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Dinâmica social e difusão de novos padrões comportamentais em macacos-prego (Sapajus libidinosus) que habitam o Parque Nacional da Serra da Capivara / Social dynamics and diffusion of novel behaviour patterns in wild capuchin monkeys (sapajus libidinosus) inhabiting the serra da capivara national parkCoelho, Camila Galheigo 30 July 2015 (has links)
A existência de tradições comportamentais comportamentos transgeracionais adquiridos por aprendizagem socialmente mediada - em animais não-humanos tem sido objeto de intenso debate na última década. Para classificar uma tradição como comportamental, um comportamento deve ser adquirido por indivíduos inexperientes através da aprendizagem que deve, de alguma forma, ser mediada ou facilitada pelo comportamento de uma mesma espécie. O objetivo central desta tese é avançar nossa compreensão acerca das tradições comportamentais em macacos-prego. Para fazer isso, eu analiso a aquisição de novos comportamentos através da aprendizagem socialmente mediada em dois grupos de macacos-prego selvagens (Sapajus libidinosus) que habitam o Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí, Brasil. Mais especificamente, a tese responde a três perguntas principais: (1) quais são as oportunidades de aprendizagem social; (2) como a aprendizagem social pode ser identificada em populações selvagens e (3) como os vieses sociais na transmissão de informações afetam o repertório comportamental final dos grupos. Para abordar a primeira pergunta eu descrevo o contexto social em que os macacos-prego vivem como forma de caracterizar as oportunidades que os macacos têm de aprender uns com os outros. Meus achados confirmam as hipóteses de Coussi-Korbel & Fragaszy (1995) de que os macacos-prego têm relacionamentos propícios tanto para a aprendizagem social não-específica como para a aprendizagem social dirigida. Usando a análise de redes sociais eu descrevo as estruturas sociais dos grupos com base em diferentes medidas de associações e interações sociais. Descrevo como os padrões de associação (proximidade social, co-alimentação) representam oportunidades para aprendizagem social não-específica, enquanto as interações (catação, brincadeira) são propícias a aprendizagem social dirigida. A segunda pergunta é respondida através da implementação de um experimento de campo em difusão aberta e a aplicação de novas metodologias de análise de dados (NBDA: Franz & Nunn 2009 e Option-viés: Kendal et al 2009), concebidas para estudar a aprendizagem social em populações selvagens. NBDA revelam que, quando o modelo de transmissão social foi informado por redes de observação, apresentou um melhor ajuste aos dados de difusão, proporcionando assim evidência de aprendizado social das tarefas de forrageamento. Além disso, apenas a observação de distâncias mais curtas produziram esses resultados, indicando que a observação de perto, era necessária para o comportamento a ser adquirido. Outras redes sociais também forneceram evidências para a aprendizagem social em ambos os grupos, predominantemente aqueles baseados em dados de catação referentes ao experimento lift-pull task e de dados de co-alimentação ao que se refere ao experimento tubo-task. Para abordar a terceira questão eu examino possíveis vieses de transmissão (transmission biases), em particular, vieses de transmissão baseados no modelo e vieses de transmissão frequência-dependentes. Dada a homogeneidade das variantes comportamentais, não foi possível se chegar a conclusões consistentes referentes aos vieses de transmissão frequência-dependentes. O viés de transmissão baseado no modelo revelou uma atenção seletiva para os indivíduos proficientes, em consonância com o que foi descrito para a quebra de cocos por uso de ferramenta macacos-prego semi-livres (Sapajus spp: Ottoni et al 2005, Coelho et al, 2015) e macacos-prego selvagens (Sapajus libidinosus: Coelho et al 2008). Considerando-se as oportunidades de aprendizagem social e os vieses de transmissão, em conjunto, permite-nos avançar na compreensão da dinâmica envolvida no estabelecimento e manutenção de práticas compartilhadas e da disseminação das tradições comportamentais entre populações / The existence of behavioural traditions that is, cross-generational socially mediated learning of a behaviour - in non-human animals has been the subject of intense debate in the last decade. To classify as a behavioural tradition, a behaviour must be acquired by naïve individuals