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Efeito do pastejo sobre a composição e estrutura da vegetação de um banhado no município de Estrela-RSSpellmeier, Jaqueline 19 September 2008 (has links)
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Jaqueline.pdf: 15980395 bytes, checksum: a7495ebce4ef34295a8e8547f5191951 (MD5) / Made available in DSpace on 2009-01-14T15:27:02Z (GMT). No. of bitstreams: 1
Jaqueline.pdf: 15980395 bytes, checksum: a7495ebce4ef34295a8e8547f5191951 (MD5) / Banhados são áreas permanente ou temporariamente alagadas, com alta diversidade biológica, que podem funcionar como um sistema de armazenamento de água e tamponamento climático de uma região. Assim como no resto do país, no Rio Grande do Sul estes ambientes ainda vêm sofrendo uma série de impactos que reduziram drasticamente sua área total. A área de estudo foi um banhado localizado em Arroio do Ouro, zona rural do município de Estrela, RS, com 1.420 metros de extensão e largura variando entre 50 e 106 metros, que cruza várias propriedades. O trabalho visou identificar a composição florística e a fitossociologia do banhado. Para a análise florística foram realizadas excursões mensais, de agosto/2006 a agosto/2007, em toda a extensão do banhado, desde a borda (área menos úmida) até o centro (área verdadeiramente aquática). Nessas excursões foram coletados materiais botânicos em estágio reprodutivo das espécies vasculares encontradas. O material coletado foi desidratado, herborizado, identificado e incorporado ao acervo do Herbário (HVAT) do Museu de Ciências Naturais da UNIVATES. Como resultado, foram identificadas 145 espécies pertencentes a 44 famílias botânicas. As famílias com maior número de representantes foram: Asteraceae, com 27 espécies (18,62%), Poaceae com 22 espécies (15,17%) e Cyperaceae com 16 espécies (11,03%). O levantamento fitossociológico foi realizado no mês de janeiro de 2008, utilizando a metodologia de parcelas, em quatro áreas: duas áreas do banhado com ação do gado e duas áreas cercadas onde o gado não teve acesso. O método consistiu em demarcar unidades amostrais em cada uma das áreas, utilizando um quadrado com 0,50m de lado. Para analisar a vegetação foram utilizados os seguintes parâmetros fitossociológicos: Cobertura Absoluta, Cobertura Relativa, Freqüência Absoluta, Freqüência Relativa e Índice de Valor de Importância de Cobertura (IVC). Além disso, foi calculada a diversidade, através dos índices de Shannon e inverso de Simpson e de eqüitabilidade de Pielou para cada área. A similaridade entre as duas áreas foi calculada pelo índice de Jaccard. Neste levantamento foram amostradas 51 espécies distribuídas em 33 gêneros e 18 famílias, das quais 20 foram comuns aos dois ambientes, 12 espécies foram exclusivas das áreas com gado e 19 espécies foram exclusivas das áreas sem gado. Não ocorreram diferenças significativas entre a área com influência e sem influência do gado, quanto à Freqüência Relativa e à Cobertura Relativa da vegetação. Entre o IVC das duas áreas foi encontrada uma correlação significativa e positiva. A menor cobertura vegetal observada na área com a influência do gado deve ser decorrente do pastejo e pisoteio do gado. Portanto, é importante que as áreas atingidas pelo pastejo intensivo do gado sejam manejadas através da redução da intensidade do pastejo.
