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Pés descalços e tênis, carroça e carro, boneca de pano e computador, entre o rural e o urbano : experiências num entrecruzar de infânciasHorn, Ticiana Elisabete January 2010 (has links)
A presente Dissertação buscou compreender, a partir de uma pesquisa de campo, as visões que as crianças “urbanas” e “rurais” produzem sobre si e sobre os outros, procurando entender suas formas de falar, narrar, expressar para refletir sobre o quanto a polifonia de discursos sobre o que é rural e urbano reverberou em seus modos de pensar. Esta pesquisa movimentou-me por uma temática na qual eu estava envolvida, atravessada, mobilizada. Como professora-pesquisadora, articulei episódios que emergiram em minha experiência pedagógica, os quais me convocaram a problematizar posicionamentos e diferentes dizeres relacionados ao rural. Entendo que os discursos sobre as infâncias “rurais” disseminados em diferentes produções culturais provocam modos de vermos estas infâncias de uma forma um tanto semelhante e reiterada, colocando-a muitas vezes como uma infância em defasagem em relação à infância “urbana”. Além de me ater às produções culturais e alguns artefatos, realizo uma análise mais ampla de como as ideias sobre o rural e a infância “rural”, em especial, foram sendo constituídas na cultura brasileira ao longo da nossa formação social, política, cultural, discutindo sobre como a cultura, de um modo geral, define e nos ensina o que é rural e urbano. Tomo como ferramentas teóricas os Estudos Pós-Estruturalistas em Educação, em especial os Estudos Culturais e da Cultura Visual e dos Estudos Contemporâneos sobre as Infâncias. A investigação foi realizada com doze crianças com idades entre seis e sete anos de idade, residentes no meio urbano e no meio rural do município de Estrela-RS, no período de março a dezembro de 2008. Para uma melhor apreensão das concepções das crianças, criei, no desenvolvimento da pesquisa, uma proposta de intercâmbio de materiais entre elas e um conjunto de estratégias de comunicação entre as crianças: auto-retratos desenhados, fotografias, postais e vídeos. O início da pesquisa com as crianças apontou o quanto suas narrativas estavam marcadas por referentes, acentuados por binarismos que de certa forma inferiorizavam os saberes e as práticas do meio rural. A partir do intercâmbio dos materiais entre as crianças “rurais” e “urbanas,” algumas concepções que os diferentes grupos tinham um sobre o outro foram se modificando. As perguntas centrais do trabalho: Como as crianças “rurais” e “urbanas” narram a si mesmas? Como as crianças percebem o meio rural e o meio urbano? foram respondidas nas análises realizadas, que permitem argumentar que este espaço de “narrar o outro” e “narrar-se ao outro” mostrou o quanto a descrição das crianças “rurais” e “urbanas” foi marcada pelo “ser-ter-pertencer”. Pelo que se pode perceber na pesquisa, as formas de narrar das crianças estão relacionadas à questão de posse, das características físicas e intelectuais, através das formas de narrar o espaço e os saberes dos outros, a respeito dos lugares “rurais” e “urbanos”, da alimentação e da expressão verbal. Independentemente das crianças serem “urbanas” ou “rurais”, na contemporaneidade, percebi o quanto este “narrar-se” passa também pela aparência, pelo modo de ser, de se vestir, de ter, das brincadeiras e brinquedos. O “rural,” que apareceu inicialmente relatado nas vozes das crianças como espaço de atraso, do não ter as mesmas coisas que o “urbano”, como se o meio urbano fosse a fonte do ter, do saber, do lugar de consumo onde se pode adquirir as coisas “boas” e “importantes,” começou a ganhar outros contornos. Pude verificar que mudaram os dizeres das crianças a partir do momento em que as cartas, os postais e os vídeos foram chegando. Aquele olhar tão definido, estável, fixo, de certezas, deu lugar à instabilidade, a outras formas de perceber o lugar “do outro”. Ao intercambiarem os materiais por elas produzidos, crianças “rurais” e “urbanas” puderam perceber que cada lugar, seja ele na cidade ou no meio rural, tem suas particularidades. Nestas trocas as crianças passaram a conhecer outras narrativas, que apontaram o quanto há de diverso e semelhante entre elas. / This study, based on a field research, aims at understanding the views ‘urban’ and ‘rural’ children have on themselves and on others, in attempt to understand the way they speak, narrate and express as a reflection on discourse polyphony on how rural and urban reverberate their ways of thinking. The theme focused here involved me deeply. As a teacher-researcher, I articulated episodes emerging from my pedagogical experience, which made me problematize positions and utterances related to the rural aspect. I understand