through learning that must in some way be mediated or facilitated by the behaviour of a conspecific. The overarching aim of this thesis is to further our understanding of behavioural traditions in capuchin monkeys. To do so I examine the acquisition of new behaviours via socially-biased learning in two groups of wild bearded capuchin monkeys (Sapajus libidinosus) inhabiting the Serra da Capivara National Park, Piauí, Brazil. More specifically, the thesis answers three main questions: (1) what are the opportunities of social learning; (2) how can social learning be identified in wild populations and (3) how do social biases in the transmission of information affect the final behavioural repertoire of the groups. To address the first question I describe the social context in which the capuchin monkeys live as a means to characterise the opportunities monkeys have of learning from one another. My findings confirm Coussi-Korbel & Fragaszys (1995) predictions that capuchin monkeys have relationships conducive of both non-specific social learning and directed social learning. Using social network analysis I portray the groups social structures based on different measures of relationships and describe how patterns of association (social proximity, co-feeding) depict opportunities for non-specific social learning, while interactions (grooming, social play) are conducive to directed social learning. The second question is answered by implementing an open-diffusion field experiment and the application of novel data analysis methodologies (NBDA: Franz & Nunn 2009 and Option-bias: Kendal et al 2009) designed for studying social learning in wild populations. NBDA found that when the social transmission model was informed by observation networks, it presented a better fit to the diffusion data, thus providing evidence for social learning of the foraging tasks. Moreover, only observation from shorter distances produced these results, indicating that observation of the task, from close up, was needed for the behaviour to be acquired. Other social networks also provided evidence for social learning in both groups, predominantly those based on grooming relations for the lift-pull task and co-feeding relations for the tube-task. To address the third question I examine possible transmission biases, addressing, in particular, frequency-dependent and model-based transmission biases. Given the homogeneity of behavioural variants for solving foraging task, rigorous conclusions regarding frequency-dependent biases were not possible. The model-based bias revealed a selective attention towards proficient individuals, resonating with what has been described for tool-aided nut cracking in semi-free capuchin (Sapajus spp.: Ottoni et al 2005, Coelho et al, 2015) and wild capuchin monkeys (Sapajus libidinosus: Coelho et al 2008). Considering opportunities of social leaning and transmission biases together allows us to further the understanding of the dynamics involved in the establishment and maintenance of shared practices and of the spread of behavioural traditions across populations
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Dinâmica social e difusão de novos padrões comportamentais em macacos-prego (Sapajus libidinosus) que habitam o Parque Nacional da Serra da Capivara / Social dynamics and diffusion of novel behaviour patterns in wild capuchin monkeys (sapajus libidinosus) inhabiting the serra da capivara national parkCamila Galheigo Coelho 30 July 2015 (has links)
A existência de tradições comportamentais comportamentos transgeracionais adquiridos por aprendizagem socialmente mediada - em animais não-humanos tem sido objeto de intenso debate na última década. Para classificar uma tradição como comportamental, um comportamento deve ser adquirido por indivíduos inexperientes através da aprendizagem que deve, de alguma forma, ser mediada ou facilitada pelo comportamento de uma mesma espécie. O objetivo central desta tese é avançar nossa compreensão acerca das tradições comportamentais em macacos-prego. Para fazer isso, eu analiso a aquisição de novos comportamentos através da aprendizagem socialmente mediada em dois grupos de macacos-prego selvagens (Sapajus libidinosus) que habitam o Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí, Brasil. Mais especificamente, a tese responde a três perguntas principais: (1) quais são as oportunidades de aprendizagem social; (2) como a aprendizagem social pode ser identificada em populações selvagens e (3) como