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Pés descalços e tênis, carroça e carro, boneca de pano e computador, entre o rural e o urbano : experiências num entrecruzar de infânciasHorn, Ticiana Elisabete January 2010 (has links)
A presente Dissertação buscou compreender, a partir de uma pesquisa de campo, as visões que as crianças “urbanas” e “rurais” produzem sobre si e sobre os outros, procurando entender suas formas de falar, narrar, expressar para refletir sobre o quanto a polifonia de discursos sobre o que é rural e urbano reverberou em seus modos de pensar. Esta pesquisa movimentou-me por uma temática na qual eu estava envolvida, atravessada, mobilizada. Como professora-pesquisadora, articulei episódios que emergiram em minha experiência pedagógica, os quais me convocaram a problematizar posicionamentos e diferentes dizeres relacionados ao rural. Entendo que os discursos sobre as infâncias “rurais” disseminados em diferentes produções culturais provocam modos de vermos estas infâncias de uma forma um tanto semelhante e reiterada, colocando-a muitas vezes como uma infância em defasagem em relação à infância “urbana”. Além de me ater às produções culturais e alguns artefatos, realizo uma análise mais ampla de como as ideias sobre o rural e a infância “rural”, em especial, foram sendo constituídas na cultura brasileira ao longo da nossa formação social, política, cultural, discutindo sobre como a cultura, de um modo geral, define e nos ensina o que é rural e urbano. Tomo como ferramentas teóricas os Estudos Pós-Estruturalistas em Educação, em especial os Estudos Culturais e da Cultura Visual e dos Estudos Contemporâneos sobre as Infâncias. A investigação foi realizada com doze crianças com idades entre seis e sete anos de idade, residentes no meio urbano e no meio rural do município de Estrela-RS, no período de março a dezembro de 2008. Para uma melhor apreensão das concepções das crianças, criei, no desenvolvimento da pesquisa, uma proposta de intercâmbio de materiais entre elas e um conjunto de estratégias de comunicação entre as crianças: auto-retratos desenhados, fotografias, postais e vídeos. O início da pesquisa com as crianças apontou o quanto suas narrativas estavam marcadas por referentes, acentuados por binarismos que de certa forma inferiorizavam os saberes e as práticas do meio rural. A partir do intercâmbio dos materiais entre as crianças “rurais” e “urbanas,” algumas concepções que os diferentes grupos tinham um sobre o outro foram se modificando. As perguntas centrais do trabalho: Como as crianças “rurais” e “urbanas” narram a si mesmas? Como as crianças percebem o meio rural e o meio urbano? foram respondidas nas análises realizadas, que permitem argumentar que este espaço de “narrar o outro” e “narrar-se ao outro” mostrou o quanto a descrição das crianças “rurais” e “urbanas” foi marcada pelo “ser-ter-pertencer”. Pelo que se pode perceber na pesquisa, as formas de narrar das crianças estão relacionadas à questão de posse, das características físicas e intelectuais, através das formas de narrar o espaço e os saberes dos outros, a respeito dos lugares “rurais” e “urbanos”, da alimentação e da expressão verbal. Independentemente das crianças serem “urbanas” ou “rurais”, na contemporaneidade, percebi o quanto este “narrar-se” passa também pela aparência, pelo modo de ser, de se vestir, de ter, das brincadeiras e brinquedos. O “rural,” que apareceu inicialmente relatado nas vozes das crianças como espaço de atraso, do não ter as mesmas coisas que o “urbano”, como se o meio urbano fosse a fonte do ter, do saber, do lugar de consumo onde se pode adquirir as coisas “boas” e “importantes,” começou a ganhar outros contornos. Pude verificar que mudaram os dizeres das crianças a partir do momento em que as cartas, os postais e os vídeos foram chegando. Aquele olhar tão definido, estável, fixo, de certezas, deu lugar à instabilidade, a outras formas de perceber o lugar “do outro”. Ao intercambiarem os materiais por elas produzidos, crianças “rurais” e “urbanas” puderam perceber que cada lugar, seja ele na cidade ou no meio rural, tem suas particularidades. Nestas trocas as crianças passaram a conhecer outras narrativas, que apontaram o quanto há de diverso e semelhante entre elas. / This study, based on a field research, aims at understanding the views ‘urban’ and ‘rural’ children have on themselves and on others, in attempt to understand the way they speak, narrate and express as a reflection on discourse polyphony on how rural and urban reverberate their ways of thinking. The theme focused here involved me deeply. As a teacher-researcher, I articulated episodes emerging from my pedagogical experience, which made me problematize positions and utterances related to the rural aspect. I understand that discourses on ‘rural’ childhood found in various cultural works make us see it in a somewhat similar and repeated way, considering it as a childhood with discrepancies, when compared to the ‘urban’ one. Besides focusing on some cultural works and artifacts, I analyze more broadly how ideas on rural, and rural childhood in particular, were built in the Brazilian culture along our social, political, cultural formation, also discussing how culture, in general terms, defines and teaches us what is rural and what is