that discourses on ‘rural’ childhood found in various cultural works make us see it in a somewhat similar and repeated way, considering it as a childhood with discrepancies, when compared to the ‘urban’ one. Besides focusing on some cultural works and artifacts, I analyze more broadly how ideas on rural, and rural childhood in particular, were built in the Brazilian culture along our social, political, cultural formation, also discussing how culture, in general terms, defines and teaches us what is rural and what is urban. The theoretical tools used have been the Post-structuralism Education Studies, particularly the Cultural Studies, and those of the Visual Culture, as well as the Contemporary Studies on Childhood. The investigation approached twelve children between six and seven years old, living in the urban and rural areas in the municipality of Estrela – RS, between March and December 2008. For a better understanding of children’s conceptions, it was developed a proposition to exchange materials among them, and a set of communication strategies: drawn self-portraits, photographs, postcards and videos. The beginning of the research has shown how their narratives were marked with references, stressed by binarism that somehow degraded the rural knowledge and practices. Some concepts that these groups had one about the other started to change gradually, based on the exchange of materials between ‘rural’ and ‘urban’ children.The key issues dealt with in this work: how do ‘rural’ and ‘urban’ children narrate themselves? How do they perceive the rural and urban environments? Through the analyses, the spaces related to ‘narrating the other’ and ‘narrating oneself to the other’ have shown to what extent ‘rural’ and ‘urban’ children’s descriptions were characterized by ‘being-having-belonging’. It can be concluded from the research that the ways of narrating children is related to the issues of possession, the physical and intellectual characteristics, the ways of narrating others’ space and knowledge, about ‘rural’ and ‘urban’ places, the eating habits and verbal expression. Regardless the fact children were ‘urban’ or ‘rural, in present times it was noticed that this ‘narrating oneself’ pervades one’s looks, one’s dressing way, one’s possessions, games and toys. The ‘rural’ scope, that initially was reported by the children as outdated, where one could not find the same things as in the ‘urban’ scope, as if the latter were source of having, knowing, a place of consumption where one can acquire ‘good’ and ‘important’ things, started to be differently outlined. It could be noticed that the children’s utterances changed from the moment the letters, postcards and videos were shown. The viewpoint that had been so established, certain, gradually became changeable, enabling them to perceive the place of ‘the other’. Upon exchange of the materials they had produced, ‘rural’ and ‘urban’ children could perceive, that each place, whether in the city or in the countryside, has its unique characteristics. Through this exchange, the children became familiar with other narratives, which showed them what is different or similar between them.
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Pés descalços e tênis, carroça e carro, boneca de pano e computador, entre o rural e o urbano : experiências num entrecruzar de infânciasHorn, Ticiana Elisabete January 2010 (has links)
A presente Dissertação buscou compreender, a partir de uma pesquisa de campo, as visões que as crianças “urbanas” e “rurais” produzem sobre si e sobre os outros, procurando entender suas formas de falar, narrar, expressar para refletir sobre o quanto a polifonia de discursos sobre o que é rural e urbano reverberou em seus modos de pensar. Esta pesquisa movimentou-me por uma temática na qual eu estava envolvida, atravessada, mobilizada. Como professora-pesquisadora, articulei episódios que emergiram em minha experiência pedagógica, os quais me convocaram a problematizar posicionamentos e diferentes dizeres relacionados ao rural. Entendo que os discursos sobre as infâncias “rurais” disseminados em diferentes produções culturais provocam modos de vermos estas infâncias de uma forma um tanto semelhante e reiterada, colocando-a muitas vezes como uma infância em defasagem em relação à infância “urbana”. Além de me ater às produções culturais e alguns artefatos, realizo uma análise mais ampla de como as ideias sobre o rural e a infância “rural”, em especial, foram sendo constituídas na cultura brasileira ao longo da nossa formação social, política, cultural, discutindo sobre como a cultura, de um modo geral, define e nos ensina o que é rural e urbano. Tomo como ferramentas teóricas os Estudos Pós-Estruturalistas em Educação, em especial os Estudos Culturais e da