os vieses sociais na transmissão de informações afetam o repertório comportamental final dos grupos. Para abordar a primeira pergunta eu descrevo o contexto social em que os macacos-prego vivem como forma de caracterizar as oportunidades que os macacos têm de aprender uns com os outros. Meus achados confirmam as hipóteses de Coussi-Korbel & Fragaszy (1995) de que os macacos-prego têm relacionamentos propícios tanto para a aprendizagem social não-específica como para a aprendizagem social dirigida. Usando a análise de redes sociais eu descrevo as estruturas sociais dos grupos com base em diferentes medidas de associações e interações sociais. Descrevo como os padrões de associação (proximidade social, co-alimentação) representam oportunidades para aprendizagem social não-específica, enquanto as interações (catação, brincadeira) são propícias a aprendizagem social dirigida. A segunda pergunta é respondida através da implementação de um experimento de campo em difusão aberta e a aplicação de novas metodologias de análise de dados (NBDA: Franz & Nunn 2009 e Option-viés: Kendal et al 2009), concebidas para estudar a aprendizagem social em populações selvagens. NBDA revelam que, quando o modelo de transmissão social foi informado por redes de observação, apresentou um melhor ajuste aos dados de difusão, proporcionando assim evidência de aprendizado social das tarefas de forrageamento. Além disso, apenas a observação de distâncias mais curtas produziram esses resultados, indicando que a observação de perto, era necessária para o comportamento a ser adquirido. Outras redes sociais também forneceram evidências para a aprendizagem social em ambos os grupos, predominantemente aqueles baseados em dados de catação referentes ao experimento lift-pull task e de dados de co-alimentação ao que se refere ao experimento tubo-task. Para abordar a terceira questão eu examino possíveis vieses de transmissão (transmission biases), em particular, vieses de transmissão baseados no modelo e vieses de transmissão frequência-dependentes. Dada a homogeneidade das variantes comportamentais, não foi possível se chegar a conclusões consistentes referentes aos vieses de transmissão frequência-dependentes. O viés de transmissão baseado no modelo revelou uma atenção seletiva para os indivíduos proficientes, em consonância com o que foi descrito para a quebra de cocos por uso de ferramenta macacos-prego semi-livres (Sapajus spp: Ottoni et al 2005, Coelho et al, 2015) e macacos-prego selvagens (Sapajus libidinosus: Coelho et al 2008). Considerando-se as oportunidades de aprendizagem social e os vieses de transmissão, em conjunto, permite-nos avançar na compreensão da dinâmica envolvida no estabelecimento e manutenção de práticas compartilhadas e da disseminação das tradições comportamentais entre populações / The existence of behavioural traditions that is, cross-generational socially mediated learning of a behaviour - in non-human animals has been the subject of intense debate in the last decade. To classify as a behavioural tradition, a behaviour must be acquired by naïve individuals through learning that must in some way be mediated or facilitated by the behaviour of a conspecific. The overarching aim of this thesis is to further our understanding of behavioural traditions in capuchin monkeys. To do so I examine the acquisition of new behaviours via socially-biased learning in two groups of wild bearded capuchin monkeys (Sapajus libidinosus) inhabiting the Serra da Capivara National Park, Piauí, Brazil. More specifically, the thesis answers three main questions: (1) what are the opportunities of social learning; (2) how can social learning be identified in wild populations and (3) how do social biases in the transmission of information affect the final behavioural repertoire of the groups. To address the first question I describe the social context in which the capuchin monkeys live as a means to characterise the opportunities monkeys have of learning from one another. My findings confirm Coussi-Korbel & Fragaszys (1995) predictions that capuchin monkeys have relationships conducive of both non-specific social learning and directed social learning. Using social network analysis I portray the groups social structures based on different measures of relationships and describe how patterns of association (social proximity, co-feeding) depict opportunities for non-specific social learning, while interactions (grooming, social play) are conducive to directed social