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  • The Global ETD Search service is a free service for researchers to find electronic theses and dissertations. This service is provided by the Networked Digital Library of Theses and Dissertations.
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Discussões socioambientais na Amazônia oriental : uma reflexão sociologica a partir da agricultura familiar no sudoeste do Pará

Tavares, Francinei Bentes January 2012 (has links)
A presente pesquisa teve como tema as complexas situações envolvidas no que se poderia designar como uma problemática socioambiental em torno da agricultura familiar na Amazônia Oriental, mais especificamente na região Sudeste do Pará, que envolve questões como a expansão do desmatamento, visto principalmente como consequência da adoção do sistema técnico de corte-e-queima associado a um processo crescente de pecuarização dos sistemas produtivos familiares. Tendo em vista que esse contexto é amplo e complexo, optou-se por analisar as situações constituídas a partir das redes de relações sociais de abrangência local e regional envolvendo o tema específico da agroecologia. Tendo por base esses pressupostos, se propôs nesse trabalho analisar as formas como as cadeias de mediação que problematizam temáticas agroecológicas incidem sobre as práticas produtivas de agricultores familiares que estão se integrando aos mercados em áreas de ocupação mais antiga (entre cerca de 20 a 30 anos) na fronteira agrária do Sudeste Paraense. Visando dar elementos de resposta a esse questionamento, como grade de leitura analítica das situações concretas se escolheu utilizar a corrente da sociologia da tradução, que busca identificar as questões ambientais em um contexto maior que as situam no âmbito de um continuum sociedade-natureza. Para isso, esse conjunto teórico se utiliza da análise de redes sócio-técnicas, que envolvem em suas tramas as relações entre humanos e objetos, e que se expandem por meio de complexos procedimentos sociais de tradução. A principal estratégia metodológica utilizada foi a da observação participante, visando “seguir os atores” que fazem parte da rede sócio-técnica que discute a agroecologia no Sudeste do Pará, descrevendo-a desde as arenas de embates e discussões, passando por espaços acadêmicos e institucionais, até chegar aos agricultores familiares em seus estabelecimentos, por meio da descrição do caso de um assentamento da região. Os principais resultados alcançados permitem afirmar que entre os agricultores expostos à cadeia de mediação estendida pelos atores sociais que discutem a agroecologia, podem ser adotadas atividades produtivas que permitam sair da dependência socioeconômica da pecuária extensiva, principalmente por meio de diferentes políticas públicas que podem estimular alternativas de diversificação produtiva (como a expansão da fruticultura), mas essas atividades muitas vezes são adotadas sem uma recusa a elementos que podem ser identificados como fazendo parte de um processo de modernização tecnológica da agricultura. Isso pode demonstrar que essa última rede apresenta-se mais longa e ampliada em suas conexões e interfaces e com maior facilidade de expansão entre os agricultores da região, que podem estar indo em direção a um uso mais intensivo de insumos externos às propriedades rurais. A cadeia de mediação da agroecologia incide em alguns desses espaços, mas ainda se apresenta de modo incipiente na constituição de um processo de interessamento e engajamento dos agricultores em torno de práticas produtivas pensadas a partir de princípios agroecológicos. Essas conclusões podem apontar algumas tendências que servem de leitura reflexiva para analisar as prováveis transformações nas áreas de fronteira agrária de ocupação mais antiga pela agricultura familiar na região do Sudeste Paraense. / This study had as its theme the complex situations involved in what might be called a socio-environmental issue around the family-run farms in eastern Amazonia, specifically in the Southeast of Pará, which involves issues such as the expansion of deforestation, mainly seen as consequence of the adoption of the technical system of cut-and-burn associated with a growing process of raising cattle production of family productive systems. Since this context is broad and complex, we chose to analyze situations generated from networks of social relations of local and regional coverage involving the specific topic of agroecology. Based on these assumptions, we propose in this study to analyze the ways in which of mediation chains that problematize agroecological thematic that relate to the production practices of family agricultural workers that are integrating to the markets in older occupied areas (around 20 to 30 years) in the agrarian frontier in the Southeast of Pará. In order to give elements of answer to this question, such as analytical reading grid of concrete situations we chose to use the sociology of translation, which seeks to identify environmental issues in a larger context that puts it within a continuum between society and nature. In order to do this, this theoretical set uses the analysis of socio-technical networks, which involve the relationship between humans and objects, and they expand themselves through complex social processes of translation. The main methodological strategy used was the participant observation, in order to "follow the actors" that are part of a socio-technical network that discusses the agroecology in the southeast of Pará, describing it from the arenas of talks and discussions, passing through academic and institutional spaces, until it reaches the family agricultural workers in their establishments, by describing the case of a settlement in the region. The main results have revealed that among farmers exposed to the extended chain of mediation by social actors who discuss the agro-ecology, productive activities can be adopted that allow farmers to leave the socio-economic dependence on extensive livestock rearing, mainly through various public policies that may encourage alternatives of diversification of production (such as the expansion of fruit growing), but these activities are often adopted without a refusal of elements that can be identified as being part of a process of technological modernization of agriculture. This might show that this last network show itself longer and extended on its connections and interfaces with bigger facility of expansion among the region's farmers, who may be moving towards a more intensive use of external inputs in relation to rural properties. The agroecology chain of mediation focuses upon some of these spaces, but it still shows itself timid in the constitution of a process of interest and engagement of agriculture workers around production practices, thinking from agroecological principles. These findings may point to some trends that serve as a reflective reading to analyze the probable changes in older agrarian border areas occupied by family farms in the Southeast of Pará.
