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Assombrações na bíblia judaica: estudo clasificatório sobre tradições folclóricas de demônios e fantasmas difundidas no Antigo Israel e subjacentes aos textos hebraicos canônicosRuben Marcelino Bento da Silva 12 January 2012 (has links)
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / Esta dissertação desenvolve-se a partir da seguinte hipótese: à semelhança de todas as demais
culturas ao redor do mundo e em todas as épocas, o Antigo Israel cultivou crenças em
assombrações. Dessa hipótese, desdobra-se uma pergunta central: a Bíblia judaica conservou
vestígios dessas crenças? A pesquisa elabora uma resposta em três capítulos. No primeiro,
estabelece-se uma definição geral de assombração para, em seguida, aplicá-la a alguns textos
da Bíblia judaica na forma de duas categorias básicas: demônios e fantasmas. Comentam-se,
desse modo, especialmente sete assombrações `
a
zāzēl, Lîlîṯ, os ś
e
`îrîm, Maḥîṯ, a mão
fantasmagórica, Bēs e os ś
e
rāpîm do templo de Jerusalém , as quais, ao mesmo tempo que
enquadradas dentro das categorias anteriores, são agrupadas numa tipologia baseada em
elementos que estabelecem afinidades entre elas: assombrações de lugares desertos,
assombrações insalubres ou mortíferas, assombrações agourentas e assombrações
benevolentes. No segundo capítulo, utilizando a metodologia de exegese histórico-crítica,
propõe-se uma análise de Ex 4.24-26. O objetivo é investigar a possibilidade de haver uma
versão mais antiga desse texto, segundo a qual o filho de Zípora, e não Moisés, fora atacado
no lugar do pernoite por um demônio. Diante da ameaça, a mãe do menino efetuou-lhe a
circuncisão e proferiu um dito, dois atos que poderiam ser entendidos como integrantes de um
ritual de exorcismo. Uma releitura monoteísta teria sido responsável por três modificações
básicas: a) substituição do demônio por YHWH; b) inclusão de Moisés na história, provável
causa da confusão dos pronomes pessoais masculinos e c) reinterpretação da circuncisão, a
qual passou de procedimento de exorcismo para sinal de pertencimento ao povo de YHWH no
contexto da narrativa da saída de Israel do Egito (Ex 1 15). No terceiro capítulo, emprega-
se, uma vez mais, a metodologia de exegese histórico-crítica para analisar 1Sm 28.3-25. Pela
comparação com outros textos de cunho deuteronomista, identificaram-se prováveis
acréscimos redacionais que sugeririam ter havido, em um estágio mais antigo, uma narrativa
que contava como um ancestral falecido anônimo anunciou a morte de Saul nas mãos dos
filisteus. Não se percebia necessariamente uma censura à prática da consulta aos mortos,
apenas a exposição de variados meios de consulta a um oráculo. Mais tarde, o trabalho
deuteronomista sobre essa peça literária teria transformado Saul num perseguidor daquela
arte, tornando-o, simultaneamente, culpado de recorrer àquilo que ele mesmo havia proibido.
