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Avaliação da alimentação de lactentes menores de um ano nascidos com baixo peso: estudo transversal em 64 municípios brasileiros / Evaluation of the feeding of infants under one year old born with low birth weight: a cross-sectional study in 64 Brazilian municipalitiesOrtelan, Naiá 26 September 2018 (has links)
Introdução: O baixo peso ao nascer (BPN) representa risco crucial para as crianças. Em contrapartida, a amamentação é considerada a estratégia de maior impacto na redução da mortalidade em crianças menores de cinco anos. O aleitamento materno exclusivo (AME) é recomendado até o sexto mês de vida, devendo ser complementado até dois anos de idade ou mais. Crianças com consumo alimentar inadequado desde a infância tendem ao desenvolvimento precoce de sobrepeso e obesidade, além de outras doenças crônicas associadas. Objetivo: Verificar o padrão de aleitamento materno (AM) e as práticas de alimentação complementar de lactentes menores de um ano nascidos com baixo peso e analisar a influência de determinantes individuais e contextuais. Métodos: Estudo transversal com dados de 64 municípios brasileiros (incluindo as capitais e Distrito Federal) que abrangeu 5115 lactentes menores de um ano com BPN da Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno (PPAM) em Municípios Brasileiros, 2008. O questionário continha questões sobre a prática de AM e sobre o consumo de todos os grupos alimentares nas últimas 24 horas. A tese gerou três manuscritos: 1) Descreve as práticas de aleitamento materno, o consumo de líquidos e alimentos semi-sólidos nas últimas 24 horas e os indicadores de consumo alimentar de lactentes entre seis e 11,9 meses segundo estratos de BPN. 2) Avalia os determinantes individuais e contextuais do AME. 3) Analisa a influência de determinantes individuais e contextual sobre a dieta diversificada e sobre o consumo de alimentos ultraprocessados em lactentes de seis a 11,9 meses com BPN. Nos manuscritos 2 e 3, os determinantes individuais corresponderam às características socioeconômicas (representadas pela proxy escolaridade materna), dos lactentes (idade; sexo), maternas (faixa etária; situação de trabalho; paridade) e aos serviços de saúde (local de acompanhamento ambulatorial). No manuscrito 2 foi incluído também o \'nascimento em Hospital Amigo da Criança (HAC)\'. Os determinantes contextuais corresponderam às características dos municípios, representadas pelas variáveis \'número de Bancos de Leite Humano (BLH) por mil nascidos vivos\' e \'Índice de Desenvolvimento Humano do município\' no manuscrito 2, e \'prevalência estimada de desnutrição infantil\' como proxy de pobreza, no manuscrito 3. Para análise, utilizou-se regressão de Poisson com estrutura multinível e adotou-se nível de significância de 5%. Resultados: Descritos de acordo com cada manuscrito produzido: 1) No estrato de muito BPN o AME até 60 dias e 90 dias foi mais elevado do que nos demais, mas com intervalos de confiança superpostos. A prevalência de AME em menores de seis meses apresentou patamar semelhante nos três estratos de peso ao nascer. A prevalência de AM na primeira hora de vida e o AM foram mais prevalentes entre os nascidos com 2000 a 2499g. Observou-se consumo elevado de alimentos ultraprocessados (AUP) em lactentes de 6|-9 e de 9|-12 meses, sendo esta prevalência maior quanto maior o PN. As prevalências dos indicadores de consumo alimentar estão aquém do recomendado. 2) O AME foi mais prevalente entre lactentes cujas mães tinham de 20 a 35 anos (RP=1,35; IC95%=1,09-1,69), não trabalhavam fora (RP=1,36; IC95%=1,08-1,71) ou estavam em licença maternidade(RP=1,30; IC95%=1,06-1,59); lactentes que nasceram em HAC (RP=1,22; IC95%=1,09-1,37) e que residiam em municípios com maior número de BLH por mil nascidos vivos (RP=1,42; IC95%=1,14-1,76). 3) Aproximadamente 59% dos lactentes consumiram alimentos ultraprocessados, enquanto 29% apresentaram dieta diversificada. Crianças cujas mães residiam em municípios com prevalência de desnutrição infantil inferior a 10% (RP=1,66; IC95%=1,23-2,24), tinham escolaridade superior (RP=1,37; IC95%=1,18-1,60) e trabalhavam fora de casa (RP=1,29; IC95%=1,12-1,49) foram mais propensas a oferecer uma alimentação diversificada. O consumo de alimentos ultraprocessados foi maior entre lactentes cujas mães residiam em municípios com prevalência de desnutrição infantil inferior a 10% (RP=1,17; IC95%=1,04-1,31), eram mais jovens (RP=1,30; IC95%=1,15-1,46) e multíparas (RP=1,16; IC95%=1,03-1,30). Conclusões: A tese evidenciou o efeito independente de estratégias que integram a Política Nacional de Aleitamento Materno. Nascer em HAC, residir em município com maior disponibilidade de BLH e o direito à licença maternidade remunerada exercem influência positiva sobre a prática de AME. Este resultado aponta para a necessidade de expansão da cobertura dessas estratégias com vistas ao cumprimento das metas de AM propostas pela OMS. Foi detectado impacto de fatores individuais e contextuais sobre a qualidade da dieta que demandam o desenvolvimento de estratégias eficazes para aumentar o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados e diminuir