learning. The second question is answered by implementing an open-diffusion field experiment and the application of novel data analysis methodologies (NBDA: Franz & Nunn 2009 and Option-bias: Kendal et al 2009) designed for studying social learning in wild populations. NBDA found that when the social transmission model was informed by observation networks, it presented a better fit to the diffusion data, thus providing evidence for social learning of the foraging tasks. Moreover, only observation from shorter distances produced these results, indicating that observation of the task, from close up, was needed for the behaviour to be acquired. Other social networks also provided evidence for social learning in both groups, predominantly those based on grooming relations for the lift-pull task and co-feeding relations for the tube-task. To address the third question I examine possible transmission biases, addressing, in particular, frequency-dependent and model-based transmission biases. Given the homogeneity of behavioural variants for solving foraging task, rigorous conclusions regarding frequency-dependent biases were not possible. The model-based bias revealed a selective attention towards proficient individuals, resonating with what has been described for tool-aided nut cracking in semi-free capuchin (Sapajus spp.: Ottoni et al 2005, Coelho et al, 2015) and wild capuchin monkeys (Sapajus libidinosus: Coelho et al 2008). Considering opportunities of social leaning and transmission biases together allows us to further the understanding of the dynamics involved in the establishment and maintenance of shared practices and of the spread of behavioural traditions across populations
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Padrão comportamental e uso de ferramentas em macacos-prego (Sapajus libidinosus) residentes em manguezal / Behavioral pattern and tools use in living capuchin monkeys (Sapajus libidinosus) in mangroveCutrim, Fernanda Helena Ribeiro 27 September 2013 (has links)
A eficiência dos macacos-prego (gênero Sapajus) em uma ampla variedade de ambientes é resultado de sua flexibilidade, oportunismo e adaptabilidade. Esses primatas demonstram padrões de forrageio complexos, exploram manualmente vários estratos do habitat à procura de presas escondidas e apresentam técnicas de forrageio distintas, mostrando-se eficientes no uso de ferramentas para a obtenção de alimento. Embora poucos estudos abordem primatas não-humanos que vivem em manguezais, sabe-se que neste tipo de habitat existem registros do uso de ferramentas de quebra para acessar recursos animais encapsulados. A presente pesquisa é pioneira no estudo da ecologia e do uso de ferramentas em macacos-prego que habitam ambientes fragmentados, com variações sazonais de maré e de recursos alimentares. Os objetivos deste trabalho foram (1) investigar o orçamento de atividade e a dieta de um grupo de macacos-prego (S. libidinosus) residentes em manguezal, avaliando a influência dos fatores ambientais e da disponibilidade de recursos e (2) analisar, sob a perspectiva das hipóteses da necessidade e da oportunidade o uso de ferramentas por esse grupo, estimando a densidade dos sítios de quebra e sua frequência de uso. O estudo foi realizado no fragmento de manguezal Morro do Boi (MB), localizado nos Pequenos Lençóis Maranhenses (Barreirinhas), litoral leste do Maranhão, entre setembro de 2011 e março de 2013. Os resultados mostraram que a oferta de alimento encapsulado (caranguejo) no MB não sofreu grande variação ao longo do período da pesquisa e seguiu o padrão encontrado para os manguezais brasileiros situados na zona equatorial, enquanto que a oferta dos recursos vegetais (flores) foi influenciada pelo regime de chuvas e umidade, apresentando-se maior no período chuvoso. O orçamento de atividade foi semelhante ao de algumas populações de macacos-prego selvagens, embora a pequena e fragmentada área de vida e a alta de densidade de indivíduos possam ter influenciado os padrões de forrageio e deslocamento, que se apresentaram diferentes de populações em condições ecológicas e demográficas distintas. O uso do solo no MB apesar de ter sido mais frequente que o de populações de floresta úmida foi inferior ao dos macacos-prego do Cerrado/Caatinga, podendo ser um reflexo de fatores como a variação das marés, que limita o tempo de uso desses estratos para o forrageio e o consumo de itens encapsulados com ferramentas de quebra. A dieta se assemelhou a de primatas que vivem em