Além disso, substituiu-se o ancestral anônimo original evocado pela mulher de En-Dor pelo
profeta Samuel, cuja palavra se cumpre justamente por ser ele, de acordo com a perspectiva
deuteronomista, um porta-voz autorizado de YHWH. Pode-se, portanto, considerar Ex 4.24-
26 e 1Sm 28.3-25 como dois exemplos de histórias de assombração na Bíblia judaica. / This thesis is developed based on the following hypothesis: similar to all other cultures
around the world and in all periods, Ancient Israel cultivated beliefs in apparitions. From this
hypothesis stems a central question: did the Jewish Bible retain vestiges of these beliefs? The
research elaborates an answer in three chapters. In the first it establishes a general definition
of apparition to, following, apply it to some texts of the Jewish Bible in the form of two basic
categories: demons and phantoms. In this sense, seven apparitions are especially commented
on `
a
zāzēl, Lîlîṯ, the ś
e
`îrîm, Maḥîṯ, the phantasmagoric hand, Bēs and the ś
e
rāpîm of the
temple of Jerusalem which, while at the same time fitting into the prior categories, they are
also grouped in a typology based on elements which establish affinities among them:
apparitions of desert places, unwholesome or deadly apparitions, ominous apparitions and
benevolent apparitions. In the second chapter, utilizing the methodology of historical-critical
exegesis, an analysis of Ex. 4:24-26 is proposed. The goal is to investigate the possibility of
the existence of a more ancient version of this text, according to which the son of Zipporah,
and not Moses, was attacked in the overnight place by a demon. Confronted with the threat,
the mother of the boy carried out the circumcision and pronounced a saying, two acts which
could be understood as being part of an exorcism ritual. A monotheistic reading would be
responsible for three basic modifications: a) substitution of the demon with YHWH;
b) inclusion of Moses in the story, probable cause of the confusion of the masculine personal
pronouns and c) reinterpretation of circumcision, which went from being a procedure of
exorcism to a sign of belonging to the people of YHWH in the context of the narrative of the
exodus of Israel from Egypt (Ex. 1-15). In the third chapter, once again the historical-critical
methodology of exegesis is used to analyze 1 Sam. 28:3-25. In comparing with other texts of
Deuteronomic character, probable redactional additions were identified which could suggest
that there was, in a more ancient stage, a narrative which told of how an anonymous dead
ancestor announced the death of Saul at the hands of the Philistines. One does not necessarily
perceive a censorship of the practice of consulting the dead, only the exposition of various
ways of consulting an oracle. Later, the Deuteronomic work on this literary piece would have
transformed Saul into a persecutor of that art, making him, simultaneously, guilty of resorting
to that which he himself had forbidden. Beyond this, the original anonymous ancestor evoked
by the woman of En-Dor was substituted by the prophet Samuel, whose word is fulfilled
precisely because he, according to the Deuteronomic perspective, is an authorized
spokesperson of YHWH. Therefore, one can consider Ex. 4: 24-26 and 1 Sam. 28:3-25 as two
examples of stories of apparitions in the Jewish Bible.
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Religião e niilismo: paidéia crítica em Os demônios de Dostoiévski / Religion and nihilism: critical paideia in The devils of DostoiévskiSakamoto, Jacqueline Izumi 05 December 2007 (has links)
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Previous issue date: 2007-12-05 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / Objective: To deal with the philosophy of the religion in Dostoiévski as a testimony,
that not only discloses a powerful religious criticism to the modern atheism unfolding,
but still, extending our repertoire, for the access to this religious thinker as form to
know the religion.
Justification: In The Devils, Dostoiévski treats the excesses of education and ethics
secularization indicating the holiness category forgetfulness, characterized mainly by
the symmetry relation between man and the transcendent, the atheism as an
anthropocentric legacy of the modern rational project, produces moral myopia rendering
useless the discernment amid the relativity chaos.
Hypothesis: The nihilism dynamic, characterizes the visceral movements of human
being towards self-destruction, is rooted in what Berdiaev defined as an uncreated
liberty, where sprout our Imago Dei, not subject to the norms, that inhabits human soul
with the Nothing. We will try to show that the path through Nothing, the reality of the
sin and the evil is considered the axis of Dostoiévskis pedagogy, constitutes a critical
and religious Paideia.
Theoretical-methodological aspects and obtained result: As a procedure this
research deepened the sense of the work interpretation, and the characters dynamic, by
the analysis of its content a narrow relation and dialogue amongst the prominent
theoretical yardsticks for the comprehension of the theological foundations presented in
the thought of Dostoiévski. In this sense, the obtained result reached the proposed
objective: the clash of modern atheism with the instruments of the philosophy of
religion that seeks an extended comprehension as a necessary repertoire for the dialogue
between education, religion and moral, a critical Paideia, and still, the up to date depth
of this work for the contemporary man / Objetivo: Tratar a filosofia da religião em Dostoiévski como um testemunho, que nos
revela não só uma poderosa crítica religiosa aos desdobramentos do ateísmo moderno,
mas ainda, ampliando nosso repertório, pelo acesso a este pensador religioso como
forma de conhecer a religião.