o consumo de ultraprocessados nesta população vulnerável. / Introduction: Low birth weight (LBW) represents a major risk to children. On the other hand, breastfeeding is recognized as the strategy with the greatest impact on reducing childhood mortality. Thus, exclusive breastfeeding (EBF) is recommended up to the sixth month of the child\'s life and should be complemented up to two years of age or more. Inadequate nutrition during early childhood is associated with early development of overweight, obesity, and other chronic diseases. Objectives: 1) To verify the breastfeeding pattern and complementary feeding practices of infants under one year of age who were born with low weight and, 2) to assess the influence of its individual and contextual determinants. Methods: This cross-sectional analysis included 5,115 infants less than one year of age born with LBW from the Second National Survey of Breastfeeding Prevalence (IIPPAM). The survey evaluated the situation of breastfeeding and complementary feeding in 64 Brazilian municipalities (including capitals and the Federal District). Dietary data was collected using a questionnaire with dichotomous questions about breastfeeding practices and consumption of foods from all food groups in the previous 24 hours. The thesis generated three manuscripts as follows: 1) The first one describes breastfeeding practices, consumption of any liquids (including non-human milk) and semi-solid foods in the last 24 hours, and indicators of young child feeding practices of infants between six and 11.9 months according to birth weight strata. 2) The second manuscript evaluates individual and contextual determinants of exclusive breastfeeding. 3) The third one assesses the influence of individual and contextual factors on dietary diversity and on consumption of ultraprocessed foods in LBW infants between six and 11.9 months of age. The individual-level-factors studied on manuscripts 2 and 3 were: socioeconomic (represented by the proxy maternal education), infants (age, sex), maternal (age range, work situation, parity), and health services (type of outpatient follow-up). The individual-level-factor \'being born in a Baby-Friendly Hospital (BFH)\' was also studied on manuscript 2. The community-level factors studied at the second level in the manuscript 2 included municipalities\' characteristics (number of Human Milk Banks (HMB) per thousand live births in each municipality in 2007, and Human Development Index of the municipality, used as proxy of poverty). The community-level factor studied at the second level in manuscript 3 was municipal prevalence of childhood malnutrition, used as a proxy for poverty. The individualized effect of the study factors on the outcome was evaluated using multilevel Poisson regression analysis. For all manuscripts, a significance level of 5% was adopted. Results: Summary of the findings of each manuscript produced: 1) In the stratum of very LBW, the rates EBF up to 60 and 90 days were higher among very LBW infants compared to others, however with overlapping confidence intervals. The overall prevalence of breastfeeding in infants under six months was similar among the groups. The rates of breastfeeding in the first hour of life and total breastfeeding were both higher among those born with weight between 2000 and 2499g. A high consumption of ultraprocessed foods was observed among infants aged 6|-9 and 9|-12 months, and it was noted that the higher the birth weight the higher was the prevalence of consumption. The prevalence of food groups consumption indicators are below the recommended. 2) EBF was more prevalent among infants born with LBW whose mothers were 20-35 years old, those who did not work outside the home or were on paid maternity leave; those born in a BFH; and those who lived in municipalities with the highest number of HMB per thousand live births. 3) Approximately 59% of infants consumed ultraprocessed foods, while 29% achieved dietary diversity. Mothers with the highest education level, those who worked outside the home, and who lived in municipalities with a prevalence of child malnutrition below 10% were more likely to offer a diverse diet. Consumption of ultra-processed foods was higher among infants whose mothers were younger, multiparous, and who lived in municipalities with a prevalence of child malnutrition below 10%. Conclusions: The thesis augments the evidence that integrated actions of the National Breastfeeding Program already implemented in Brazil - BFH Initiative, Brazilian Network of HMB, and adoption of labor laws for paid maternity leave - are associated with EBF even in the vulnerable population of infants born with LBW. Our results also suggest the need to expand and intensify the coverage of these strategies in order to meet the goals of breastfeeding proposed by the World Health Organization. Our findings also indicate the effects of individual and community-level factors on the dietary quality of this population, suggesting a need for developing effective strategies to increase consumption of unprocessed or minimally processed foods, while decreasing the ultra-processed counterpart for this vulnerable population.