urban. The theoretical tools used have been the Post-structuralism Education Studies, particularly the Cultural Studies, and those of the Visual Culture, as well as the Contemporary Studies on Childhood. The investigation approached twelve children between six and seven years old, living in the urban and rural areas in the municipality of Estrela – RS, between March and December 2008. For a better understanding of children’s conceptions, it was developed a proposition to exchange materials among them, and a set of communication strategies: drawn self-portraits, photographs, postcards and videos. The beginning of the research has shown how their narratives were marked with references, stressed by binarism that somehow degraded the rural knowledge and practices. Some concepts that these groups had one about the other started to change gradually, based on the exchange of materials between ‘rural’ and ‘urban’ children.The key issues dealt with in this work: how do ‘rural’ and ‘urban’ children narrate themselves? How do they perceive the rural and urban environments? Through the analyses, the spaces related to ‘narrating the other’ and ‘narrating oneself to the other’ have shown to what extent ‘rural’ and ‘urban’ children’s descriptions were characterized by ‘being-having-belonging’. It can be concluded from the research that the ways of narrating children is related to the issues of possession, the physical and intellectual characteristics, the ways of narrating others’ space and knowledge, about ‘rural’ and ‘urban’ places, the eating habits and verbal expression. Regardless the fact children were ‘urban’ or ‘rural, in present times it was noticed that this ‘narrating oneself’ pervades one’s looks, one’s dressing way, one’s possessions, games and toys. The ‘rural’ scope, that initially was reported by the children as outdated, where one could not find the same things as in the ‘urban’ scope, as if the latter were source of having, knowing, a place of consumption where one can acquire ‘good’ and ‘important’ things, started to be differently outlined. It could be noticed that the children’s utterances changed from the moment the letters, postcards and videos were shown. The viewpoint that had been so established, certain, gradually became changeable, enabling them to perceive the place of ‘the other’. Upon exchange of the materials they had produced, ‘rural’ and ‘urban’ children could perceive, that each place, whether in the city or in the countryside, has its unique characteristics. Through this exchange, the children became familiar with other narratives, which showed them what is different or similar between them.
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Pés descalços e tênis, carroça e carro, boneca de pano e computador, entre o rural e o urbano : experiências num entrecruzar de infânciasHorn, Ticiana Elisabete January 2010 (has links)
A presente Dissertação buscou compreender, a partir de uma pesquisa de campo, as visões que as crianças “urbanas” e “rurais” produzem sobre si e sobre os outros, procurando entender suas formas de falar, narrar, expressar para refletir sobre o quanto a polifonia de discursos sobre o que é rural e urbano reverberou em seus modos de pensar. Esta pesquisa movimentou-me por uma temática na qual eu estava envolvida, atravessada, mobilizada. Como professora-pesquisadora, articulei episódios que emergiram em minha experiência pedagógica, os quais me convocaram a problematizar posicionamentos e diferentes dizeres relacionados ao rural. Entendo que os discursos sobre as infâncias “rurais” disseminados em diferentes produções culturais provocam modos de vermos estas infâncias de uma forma um tanto semelhante e reiterada, colocando-a muitas vezes como uma infância em defasagem em relação à infância “urbana”. Além de me ater às produções culturais e alguns artefatos, realizo uma análise mais ampla de como as ideias sobre o rural e a infância “rural”, em especial, foram sendo constituídas na cultura brasileira ao longo da nossa formação social, política, cultural, discutindo sobre como a cultura, de um modo geral, define e nos ensina o que é rural e urbano. Tomo como ferramentas teóricas os Estudos Pós-Estruturalistas em Educação, em especial os Estudos Culturais e da Cultura Visual e dos Estudos Contemporâneos sobre as Infâncias. A investigação foi realizada com doze crianças com idades entre seis e sete anos de idade, residentes no meio urbano e no meio rural do município de Estrela-RS, no período de março a dezembro de 2008. Para uma melhor apreensão das concepções das crianças, criei, no desenvolvimento da pesquisa, uma proposta de intercâmbio de materiais entre elas e um conjunto de estratégias de comunicação entre as crianças: auto-retratos desenhados, fotografias, postais e vídeos. O início da pesquisa com as crianças apontou o quanto suas narrativas estavam marcadas por referentes, acentuados por binarismos que de certa forma inferiorizavam os saberes e as práticas do meio rural. A partir do intercâmbio dos materiais entre as crianças “rurais” e “urbanas,” algumas concepções que os diferentes grupos tinham um sobre o outro foram se modificando. As perguntas centrais do trabalho: Como as crianças “rurais” e “urbanas” narram a si mesmas? Como as crianças percebem o meio rural e o meio