Justificativa: Dostoiévski trata em Os Demônios os excessos da secularização em ética
e pedagogia e indica que o esquecimento da categoria de santidade, caracterizada
principalmente pela relação de simetria entre o homem e o transcendente, o ateísmo
como legado antropocêntrico do projeto racional moderno, produz miopia moral
inviabilizando o discernimento em meio ao caos relativista.
Hipótese: A dinâmica do niilismo, caracterizando os movimentos viscerais do ser
humano em processo de auto-destruição, está enraizado no que Berdiaev definiu como
liberdade incriada, de onde brota nossa Imago Dei, não passível às normas, que habita a
alma humana com o Nada. Procuraremos demonstrar que o atravessamento deste Nada,
o eixo da pedagogia dostoiévskiana que considera a realidade do pecado e do mal,
constitui uma Paidéia crítica e religiosa.
Aspectos teórico-metodológicos e resultado obtido: Como procedimento esta
pesquisa aprofundou a interpretação do sentido da obra, e da dinâmica dos personagens,
pela análise de seu conteúdo, em estreita relação e diálogo com os referenciais teóricos
relevantes para a compreensão dos fundamentos teológicos presentes no pensamento de
Dostoiévski. Neste sentido, o resultado obtido atingiu o objetivo proposto: o
enfrentamento do ateísmo moderno com os instrumentos da filosofia da religião, que
busca uma compreensão ampliada como repertório necessário para o diálogo entre
educação, religião e moral, constitui uma Paidéia crítica, e identificou ainda, a
atualidade desta obra para o homem no mundo contemporâneo
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O herói da modernidade em Dostoiévski e Graciliano RamosArteaga, Cristiane Guimarães January 2011 (has links)
Este trabalho é uma continuação de minha dissertação de mestrado, na qual analisei as possíveis relações de contato entre Crime e Castigo, de Dostoiévski, e Angústia, de Graciliano Ramos. Aqui, pretendo dar continuidade aos pontos de contato entre esses escritores, mas usando a questão da modernidade como ponto comum entre os dois autores. Levando em consideração que, apesar da distância temporal que os separa, as questões da modernidade, como fator de desenvolvimento tecnológico, ou seja, como sinônimo de modernização, e suas consequências para a sociedade estão presentes na literatura de ambos os escritores. No romance de Dostoiévski, por exemplo, teremos várias inovações: o romance dialógico ou polifônico, ao invés do tradicional monológico; a fragmentação da narrativa, “desrespeitando”, muitas vezes, o tempo cronológico; uma maior preocupação com o social; e, principalmente, como decorrência desses fatores, o surgimento de um novo tipo de herói, cujos valores - ou a ausência destes – indicam a existência de uma nova estrutura social gerada pela modernidade e pelo capitalismo. Em consequência disso, as narrativas romanescas passam a apresentar anti-heróis, que oscilam entre o bem e o mal, sem ao menos saber o que de fato é o bem e o mal. Esses “anti-heróis”, como diz Paulo Honório de São Bernardo, podem realizar atos bons que causam prejuízos, mas também atos ruins que geram lucros. Essa nova realidade desconcertante faz com que a sociedade perca seus valores éticos e morais e volte-se para “o que realmente importa”: o dinheiro. Desse modo, conforme Jameson, é compreensível que modernidade e capitalismo sejam considerados sinônimos, pois é o dinheiro que “atribui” o valor ao indivíduo e, em sua ausência, esse “valor” é invalidado na sociedade moderna. Traçamos um panorama da modernidade e das obras de Graciliano Ramos e Dostoiévski antes de partirmos para a análise das obras escolhidas: São Bernardo e Os Demônios, respectivamente. Essas obras foram escolhidas devido a seus protagonistas representarem com precisão o perfil do “anti-herói” da modernidade: cometem “maldades” contra tudo e contra todos, inclusive contra eles mesmos. O destino trágico do herói da modernidade é a impossibilidade de ser feliz e de fazer os outros felizes, numa angustiante sucessão de infelicidades. / This work is the continuation of my master's dissertation, in which I analyzed the possible relations between Dostoyevsky's Crime and Punishment and Graciliano Ramos’s Anguish. My intention, here, is to further develop the points of contact between these two writers; however, the discussion will be carried