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Pelos corredores da exportação : a agricultura familiar do Brasil para a África

Coelho, Vanessa Pfeifer January 2015 (has links)
A presente tese constitui-se em uma análise dos corredores da exportação das políticas públicas brasileiras relacionadas à agricultura familiar para países africanos. Compreendida no âmbito das relações Sul-Sul, essa exportação, iniciada na última década, mobiliza tanto ideias de justiça social quanto de aumento da produtividade agrícola. Os corredores da exportação para a África nos levam a percorrer, igualmente, a Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar (REAF) no Mercosul, considerada um espaço fundamental para as investidas internacionais brasileiras vinculadas à agricultura familiar. Entre as iniciativas do Brasil na área da agricultura familiar que ganharam impulso para a travessia do Atlântico a partir do Diálogo Brasil-África (2010), está o Programa Mais Alimentos, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, cujas negociações de exportação foram acompanhadas. Na África, direcionamos a pesquisa para o Zimbábue, um país que experimentou uma reforma agrária radical, com ampla redistribuição fundiária e reversão do padrão racial anterior de acesso à terra, concentrado por uma minoria branca. Esse contexto amplifica as potencialidades de justiça social e de impulso da atividade produtiva dos programas brasileiros exportados, em configurações que podem reforçar ambas ou uma delas. O empreendimento de pesquisa aqui desenvolvido situa-se nas zonas de encontro estabelecidas nas situações de internacionalização, o que nos conduz a percorrer tanto os espaços de cena quanto os bastidores dos processos em andamento. Os espaços internacionais são tomados em relação com os espaços nacionais. Ao percorrer os corredores da exportação, buscamos reconstituir os espaços e as possibilidades de enunciação emergentes. Para tanto, utilizamos uma estratégia de pesquisa próxima da etnografia multilocalizada. A proposta é deixar-se conduzir, usar a mobilidade e perseguir as articulações. Aproximar-se de uma abordagem pragmática, onde buscamos as dinâmicas de estabelecimento de relações, não nos impede de mobilizar elementos de uma análise crítica, como a articulação com a ideia de colonialismo interno. Ainda nesta perspectiva, é estabelecida a possibilidade de diálogo com o que chamamos de situação neocolonial. As zonas de encontro, configuradas pelos corredores da exportação, nos remetem tanto a situações de aproximação do Brasil com os países africanos, quanto ao espaço interno brasileiro. A agricultura familiar exercita, dentro das fronteiras do Brasil e em jogo com o cenário internacional, distanciamentos e aproximações em relação a outras categorias e povos. Pela África, a manutenção de categorias como os camponeses e pequenos produtores em situações de encontro com a agricultura familiar nos diz sobre distinções entre estas. As discussões que possibilitam uma leitura do caráter neocolonial das ações brasileiras no continente africano estão próximas. Pelos caminhos externos da agricultura familiar, já potencializados em outros espaços internacionais, como a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a dinâmica interna brasileira é um alerta. Nas zonas de encontro, brasileiras e estabelecidas com outros países, a agricultura familiar exibe seu potencial de exercitar o obscurecimento de outras categorias. / This thesis presents an analysis of the corridors of exportation of Brazilian public policies in relation to family farming in African countries. This exportation initiated in the last decade and conceived within South-South relations, puts into motion ideas about social justice as well as increased agricultural production. In the same way, these corridors of exportation lead us to the Specialized Meeting on Family Farming in the Mercosul (REAF), which is considered a fundamental space for Brazilian foreign investments in family farming. The More Food Programme (Programa Mais Alimentos), associated with the Ministry of Agrarian Development, is one initiative undertaken by Brazil in the area of family farming which gained enough momentum to cross the Atlantic after the Diálogo Brasil-África meeting in 2010. The subsequent export negotiations of these initiatives have been accompanied in this study. In Africa, our research we have been focused on Zimbabwe, a country which has experienced a radical land reform, including widespread land redistribution and a reversal of previous racebased standards through which a concentrated, white minority accessed land. Their context amplifies the potentials of social justice and of the momentum towards an increase in agricultural production through exported Brazilian programmes. Within the design both categories of potential can be reinforced. The research carried out is situated in meeting zones established in situations of internationalization, which in turn takes us to the centre stage of developing processes as well as behind the scenes. International spaces are considered in relation with national spaces. Upon tracing these corridors of exportation, we seek to reconstruct spaces together with possible emerging enunciations. To this end, we use a research strategy similar to multi-sited ethnography. Our proposal is to let ourselves be guided, to use mobility and search for links. Adopting a pragmatic approach, through which we seek out the dynamics of relationship building, does not impede us from implementing elements of critical analysis, such as the contemplation of linkage in connection with the idea of internal colonialism. Within this perspective, the possibility of dialogue with what we call a neocolonial situation is established. These meeting zones, configured by the corridors of exportation, bring us face to face with the approximation of Brazil to African countries and also with Brazilian internal spaces. Within Brazilian borders and beyond them, family farming prompts distancing and approximations between categories and peoples. In Africa, maintaining categories such as peasants and small-scale farmers in situations in which they encounter family farmers, serves to highlight the differences between them. Furthermore, the discussions that make it possible to interpret the neocolonial character of Brazilian actions on the African continent are close. Passing through the external pathways of family farming, and strengthened in other international spaces like the Food and Agricultural Organization of the United Nations (FAO), the internal Brazilian dynamic is a warning. In these meeting zones, Brazilian and foreign, family farming exhibits its potential to throw shadows over other categories.
