nÃo hà / A linguagem à compreendida como necessidade de interaÃÃo social do ser humano. Contudo, ela nÃo à usada somente para veicular informaÃÃes; a funÃÃo referencial da linguagem nÃo à senÃo uma entre outras. Entre estas, ocupa a funÃÃo de comunicar ao ouvinte a posiÃÃo que o falante ocupa de fato na sociedade. As pessoas nÃo falam somente para serem ouvidas, mas tambÃm para serem respeitadas e exercer influÃncia no ambiente comunicativo. O poder da palavra à o poder de mobilizar a autoridade acumulada pelo falante e concentrÃ-la em um ato linguÃstico. A linguagem, alÃm de servir à necessidade de comunicaÃÃo, tambÃm à utilizada pelo ser humano com o intuito de seduzir o interlocutora compartilhar as ideias, e a realizar determinadas aÃÃes, atravÃs do discurso ideolÃgico do locutor. A literatura nÃo deixa passarem despercebidas, em suas produÃÃes, essas relaÃÃes de poder, bem como o modo como o discurso foi elaborado de acordo com os interesses do produtor do ato locutÃrio. Verifica-se com frequÃncia a manifestaÃÃo do discurso erÃtico, sedutor, como tentativa de manter ou burlar o poder vigente, ou ainda como forma de tomar para si o poder, sendo comumente associada à ideia de que o homem à o opressor, elemento dominante na relaÃÃo, enquanto à mulher cabe o papel de oprimido, entidade dominada que pode ora acomodar-se, ora buscar subverter a ordem. Detendo-se especificamente ao poder que se estabelece por meio da seduÃÃo, o presente trabalho dissertativo tem por objetivo analisar as relaÃÃes de poder registradas a partir do discurso erÃtico em Um copo de cÃlera, de Raduan Nassar, delimitando o conceito de discurso erÃtico ao embate linguÃstico e ao jogo de seduÃÃo existente entre os personagens.