manguezal, com o predomínio de recursos vegetais do mangue. A inclusão de crustáceos e moluscos se deu de forma oportunista, na maré baixa, sendo o caranguejo o item com maior frequência nos sítios de quebra. Os demais recursos por serem menores e menos energéticos do que os caranguejos tiveram maior frequência de quebra no período seco, se apresentando como recursos alternativos utilizados para complementar a dieta. As estratégias de forrageio apresentadas pelos indivíduos do MB confirmam a flexibilidade e adaptabilidade dos macacos-prego e contribuem para o aumento do conhecimento da espécie em um ambiente com limitações de espaço e condições ecológicas sazonais / The efficiency of capuchin monkeys (genus Sapajus) in a wide variety of environments is the result of their flexibility, adaptability and opportunism. These primates demonstrate complex patterns of foraging; explore various strata manually in order to look for hidden prey and also they have distinct foraging techniques, showing efficiency at using tools to obtain food. Although few studies approach non-human primates that live in mangroves, it is known in this habitat many records of tool use cracking to access encapsulated animals. This research is pioneer due to the lack of information on the ecology and tool use in capuchin monkeys that inhabit fragmented environments with tidal and seasonal variations of food resources. Our aims were (1) investigating the activity budget and diet of a capuchin monkeys (S. libidinosus) group which live in mangrove estimating whether environmental factors and availability of resources influence in the activity budget and diet and (2) analyzing, from the perspective of the necessity and opportunity hypotheses, the behavioral expression about tool use by this group, estimating the density of tool use in the sites and the frequency of using. The study was conducted at Morro do Boi (MB) fragments mangrove located on the Lençóis Maranhenses (Barreirinhas), east coast of Maranhão, between September 2011 and March 2013. The results showed that the supply of encapsulated food (crab) in MB did not have a significant variation over the study period and followed the pattern found in the Brazilian mangroves located in the equatorial zone, while the supply of plant resources (flowers) was influenced by rainfall and humidity, being higher in the rainy season. The found activity budget was similar to that one in some populations of wild capuchin monkeys, although small and fragmented home range and high density of individuals may have influenced patterns of foraging and locomotion, which showed different of populations in distinct ecological and demographic conditions. Although the ground use in MB was more common than in populations of rainforest, it was lower than in Cerrado/Caatinga areas, it may be a reflection of factors such as tidal range, which limits the use of these substrates for foraging and eating encapsulated items with cracking tools. The diet was similar to that one from other primates that live in mangroves, with the predominance of the mangrove plant resources. Consumption of crustaceans and mollusks occurred opportunistically after the low tide, and the crab was the most frequently consummated item in the sites. Regarding to the other resources, the fact of being smaller and less energetic than the crabs they had a higher frequency of breaks in the dry season, presenting themselves as alternative resources used to supplement the diet. The foraging strategies presented by individuals in MB confirm the flexibility and adaptability of capuchin monkeys and contribute to the increasing knowledge of the species in an environment with limited space and seasonal ecological conditions
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Padrão comportamental e uso de ferramentas em macacos-prego (Sapajus libidinosus) residentes em manguezal / Behavioral pattern and tools use in living capuchin monkeys (Sapajus libidinosus) in mangroveFernanda Helena Ribeiro Cutrim 27 September 2013 (has links)