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Pelos corredores da exportação : a agricultura familiar do Brasil para a África

Coelho, Vanessa Pfeifer January 2015 (has links)
A presente tese constitui-se em uma análise dos corredores da exportação das políticas públicas brasileiras relacionadas à agricultura familiar para países africanos. Compreendida no âmbito das relações Sul-Sul, essa exportação, iniciada na última década, mobiliza tanto ideias de justiça social quanto de aumento da produtividade agrícola. Os corredores da exportação para a África nos levam a percorrer, igualmente, a Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar (REAF) no Mercosul, considerada um espaço fundamental para as investidas internacionais brasileiras vinculadas à agricultura familiar. Entre as iniciativas do Brasil na área da agricultura familiar que ganharam impulso para a travessia do Atlântico a partir do Diálogo Brasil-África (2010), está o Programa Mais Alimentos, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, cujas negociações de exportação foram acompanhadas. Na África, direcionamos a pesquisa para o Zimbábue, um país que experimentou uma reforma agrária radical, com ampla redistribuição fundiária e reversão do padrão racial anterior de acesso à terra, concentrado por uma minoria branca. Esse contexto amplifica as potencialidades de justiça social e de impulso da atividade produtiva dos programas brasileiros exportados, em configurações que podem reforçar ambas ou uma delas. O empreendimento de pesquisa aqui desenvolvido situa-se nas zonas de encontro estabelecidas nas situações de internacionalização, o que nos conduz a percorrer tanto os espaços de cena quanto os bastidores dos processos em andamento. Os espaços internacionais são tomados em relação com os espaços nacionais. Ao percorrer os corredores da exportação, buscamos reconstituir os espaços e as possibilidades de enunciação emergentes. Para tanto, utilizamos uma estratégia de pesquisa próxima da etnografia multilocalizada. A proposta é deixar-se conduzir, usar a mobilidade e perseguir as articulações. Aproximar-se de uma abordagem pragmática, onde buscamos as dinâmicas de estabelecimento de relações, não nos impede de mobilizar elementos de uma análise crítica, como a articulação com a ideia de colonialismo interno. Ainda nesta perspectiva, é estabelecida a possibilidade de diálogo com o que chamamos de situação neocolonial. As zonas de encontro, configuradas pelos corredores da exportação, nos remetem tanto a situações de aproximação do Brasil com os países africanos, quanto ao espaço interno brasileiro. A agricultura familiar exercita, dentro das fronteiras do Brasil e em jogo com o cenário internacional, distanciamentos e aproximações em relação a outras categorias e povos. Pela África, a manutenção de categorias como os camponeses e pequenos produtores em situações de encontro com a agricultura familiar nos diz sobre distinções entre estas. As discussões que possibilitam uma leitura do caráter neocolonial das ações brasileiras no continente africano estão próximas. Pelos caminhos externos da agricultura familiar, já potencializados em outros espaços internacionais, como a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a dinâmica interna brasileira é um alerta. Nas zonas de encontro, brasileiras e estabelecidas com outros países, a agricultura familiar exibe seu potencial de exercitar o obscurecimento de outras categorias. / This thesis presents an analysis of the corridors of exportation of Brazilian public policies in relation to family farming in African countries. This exportation initiated in the last decade and conceived within South-South relations, puts into motion ideas about social justice as well as increased agricultural production. In the same way, these corridors of exportation lead us to the Specialized Meeting on Family Farming in the Mercosul (REAF), which is considered a fundamental space for Brazilian foreign investments in family farming. The More Food Programme (Programa Mais Alimentos), associated with the Ministry of Agrarian Development, is one initiative undertaken by Brazil in the area of family farming which gained enough momentum to cross the Atlantic after the Diálogo Brasil-África meeting in 2010. The subsequent export negotiations of these initiatives have been accompanied in this study. In Africa, our research we have been focused on Zimbabwe, a country which has experienced a radical land reform, including widespread land redistribution and a reversal of previous racebased standards through which a concentrated, white minority accessed land. Their context amplifies the potentials of social justice and of the momentum towards an increase in agricultural production through exported Brazilian programmes. Within the design both categories of potential can be reinforced. The research carried out is situated in meeting zones established in situations of internationalization, which in turn takes us to the centre stage of developing processes as well as behind the scenes. International spaces are considered in relation with national spaces. Upon tracing these corridors of exportation, we seek to reconstruct spaces together with possible emerging enunciations. To this end, we use a research strategy similar to multi-sited ethnography. Our proposal is to let ourselves be guided, to use mobility and search for links. Adopting a pragmatic approach, through which we seek out the dynamics of relationship building, does not impede us from implementing elements of critical analysis, such as the contemplation of linkage in connection with the idea of internal colonialism. Within this perspective, the possibility of dialogue with what we call a neocolonial situation is established. These meeting zones, configured by the corridors of exportation, bring us face to face with the approximation of Brazil to African countries and also with Brazilian internal spaces. Within Brazilian borders and beyond them, family farming prompts distancing and approximations between categories and peoples. In Africa, maintaining categories such as peasants and small-scale farmers in situations in which they encounter family farmers, serves to highlight the differences between them. Furthermore, the discussions that make it possible to interpret the neocolonial character of Brazilian actions on the African continent are close. Passing through the external pathways of family farming, and strengthened in other international spaces like the Food and Agricultural Organization of the United Nations (FAO), the internal Brazilian dynamic is a warning. In these meeting zones, Brazilian and foreign, family farming exhibits its potential to throw shadows over other categories.