urbano? foram respondidas nas análises realizadas, que permitem argumentar que este espaço de “narrar o outro” e “narrar-se ao outro” mostrou o quanto a descrição das crianças “rurais” e “urbanas” foi marcada pelo “ser-ter-pertencer”. Pelo que se pode perceber na pesquisa, as formas de narrar das crianças estão relacionadas à questão de posse, das características físicas e intelectuais, através das formas de narrar o espaço e os saberes dos outros, a respeito dos lugares “rurais” e “urbanos”, da alimentação e da expressão verbal. Independentemente das crianças serem “urbanas” ou “rurais”, na contemporaneidade, percebi o quanto este “narrar-se” passa também pela aparência, pelo modo de ser, de se vestir, de ter, das brincadeiras e brinquedos. O “rural,” que apareceu inicialmente relatado nas vozes das crianças como espaço de atraso, do não ter as mesmas coisas que o “urbano”, como se o meio urbano fosse a fonte do ter, do saber, do lugar de consumo onde se pode adquirir as coisas “boas” e “importantes,” começou a ganhar outros contornos. Pude verificar que mudaram os dizeres das crianças a partir do momento em que as cartas, os postais e os vídeos foram chegando. Aquele olhar tão definido, estável, fixo, de certezas, deu lugar à instabilidade, a outras formas de perceber o lugar “do outro”. Ao intercambiarem os materiais por elas produzidos, crianças “rurais” e “urbanas” puderam perceber que cada lugar, seja ele na cidade ou no meio rural, tem suas particularidades. Nestas trocas as crianças passaram a conhecer outras narrativas, que apontaram o quanto há de diverso e semelhante entre elas. / This study, based on a field research, aims at understanding the views ‘urban’ and ‘rural’ children have on themselves and on others, in attempt to understand the way they speak, narrate and express as a reflection on discourse polyphony on how rural and urban reverberate their ways of thinking. The theme focused here involved me deeply. As a teacher-researcher, I articulated episodes emerging from my pedagogical experience, which made me problematize positions and utterances related to the rural aspect. I understand that discourses on ‘rural’ childhood found in various cultural works make us see it in a somewhat similar and repeated way, considering it as a childhood with discrepancies, when compared to the ‘urban’ one. Besides focusing on some cultural works and artifacts, I analyze more broadly how ideas on rural, and rural childhood in particular, were built in the Brazilian culture along our social, political, cultural formation, also discussing how culture, in general terms, defines and teaches us what is rural and what is urban. The theoretical tools used have been the Post-structuralism Education Studies, particularly the Cultural Studies, and those of the Visual Culture, as well as the Contemporary Studies on Childhood. The investigation approached twelve children between six and seven years old, living in the urban and rural areas in the municipality of Estrela – RS, between March and December 2008. For a better understanding of children’s conceptions, it was developed a proposition to exchange materials among them, and a set of communication strategies: drawn self-portraits, photographs, postcards and videos. The beginning of the research has shown how their narratives were marked with references, stressed by binarism that somehow degraded the rural knowledge and practices. Some concepts that these groups had one about the other started to change gradually, based on the exchange of materials between ‘rural’ and ‘urban’ children.The key issues dealt with in this work: how do ‘rural’ and ‘urban’ children narrate themselves? How do they perceive the rural and urban environments? Through the analyses, the spaces related to ‘narrating the other’ and ‘narrating oneself to the other’ have shown to what extent ‘rural’ and ‘urban’ children’s descriptions were characterized by ‘being-having-belonging’. It can be concluded from the research that the ways of narrating children is related to the issues of possession, the physical and intellectual characteristics, the ways of narrating others’ space and knowledge, about ‘rural’ and ‘urban’ places, the eating habits and verbal expression. Regardless the fact children were ‘urban’ or ‘rural, in present times it was noticed that this ‘narrating oneself’ pervades one’s looks, one’s dressing way, one’s possessions, games and toys. The ‘rural’ scope, that initially was reported by the children as outdated, where one could not find the same things as in the ‘urban’ scope, as if the latter were source of having, knowing, a place of consumption where one can acquire ‘good’ and ‘important’ things, started to be differently outlined. It could be noticed that the children’s utterances changed from the moment the letters, postcards and videos were shown. The viewpoint that had been so established, certain, gradually became changeable, enabling them to perceive the place of ‘the other’. Upon exchange of the materials they had produced, ‘rural’ and ‘urban’ children could perceive, that each place, whether in the city or in the countryside, has its unique characteristics. Through this exchange, the children became familiar with other narratives, which showed them what is different or similar between them.