out from the point of view of modernity, a common notion between both writers. Despite the chronological distance between them, the issues of modernity as technological development – that is, technology as a synonym for modernization – and its influence on society are present in the writing of both authors. Dostoyevsky’s novels, for instance, introduce several innovations: dialogism or polyphony in the place of the traditional monologic discourse; narrative fragmentation, often “breaking” the chronological order; greater concern for social issues; and, mainly as a result of these factors, the emergence of a new type of hero whose values – or the absence of values – point to a new social structure, created by modernity and capitalism. As a consequence, the romantic narratives begin to portray anti-heroes, who oscillate between good and evil unaware of what good and evil really mean. These “anti-heroes” – in the words of Paulo Honório, protagonist of Saint Bernard – may do good deeds that cause harm, but also wrongs that generate benefits. Such new unsettling reality causes society to deviate from its ethical and moral values and turn to “what really matters”: money. Thus, according to Jameson, it is obvious that modernity and capitalism be regarded as synonyms. It is money that “assigns” value to the individual and, in modern society, this “value” is considered null when there is no money. We provide an overview of modernity and the work of Graciliano Ramos and Dostoyevsky before analyzing the selected pieces: Saint Bernard and Demons, respectively. These literary works were selected due to the fact that their protagonists are an accurate portrayal of the “anti-hero” of modernity: they are cruel and mischievous towards everything and everyone, including themselves. The tragic destiny of the modern hero is the impossibility of being happy and making others happy. He is forever trapped in an anguishing succession of mishaps. / Este trabajo es una continuación de mi disertación de maestría, en la cual analicé las posibles relaciones de contacto entre Crimen y Castigo, de Dostoievski, y Angustia, de Graciliano Ramos. Aquí, pretendo dar continuidad a los puntos de contacto entre esos escritores, pero usando la cuestión de la modernidad como punto común entre los dos autores. Llevando en consideración que, a pesar de la distancia temporal que los separa, las cuestiones de la modernidad, como factor de desarrollo tecnológico, o sea, como sinónimo de modernización, y sus consecuencias para la sociedad están presentes en la literatura de ambos escritores. En el romance de Dostoievski, por ejemplo, tendremos varias innovaciones: el romance dialógico o polifónico, en vez del tradicional monológico; la fragmentación de la narrativa, “desrespetando”, muchas veces, el tiempo cronológico; una mayor preocupación con lo social; y, principalmente, como consecuencia de esos factores, el surgimiento de un nuevo tipo de héroe, cuyos valores -o su ausencia- indican la existencia de una nueva estructura social generada por la modernidad y por el capitalismo. En consecuencia de eso, las narrativas romanescas pasan a presentar antihéroes, que oscilan entre el bien y el mal, sin al menos saber qué de hecho es el bien y el mal. Esos “antihéroes”, como lo dice Paulo Honório de São Bernardo, pueden realizar actos buenos que causan perjuicios, pero también actos malos que generan lucros. Esa nueva realidad desconcertante hace que la sociedad pierda sus valores éticos y morales y vuelque hacia “lo que realmente importa”: el dinero. De ese modo, conforme Jameson, es comprensible que modernidad y capitalismo sean considerados sinónimos, pues es el dinero que “atribuye” el valor al individuo y, en su ausencia, ese “valor” es invalidado en la sociedad moderna. Trazamos un panorama de la modernidad y de las obras de Graciliano Ramos y Dostoievski antes de que partamos al análisis de las obras escogidas: São Bernardo y Los Demonios, respectivamente. Esas obras se escogieron debido a que sus protagonistas representen con precisión el perfil del “antihéroe” de la modernidad: cometen “maldades” contra todo y contra todos, inclusive contra ellos mismos. El destino trágico del héroe de la modernidad es la imposibilidad de ser feliz y de hacer a los otros felices, en una angustiante sucesión de infelicidades.