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Discussões socioambientais na Amazônia oriental : uma reflexão sociologica a partir da agricultura familiar no sudoeste do Pará

Tavares, Francinei Bentes January 2012 (has links)
A presente pesquisa teve como tema as complexas situações envolvidas no que se poderia designar como uma problemática socioambiental em torno da agricultura familiar na Amazônia Oriental, mais especificamente na região Sudeste do Pará, que envolve questões como a expansão do desmatamento, visto principalmente como consequência da adoção do sistema técnico de corte-e-queima associado a um processo crescente de pecuarização dos sistemas produtivos familiares. Tendo em vista que esse contexto é amplo e complexo, optou-se por analisar as situações constituídas a partir das redes de relações sociais de abrangência local e regional envolvendo o tema específico da agroecologia. Tendo por base esses pressupostos, se propôs nesse trabalho analisar as formas como as cadeias de mediação que problematizam temáticas agroecológicas incidem sobre as práticas produtivas de agricultores familiares que estão se integrando aos mercados em áreas de ocupação mais antiga (entre cerca de 20 a 30 anos) na fronteira agrária do Sudeste Paraense. Visando dar elementos de resposta a esse questionamento, como grade de leitura analítica das situações concretas se escolheu utilizar a corrente da sociologia da tradução, que busca identificar as questões ambientais em um contexto maior que as situam no âmbito de um continuum sociedade-natureza. Para isso, esse conjunto teórico se utiliza da análise de redes sócio-técnicas, que envolvem em suas tramas as relações entre humanos e objetos, e que se expandem por meio de complexos procedimentos sociais de tradução. A principal estratégia metodológica utilizada foi a da observação participante, visando “seguir os atores” que fazem parte da rede sócio-técnica que discute a agroecologia no Sudeste do Pará, descrevendo-a desde as arenas de embates e discussões, passando por espaços acadêmicos e institucionais, até chegar aos agricultores familiares em seus estabelecimentos, por meio da descrição do caso de um assentamento da região. Os principais resultados alcançados permitem afirmar que entre os agricultores expostos à cadeia de mediação estendida pelos atores sociais que discutem a agroecologia, podem ser adotadas atividades produtivas que permitam sair da dependência socioeconômica da pecuária extensiva, principalmente por meio de diferentes políticas públicas que podem estimular alternativas de diversificação produtiva (como a expansão da fruticultura), mas essas atividades muitas vezes são adotadas sem uma recusa a elementos que podem ser identificados como fazendo parte de um processo de modernização tecnológica da agricultura. Isso pode demonstrar que essa última rede apresenta-se mais longa e ampliada em suas conexões e interfaces e com maior facilidade de expansão entre os agricultores da região, que podem estar indo em direção a um uso mais intensivo de insumos externos às propriedades rurais. A cadeia de mediação da agroecologia incide em alguns desses espaços, mas ainda se apresenta de modo incipiente na constituição de um processo de interessamento e engajamento dos agricultores em torno de práticas produtivas pensadas a partir de princípios agroecológicos. Essas conclusões podem apontar algumas tendências que servem de leitura reflexiva para analisar as prováveis transformações nas áreas de fronteira agrária de ocupação mais antiga pela agricultura familiar na região do Sudeste Paraense. / This study had as its theme the complex situations involved in what might be called a socio-environmental issue around the family-run farms in eastern Amazonia, specifically in the Southeast of Pará, which involves issues such as the expansion of deforestation, mainly seen as consequence of the adoption of the technical system of cut-and-burn associated with a growing process of raising cattle production of family productive systems. Since this context is broad and complex, we chose to analyze situations generated from networks of social relations of local and regional coverage involving the specific topic of agroecology. Based on these assumptions, we propose in this study to analyze the ways in which of mediation chains that problematize agroecological thematic that relate to the production practices of family agricultural workers that are integrating to the markets in older occupied areas (around 20 to 30 years) in the agrarian frontier in the Southeast of Pará. In order to give elements of answer to this question, such as analytical reading grid of concrete situations we chose to use the sociology of translation, which seeks to identify environmental issues in a larger context that puts it within a continuum between society and nature. In order to do this, this theoretical set uses the analysis of socio-technical networks, which involve the relationship between humans and objects, and they expand themselves through complex social processes of translation. The main methodological strategy used was the participant observation, in order to "follow the actors" that are part of a socio-technical network that discusses the agroecology in the southeast of Pará, describing it from the arenas of talks and discussions, passing through academic and institutional spaces, until it reaches the family agricultural workers in their establishments, by describing the case of a settlement in the region. The main results have revealed that among farmers exposed to the extended chain of mediation by social actors who discuss the agro-ecology, productive activities can be adopted that allow farmers to leave the socio-economic dependence on extensive livestock rearing, mainly through various public policies that may encourage alternatives of diversification of production (such as the expansion of fruit growing), but these activities are often adopted without a refusal of elements that can be identified as being part of a process of technological modernization of agriculture. This might show that this last network show itself longer and extended on its connections and interfaces with bigger facility of expansion among the region's farmers, who may be moving towards a more intensive use of external inputs in relation to rural properties. The agroecology chain of mediation focuses upon some of these spaces, but it still shows itself timid in the constitution of a process of interest and engagement of agriculture workers around production practices, thinking from agroecological principles. These findings may point to some trends that serve as a reflective reading to analyze the probable changes in older agrarian border areas occupied by family farms in the Southeast of Pará.