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Pés descalços e tênis, carroça e carro, boneca de pano e computador, entre o rural e o urbano : experiências num entrecruzar de infânciasHorn, Ticiana Elisabete January 2010 (has links)
A presente Dissertação buscou compreender, a partir de uma pesquisa de campo, as visões que as crianças “urbanas” e “rurais” produzem sobre si e sobre os outros, procurando entender suas formas de falar, narrar, expressar para refletir sobre o quanto a polifonia de discursos sobre o que é rural e urbano reverberou em seus modos de pensar. Esta pesquisa movimentou-me por uma temática na qual eu estava envolvida, atravessada, mobilizada. Como professora-pesquisadora, articulei episódios que emergiram em minha experiência pedagógica, os quais me convocaram a problematizar posicionamentos e diferentes dizeres relacionados ao rural. Entendo que os discursos sobre as infâncias “rurais” disseminados em diferentes produções culturais provocam modos de vermos estas infâncias de uma forma um tanto semelhante e reiterada, colocando-a muitas vezes como uma infância em defasagem em relação à infância “urbana”. Além de me ater às produções culturais e alguns artefatos, realizo uma análise mais ampla de como as ideias sobre o rural e a infância “rural”, em especial, foram sendo constituídas na cultura brasileira ao longo da nossa formação social, política, cultural, discutindo sobre como a cultura, de um modo geral, define e nos ensina o que é rural e urbano. Tomo como ferramentas teóricas os Estudos Pós-Estruturalistas em Educação, em especial os Estudos Culturais e da Cultura Visual e dos Estudos Contemporâneos sobre as Infâncias. A investigação foi realizada com doze crianças com idades entre seis e sete anos de idade, residentes no meio urbano e no meio rural do município de Estrela-RS, no período de março a dezembro de 2008. Para uma melhor apreensão das concepções das crianças, criei, no desenvolvimento da pesquisa, uma proposta de intercâmbio de materiais entre elas e um conjunto de estratégias de comunicação entre as crianças: auto-retratos desenhados, fotografias, postais e vídeos. O início da pesquisa com as crianças apontou o quanto suas narrativas estavam marcadas por referentes, acentuados por binarismos que de certa forma inferiorizavam os saberes e as práticas do meio rural. A partir do intercâmbio dos materiais entre as crianças “rurais” e “urbanas,” algumas concepções que os diferentes grupos tinham um sobre o outro foram se modificando. As perguntas centrais do trabalho: Como as crianças “rurais” e “urbanas” narram a si mesmas? Como as crianças percebem o meio rural e o meio urbano? foram respondidas nas análises realizadas, que permitem argumentar que este espaço de “narrar o outro” e “narrar-se ao outro” mostrou o quanto a descrição das crianças “rurais” e “urbanas” foi marcada pelo “ser-ter-pertencer”. Pelo que se pode perceber na pesquisa, as formas de narrar das crianças estão relacionadas à questão de posse, das características físicas e intelectuais, através das formas de narrar o espaço e os saberes dos outros, a respeito dos lugares “rurais” e “urbanos”, da alimentação e da expressão verbal. Independentemente das crianças serem “urbanas” ou “rurais”, na contemporaneidade, percebi o quanto este “narrar-se” passa também pela aparência, pelo modo de ser, de se vestir, de ter, das brincadeiras e brinquedos. O “rural,” que apareceu inicialmente relatado nas vozes das crianças como espaço de atraso, do não ter as mesmas coisas que o “urbano”, como se o meio urbano fosse a fonte do ter, do saber, do lugar de consumo onde se pode adquirir as coisas “boas” e “importantes,” começou a ganhar outros contornos. Pude verificar que mudaram os dizeres das crianças a partir do momento em que as cartas, os postais e os vídeos foram chegando. Aquele olhar tão definido, estável, fixo, de certezas, deu lugar à instabilidade, a outras formas de perceber o lugar “do outro”. Ao intercambiarem os