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Memórias de metalúrgicos grevistas do ABC paulista / Memories of striker metallurgists from the ABC Paulista area.

Pogibin, Guilherme Gibran 09 March 2009 (has links)
Os metalúrgicos da região do ABC Paulista sofreram, desde o golpe militar em 1964, de um lado, a repressão política que impossibilitava a organização dos trabalhadores, tanto sindical como grevista; e de outro, o arrocho salarial e a carestia, causados pela política econômica do governo que, nesta época, era quem determinava os índices de reajuste salarial. Paralelamente, durante a década de 70, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, progressivamente, adotou um discurso de aproximação aos trabalhadores. Ainda, muitos movimentos populares se organizaram neste período na Grande São Paulo, articulando-se com os movimentos sindicais. Tais processos desencadearam uma série de greves de trabalhadores do setor metalúrgico no ABC Paulista, em um ciclo que começou em 1978 e se estendeu até meados da década de 80. As greves marcaram a fundação do que se chama hoje de novo sindicalismo, além de ter raízes na fundação da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e do PT (Partido dos Trabalhadores). A presente pesquisa tem por objetivo analisar, a partir de uma perspectiva psicossocial, a memória que trabalhadores metalúrgicos do ABC Paulista têm das greves, bem como dos processos que a antecederam. A psicologia social, ciência que foca o homem enquanto participante de grupos ou coletividades, que vive em companhia dos outros, é um campo do conhecimento adequado para a análise de fenômenos políticos, como foram as greves dos metalúrgicos do ABC. O recurso à memória, por meio de depoimentos, traz pistas de como se deu a participação do trabalhador na greve, assim como da relação dele com as pessoas envolvidas (colegas, sindicalistas, patrões). Foram entrevistados cinco metalúrgicos que participaram das greves referidas, e um que não participou das greves, mas viveu o momento em que elas aconteceram na condição de trabalhador metalúrgico. Foram feitas entrevistas semi-dirigidas, que privilegiaram a narrativa dos fatos vividos. A análise das entrevistas foi feita seguindo uma linha qualitativa, e foi dividida em quatro eixos, expostos a seguir: 1) Sobre os significados das greves, estes apareceram de múltiplas formas. As greves apareceram relacionadas à violência, à conquista de direitos e ao resgate de uma dignidade perdida; 2) A partir dos depoimentos percebe-se uma construção coletiva das memórias das greves, principalmente em relação aos acontecimentos com participação de grande número de pessoas, como as grandes assembleias. Cada depoente, no entanto, destaca o que foi marcante para si. E as narrativas de acontecimentos que tiveram uma participação ativa do depoente têm importante destaque nas entrevistas; 3) Nas trajetórias de formação política dos grevistas aparece com destaque a importância do sindicato e dos movimentos sociais, como o ligado à Igreja Católica. A mediação de tais movimentos coletivos exerce papel fundamental na conscientização sobre a organização política e social relacionada às greves; e 4) O entrelaçamento temporal nos depoimentos mostra que é inevitável a comparação dos fatos lembrados do passado com o momento presente. As avaliações das consequências das greves no presente e as perspectivas políticas para o futuro estão ligadas ao que o trabalhador construiu como horizonte utópico. / The metallurgist workers from the ABC Paulista area suffered, since the military coup détat in 1964, from on side, the political repression that made impossible the workers oragnization (either concerning to labor unions or to calling strikes); from the other, the salary devaluation and the accentuated raise of prices, caused by the the economical politics of the government that, in those times, was who determined the salary rates. At the same time, during the 1970s, the São Bernardo do Campo and Diadema Metallurgist Labor Union, pregressively, adopted the intention to get closer to the workers causes. Furthermore, many popular movements were organized during this period in the Great São Paulo, also tying up with the labor unions. Such processes leaded to a series of strikes of the metallurgist workers in the ABC Paulista, starting in 1978 and continiung until the mid 1980s. These strikes are related to the foundation of the so-called New Labor-Unionism, as well as having straight relations with the foundation of the CUT (an important labor union central in Brazil) and the PT (Workers Party). The aim of this research is to analyse, in a psycho-social perspective, the memories that the metallurgist workers have of these strikes, as well as the memories of the processes that preceded them. Social psychology, a science that has its focus on the person that takes part on groups or collectivities and that lives in company of others, is a suitable subject for the analysis of any political phenomena, such as the strikes. The support of the memory, brought up by the testimony of those who wer involved on the happenings, can give us clues of how the involvement of the workers in the strike were, as well as their relations with the people who took part on the processes (co-workers, union traders, bosses). Five metallurgist workers that took part os the strikes mentioned above were interviewed. Also one worker that didnt take part on the strikes, but was working in an metallurgist factory at that time, was interviewed. The interviews were based on the semi-direct method, focusing on the narration of the events. The analysis of the interviews was made according to a qualitative stream, and was divided in four axes, which are the following: 1) About the meaning of the strikes, these apperaed in multiple forms. They were related to violence, to the conquering of rights and to the rescue of a lost dignity; 2) A collective construction of the memory of the strikes was noticed, especially over the events that had a great amount of people involved, like some assemblies. Each interviewee, though, made stand out the facts that were most meaningful for himself. And the events that had an active participation of the interviewees had an important distinction on the narrations; 3) About the political upbringing of the strikers, the union trades and the social movements (such as the one linked to the catholic church) play an important role. The mediation of these movements are essential for bringing up the consciousness of the political and social organization related to the strikes; and 4) There is an inevitable interlacement between past and present during the remebering process. The judgement of the consequences of the strikes on the present and the political perspectives of the future are linked to how the worker constituted his utopic horizons.
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Memórias de metalúrgicos grevistas do ABC paulista / Memories of striker metallurgists from the ABC Paulista area.

