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Emoções e vivências em Vigotski: investigação para uma perspectiva histórico-cultural / Emotions and experiences in Vygotsky: research for a historical-cultural perspective

Toassa, Gisele 03 March 2009 (has links)
A pesquisa teórica de doutorado relatada nesta tese elegeu como objetivos: 1) analisar os conceitos de emoções e vivências na produção de Lev Semionovich Vigotski (1896-1934), radiografando sua composição e gênese epistemológica de 1916 a 1934; 2) discutir a constituição de uma perspectiva histórico-cultural acerca desses conceitos. Para tanto, recorreu à consulta e análise de múltiplas fontes bibliográficas, entrevistas e conversas com pesquisadores da psicologia e cultura russa/soviética. Concluiu-se que os conceitos de vivência e emoção atravessam a obra de Vigotski, sendo que o primeiro transforma-se, de categoria quase coincidente com o segundo em A Tragédia de Hamlet (1916), para unidade de análise da relação interna entre consciência/personalidade e meio. As vivências (perejivânia) expandem-se na abrangência dos fenômenos psicológicos e influências teóricas apresentados e, de um perfil teórico inicial especialmente marcado pelo simbolismo russo, passam a caracterizar-se (nos textos pedológicos dos anos 1930) pela influência de Lewin, da psicologia da Gestalt e outras fontes germânicas. O conceito adquire um importante papel metodológico: torna-se unidade da vida consciente, marcada pela dinâmica dos sistemas psicológicos. Quanto às emoções (emotsi), eram consideradas por Vigotski como o capítulo menos desenvolvido (embora, possivelmente, o mais importante no futuro) das psicologias de sua época. Notamos aspectos importantes que se mantêm de 1925 a 1934, e outros que irrompem ao longo do percurso, configurando uma concepção própria do autor. É especialmente importante observar que as emoções surgem como objeto de sua psicologia geral no Teaching about emotions (1933), manuscrito centralizado na busca de um futuro para o conceito a partir da superação do dualismo presente na dicotomia entre psicologia explanatória e descritiva. O autor defende o desenho de um quadro único das múltiplas manifestações da vida emocional humana e de seus processos de determinação. Ao longo de sua obra, Vigotski congrega influências de múltiplas origens: materialismo histórico, psicologia estrutural, Ribot, Stanislavski e Espinosa, definindo, no pleno sentido adquirido por tal idéia, que as emoções humanas são funções psíquicas superiores (culturizadas); a arte e a linguagem, os principais meios culturais que as constituem. Os estudos sobre as emoções são a última e mais difícil fronteira do seu monismo materialista, colocando o cérebro no corpo e o corpo na palavra. Em torno das idéias e problemas impostos por Vigotski, gravita nesta tese uma revisão bibliográfica de pesquisas recentes na psicologia e nas neurociências, na qual trabalham-se algumas contribuições para a perspectiva histórico-cultural, questões de tradução e terminologia, bem como idéias e problemas que determinam o futuro de uma psicologia das emoções e vivências. / The theoretical research reported in this Phd thesis aimed: 1) to examine the concepts of emotions and experiences in the production of Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934), xraying their composition and epistemological genesis from 1916 to 1934, and 2) to discuss the formation of a historical-cultural perspective about these concepts. For this, it fell back upon the consultation and analysis of multiple bibliographic sources, interviews and conversations with experts regarding Russian/Soviet culture and psychology. It has concluded that the concept of experience (perezhivanie) is very close to emotion (emotsia, tchuvstvo, affekt) in Vygotsky´s first work, The Tragedy of Hamlet (1916). But the concept changes: in his pedological works of 1930s, becomes unity of analysis for the internal relationship between consciousness/personality and the environment. The experience expands on the scope of psychological phenomena and theoretical works discussed: from a profile especially linked to the Russian symbolism, start to be marked by the influence of Lewin, the Gestalt psychology and other German references. The concept acquires wide and important methodological role as systemic unity of conscious life, marked by the dynamics of functional psychological systems. Regarding to emotions (emotsi), Vygotsky considered them as the chapter less developed (although possibly the most important in the future) of the psychology of his era. There are important aspects that remain from 1925 to 1934, and others that arise along the course, setting a conception properly Vygotskyan. It is remarkable observing that emotions appear as subject of Vygotsky´s general psychology in \"The teaching about emotions\" (1933), manuscript directed to the search for a new psychology of emotions through the overcoming of dualism, as noticed in the dichotomy between descriptive and explanatory psychology. The author defended the design of a single theoretical framework of the manifestations concerning human emotional life and its processes of determination. The works of Vygotsky reveal many influences, specially: historical materialism, structural psychology, Ribot, Stanislavsky and Espinosa, defining, in the full sense acquired for such an idea, that human emotions are higher mental functions; the art and the language, the main cultural forms of mediation that constitute them. The studies on the emotions are the more difficult and the last frontier of Vygotskyan materialist monism, placing the brain in the body and the body in the word. Gravitating in this thesis, around the ideas and problems imposed by Vygotsky, there is a literature review of recent researches in psychology and neuroscience, showing some of their contributions to the historical-cultural perspective, problems of translation and terminology, as well as ideas and questions that determine its future.
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Emoções e vivências em Vigotski: investigação para uma perspectiva histórico-cultural / Emotions and experiences in Vygotsky: research for a historical-cultural perspective

