Introdução. A Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC) é caracterizada pelaheterogeneidade clínica e a expressão de défices cognitivos. Contudo, a literatura sobre acognição é inconsistente, possivelmente pelas diferenças metodológicas entre estudos e oefeito de alguns moderadores. O presente estudo pretende caracterizar o funcionamento e operfil cognitivo de doentes com POC numa amostra portuguesa, considerando o efeito demúltiplas variáveis sociodemográficas e clínicas, contribuindo assim para odesenvolvimento de programas de reabilitação cognitiva adaptados aos doentes.Método. Participaram 64 adultos portugueses, entre os 18 aos 59 anos, subdivididos emigual número (n = 32), por um grupo de controlo e um grupo clínico. Administrou-se umabateria de testes especificamente desenhada para aceder às disfunções típicas da POC nosdomínios das Funções Executivas, Aprendizagem e Memória, Atenção e Concentração, eVelocidade de Processamento.Resultados. Observou-se um desempenho global inferior dos doentes face aos controlos,salientando-se, défices significativos na Memória Visual e uma tendência para a lentificação,disfunção executiva e atencional. Na análise dos indicadores cognitivos, os doentes apenasapresentaram um desempenho significativamente inferior aos controlos na realização daparte B e B-A do Trail Making Test (TMT) sugerindo dificuldades na flexibilidade cognitivae atenção dividida. Quanto aos moderadores contemplados, a maioria não influenciou odesempenho cognitivo global, exceto a cronicidade da doença, a sintomatologia depressivae psicopatológica.Conclusão. A POC parece caracterizar-se por um perfil com défices seletivos, que sãoinfluenciados por fatores clínicos particulares. Estes dados são congruentes com o modeloneurofuncional de disfunção fronto-estriado desta patologia.

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Os acidentes de trabalho constituem um grave problema de saúde pública, uma vezque, associados a longos períodos de ausência da atividade profissional, estãoconsequências múltiplas e devastadoras ao nível económico e social, quer para ossinistrados, quer para a sociedade em geral (Cabral, Figueiredo, Mancini & Sampaio, 2009;Cardoso, Oliveira & Quintero, 2012; Sousa, 2012; Lima, 2012; Ascari, Fermino, Kessler,& Provensi, 2015). Segundo os dados estatísticos oficiais, divulgados por entidadeseuropeias e nacionais, o número de acidentes de trabalho continua a ser significativo,sendo que Portugal é dos países da União Europeia que apresenta valores mais elevadosneste domínio (Oliveira, 2009).Apesar da existência de legislação em matéria de reparação de acidentes detrabalho, aparentemente, protetora no que concerne aos direitos dos sinistrados do trabalhoquanto à sua reabilitação e reintegração profissional, a verdade é que os trabalhadoresacidentados continuam a ter que enfrentar, não raras vezes sozinhos, inúmeros obstáculosnesta reintegração, reforçando a sua situação de vulnerabilidade (Cunha, Santos & Pereira,2017).Com o objetivo de dar voz aos protagonistas no processo de reabilitação após oacidente (sinistrados de trabalho e técnicos de reabilitação), e com a expectativa de umareintegração profissional, realizou-se um estudo exploratório, com diferentes momentos deentrevista individual, na entidade de referência nacional neste âmbito - o Centro deReabilitação Profissional de Gaia (CRPG). As entrevistas favoreceram uma melhorcompreensão destes processos, dos obstáculos que os sinistrados de trabalho enfrentam,bem como de aspetos considerados facilitadores da sua reintegração profissional,integrando ainda o ponto de vista crítico de quem tem experiência na condução destesprocessos. São disso exemplo, os obstáculos no que concerne à aplicabilidade da legislaçãoem vigor, à morosidade dos processos legais e administrativos, e à relação com outrosatores sociais envolvidos no processo, marcada por um clima de conflituosidade, e dedifusão de responsabilidades no apoio aos sinistrados do trabalho. Frequentemente, osaspetos identificados como facilitadores - lesões pouco graves, recetividade e abertura daentidade empregadora, suporte familiar - não são suficientes. Estes trabalhadores, acabampor ser então duplamente vitimizados - do acidente à reparação e, a longo termo, na vidapara além do acidente.

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