Guilherme Gibran Pogibin 09 March 2009 (has links)
Os metalúrgicos da região do ABC Paulista sofreram, desde o golpe militar em 1964, de um lado, a repressão política que impossibilitava a organização dos trabalhadores, tanto sindical como grevista; e de outro, o arrocho salarial e a carestia, causados pela política econômica do governo que, nesta época, era quem determinava os índices de reajuste salarial. Paralelamente, durante a década de 70, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, progressivamente, adotou um discurso de aproximação aos trabalhadores. Ainda, muitos movimentos populares se organizaram neste período na Grande São Paulo, articulando-se com os movimentos sindicais. Tais processos desencadearam uma série de greves de trabalhadores do setor metalúrgico no ABC Paulista, em um ciclo que começou em 1978 e se estendeu até meados da década de 80. As greves marcaram a fundação do que se chama hoje de novo sindicalismo, além de ter raízes na fundação da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e do PT (Partido dos Trabalhadores). A presente pesquisa tem por objetivo analisar, a partir de uma perspectiva psicossocial, a memória que trabalhadores metalúrgicos do ABC Paulista têm das greves, bem como dos processos que a antecederam. A psicologia social, ciência que foca o homem enquanto participante de grupos ou coletividades, que vive em companhia dos outros, é um campo do conhecimento adequado para a análise de fenômenos políticos, como foram as greves dos metalúrgicos do ABC. O recurso à memória, por meio de depoimentos, traz pistas de como se deu a participação do trabalhador na greve, assim como da relação dele com as pessoas envolvidas (colegas, sindicalistas, patrões). Foram entrevistados cinco metalúrgicos que participaram das greves referidas, e um que não participou das greves, mas viveu o momento em que elas aconteceram na condição de trabalhador metalúrgico. Foram feitas entrevistas semi-dirigidas, que privilegiaram a narrativa dos fatos vividos. A análise das entrevistas foi feita seguindo uma linha qualitativa, e foi dividida em quatro eixos, expostos a seguir: 1) Sobre os significados das greves, estes apareceram de múltiplas formas. As greves apareceram relacionadas à violência, à conquista de direitos e ao resgate de uma dignidade perdida; 2) A partir dos depoimentos percebe-se uma construção coletiva das memórias das greves, principalmente em relação aos acontecimentos com participação de grande número de pessoas, como as grandes assembleias. Cada depoente, no entanto, destaca o que foi marcante para si. E as narrativas de acontecimentos que tiveram uma participação ativa do depoente têm importante destaque nas entrevistas; 3) Nas trajetórias de formação política dos grevistas aparece com destaque a importância do sindicato e dos movimentos sociais, como o ligado à Igreja Católica. A mediação de tais movimentos coletivos exerce papel fundamental na conscientização sobre a organização política e social relacionada às greves; e 4) O entrelaçamento temporal nos depoimentos mostra que é inevitável a comparação dos fatos lembrados do passado com o momento presente. As avaliações das consequências das greves no presente e as perspectivas políticas para o futuro estão ligadas ao que o trabalhador construiu como horizonte utópico. / The metallurgist workers from the ABC Paulista area suffered, since the military coup détat in 1964, from on side, the political repression that made impossible the workers oragnization (either concerning to labor unions or to calling strikes); from the other, the salary devaluation and the accentuated raise of prices, caused by the the economical politics of the government that, in those times, was who determined the salary rates. At the same time, during the 1970s, the São Bernardo do Campo and Diadema Metallurgist Labor Union, pregressively, adopted the intention to get closer to the workers causes. Furthermore, many popular movements were organized during this period in the Great São Paulo, also tying up with the labor unions. Such processes leaded to a series of strikes of the metallurgist workers in the ABC Paulista, starting in 1978 and continiung until the mid 1980s. These strikes are related to the foundation of the so-called New Labor-Unionism, as well as having straight relations with the foundation of the CUT (an important labor union central in Brazil) and the PT (Workers Party). The aim of this research is to analyse, in a psycho-social perspective, the memories that the metallurgist workers have of these strikes, as well as the memories of the processes that preceded them. Social psychology, a science that has its focus on the person that takes part on groups or collectivities and that lives in company of others, is a suitable subject for the analysis of any political phenomena, such as the strikes. The support of the memory, brought up by the testimony of those who wer involved on the happenings, can give us clues of how the involvement of the workers in the strike were, as well as their relations with the people who took part on the processes (co-workers, union traders, bosses). Five metallurgist workers that took part os the strikes mentioned above were interviewed. Also one worker that didnt take part on the strikes, but was working in an metallurgist factory at that time, was interviewed. The interviews were based on the semi-direct method, focusing on the narration of the events. The analysis of the interviews was made according to a qualitative stream, and was divided in four axes, which are the following: 1) About the meaning of the strikes, these apperaed in multiple forms. They were related to violence, to the conquering of rights and to the rescue of a lost dignity; 2) A collective construction of the memory of the strikes was noticed, especially over the events that had a great amount of people involved, like some assemblies. Each interviewee, though, made stand out the facts that were most meaningful for himself. And the events that had an active participation of the interviewees had an important distinction on the narrations; 3) About the political upbringing of the strikers, the union trades and the social movements (such as the one linked to the catholic church) play an important role. The mediation of these movements are essential for bringing up the consciousness of the political and social organization related to the strikes; and 4) There is an inevitable interlacement between past and present during the remebering process. The judgement of the consequences of the strikes on the present and the political perspectives of the future are linked to how the worker constituted his utopic horizons.

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