A eficiência dos macacos-prego (gênero Sapajus) em uma ampla variedade de ambientes é resultado de sua flexibilidade, oportunismo e adaptabilidade. Esses primatas demonstram padrões de forrageio complexos, exploram manualmente vários estratos do habitat à procura de presas escondidas e apresentam técnicas de forrageio distintas, mostrando-se eficientes no uso de ferramentas para a obtenção de alimento. Embora poucos estudos abordem primatas não-humanos que vivem em manguezais, sabe-se que neste tipo de habitat existem registros do uso de ferramentas de quebra para acessar recursos animais encapsulados. A presente pesquisa é pioneira no estudo da ecologia e do uso de ferramentas em macacos-prego que habitam ambientes fragmentados, com variações sazonais de maré e de recursos alimentares. Os objetivos deste trabalho foram (1) investigar o orçamento de atividade e a dieta de um grupo de macacos-prego (S. libidinosus) residentes em manguezal, avaliando a influência dos fatores ambientais e da disponibilidade de recursos e (2) analisar, sob a perspectiva das hipóteses da necessidade e da oportunidade o uso de ferramentas por esse grupo, estimando a densidade dos sítios de quebra e sua frequência de uso. O estudo foi realizado no fragmento de manguezal Morro do Boi (MB), localizado nos Pequenos Lençóis Maranhenses (Barreirinhas), litoral leste do Maranhão, entre setembro de 2011 e março de 2013. Os resultados mostraram que a oferta de alimento encapsulado (caranguejo) no MB não sofreu grande variação ao longo do período da pesquisa e seguiu o padrão encontrado para os manguezais brasileiros situados na zona equatorial, enquanto que a oferta dos recursos vegetais (flores) foi influenciada pelo regime de chuvas e umidade, apresentando-se maior no período chuvoso. O orçamento de atividade foi semelhante ao de algumas populações de macacos-prego selvagens, embora a pequena e fragmentada área de vida e a alta de densidade de indivíduos possam ter influenciado os padrões de forrageio e deslocamento, que se apresentaram diferentes de populações em condições ecológicas e demográficas distintas. O uso do solo no MB apesar de ter sido mais frequente que o de populações de floresta úmida foi inferior ao dos macacos-prego do Cerrado/Caatinga, podendo ser um reflexo de fatores como a variação das marés, que limita o tempo de uso desses estratos para o forrageio e o consumo de itens encapsulados com ferramentas de quebra. A dieta se assemelhou a de primatas que vivem em manguezal, com o predomínio de recursos vegetais do mangue. A inclusão de crustáceos e moluscos se deu de forma oportunista, na maré baixa, sendo o caranguejo o item com maior frequência nos sítios de quebra. Os demais recursos por serem menores e menos energéticos do que os caranguejos tiveram maior frequência de quebra no período seco, se apresentando como recursos alternativos utilizados para complementar a dieta. As estratégias de forrageio apresentadas pelos indivíduos do MB confirmam a flexibilidade e adaptabilidade dos macacos-prego e contribuem para o aumento do conhecimento da espécie em um ambiente com limitações de espaço e condições ecológicas sazonais / The efficiency of capuchin monkeys (genus Sapajus) in a wide variety of environments is the result of their flexibility, adaptability and opportunism. These primates demonstrate complex patterns of foraging; explore various strata manually in order to look for hidden prey and also they have distinct foraging techniques, showing efficiency at using tools to obtain food. Although few studies approach non-human primates that live in mangroves, it is known in this habitat many records of tool use cracking to access encapsulated animals. This research is pioneer due to the lack of information on the ecology and tool use in capuchin monkeys that inhabit fragmented environments with tidal and seasonal variations of food resources. Our aims were (1) investigating the activity budget and diet of a capuchin monkeys (S. libidinosus) group which live in mangrove estimating whether environmental factors and availability of resources influence in the activity budget and diet and (2) analyzing, from the perspective of the necessity and opportunity hypotheses, the behavioral expression about tool use by this group, estimating the density of tool use in the sites and the frequency of using. The study was conducted at Morro do Boi (MB) fragments mangrove located on the Lençóis Maranhenses (Barreirinhas), east coast of Maranhão, between September 2011 and March 2013. The results showed that the supply of encapsulated food (crab) in MB did not have a significant variation over the study period and followed the pattern found in the Brazilian mangroves located in the equatorial zone, while the supply of plant resources (flowers) was influenced by rainfall and humidity, being higher in the rainy season. The found activity budget was similar to that one in some populations of wild capuchin