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O herói da modernidade em Dostoiévski e Graciliano RamosArteaga, Cristiane Guimarães January 2011 (has links)
Este trabalho é uma continuação de minha dissertação de mestrado, na qual analisei as possíveis relações de contato entre Crime e Castigo, de Dostoiévski, e Angústia, de Graciliano Ramos. Aqui, pretendo dar continuidade aos pontos de contato entre esses escritores, mas usando a questão da modernidade como ponto comum entre os dois autores. Levando em consideração que, apesar da distância temporal que os separa, as questões da modernidade, como fator de desenvolvimento tecnológico, ou seja, como sinônimo de modernização, e suas consequências para a sociedade estão presentes na literatura de ambos os escritores. No romance de Dostoiévski, por exemplo, teremos várias inovações: o romance dialógico ou polifônico, ao invés do tradicional monológico; a fragmentação da narrativa, “desrespeitando”, muitas vezes, o tempo cronológico; uma maior preocupação com o social; e, principalmente, como decorrência desses fatores, o surgimento de um novo tipo de herói, cujos valores - ou a ausência destes – indicam a existência de uma nova estrutura social gerada pela modernidade e pelo capitalismo. Em consequência disso, as narrativas romanescas passam a apresentar anti-heróis, que oscilam entre o bem e o mal, sem ao menos saber o que de fato é o bem e o mal. Esses “anti-heróis”, como diz Paulo Honório de São Bernardo, podem realizar atos bons que causam prejuízos, mas também atos ruins que geram lucros. Essa nova realidade desconcertante faz com que a sociedade perca seus valores éticos e morais e volte-se para “o que realmente importa”: o dinheiro. Desse modo, conforme Jameson, é compreensível que modernidade e capitalismo sejam considerados sinônimos, pois é o dinheiro que “atribui” o valor ao indivíduo e, em sua ausência, esse “valor” é invalidado na sociedade moderna. Traçamos um panorama da modernidade e das obras de Graciliano Ramos e Dostoiévski antes de partirmos para a análise das obras escolhidas: São Bernardo e Os Demônios, respectivamente. Essas obras foram escolhidas devido a seus protagonistas representarem com precisão o perfil do “anti-herói” da modernidade: cometem “maldades” contra tudo e contra todos, inclusive contra eles mesmos. O destino trágico do herói da modernidade é a impossibilidade de ser feliz e de fazer os outros felizes, numa angustiante sucessão de infelicidades. / This work is the continuation of my master's dissertation, in which I analyzed the possible relations between Dostoyevsky's Crime and Punishment and Graciliano Ramos’s Anguish. My intention, here, is to further develop the points of contact between these two writers; however, the discussion will be carried out from the point of view of modernity, a common notion between both writers. Despite the chronological distance between them, the issues of modernity as technological development – that is, technology as a synonym for modernization – and its influence on society are present in the writing of both authors. Dostoyevsky’s novels, for instance, introduce several innovations: dialogism or polyphony in the place of the traditional monologic discourse; narrative fragmentation, often “breaking” the chronological order; greater concern for social issues; and, mainly as a result of these factors, the emergence of a new type of hero whose values – or the absence of values – point to a new social structure, created by modernity and capitalism. As a consequence, the romantic narratives begin to portray anti-heroes, who oscillate between good and evil unaware of what good and evil really mean. These “anti-heroes” – in the words of Paulo Honório, protagonist of Saint Bernard – may do good deeds that cause harm, but also wrongs that generate benefits. Such new unsettling reality causes society to deviate from its ethical and moral values and turn to “what really matters”: money. Thus, according to Jameson, it is obvious that modernity and capitalism be regarded as synonyms. It is money that “assigns” value to the individual and, in modern society, this “value” is considered null when there is no money. We provide an overview of modernity and the work of Graciliano Ramos and Dostoyevsky before analyzing the selected pieces: Saint Bernard and Demons, respectively. These literary works were selected due to the fact that their protagonists are an accurate portrayal of the “anti-hero” of modernity: they are cruel and mischievous towards everything and everyone, including themselves. The tragic destiny of the modern hero is the impossibility of being happy and making others happy. He is forever trapped in an anguishing succession of mishaps. / Este trabajo es una continuación