de justificar y legitimar la demanda de retirada de los residentes de estas regiones. De esta forma, los derechos se constituyen como una herramienta privilegiada por la cual tanto los gestores cuanto los militantes buscan engranar los moradores atingidos por las obras, así como los demás residentes de la ciudad en determinados modos de comprender y relacionarse con ella, con la vivienda, con la remoción, con los movimientos de protestas y entre nosotros. En ese sentido, inspirados por la concepción foucaultiana de dispositivos, buscamos colocarnos sobre las líneas de visibilidad y decibilidad producidas por los discursos de los derechos humanos en medio a esas disputas, para comprender como esos discursos inciden sobre los modos como habitamos las ciudades y nos colocamos frente a los modos de gestión del territorio y de la vida urbana. Así hemos tomado como material de análisis documentos producidos por la Intendencia Municipal y por los movimientos sociales, como videos de audiciones públicas, informes técnicos, atas de reuniones en las comunidades que serán reubicadas y expedientes de denuncias de violaciones de derechos. Además, con el intento de aproximación de otras formas de comprender y habitar las ciudades, que extrapolan aquellos propuestos por las líneas de visibilidad de los grandes enunciados de los derechos humanos, hemos realizado entrevistas con las familias que están siendo removidas, líderes comunitarios, funcionarios de la Intendencia Municipal y concejales involucrados en la reubicación. Esos análisis evidencian la forma como la urbanización de la ciudad y, en ese contexto, más específicamente de la Avenida Tronco, opera en el disciplinamiento de las calles y de los cuerpos, trayendo estos para las zonas de luminosidad y legalidad de la ciudad. Los derechos son herramientas de disputa, inclusión, exclusión y control de la circulación entre estas zonas. Las prácticas de remoción se constituyen como formas de promoción de una inclusión condicionada y fragmentaria. Son prácticas que no se colocan en el enfrentamiento de las desigualdades de acceso a la vivienda y a la ciudad, pero que sirven para la gestión de la pobreza, para la sumisión frente a la lógica estatal y para la manutención del sistema capitalista de producción de ciudades y de los modos de vivir en ellas. El miedo, la inseguridad, la precariedad de las condiciones de vida van a ser elementos fundamentales para la aceptabilidad de las acciones estatales por parte de los citadinos. El discurso de acceso a los derechos contribuye para el compromiso de la población en esa relación de aceptabilidad, pues es la promesa, aunque por veces equivocada, de la posibilidad de acceso a una vida más segura. No obstante, ellos son también vehículo de manutención de relaciones de dominación y de desigualdad en las ciudades. Por otro lado, hemos visto la proliferación de formas de vivir que escapan a esas tentativas de normalización, no necesariamente en una actitud de oposición a ellas, pero antes de indiferencia y displicencia, por operaren a partir de otras agencias del deseo. En ese sentido, traemos el concepto del común, articulado a la discusión sobre el derecho a la ciudad, como posibilidad de construcción de una nueva gramática de proposición ética de modos de gestión del territorio y de la vida urbana, que extrapola la lógica individualista presente en medio a las Declaraciones de derecho y invierte en una agencia de las singularidades y diferencias en las ciudades.
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[en] SPATIAL TRANSFORMATIONS AND SPATIAL RESISTANCE PRACTICES IN THE SURROUNDINGS OF THE METROPOLITAN ARCH OF RIO DE JANEIRO: THE STRUGGLE OF VILA DE CAVA, MARAJOARA AND SOL DA MANHÃ COMMUNITIES FOR REMAINING IN THE LAND / [pt] TRANSFORMAÇÕES ESPACIAIS E PRÁTICAS ESPACIAIS DE RESISTÊNCIA NO ENTORNO DO ARCO METROPOLITANO DO RIO DE JANEIRO: A LUTA DAS COMUNIDADES VILA DE CAVA, MARAJOARA E SOL DA MANHÃ PELA PERMANÊNCIA NA TERRAVICTOR TINOCO DE SOUZA 09 February 2021 (has links)
[pt] Resistência pode ser compreendida por sua concepção polissêmica em termos políticos, científicos e sociais, bem como pelas forças de ação dos sujeitos em suas diversas lutas. Para este trabalho de tese, buscamos compreender a resistência a partir das práticas espaciais dos sujeitos afetados direta e indiretamente pela territorialização do capital, que pode ser concebida por algumas abordagens como desenvolvimento, mas, de fato, os expulsa de seus espaços de vida para dar lugar a um aparato técnico social, constituindo uma intervenção na organização espacial desses lugares onde dadas territorialidades são negadas, cooptadas, ou de onde são expulsas. A luta se manifesta contra a desterritorialização e a exclusão territorial dos sujeitos subalternos, mostrando-nos que a territorialização do capital leva ao surgimento do que denominamos práticas espaciais de resistência. Nesse sentido, estudamos os conflitos que emergiram ao longo do eixo do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro, obra infraestrutural do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), inaugurada em 2014. O Arco propôs uma nova dinâmica espacial para o espaço metropolitano do Rio de Janeiro, especialmente para a região conhecida como Baixada Fluminense, onde passa