monkeys, although small and fragmented home range and high density of individuals may have influenced patterns of foraging and locomotion, which showed different of populations in distinct ecological and demographic conditions. Although the ground use in MB was more common than in populations of rainforest, it was lower than in Cerrado/Caatinga areas, it may be a reflection of factors such as tidal range, which limits the use of these substrates for foraging and eating encapsulated items with cracking tools. The diet was similar to that one from other primates that live in mangroves, with the predominance of the mangrove plant resources. Consumption of crustaceans and mollusks occurred opportunistically after the low tide, and the crab was the most frequently consummated item in the sites. Regarding to the other resources, the fact of being smaller and less energetic than the crabs they had a higher frequency of breaks in the dry season, presenting themselves as alternative resources used to supplement the diet. The foraging strategies presented by individuals in MB confirm the flexibility and adaptability of capuchin monkeys and contribute to the increasing knowledge of the species in an environment with limited space and seasonal ecological conditions
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Descrição anatômica macroscópica do encéfalo de primatas neotropicais e citoarquitetura neocortical de Sapajus Libidinosus (primatas: cebidae)Abreu, Tainá de 25 October 2017 (has links)
O encéfalo humano é mais sofisticado instrumento de cognição e, supostamente, o
material mais complexo já conhecido, provavelmente por causa disso, o sistema neural
é amplamente estudado em termos multidisciplinares, mas muitas questões ainda
necessitam ser respondidas e várias dúvidas sobre as funções cerebrais ainda precisam
de respostas. Um dos caminhos para compreender essa história evolutiva é o estudo do
encéfalo de primatas não-humanos. Muito se sabe sobre a anatomia macroscópica de
primatas do Velho Mundo e humanos, entretanto, esses dados e aqueles relacionados à
anatomia microscópica são escassos em relação aos neotropicais, que tem sido
amplamente utilizado em pesquisas biomédicas e comportamentais. Dessa forma, a
proposta desse trabalho foi estudar a anatomia macroscópica do encéfalo obtido
diretamente dos primatas neotropicais como Callithrix penicillata, Saimiri ustus, Sapajus
libidinosus e Brachyteles arachnoides e da literatura de Galago, Macaca, Papio, Pan and
Homo, em termos comparativos. Além de realizar um estudo preliminar acerca da
citoarquitetura neocortical de Sapajus libidinosus. Na análise macroscópicas foram
utilizados 2 encéfalos de Callithrix penicillata, 1 de Saimiri ustus, 7 de Sapajus libidinosus
e 1 Brachyteles arachnoides, que tiverem seus sulcos e giros descritos, mensurados,
além de mensurações das dimensões gerais do encéfalo e índice de encefalização. Para
a análise microscópica foram utilizados 5 encéfalos de Sapajus libidinosus, sendo 4 na
técnica de Golgi-Cox e 1 na técnica HE, que foram avaliados em termos de organização
citoarquitetônica, número de células neurais e classificação do córtex conforme o tipo e
prevalência celular nas camadas corticais, dos lobos frontal, área pré-frontal, parietal,
temporal e occipital. Nesse trabalho observou-se que anatomia do telencéfalo de
Callithrix e Saimiri possuem poucos sulcos, giros quando comparados com o de Sapajus
e Brachyteles e os dois últimos são mais semelhantes aos primatas do Velho Mundo, do
que dos demais primatas neotropicais investigados. Dentre todos os primatas analisados
e comparados, os sulcos que se repetem são o longitudinal, lateral, calcarino, hipocampo,
rinal e o temporal superior. Os sulcos do lobo frontal e parietal, aparecem somente em
encéfalos mais complexos e de animais que possuem maior tamanho corporal. As demais estruturas localizadas na região medial do telencéfalo, diencéfalo, mesencéfalo, ponte,
bulbo e ventrículos encefálicos, estão dispostas de forma semelhante com variações no
grau de desenvolvimento e tamanho. Os dados preliminares da arquitetura neocortical
de Sapajus mostram maior quantidade de neurônios nos lobos occipital, seguidos do
parietal e temporal. A parte caudal do lobo frontal possui carcterísticas de área motora
primária com grandes neurônios piramidais e a área pré-frontal possui prevalência de
neurônios granulares. Os lobos parietal e temporal possuem as camadas mais
heterogêneas e com maior separação entre as camadas corticais. A técnica de Golgi-