de mi disertación de maestría, en la cual analicé las posibles relaciones de contacto entre Crimen y Castigo, de Dostoievski, y Angustia, de Graciliano Ramos. Aquí, pretendo dar continuidad a los puntos de contacto entre esos escritores, pero usando la cuestión de la modernidad como punto común entre los dos autores. Llevando en consideración que, a pesar de la distancia temporal que los separa, las cuestiones de la modernidad, como factor de desarrollo tecnológico, o sea, como sinónimo de modernización, y sus consecuencias para la sociedad están presentes en la literatura de ambos escritores. En el romance de Dostoievski, por ejemplo, tendremos varias innovaciones: el romance dialógico o polifónico, en vez del tradicional monológico; la fragmentación de la narrativa, “desrespetando”, muchas veces, el tiempo cronológico; una mayor preocupación con lo social; y, principalmente, como consecuencia de esos factores, el surgimiento de un nuevo tipo de héroe, cuyos valores -o su ausencia- indican la existencia de una nueva estructura social generada por la modernidad y por el capitalismo. En consecuencia de eso, las narrativas romanescas pasan a presentar antihéroes, que oscilan entre el bien y el mal, sin al menos saber qué de hecho es el bien y el mal. Esos “antihéroes”, como lo dice Paulo Honório de São Bernardo, pueden realizar actos buenos que causan perjuicios, pero también actos malos que generan lucros. Esa nueva realidad desconcertante hace que la sociedad pierda sus valores éticos y morales y vuelque hacia “lo que realmente importa”: el dinero. De ese modo, conforme Jameson, es comprensible que modernidad y capitalismo sean considerados sinónimos, pues es el dinero que “atribuye” el valor al individuo y, en su ausencia, ese “valor” es invalidado en la sociedad moderna. Trazamos un panorama de la modernidad y de las obras de Graciliano Ramos y Dostoievski antes de que partamos al análisis de las obras escogidas: São Bernardo y Los Demonios, respectivamente. Esas obras se escogieron debido a que sus protagonistas representen con precisión el perfil del “antihéroe” de la modernidad: cometen “maldades” contra todo y contra todos, inclusive contra ellos mismos. El destino trágico del héroe de la modernidad es la imposibilidad de ser feliz y de hacer a los otros felices, en una angustiante sucesión de infelicidades.
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O herói da modernidade em Dostoiévski e Graciliano RamosArteaga, Cristiane Guimarães January 2011 (has links)
Este trabalho é uma continuação de minha dissertação de mestrado, na qual analisei as possíveis relações de contato entre Crime e Castigo, de Dostoiévski, e Angústia, de Graciliano Ramos. Aqui, pretendo dar continuidade aos pontos de contato entre esses escritores, mas usando a questão da modernidade como ponto comum entre os dois autores. Levando em consideração que, apesar da distância temporal que os separa, as questões da modernidade, como fator de desenvolvimento tecnológico, ou seja, como sinônimo de modernização, e suas consequências para a sociedade estão presentes na literatura de ambos os escritores. No romance de Dostoiévski, por exemplo, teremos várias inovações: o romance dialógico ou polifônico, ao invés do tradicional monológico; a fragmentação da narrativa, “desrespeitando”, muitas vezes, o tempo cronológico; uma maior preocupação com o social; e, principalmente, como decorrência desses fatores, o surgimento de um novo tipo de herói, cujos valores - ou a ausência destes – indicam a existência de uma nova estrutura social gerada pela modernidade e pelo capitalismo. Em consequência disso, as narrativas romanescas passam a apresentar anti-heróis, que oscilam entre o bem e o mal, sem ao menos saber o que de fato é o bem e o mal. Esses “anti-heróis”, como diz Paulo Honório de São Bernardo, podem realizar atos bons que causam prejuízos, mas também atos ruins que geram lucros. Essa nova realidade desconcertante faz com que a sociedade perca seus valores éticos e morais e volte-se para “o que realmente importa”: o dinheiro. Desse modo, conforme Jameson, é compreensível que modernidade e capitalismo sejam considerados sinônimos, pois é o dinheiro que “atribui” o valor ao indivíduo e, em sua ausência, esse “valor” é invalidado na sociedade moderna. Traçamos um panorama da modernidade e das obras de Graciliano Ramos e Dostoiévski antes de partirmos para a análise das obras escolhidas: São Bernardo e Os Demônios, respectivamente. Essas obras foram escolhidas devido a seus protagonistas representarem com precisão o perfil do “anti-herói” da modernidade: cometem “maldades” contra tudo e contra todos, inclusive contra eles mesmos. O destino trágico do herói da modernidade é a impossibilidade de ser feliz e de