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Pelos corredores da exportação : a agricultura familiar do Brasil para a África

Coelho, Vanessa Pfeifer January 2015 (has links)
A presente tese constitui-se em uma análise dos corredores da exportação das políticas públicas brasileiras relacionadas à agricultura familiar para países africanos. Compreendida no âmbito das relações Sul-Sul, essa exportação, iniciada na última década, mobiliza tanto ideias de justiça social quanto de aumento da produtividade agrícola. Os corredores da exportação para a África nos levam a percorrer, igualmente, a Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar (REAF) no Mercosul, considerada um espaço fundamental para as investidas internacionais brasileiras vinculadas à agricultura familiar. Entre as iniciativas do Brasil na área da agricultura familiar que ganharam impulso para a travessia do Atlântico a partir do Diálogo Brasil-África (2010), está o Programa Mais Alimentos, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, cujas negociações de exportação foram acompanhadas. Na África, direcionamos a pesquisa para o Zimbábue, um país que experimentou uma reforma agrária radical, com ampla redistribuição fundiária e reversão do padrão racial anterior de acesso à terra, concentrado por uma minoria branca. Esse contexto amplifica as potencialidades de justiça social e de impulso da atividade produtiva dos programas brasileiros exportados, em configurações que podem reforçar ambas ou uma delas. O empreendimento de pesquisa aqui desenvolvido situa-se nas zonas de encontro estabelecidas nas situações de internacionalização, o que nos conduz a percorrer tanto os espaços de cena quanto os bastidores dos processos em andamento. Os espaços internacionais são tomados em relação com os espaços nacionais. Ao percorrer os corredores da exportação, buscamos reconstituir os espaços e as possibilidades de enunciação emergentes. Para tanto, utilizamos uma estratégia de pesquisa próxima da etnografia multilocalizada. A proposta é deixar-se conduzir, usar a mobilidade e perseguir as articulações. Aproximar-se de uma abordagem pragmática, onde buscamos as dinâmicas de estabelecimento de relações, não nos impede de mobilizar elementos de uma análise crítica, como a articulação com a ideia de colonialismo interno. Ainda nesta perspectiva, é estabelecida a possibilidade de diálogo com o que chamamos de situação neocolonial. As zonas de encontro, configuradas pelos corredores da exportação, nos remetem tanto a situações de aproximação do Brasil com os países africanos, quanto ao espaço interno brasileiro. A agricultura familiar exercita, dentro das fronteiras do Brasil e em jogo com o cenário internacional, distanciamentos e aproximações em relação a outras categorias e povos. Pela África, a manutenção de categorias como os camponeses e pequenos produtores em situações de encontro com a agricultura familiar nos diz sobre distinções entre estas. As discussões que possibilitam uma leitura do caráter neocolonial das ações brasileiras no continente africano estão próximas. Pelos caminhos externos da agricultura familiar, já potencializados em outros espaços internacionais, como a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a dinâmica interna brasileira é um alerta. Nas zonas de encontro, brasileiras e estabelecidas com outros países, a agricultura familiar exibe seu potencial de exercitar o obscurecimento de outras categorias. / This thesis presents an analysis of the corridors of exportation of Brazilian public policies in relation to family farming in African countries. This exportation initiated in the last decade and conceived within South-South relations, puts into motion ideas about social justice as well as increased agricultural production. In the same way, these corridors of exportation lead us to the Specialized Meeting on Family Farming in the Mercosul (REAF), which is considered a fundamental space for Brazilian foreign investments in family farming. The More Food Programme (Programa Mais Alimentos), associated with the Ministry of Agrarian Development, is one initiative undertaken by Brazil in the area of family farming which gained enough momentum to cross the Atlantic after the Diálogo Brasil-África meeting in 2010. The subsequent export negotiations of these initiatives have been accompanied in this study. In Africa, our research we have been focused on Zimbabwe, a country which has experienced a radical land reform, including widespread land redistribution and a reversal of previous racebased standards through which a concentrated, white minority accessed land. Their context amplifies the potentials of social justice and of the momentum towards an increase in agricultural production through exported Brazilian programmes. Within the design both categories of potential can be reinforced. The research carried out is situated in meeting zones established in situations of internationalization, which in turn takes us to the centre stage of developing processes as well as behind the scenes. International spaces are considered in relation with national spaces. Upon tracing these corridors of exportation, we seek to reconstruct spaces together with possible emerging enunciations. To this end, we use a research strategy similar to multi-sited ethnography. Our proposal is to let ourselves be guided, to use mobility and search for links. Adopting a pragmatic approach, through which we seek out the dynamics of relationship building, does not impede us from implementing elements of critical analysis, such as the contemplation of linkage in connection with the idea of internal colonialism. Within this perspective, the possibility of dialogue with what we call a neocolonial situation is established. These meeting zones, configured by the corridors of exportation, bring us face to face with the approximation of Brazil to African countries and also with Brazilian internal spaces. Within Brazilian borders and beyond them, family farming prompts distancing and approximations between categories and peoples. In Africa, maintaining categories such as peasants and small-scale farmers in situations in which they encounter family farmers, serves to highlight the differences between them. Furthermore, the discussions that make it possible to interpret the neocolonial character of Brazilian actions on the African continent are close. Passing through the external pathways of family farming, and strengthened in other international spaces like the Food and Agricultural Organization of the United Nations (FAO), the internal Brazilian dynamic is a warning. In these meeting zones, Brazilian and foreign, family farming exhibits its potential to throw shadows over other categories.