Cultura Visual e dos Estudos Contemporâneos sobre as Infâncias. A investigação foi realizada com doze crianças com idades entre seis e sete anos de idade, residentes no meio urbano e no meio rural do município de Estrela-RS, no período de março a dezembro de 2008. Para uma melhor apreensão das concepções das crianças, criei, no desenvolvimento da pesquisa, uma proposta de intercâmbio de materiais entre elas e um conjunto de estratégias de comunicação entre as crianças: auto-retratos desenhados, fotografias, postais e vídeos. O início da pesquisa com as crianças apontou o quanto suas narrativas estavam marcadas por referentes, acentuados por binarismos que de certa forma inferiorizavam os saberes e as práticas do meio rural. A partir do intercâmbio dos materiais entre as crianças “rurais” e “urbanas,” algumas concepções que os diferentes grupos tinham um sobre o outro foram se modificando. As perguntas centrais do trabalho: Como as crianças “rurais” e “urbanas” narram a si mesmas? Como as crianças percebem o meio rural e o meio urbano? foram respondidas nas análises realizadas, que permitem argumentar que este espaço de “narrar o outro” e “narrar-se ao outro” mostrou o quanto a descrição das crianças “rurais” e “urbanas” foi marcada pelo “ser-ter-pertencer”. Pelo que se pode perceber na pesquisa, as formas de narrar das crianças estão relacionadas à questão de posse, das características físicas e intelectuais, através das formas de narrar o espaço e os saberes dos outros, a respeito dos lugares “rurais” e “urbanos”, da alimentação e da expressão verbal. Independentemente das crianças serem “urbanas” ou “rurais”, na contemporaneidade, percebi o quanto este “narrar-se” passa também pela aparência, pelo modo de ser, de se vestir, de ter, das brincadeiras e brinquedos. O “rural,” que apareceu inicialmente relatado nas vozes das crianças como espaço de atraso, do não ter as mesmas coisas que o “urbano”, como se o meio urbano fosse a fonte do ter, do saber, do lugar de consumo onde se pode adquirir as coisas “boas” e “importantes,” começou a ganhar outros contornos. Pude verificar que mudaram os dizeres das crianças a partir do momento em que as cartas, os postais e os vídeos foram chegando. Aquele olhar tão definido, estável, fixo, de certezas, deu lugar à instabilidade, a outras formas de perceber o lugar “do outro”. Ao intercambiarem os materiais por elas produzidos, crianças “rurais” e “urbanas” puderam perceber que cada lugar, seja ele na cidade ou no meio rural, tem suas particularidades. Nestas trocas as crianças passaram a conhecer outras narrativas, que apontaram o quanto há de diverso e semelhante entre elas. / This study, based on a field research, aims at understanding the views ‘urban’ and ‘rural’ children have on themselves and on others, in attempt to understand the way they speak, narrate and express as a reflection on discourse polyphony on how rural and urban reverberate their ways of thinking. The theme focused here involved me deeply. As a teacher-researcher, I articulated episodes emerging from my pedagogical experience, which made me problematize positions and utterances related to the rural aspect. I understand that discourses on ‘rural’ childhood found in various cultural works make us see it in a somewhat similar and repeated way, considering it as a childhood with discrepancies, when compared to the ‘urban’ one. Besides focusing on some cultural works and artifacts, I analyze more broadly how ideas on rural, and rural childhood in particular, were built in the Brazilian culture along our social, political, cultural formation, also discussing how culture, in general terms, defines and teaches us what is rural and what is urban. The theoretical tools used have been the Post-structuralism Education Studies, particularly the Cultural Studies, and those of the Visual Culture, as well as the Contemporary Studies on Childhood. The investigation approached twelve children between six and seven years old, living in the urban and rural areas in the municipality of Estrela – RS, between March and December 2008. For a better understanding of children’s conceptions, it was developed a proposition to exchange materials among them, and a set of communication strategies: drawn self-portraits, photographs, postcards and videos. The beginning of the research has shown how their narratives were marked with references, stressed by binarism that somehow degraded the rural knowledge and practices. Some concepts that these groups had one about the other started to change gradually, based on the exchange of materials between ‘rural’ and ‘urban’ children.The key issues dealt with in this work: how do ‘rural’ and ‘urban’ children narrate themselves? How do they perceive the rural and urban environments? Through the