materiais por elas produzidos, crianças “rurais” e “urbanas” puderam perceber que cada lugar, seja ele na cidade ou no meio rural, tem suas particularidades. Nestas trocas as crianças passaram a conhecer outras narrativas, que apontaram o quanto há de diverso e semelhante entre elas. / This study, based on a field research, aims at understanding the views ‘urban’ and ‘rural’ children have on themselves and on others, in attempt to understand the way they speak, narrate and express as a reflection on discourse polyphony on how rural and urban reverberate their ways of thinking. The theme focused here involved me deeply. As a teacher-researcher, I articulated episodes emerging from my pedagogical experience, which made me problematize positions and utterances related to the rural aspect. I understand that discourses on ‘rural’ childhood found in various cultural works make us see it in a somewhat similar and repeated way, considering it as a childhood with discrepancies, when compared to the ‘urban’ one. Besides focusing on some cultural works and artifacts, I analyze more broadly how ideas on rural, and rural childhood in particular, were built in the Brazilian culture along our social, political, cultural formation, also discussing how culture, in general terms, defines and teaches us what is rural and what is urban. The theoretical tools used have been the Post-structuralism Education Studies, particularly the Cultural Studies, and those of the Visual Culture, as well as the Contemporary Studies on Childhood. The investigation approached twelve children between six and seven years old, living in the urban and rural areas in the municipality of Estrela – RS, between March and December 2008. For a better understanding of children’s conceptions, it was developed a proposition to exchange materials among them, and a set of communication strategies: drawn self-portraits, photographs, postcards and videos. The beginning of the research has shown how their narratives were marked with references, stressed by binarism that somehow degraded the rural knowledge and practices. Some concepts that these groups had one about the other started to change gradually, based on the exchange of materials between ‘rural’ and ‘urban’ children.The key issues dealt with in this work: how do ‘rural’ and ‘urban’ children narrate themselves? How do they perceive the rural and urban environments? Through the analyses, the spaces related to ‘narrating the other’ and ‘narrating oneself to the other’ have shown to what extent ‘rural’ and ‘urban’ children’s descriptions were characterized by ‘being-having-belonging’. It can be concluded from the research that the ways of narrating children is related to the issues of possession, the physical and intellectual characteristics, the ways of narrating others’ space and knowledge, about ‘rural’ and ‘urban’ places, the eating habits and verbal expression. Regardless the fact children were ‘urban’ or ‘rural, in present times it was noticed that this ‘narrating oneself’ pervades one’s looks, one’s dressing way, one’s possessions, games and toys. The ‘rural’ scope, that initially was reported by the children as outdated, where one could not find the same things as in the ‘urban’ scope, as if the latter were source of having, knowing, a place of consumption where one can acquire ‘good’ and ‘important’ things, started to be differently outlined. It could be noticed that the children’s utterances changed from the moment the letters, postcards and videos were shown. The viewpoint that had been so established, certain, gradually became changeable, enabling them to perceive the place of ‘the other’. Upon exchange of the materials they had produced, ‘rural’ and ‘urban’ children could perceive, that each place, whether in the city or in the countryside, has its unique characteristics. Through this exchange, the children became familiar with other narratives, which showed them what is different or similar between them.