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Discussões socioambientais na Amazônia oriental : uma reflexão sociologica a partir da agricultura familiar no sudoeste do Pará

Tavares, Francinei Bentes January 2012 (has links)
A presente pesquisa teve como tema as complexas situações envolvidas no que se poderia designar como uma problemática socioambiental em torno da agricultura familiar na Amazônia Oriental, mais especificamente na região Sudeste do Pará, que envolve questões como a expansão do desmatamento, visto principalmente como consequência da adoção do sistema técnico de corte-e-queima associado a um processo crescente de pecuarização dos sistemas produtivos familiares. Tendo em vista que esse contexto é amplo e complexo, optou-se por analisar as situações constituídas a partir das redes de relações sociais de abrangência local e regional envolvendo o tema específico da agroecologia. Tendo por base esses pressupostos, se propôs nesse trabalho analisar as formas como as cadeias de mediação que problematizam temáticas agroecológicas incidem sobre as práticas produtivas de agricultores familiares que estão se integrando aos mercados em áreas de ocupação mais antiga (entre cerca de 20 a 30 anos) na fronteira agrária do Sudeste Paraense. Visando dar elementos de resposta a esse questionamento, como grade de leitura analítica das situações concretas se escolheu utilizar a corrente da sociologia da tradução, que busca identificar as questões ambientais em um contexto maior que as situam no âmbito de um continuum sociedade-natureza. Para isso, esse conjunto teórico se utiliza da análise de redes sócio-técnicas, que envolvem em suas tramas as relações entre humanos e objetos, e que se expandem por meio de complexos procedimentos sociais de tradução. A principal estratégia metodológica utilizada foi a da observação participante, visando “seguir os atores” que fazem parte da rede sócio-técnica que discute a agroecologia no Sudeste do Pará, descrevendo-a desde as arenas de embates e discussões, passando por espaços acadêmicos e institucionais, até chegar aos agricultores familiares em seus estabelecimentos, por meio da descrição do caso de um assentamento da região. Os principais resultados alcançados permitem afirmar que entre os agricultores expostos à cadeia de mediação estendida pelos atores sociais que discutem a agroecologia, podem ser adotadas atividades produtivas que permitam sair da dependência socioeconômica da pecuária extensiva, principalmente por meio de diferentes políticas públicas que podem estimular alternativas de diversificação produtiva (como a expansão da fruticultura), mas essas atividades muitas vezes são adotadas sem uma recusa a elementos que podem ser identificados como fazendo parte de um processo de modernização tecnológica da agricultura. Isso pode demonstrar que essa última rede apresenta-se mais longa e ampliada em suas conexões e interfaces e com maior facilidade de expansão entre os agricultores da região, que podem estar indo em direção a um uso mais intensivo de insumos externos às propriedades rurais. A cadeia de mediação da agroecologia incide em alguns desses espaços, mas ainda se apresenta de modo incipiente na constituição de um processo de interessamento e engajamento dos agricultores em torno de práticas produtivas pensadas a partir de princípios agroecológicos. Essas conclusões podem apontar algumas tendências que servem de leitura reflexiva para analisar as prováveis transformações nas áreas de fronteira agrária de ocupação mais antiga pela agricultura familiar na região do Sudeste Paraense. / This study had as its theme the complex situations involved in what might be called a socio-environmental issue around the family-run farms in eastern Amazonia, specifically in the Southeast of Pará, which involves issues such as the expansion of deforestation, mainly seen as consequence of the adoption of the technical system of cut-and-burn associated with a growing process of raising cattle production of family productive systems. Since this context is broad and complex, we chose to analyze situations generated from networks of social relations of local and regional coverage involving the specific topic of agroecology. Based on these assumptions, we propose in this study to analyze the ways in which of mediation chains that problematize agroecological thematic that relate to the production practices of family agricultural workers that are integrating to the markets in older occupied areas (around 20 to 30 years) in the agrarian frontier in the Southeast of Pará. In order to give elements of answer to this question, such as analytical reading grid of concrete situations we chose to use the sociology of translation, which seeks to identify environmental issues in a larger context that puts it within a continuum between society and nature. In order to do this, this theoretical set uses the analysis of socio-technical networks, which involve the relationship between humans and objects, and they expand themselves through complex social processes of translation. The main methodological strategy used was the participant observation, in order to "follow the actors" that are part of a socio-technical network that discusses the agroecology in the southeast of Pará, describing it from the arenas of talks and discussions, passing through academic and institutional spaces, until it reaches the family agricultural workers in their establishments, by describing the case of a settlement in the region. The main results have revealed that among farmers exposed to the extended chain of mediation by social actors who discuss the agro-ecology, productive activities can be adopted that allow farmers to leave the socio-economic dependence on extensive livestock rearing, mainly through various public policies that may encourage alternatives of diversification of production (such as the expansion of fruit growing), but these activities are often adopted without a refusal of elements that can be identified as being part of a process of technological modernization of agriculture. This might show that this last network show itself longer and extended on its connections and interfaces with bigger facility of expansion among the region's farmers, who may be moving towards a more intensive use of external inputs in relation to rural properties. The agroecology chain of mediation focuses upon some of these spaces, but it still shows itself timid in the constitution of a process of interest and engagement of agriculture workers around production practices, thinking from agroecological principles. These findings may point to some trends that serve as a reflective reading to analyze the probable changes in older agrarian border areas occupied by family farms in the Southeast of Pará.