fazer os outros felizes, numa angustiante sucessão de infelicidades. / This work is the continuation of my master's dissertation, in which I analyzed the possible relations between Dostoyevsky's Crime and Punishment and Graciliano Ramos’s Anguish. My intention, here, is to further develop the points of contact between these two writers; however, the discussion will be carried out from the point of view of modernity, a common notion between both writers. Despite the chronological distance between them, the issues of modernity as technological development – that is, technology as a synonym for modernization – and its influence on society are present in the writing of both authors. Dostoyevsky’s novels, for instance, introduce several innovations: dialogism or polyphony in the place of the traditional monologic discourse; narrative fragmentation, often “breaking” the chronological order; greater concern for social issues; and, mainly as a result of these factors, the emergence of a new type of hero whose values – or the absence of values – point to a new social structure, created by modernity and capitalism. As a consequence, the romantic narratives begin to portray anti-heroes, who oscillate between good and evil unaware of what good and evil really mean. These “anti-heroes” – in the words of Paulo Honório, protagonist of Saint Bernard – may do good deeds that cause harm, but also wrongs that generate benefits. Such new unsettling reality causes society to deviate from its ethical and moral values and turn to “what really matters”: money. Thus, according to Jameson, it is obvious that modernity and capitalism be regarded as synonyms. It is money that “assigns” value to the individual and, in modern society, this “value” is considered null when there is no money. We provide an overview of modernity and the work of Graciliano Ramos and Dostoyevsky before analyzing the selected pieces: Saint Bernard and Demons, respectively. These literary works were selected due to the fact that their protagonists are an accurate portrayal of the “anti-hero” of modernity: they are cruel and mischievous towards everything and everyone, including themselves. The tragic destiny of the modern hero is the impossibility of being happy and making others happy. He is forever trapped in an anguishing succession of mishaps. / Este trabajo es una continuación de mi disertación de maestría, en la cual analicé las posibles relaciones de contacto entre Crimen y Castigo, de Dostoievski, y Angustia, de Graciliano Ramos. Aquí, pretendo dar continuidad a los puntos de contacto entre esos escritores, pero usando la cuestión de la modernidad como punto común entre los dos autores. Llevando en consideración que, a pesar de la distancia temporal que los separa, las cuestiones de la modernidad, como factor de desarrollo tecnológico, o sea, como sinónimo de modernización, y sus consecuencias para la sociedad están presentes en la literatura de ambos escritores. En el romance de Dostoievski, por ejemplo, tendremos varias innovaciones: el romance dialógico o polifónico, en vez del tradicional monológico; la fragmentación de la narrativa, “desrespetando”, muchas veces, el tiempo cronológico; una mayor preocupación con lo social; y, principalmente, como consecuencia de esos factores, el surgimiento de un nuevo tipo de héroe, cuyos valores -o su ausencia- indican la existencia de una nueva estructura social generada por la modernidad y por el capitalismo. En consecuencia de eso, las narrativas romanescas pasan a presentar antihéroes, que oscilan entre el bien y el mal, sin al menos saber qué de hecho es el bien y el mal. Esos “antihéroes”, como lo dice Paulo Honório de São Bernardo, pueden realizar actos buenos que causan perjuicios, pero también actos malos que generan lucros. Esa nueva realidad desconcertante hace que la sociedad pierda sus valores éticos y morales y vuelque hacia “lo que realmente importa”: el dinero. De ese modo, conforme Jameson, es comprensible que modernidad y capitalismo sean considerados sinónimos, pues es el dinero que “atribuye” el valor al individuo y, en su ausencia, ese “valor” es invalidado en la sociedad moderna. Trazamos un panorama de la modernidad y de las obras de Graciliano Ramos y Dostoievski antes de que partamos al análisis de las obras escogidas: São Bernardo y Los Demonios, respectivamente. Esas obras se escogieron debido a que sus protagonistas representen con precisión el perfil del “antihéroe” de la modernidad: cometen “maldades” contra todo y contra todos, inclusive contra ellos mismos. El destino trágico del héroe de la modernidad es la imposibilidad de ser feliz y de hacer a los otros felices, en una angustiante sucesión de infelicidades.
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