grande parte da extensão do Arco (71km) e foi produzida uma série de remoções e conflitos em suas adjacências no decorrer da obra pela territorialização dos investimentos logístico-industriais. Tomamos como área de estudo das manifestações das práticas espaciais de resistência três comunidades da Baixada Fluminense afetadas pela implantação do Arco Metropolitano: os casos das comunidades de Vila de Cava, em Nova Iguaçu; Marajoara, em Japeri; e Sol da Manhã, em Seropédica. As três foram atingidas direta ou indiretamente pelo Arco Metropolitano, tanto pela obra em si quanto pelos capitais que se territorializaram devido às condições do baixo preço da terra, da localização estratégica para logística e dos incentivos ficais concedidos pelas respectivas prefeituras e pelo governo do estado do Rio de Janeiro, que promoveram expulsões diretas e brancas dessas comunidades. Partimos da tese de que as práticas espaciais de resistência, ao mesmo tempo que se integram, expressam o movimento contra o processo de desterritorialização provocado pelas transformações espaciais nas adjacências do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro. Nosso objetivo geral é analisar as práticas espaciais expressas nas táticas de resistência dos moradores das comunidades de Vila de Cava, Marajoara e Sol da Manhã, localidades do entorno do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro, táticas essas que se contrapõem às formas atuais de territorialização do capital ainda marcadas pelas renovadas formas de expropriação e espoliação do capital em ação conjunta com o Estado. Dada análise tem como aportes teórico-conceituais a concepção de resistência de Scott em diálogo com Foucault, a de sujeito segundo Butler, a de desenvolvimento geográfico desigual de Harvey e a de desterritorialização de Haesbaert, em convergência com a abordagem do conceito de expulsões conforme Sassen. Com isso, elaboramos um sistema interpretativo de tal processo, lendo a resistência a partir das dimensões de insurgência, sobrevivência e subordinação, através da tríade espaço, cotidiano e ação, desenvolvida por Ferreira. / [en] Resistance can be understood by its polysemic conception in political, scientific, and social terms, as well as by the forces of action of the subjects in their various struggles. For this thesis, we seek to understand resistance from the spatial practices of subjects directly and indirectly affected by the territorialization of capital, which can be conceived by some approaches as development, but, in fact, expels them from their living spaces to give rise to a technical social apparatus, constituting an intervention in the spatial organization of those places where such territorialities are denied, co-opted, or expelled. The struggle manifests itself against the deterritorialization and territorial exclusion of subaltern subjects, demonstrating that the territorialization of capital leads to the emergence of what we call spatial resistance practices. The Arch proposed a new spatial dynamic for the metropolitan area of Rio de Janeiro, especially for the region known as Baixada Fluminense, where a large part of the extension of the Arch (71km) goes through, and a series of removals and conflicts was produced in its surroundings during the work due to the territorialization of logistical-industrial investments. Three communities in Baixada Fluminense affected by the implementation of the Metropolitan Arch were taken as our study area on the manifestations of spatial resistance practices: the cases of Vila de Cava, in Nova Iguaçu; Marajoara, in Japeri; and Sol da Manhã, in Seropédica. The three communities were directly or indirectly affected by the Metropolitan Arch, both by the work itself and by the capitals that were territorialized due to the conditions of the low price of land, the strategic location for logistics and the tax incentives granted by the respective city halls and by the government of Rio de Janeiro, which promoted direct and white expulsions from these communities. We start from the thesis that the spatial resistance practices, at the same time that they are integrated, express the movement against the process of deterritorialization caused by the spatial transformations in the vicinity of the Metropolitan Arch of Rio de Janeiro. Our general objective is to analyze the spatial practices expressed in the resistance tactics by the residents of the communities of Vila de Cava, Marajoara and Sol da Manhã, locations around the Metropolitan Arch of Rio de Janeiro. These tactics are opposed to the current forms of territorialization of the capital still marked by the renewed forms of expropriation and plunder of capital together with the State. This analysis has as theoretical-conceptual contributions Scott s conception of resistance in dialogue with Foucault, the subject according to Butler, Harvey s uneven geographical development, and Haesbaert s deterritorialization, in convergence with the concept of expulsions according to Sassen. Thus, we elaborated an interpretative system of this process, reading the concept of resistance from the dimensions of insurgency, survival, and subordination, through the triad space, everyday life, and action, developed by Ferreira.
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