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As biotecnologias e a politização da vida / Biotechnologies and the politicization of life

Premebida, Adriano January 2008 (has links)
Esta pesquisa trata, em um plano geral, do problema das relações discursivas e práticas da ciência e das ações políticas relativas à produção e difusão das novas biotecnologias nas sociedades contemporâneas. Procura-se compreender como a natureza, através das biotecnologias, não está livre dos embates políticos e situa-se no centro das principais polêmicas contemporâneas, como observado nas controvérsias a respeito dos transgênicos. Discute-se, através de entrevistas com cientistas da área da biotecnologia molecular nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina e da análise documental especializada (nacional e internacional), como peritos compreendem a relação entre ciência e sociedade e como se estrutura a argumentação científica na avaliação das conseqüências sociais e ambientais das novas biotecnologias. Parte desta discussão é fundamentada nos estudos sociais em ciência e tecnologia (CTS) a fim de entender como um fato e artefato tecnocientífico é fruto do ordenamento de uma heterogeneidade de entidades sociais e naturais. A partir das análises documentais e das entrevistas verificou-se que a pauta de temas biotecnológicos mais abertos, de repercussão pública, como o dos alimentos geneticamente modificados, a dinâmica discursiva do "argumento verdadeiro" tende a criar posições irreconciliáveis e polarizadas entre os atores sociais interessados na temática biotecnológica. Apesar da ciência ainda ser legitimada pelo discurso de sua neutralidade, referendado pelo pretenso desinteresse do cientista em seu laboratório, na fala dos cientistas entrevistados identifica-se um leque de prioridades estruturais que contradizem esta neutralidade, tendo na noção de desenvolvimento socioeconômico um importante recurso de legitimação das pesquisas em biotecnologia. De um ponto de vista teórico, a pesquisa retoma o par conceitual biopoder/biopolítica para analisar como a verdade científica estrutura seu efeito discursivo de neutralidade, através de uma política geral sobre a vida, com o gene ocupando um papel discursivo central. Através das interações entre humanos e artefatos tecnológicos a retórica da verdade científica estende-se para além do campo científico e torna-se argumento de legitimação de decisões sociotécnicas de grande impacto social, como é o caso dos organismos geneticamente modificados. No rastro da difusão de conhecimentos e artefatos biotecnológicos são criadas competências e incorporadas expectativas biopolíticas na formação de identidades de acordo com padrões de saúde, estes informados pela ciência. / This research deals, on a general plane, with the problem of discourse relations and practices of science and political actions regarding the production and diffusion of new biotechnologies in contemporary societies. An understanding is sought about how nature, by means of biotechnologies, is not free from political debate, but is situated in the center of the most important contemporary polemics, as observed in the controversies over transgenics. By means of interviews with scientists in the area of molecular biotechnology in the States of Paraná, Rio Grande do Sul, and Santa Catarina, and by specialized documental analysis (domestic and international), we discuss how experts understand the relation between science and society, and how scientific argumentation is structured in the evaluation of social and environmental consequences from new biotechnologies. Part of this discussion is based on the social studies about science and technology (CTS) in order to understand how a technoscientific fact and artifact stems from the ordination of heterogeneous social and natural entities. Based on the documentary analyses and interviews, it was seen that in the agenda of more open, publicly debated biotechnological themes, such as genetically modified foods, the discourse dynamics of the "true argument" tends to create irreconcilable and polarized positions between the social players interested on the biotechnological discussion. Although science is still legitimated by the discourse of its neutrality, referenced by the pretense lack of interest of the scientist in his/her laboratory, an array of structural priorities can be identified in the speech of the interviewed scientists, which contradicts such neutrality, and finds an important resource in the notion of socioeconomic development to legitimate researches in biotechnology. From a theoretical point of view, research resumes the conceptual biopower/biopolitics pair to analyze how scientific truth structures its discursive effect of neutrality, by means of a general policy about life, with genes playing a central discursive role. By means of interactions between humans and technological artifacts, the rhetoric of scientific truth extends beyond the scientific field and becomes the legitimation argument of sociotechnical decisions of great social impact, as in the case of genetically modified organisms. Together with the dissemination of knowledge and biotechnological artifacts, competencies are created and biopolitical expectations are incorporated in the formation of identities that comply with health standards, which are informed by science.
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As biotecnologias e a politização da vida / Biotechnologies and the politicization of life

Premebida, Adriano January 2008 (has links)
Esta pesquisa trata, em um plano geral, do problema das relações discursivas e práticas da ciência e das ações políticas relativas à produção e difusão das novas biotecnologias nas sociedades contemporâneas. Procura-se compreender como a natureza, através das biotecnologias, não está livre dos embates políticos e situa-se no centro das principais polêmicas contemporâneas, como observado nas controvérsias a respeito dos transgênicos. Discute-se, através de entrevistas com cientistas da área da biotecnologia molecular nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina e da análise documental especializada (nacional e internacional), como peritos compreendem a relação entre ciência e sociedade e como se estrutura a argumentação científica na avaliação das conseqüências sociais e ambientais das novas biotecnologias. Parte desta discussão é fundamentada nos estudos sociais em ciência e tecnologia (CTS) a fim de entender como um fato e artefato tecnocientífico é fruto do ordenamento de uma heterogeneidade de entidades sociais e naturais. A partir das análises documentais e das entrevistas verificou-se que a pauta de temas biotecnológicos mais abertos, de repercussão pública, como o dos alimentos geneticamente modificados, a dinâmica discursiva do "argumento verdadeiro" tende a criar posições irreconciliáveis e polarizadas entre os atores sociais interessados na temática biotecnológica. Apesar da ciência ainda ser legitimada pelo discurso de sua neutralidade, referendado pelo pretenso desinteresse do cientista em seu laboratório, na fala dos cientistas entrevistados identifica-se um leque de prioridades estruturais que contradizem esta neutralidade, tendo na noção de desenvolvimento socioeconômico um importante recurso de legitimação das pesquisas em biotecnologia. De um ponto de vista teórico, a pesquisa retoma o par conceitual biopoder/biopolítica para analisar como a verdade científica estrutura seu efeito discursivo de neutralidade, através de uma política geral sobre a vida, com o gene ocupando um papel discursivo central. Através das interações entre humanos e artefatos tecnológicos a retórica da verdade científica estende-se para além do campo científico e torna-se argumento de legitimação de decisões sociotécnicas de grande impacto social, como é o caso dos organismos geneticamente modificados. No rastro da difusão de conhecimentos e artefatos biotecnológicos são criadas competências e incorporadas expectativas biopolíticas na formação de identidades de acordo com padrões de saúde, estes informados pela ciência. / This research deals, on a general plane, with the problem of discourse relations and practices of science and political actions regarding the production and diffusion of new biotechnologies in contemporary societies. An understanding is sought about how nature, by means of biotechnologies, is not free from political debate, but is situated in the center of the most important contemporary polemics, as observed in the controversies over transgenics. By means of interviews with scientists in the area of molecular biotechnology in the States of Paraná, Rio Grande do Sul, and Santa Catarina, and by specialized documental analysis (domestic and international), we discuss how experts understand the relation between science and society, and how scientific argumentation is structured in the evaluation of social and environmental consequences from new biotechnologies. Part of this discussion is based on the social studies about science and technology (CTS) in order to understand how a technoscientific fact and artifact stems from the ordination of heterogeneous social and natural entities. Based on the documentary analyses and interviews, it was seen that in the agenda of more open, publicly debated biotechnological themes, such as genetically modified foods, the discourse dynamics of the "true argument" tends to create irreconcilable and polarized positions between the social players interested on the biotechnological discussion. Although science is still legitimated by the discourse of its neutrality, referenced by the pretense lack of interest of the scientist in his/her laboratory, an array of structural priorities can be identified in the speech of the interviewed scientists, which contradicts such neutrality, and finds an important resource in the notion of socioeconomic development to legitimate researches in biotechnology. From a theoretical point of view, research resumes the conceptual biopower/biopolitics pair to analyze how scientific truth structures its discursive effect of neutrality, by means of a general policy about life, with genes playing a central discursive role. By means of interactions between humans and technological artifacts, the rhetoric of scientific truth extends beyond the scientific field and becomes the legitimation argument of sociotechnical decisions of great social impact, as in the case of genetically modified organisms. Together with the dissemination of knowledge and biotechnological artifacts, competencies are created and biopolitical expectations are incorporated in the formation of identities that comply with health standards, which are informed by science.