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Evolução do uso de chupeta e sua influência no aleitamento materno exclusivo no Brasil, 1999-2008 / Temporal trends of pacifier use and its influence on the exclusive breastfeeding in Brazil, 1999-2008Gabriela dos Santos Buccini 02 February 2017 (has links)
Introdução: O impacto positivo no curto e longo prazos do aleitamento materno exclusivo (AME) na saúde da criança, da mulher que amamenta e para a sociedade estão bem documentados. Apesar da tendência secular crescente do AME no Brasil, a prevalência de 36,6 por cento constatada na última Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2013, está aquém dos 50 por cento considerados satisfatórios pela Organização Mundial da Saúde. Mediante esse cenário, faz-se importante identificar fatores de risco modificáveis para reduzir a interrupção precoce do AME. Embora o uso de chupeta seja apontado como um dos múltiplos determinantes do AME, não existe consenso sobre o efeito desse hábito na interrupção precoce dessa prática. Objetivo: Analisar a associação entre uso de chupeta e interrupção do AME, bem como a evolução do uso de chupeta e sua influência no AME em menores de 6 meses nas Capitais Brasileiras e no DF, 1999- 2008. Métodos: Foram produzidos 4 manuscritos. O primeiro consistiu de uma revisão sistemática e meta-análise para investigar a associação entre uso de chupeta e interrupção do AME nos menores de 6 meses. Para tanto, realizou-se uma busca ampla em cinco bases de dados (CINAHL, Scopus, Web of Science, LILACS, Medline) sem restrição de data ou idioma de publicação, o que resultou em 1.866 estudos submetidos à critérios de exclusão e inclusão previamente estabelecidos (Protocolo PROSPERO CDR42014014527). O segundo e o terceiro manuscritos utilizaram dados provenientes da I e II Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno (PPAM) nas Capitais e DF realizadas em 1999 e 2008, respectivamente. Os inquéritos, metodologicamente equivalentes, utilizaram amostras representativas com sorteio em dois estágios. Os questionários foram compostos por questões fechadas relativas ao uso de chupeta e à alimentação da criança no dia anterior à pesquisa. No manuscrito 2, para testar a associação entre o uso de chupeta e o risco de interrupção do AME, foram utilizados modelos de regressão múltipla na amostra agrupada e para cada inquérito, ajustados por covariáveis socioeconômicas, demográficas e biomédicas da mãe da criança. No terceiro manuscrito, calculou-se a fração de impacto potencial (FIP) da influência da variação temporal do uso de chupeta no declínio da interrupção do AME. O manuscrito 4 resultou do aprofundamento na metodologia aplicada no manuscrito anterior, no qual se discute como as estimativas de FIP podem ser utilizadas na análise de mudanças em desfechos populacionais à luz de variações em seus fatores determinantes, tomando como exemplo os dados de AME e uso de chupeta no Brasil. Resultados: O efeito agrupado do uso de chupeta sobre a interrupção do AME em crianças menores de 6 meses dos estudos incluídos na meta-análise foi de OR 2,48 (IC95 por cento =2,16-2,85); entretanto, constatou-se alta heterogeneidade, explicada majoritariamente pelo delineamento do estudo (40,2 por cento ). Os dois ensaios clínicos randomizados incluídos apresentam validade externa limitada e encontraram associação nula; os 44 observacionais, incluindo 20 estudos de coorte prospectivos, encontraram associação consistente (OR=2,28; IC95 por cento =1,78-2,93). Essa associação foi confirmada pela análise agrupada das amostras da I e II PPAM (manuscrito 2), revelando o uso de chupeta como o fator mais fortemente associado à interrupção precoce do AME no Brasil no período de 1999 a 2008 (OR ajustado= 2,77; IC95 por cento =2,63-2,91). Nesse período, no Brasil, houve declínio de 15,2 pontos percentuais na prevalência de interrupção do AME (passando de 74,9 por cento para 59,7 por cento ) e uma redução de aproximadamente 17 pontos percentuais no uso de chupeta (passando de 58,5 por cento para 41,6 por cento ). Um terço do declínio na interrupção precoce do AME pôde ser atribuído à variação temporal do uso de chupeta (manuscrito 3). A redução no uso de chupeta como estratégia de prevenção para interrupção do AME no cenário 1999-2008 apresentou 41 por cento de eficácia potencial, 13,3 por cento de efetividade e 18,5 por cento de eficiência (manuscrito 4). Conclusões: O uso de chupeta é um fator de risco associado à interrupção do AME em crianças menores de 6 meses, sendo um forte determinante no declínio temporal da interrupção precoce dessa prática no Brasil. Como um fator de risco modificável, revelou-se seu potencial na prevenção da interrupção precoce do AME. Estratégias preventivas