Cox permitiu estudar a organização estrutural, conexões entre células neurais e a formas
das células neurais. Já a técnica de HE permitiu inferências quantitativas e também a
caracterização dos tipos de células neurais e desenvolvimento das camadas corticais. As
análises histológicas do neocórtex das principais áreas do telencéfalo de Sapajus
libidinosus, mesmo que com um baixo número de espécimes foi uma caracterização geral
e o primeiro passo para estudos futuros e comparações mais abrangentes. São
necessários estudos histológicos mais detalhados das principais áreas do encéfalo,
assim como a associação dos possíveis resultados a outras técnicas de investigações
são necessários para uma melhor caracterização das funcionalidades das áreas corticais. / The human brain is the most sophisticated instrument of cognition and, putatively, the
most complex material sctructure ever knew, probably because that, the neural system is
largely studied in multidisciplinar terms, but many questions still need to be answered and
various doubts rest to be solved about the brain functions. Among the ways to understand
this evolutionary history is the study of the non-human primate encephalon. Much is
known about the gross anatomy of Old World Primates and humans, however, these data
and those related to the microscopic anatomy are scarce compared to the neotropical,
which has been widely used in biomedical and behavioral research. In order, the purpose
of this work was to study the gross anatomy of the brain obtained from neotropical
primates as Callithrix penicillata, Saimiri ustus, Sapajus libidinosus e Brachyteles
arachnoides and from literature from Galago, Macaca, Papio, Pan and Homo, in
comparative terms. In addition to conducting a preliminary study on the neocortical
cytoarchitecture of Sapajus libidinosus. In gross anatomy were used 2 brains of Callithrix
penicillata, 1 of Saimirius ustus, 7 of Sapajus libidinosus and 1 Brachyteles arachnoides,
which have their sulcus and gyri described, measured, as well as measurements of the
general dimensions of the encephalon and encephalization index. For the microscopic
analysis, 5 brains of Sapajus libidinosus were used, 4 in the Golgi-Cox method and 1 in
the HE method, which were evaluated in terms of cytoarchitectonic organization, number
of neural cells and classification of the cortex according to type and cell prevalence in
cortical layers, frontal, prefrontal area, parietal, temporal and occipital areas. In this study,
it was observed that the gross anatomy telencephalon of Callithrix and Saimiri have few
sulcus and gyri when compared to Sapajus and Brachyteles, and the latter two are more
similar to the Old-World primates than of the other neotropical primates investigated.
Among all the primates analyzed and compared, the repeats sulcus are the longitudinal,
lateral, calcarino, hippocampus, rinal and superior temporal sulci. The sulci of the frontal
lobe and parietal lobe appear only in more complex brains and animals that have larger
body size. The other structures located in the medial region of the telencephalon,
diencephalon, midbrain, pons, bulb and encephalic ventricles are similarly arranged with
variations in the degree of development and size. Preliminary data from Sapajus neocortical architecture show higher numbers of neurons in the occipital lobes, followed
by the parietal and temporal lobes. The caudal part of the frontal lobe has features of
primary motor area with large pyramidal neurons and the prefrontal area has a prevalence
of granular neurons. The parietal and temporal lobes have the most heterogeneous layers
and with greater separation between the cortical layers. The Golgi-Cox method allowed
the study of the structural organization, connections between neural cells and neural cell
forms, and the HE method allowed quantitative inferences and also the characterization
of neural cell types and development of the cortical layers. The histological analyzes of
the neocortex of the main areas of the Sapajus libidinosus telencephalon, even with a low
number of specimens, was a general characterization and the first step for future studies
and more comprehensive comparisons. More detailed histological studies of the main
areas are necessary as well the association of these possibles results with other
investigative techniques for a better characterization of the functionalities of the cortical
areas.
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