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As biotecnologias e a politização da vida / Biotechnologies and the politicization of life

Premebida, Adriano January 2008 (has links)
Esta pesquisa trata, em um plano geral, do problema das relações discursivas e práticas da ciência e das ações políticas relativas à produção e difusão das novas biotecnologias nas sociedades contemporâneas. Procura-se compreender como a natureza, através das biotecnologias, não está livre dos embates políticos e situa-se no centro das principais polêmicas contemporâneas, como observado nas controvérsias a respeito dos transgênicos. Discute-se, através de entrevistas com cientistas da área da biotecnologia molecular nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina e da análise documental especializada (nacional e internacional), como peritos compreendem a relação entre ciência e sociedade e como se estrutura a argumentação científica na avaliação das conseqüências sociais e ambientais das novas biotecnologias. Parte desta discussão é fundamentada nos estudos sociais em ciência e tecnologia (CTS) a fim de entender como um fato e artefato tecnocientífico é fruto do ordenamento de uma heterogeneidade de entidades sociais e naturais. A partir das análises documentais e das entrevistas verificou-se que a pauta de temas biotecnológicos mais abertos, de repercussão pública, como o dos alimentos geneticamente modificados, a dinâmica discursiva do "argumento verdadeiro" tende a criar posições irreconciliáveis e polarizadas entre os atores sociais interessados na temática biotecnológica. Apesar da ciência ainda ser legitimada pelo discurso de sua neutralidade, referendado pelo pretenso desinteresse do cientista em seu laboratório, na fala dos cientistas entrevistados identifica-se um leque de prioridades estruturais que contradizem esta neutralidade, tendo na noção de desenvolvimento socioeconômico um importante recurso de legitimação das pesquisas em biotecnologia. De um ponto de vista teórico, a pesquisa retoma o par conceitual biopoder/biopolítica para analisar como a verdade científica estrutura seu efeito discursivo de neutralidade, através de uma política geral sobre a vida, com o gene ocupando um papel discursivo central. Através das interações entre humanos e artefatos tecnológicos a retórica da verdade científica estende-se para além do campo científico e torna-se argumento de legitimação de decisões sociotécnicas de grande impacto social, como é o caso dos organismos geneticamente modificados. No rastro da difusão de conhecimentos e artefatos biotecnológicos são criadas competências e incorporadas expectativas biopolíticas na formação de identidades de acordo com padrões de saúde, estes informados pela ciência. / This research deals, on a general plane, with the problem of discourse relations and practices of science and political actions regarding the production and diffusion of new biotechnologies in contemporary societies. An understanding is sought about how nature, by means of biotechnologies, is not free from political debate, but is situated in the center of the most important contemporary polemics, as observed in the controversies over transgenics. By means of interviews with scientists in the area of molecular biotechnology in the States of Paraná, Rio Grande do Sul, and Santa Catarina, and by specialized documental analysis (domestic and international), we discuss how experts understand the relation between science and society, and how scientific argumentation is structured in the evaluation of social and environmental consequences from new biotechnologies. Part of this discussion is based on the social studies about science and technology (CTS) in order to understand how a technoscientific fact and artifact stems from the ordination of heterogeneous social and natural entities. Based on the documentary analyses and interviews, it was seen that in the agenda of more open, publicly debated biotechnological themes, such as genetically modified foods, the discourse dynamics of the "true argument" tends to create irreconcilable and polarized positions between the social players interested on the biotechnological discussion. Although science is still legitimated by the discourse of its neutrality, referenced by the pretense lack of interest of the scientist in his/her laboratory, an array of structural priorities can be identified in the speech of the interviewed scientists, which contradicts such neutrality, and finds an important resource in the notion of socioeconomic development to legitimate researches in biotechnology. From a theoretical point of view, research resumes the conceptual biopower/biopolitics pair to analyze how scientific truth structures its discursive effect of neutrality, by means of a general policy about life, with genes playing a central discursive role. By means of interactions between humans and technological artifacts, the rhetoric of scientific truth extends beyond the scientific field and becomes the legitimation argument of sociotechnical decisions of great social impact, as in the case of genetically modified organisms. Together with the dissemination of knowledge and biotechnological artifacts, competencies are created and biopolitical expectations are incorporated in the formation of identities that comply with health standards, which are informed by science.

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