analyses, the spaces related to ‘narrating the other’ and ‘narrating oneself to the other’ have shown to what extent ‘rural’ and ‘urban’ children’s descriptions were characterized by ‘being-having-belonging’. It can be concluded from the research that the ways of narrating children is related to the issues of possession, the physical and intellectual characteristics, the ways of narrating others’ space and knowledge, about ‘rural’ and ‘urban’ places, the eating habits and verbal expression. Regardless the fact children were ‘urban’ or ‘rural, in present times it was noticed that this ‘narrating oneself’ pervades one’s looks, one’s dressing way, one’s possessions, games and toys. The ‘rural’ scope, that initially was reported by the children as outdated, where one could not find the same things as in the ‘urban’ scope, as if the latter were source of having, knowing, a place of consumption where one can acquire ‘good’ and ‘important’ things, started to be differently outlined. It could be noticed that the children’s utterances changed from the moment the letters, postcards and videos were shown. The viewpoint that had been so established, certain, gradually became changeable, enabling them to perceive the place of ‘the other’. Upon exchange of the materials they had produced, ‘rural’ and ‘urban’ children could perceive, that each place, whether in the city or in the countryside, has its unique characteristics. Through this exchange, the children became familiar with other narratives, which showed them what is different or similar between them.
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Pés descalços e tênis, carroça e carro, boneca de pano e computador, entre o rural e o urbano : experiências num entrecruzar de infânciasHorn, Ticiana Elisabete January 2010 (has links)
A presente Dissertação buscou compreender, a partir de uma pesquisa de campo, as visões que as crianças “urbanas” e “rurais” produzem sobre si e sobre os outros, procurando entender suas formas de falar, narrar, expressar para refletir sobre o quanto a polifonia de discursos sobre o que é rural e urbano reverberou em seus modos de pensar. Esta pesquisa movimentou-me por uma temática na qual eu estava envolvida, atravessada, mobilizada. Como professora-pesquisadora, articulei episódios que emergiram em minha experiência pedagógica, os quais me convocaram a problematizar posicionamentos e diferentes dizeres relacionados ao rural. Entendo que os discursos sobre as infâncias “rurais” disseminados em diferentes produções culturais provocam modos de vermos estas infâncias de uma forma um tanto semelhante e reiterada, colocando-a muitas vezes como uma infância em defasagem em relação à infância “urbana”. Além de me ater às produções culturais e alguns artefatos, realizo uma análise mais ampla de como as ideias sobre o rural e a infância “rural”, em especial, foram sendo constituídas na cultura brasileira ao longo da nossa formação social, política, cultural, discutindo sobre como a cultura, de um modo geral, define e nos ensina o que é rural e urbano. Tomo como ferramentas teóricas os Estudos Pós-Estruturalistas em Educação, em especial os Estudos Culturais e da Cultura Visual e dos Estudos Contemporâneos sobre as Infâncias. A investigação foi realizada com doze crianças com idades entre seis e sete anos de idade, residentes no meio urbano e no meio rural do município de Estrela-RS, no período de março a dezembro de 2008. Para uma melhor apreensão das concepções das crianças, criei, no desenvolvimento da pesquisa, uma proposta de intercâmbio de materiais entre elas e um conjunto de estratégias de comunicação entre as crianças: auto-retratos desenhados, fotografias, postais e vídeos. O início da pesquisa com as crianças apontou o quanto suas narrativas estavam marcadas por referentes, acentuados por binarismos que de certa forma inferiorizavam os saberes e as práticas do meio rural. A partir do intercâmbio dos materiais entre as crianças “rurais” e “urbanas,” algumas concepções que os diferentes grupos tinham um sobre o outro foram se modificando. As perguntas centrais do trabalho: Como as crianças “rurais” e “urbanas” narram a si mesmas? Como as crianças percebem o meio rural e o meio urbano? foram respondidas nas análises realizadas, que permitem argumentar que este espaço de “narrar o outro” e “narrar-se ao outro” mostrou o quanto a descrição das crianças “rurais” e “urbanas” foi marcada pelo “ser-ter-pertencer”. Pelo que se pode perceber na pesquisa, as formas de narrar das crianças estão relacionadas à questão de posse, das características físicas e intelectuais, através das formas de narrar o espaço e os saberes dos outros, a respeito dos lugares “rurais” e “urbanos”, da alimentação e da expressão verbal. Independentemente das crianças serem “urbanas” ou “rurais”, na contemporaneidade, percebi o quanto este “narrar-se” passa também pela aparência, pelo modo de ser, de se vestir, de ter, das brincadeiras e brinquedos. O “rural,” que apareceu inicialmente relatado nas vozes das crianças como espaço de atraso, do não ter as mesmas coisas que o “urbano”, como se o meio urbano fosse a fonte do ter, do saber, do lugar de consumo onde se pode adquirir as coisas “boas” e “importantes,” começou a ganhar outros contornos. Pude verificar que mudaram os dizeres das crianças a partir do momento em que as cartas, os postais e os vídeos foram chegando. Aquele olhar tão definido, estável, fixo, de certezas, deu lugar à instabilidade, a outras formas de perceber o lugar “do outro”. Ao intercambiarem os materiais por elas produzidos, crianças “rurais” e “urbanas” puderam perceber que cada lugar, seja ele na cidade ou no meio rural, tem suas particularidades. Nestas trocas as crianças passaram a conhecer outras narrativas, que apontaram o quanto há de diverso e semelhante entre elas. / This study, based on a field research, aims at understanding the views ‘urban’ and ‘rural’ children have on themselves and on others, in attempt to understand the way they speak, narrate and express as a reflection on discourse polyphony on how rural and urban reverberate their ways of thinking. The theme focused here involved me deeply. As a teacher-researcher, I articulated episodes emerging from my pedagogical experience, which made me problematize positions and utterances related to the rural aspect. I understand that discourses on ‘rural’ childhood found in various cultural works make us see it in a somewhat similar and repeated way, considering it as a childhood with discrepancies, when compared to the ‘urban’ one. Besides focusing on some cultural works and artifacts, I analyze more broadly how ideas on rural, and rural childhood in particular, were built in the Brazilian culture along our social, political, cultural formation, also discussing how culture, in general terms, defines and teaches us what is rural and what is urban. The theoretical tools used have been the Post-structuralism Education Studies, particularly the Cultural Studies, and those of the Visual Culture, as well as the Contemporary Studies on Childhood. The investigation approached twelve children between six and seven years old, living in the urban and rural areas in the municipality of Estrela – RS, between March and December 2008. For a better understanding of children’s conceptions, it was developed a proposition to exchange materials among them, and a set of communication strategies: drawn self-portraits, photographs, postcards and videos. The beginning of the research has shown how their narratives were marked with references, stressed by binarism that somehow degraded the rural knowledge and practices. Some concepts that these groups had one about the other started to change gradually, based on the exchange of materials between ‘rural’ and ‘urban’ children.The key issues dealt with in this work: how do ‘rural’ and ‘urban’ children narrate themselves? How do they perceive the rural and urban environments? Through the analyses, the spaces related to ‘narrating the other’ and ‘narrating oneself to the other’ have shown to what extent ‘rural’ and ‘urban’ children’s descriptions were characterized by ‘being-having-belonging’. It can be concluded from the research that the ways of narrating children is related to the issues of possession, the physical and intellectual characteristics, the ways of narrating others’ space and knowledge, about ‘rural’ and ‘urban’ places, the eating habits and verbal expression. Regardless the fact children were ‘urban’ or ‘rural, in present times it was noticed that this ‘narrating oneself’ pervades one’s looks, one’s dressing way, one’s possessions, games and toys. The ‘rural’ scope, that initially was reported by the children as outdated, where one could not find the same things as in the ‘urban’ scope, as if the latter were source of having, knowing, a place of consumption where one can acquire ‘good’ and ‘important’ things, started to be differently outlined. It could be noticed that the children’s utterances changed from the moment the letters, postcards and videos were shown. The viewpoint that had been so established, certain, gradually became changeable, enabling them to perceive the place of ‘the other’. Upon exchange of the materials they had produced, ‘rural’ and ‘urban’ children could perceive, that each place, whether in the city or in the countryside, has its unique characteristics. Through this exchange, the children became familiar with other narratives, which showed them what is different or similar between them.
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