Gisele Toassa 03 March 2009 (has links)
A pesquisa teórica de doutorado relatada nesta tese elegeu como objetivos: 1) analisar os conceitos de emoções e vivências na produção de Lev Semionovich Vigotski (1896-1934), radiografando sua composição e gênese epistemológica de 1916 a 1934; 2) discutir a constituição de uma perspectiva histórico-cultural acerca desses conceitos. Para tanto, recorreu à consulta e análise de múltiplas fontes bibliográficas, entrevistas e conversas com pesquisadores da psicologia e cultura russa/soviética. Concluiu-se que os conceitos de vivência e emoção atravessam a obra de Vigotski, sendo que o primeiro transforma-se, de categoria quase coincidente com o segundo em A Tragédia de Hamlet (1916), para unidade de análise da relação interna entre consciência/personalidade e meio. As vivências (perejivânia) expandem-se na abrangência dos fenômenos psicológicos e influências teóricas apresentados e, de um perfil teórico inicial especialmente marcado pelo simbolismo russo, passam a caracterizar-se (nos textos pedológicos dos anos 1930) pela influência de Lewin, da psicologia da Gestalt e outras fontes germânicas. O conceito adquire um importante papel metodológico: torna-se unidade da vida consciente, marcada pela dinâmica dos sistemas psicológicos. Quanto às emoções (emotsi), eram consideradas por Vigotski como o capítulo menos desenvolvido (embora, possivelmente, o mais importante no futuro) das psicologias de sua época. Notamos aspectos importantes que se mantêm de 1925 a 1934, e outros que irrompem ao longo do percurso, configurando uma concepção própria do autor. É especialmente importante observar que as emoções surgem como objeto de sua psicologia geral no Teaching about emotions (1933), manuscrito centralizado na busca de um futuro para o conceito a partir da superação do dualismo presente na dicotomia entre psicologia explanatória e descritiva. O autor defende o desenho de um quadro único das múltiplas manifestações da vida emocional humana e de seus processos de determinação. Ao longo de sua obra, Vigotski congrega influências de múltiplas origens: materialismo histórico, psicologia estrutural, Ribot, Stanislavski e Espinosa, definindo, no pleno sentido adquirido por tal idéia, que as emoções humanas são funções psíquicas superiores (culturizadas); a arte e a linguagem, os principais meios culturais que as constituem. Os estudos sobre as emoções são a última e mais difícil fronteira do seu monismo materialista, colocando o cérebro no corpo e o corpo na palavra. Em torno das idéias e problemas impostos por Vigotski, gravita nesta tese uma revisão bibliográfica de pesquisas recentes na psicologia e nas neurociências, na qual trabalham-se algumas contribuições para a perspectiva histórico-cultural, questões de tradução e terminologia, bem como idéias e problemas que determinam o futuro de uma psicologia das emoções e vivências. / The theoretical research reported in this Phd thesis aimed: 1) to examine the concepts of emotions and experiences in the production of Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934), xraying their composition and epistemological genesis from 1916 to 1934, and 2) to discuss the formation of a historical-cultural perspective about these concepts. For this, it fell back upon the consultation and analysis of multiple bibliographic sources, interviews and conversations with experts regarding Russian/Soviet culture and psychology. It has concluded that the concept of experience (perezhivanie) is very close to emotion (emotsia, tchuvstvo, affekt) in Vygotsky´s first work, The Tragedy of Hamlet (1916). But the concept changes: in his pedological works of 1930s, becomes unity of analysis for the internal relationship between consciousness/personality and the environment. The experience expands on the scope of psychological phenomena and theoretical works discussed: from a profile especially linked to the Russian symbolism, start to be marked by the influence of Lewin, the Gestalt psychology and other German references. The concept acquires wide and important methodological role as systemic unity of conscious life, marked by the dynamics of functional psychological systems. Regarding to emotions (emotsi), Vygotsky considered them as the chapter less developed (although possibly the most important in the future) of the psychology of his era. There are important aspects that remain from 1925 to 1934, and others that arise along the course, setting a conception properly Vygotskyan. It is remarkable observing that emotions appear as subject of Vygotsky´s general psychology in \"The teaching about emotions\" (1933), manuscript directed to the search for a new psychology of emotions through the overcoming of dualism, as noticed in the dichotomy between descriptive and explanatory psychology. The author defended the design of a single theoretical framework of the manifestations concerning human emotional life and its processes of determination. The works of Vygotsky reveal many influences, specially: historical materialism, structural psychology, Ribot, Stanislavsky and Espinosa, defining, in the full sense acquired for such an idea, that human emotions are higher mental functions; the art and the language, the main cultural forms of mediation that constitute them. The studies on the emotions are the more difficult and the last frontier of Vygotskyan materialist monism, placing the brain in the body and the body in the word. Gravitating in this thesis, around the ideas and problems imposed by Vygotsky, there is a literature review of recent researches in psychology and neuroscience, showing some of their contributions to the historical-cultural perspective, problems of translation and terminology, as well as ideas and questions that determine its future.

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