com abordagem universal e seletiva para redução do uso de chupeta em crianças amamentadas exclusivamente poderiam acelerar a melhoria das taxas da AME no Brasil, rumo às recomendações internacionais / Introduction: The short- and long-term health positive impact that exclusive breastfeeding (EBF) confers to children are well documented. Despite the secular trend for EBF in Brazil has increased, the prevalence of 36 per cent observed in the last national survey conducted in 2013 is still below the 50 per cent considered satisfactory by the World Health Organization. In this scenario, it is important to identify relevant modifiable key risk factors for the premature interruption of EBF. Although pacifier use has been pointed as one of the multiple determinants of exclusive breastfeeding there is no consensus on the effect of this habit in the early interruption of EBF. Objective: To analyze the association between pacifier use and EBF interruption as well as the influence of temporal trends of pacifier use on the EBF in children under 6 months old in Brazilian state capitals and Federal District, 1999-2008. Methods: 4 manuscripts were produced. The first consisted in systematic review and meta-analysis to investigate the association between pacifier use and interruption of exclusive breastfeeding in infants less than 6 months. A wide search in 5 databases (CINAHL, Scopus, Web of Science, LILACS, Medline) from inception through 30 December 2104 without restriction of language yielded 1.866 publications submitted to predetermined inclusion/exclusion criteria peer reviewed (PROSPERO protocol CDR42014014527). In the second and third manuscripts data from 2 waves of infant feeding surveys conducted in 1999 and in 2008 in the Brazilian state capitals and Federal District (I and II PPAM) was used. Methodologically equivalent surveys used representative samples selected based on complex sampling procedures and systematic random selection of children in the queue of each selected immunization center. Questionnaires were composed of closed-ended questions regarding the pacifier use and infant feeding on the day before the survey. In the second manuscript, to find out whether or not pacifier use is an independent risk factor for the EBF interruption were used multivariate regression models in the pooled sample and for each survey wave adjusting for socioeconomic, demographic and biomedical confounders. In the third paper, we calculated the potential impact fraction (IF) of the influence of temporal trends of pacifier use on the decline of EBF interruption. Manuscript 4 resulted from methodological deepening for application of the analysis strategy applied in the previous manuscript, into it we present how estimates of IF that might be used in the analysis of variation in the population outcomes considering shift in its determinants, taking as an example the data about EBF interruption and pacifier in Brazil. Results: The meta-analysis pooled effect was OR 2.48 (CI95 per cent =2.16-2.85) for the association between pacifier use and EBF interruption. The majority heterogeneity was explained by study design (40.2 per cent ). Two RCTs with very limited external validity found a null association, but 44 observational studies, including 20 prospective cohort studies, did find a consistent association between pacifier use and EBF interruption (OR=2.28; CI95 per cent =1.78-2.93). This association was confirmed by the pooled analysis for I and II PPAM (manuscript 2) revealing pacifier use as the strongest risk factor for EBF interruption in Brazil between 1999-2008 (OR adjusted= 2.77; CI95 per cent =2.63-2.91). In this period was observed 15.2 per cent of decline in EBF interruption prevalence (from 74.9 per cent to 59.7 per cent ) and a reduction of approximately 17 per cent in pacifier use (from 58.5 per cent to 41.6 per cent ). A third of the total decline of EBF interruption could be attributed to the temporal trends of pacifier use (manuscript 3). The decrease in the pacifier use as a prevention strategy for EBF interruption in the scenario 1999-2008 showed 41 per cent of potential effectiveness, 13.3 per cent effective and 18.5 per cent efficiency (manuscript 4). Conclusion: Pacifier use is a risk factor associated with EBF interruption, being a strong determinant in the temporal trends of EBF in Brazil. As a modifiable risk factor, the pacifier proved its potential in preventing EBF interruption. Preventive public health strategies with ecological and selective approach to reduce the pacifier use in exclusive breastfed infants could accelerate the improvement of the EBF rates in Brazil, towards the international recommendations
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