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Variação fonológica, redes e práticas sociais numa comunidade bilíngue português-alemão do Brasil meridionalLara, Claudia Camila January 2013 (has links)
O fenômeno linguístico em questão é a variação das consoantes plosivas bilabiais: o desvozeamento das plosivas vozeadas (trabalho~trapalho) e o vozeamento das plosivas desvozeadas (pudim~budim) em português, na fala de bilíngues português-alemão. A comunidade de fala sob investigação é Glória, localizado na zona rural de Estrela, uma cidade fundada por imigrantes alemães no século XIX, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Vinte e quatro entrevistas sociolinguísticas forneceram dados para a investigação. Os dados foram analisados quantitativamente com os programas computacionais do pacote VARBRUL, versão GoldVarb X, a fim de verificar os fatores linguísticos e extralinguísticos que condicionam a realização das plosivas. A frequência total de aplicação de regra é baixa. O controle da variável idade sugere que o processo tende a desaparecer nos próximos anos. O processo é condicionado por informantes velhos, mulheres, bilíngues que realizam práticas sociais quase exclusivamente em Glória. A análise da rede social pessoal dos informantes mostrou que ela é densa e multiplexa. Apesar de sua densidade e multiplexidade, os informantes centrais na rede, idosos, não difundem a regra variável a seus contatos, jovens que trabalham e estudam em áreas urbanas, onde a aplicação da regra variável de plosivas é raro. / The linguistic phenomenon in question is the variation of the bilabial plosive consonants: the devoicing of the voiced plosives (trabalho~trapalho) and the voicing of the voiceless plosives (pudim~budim) in Portuguese, in the speech of Portuguese-German bilinguals. The speech community under investigation is Glória, located in the countryside of Estrela, a city founded by German immigrants in the XIX century in the state of Rio Grande do Sul, Brazil. Twenty four sociolinguistic interviews provided data for the investigation. The data were quantitatively analyzed with the computational programs of the VARBRUL package, in their GoldVarb X version, in order to verify the linguistic and extralinguistic factors which constrain the realization of the plosives. The total frequency of rule application is low. The control of variable Age suggests that the process tends to disappear in the years coming. The process is conditioned by old informants, women, bilinguals which perform social practices almost exclusively in Glória. The analysis of the personal social network of the informants showed that it is dense and multiplex. Despite of its density and multiplexity, old informants do not diffuse the variable rule to their contacts in the net, the young informants who work and study in urban areas where the application of the variable rule of plosives is rare.
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Variação fonológica, redes e práticas sociais numa comunidade bilíngue português-alemão do Brasil meridionalLara, Claudia Camila January 2013 (has links)
O fenômeno linguístico em questão é a variação das consoantes plosivas bilabiais: o desvozeamento das plosivas vozeadas (trabalho~trapalho) e o vozeamento das plosivas desvozeadas (pudim~budim) em português, na fala de bilíngues português-alemão. A comunidade de fala sob investigação é Glória, localizado na zona rural de Estrela, uma cidade fundada por imigrantes alemães no século XIX, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Vinte e quatro entrevistas sociolinguísticas forneceram dados para a investigação. Os dados foram analisados quantitativamente com os programas computacionais do pacote VARBRUL, versão GoldVarb X, a fim de verificar os fatores linguísticos e extralinguísticos que condicionam a realização das plosivas. A frequência total de aplicação de regra é baixa. O controle da variável idade sugere que o processo tende a desaparecer nos próximos anos. O processo é condicionado por informantes velhos, mulheres, bilíngues que realizam práticas sociais quase exclusivamente em Glória. A análise da rede social pessoal dos informantes mostrou que ela é densa e multiplexa. Apesar de sua densidade e multiplexidade, os informantes centrais na rede, idosos, não difundem a regra variável a seus contatos, jovens que trabalham e estudam em áreas urbanas, onde a aplicação da regra variável de plosivas é raro. / The linguistic phenomenon in question is the variation of the bilabial plosive consonants: the devoicing of the voiced plosives (trabalho~trapalho) and the voicing of the voiceless plosives (pudim~budim) in Portuguese, in the speech of Portuguese-German bilinguals. The speech community under investigation is Glória, located in the countryside of Estrela, a city founded by German immigrants in the XIX century in the state of Rio Grande do Sul, Brazil. Twenty four sociolinguistic interviews provided data for the investigation. The data were quantitatively analyzed with the computational programs of the VARBRUL package, in their GoldVarb X version, in order to verify the linguistic and extralinguistic factors which constrain the realization of the plosives. The total frequency of rule application is low. The control of variable Age suggests that the process tends to disappear in the years coming. The process is conditioned by old informants, women, bilinguals which perform social practices almost exclusively in Glória. The analysis of the personal social network of the informants showed that it is dense and multiplex. Despite of its density and multiplexity, old informants do not diffuse the variable rule to their contacts in the net, the young informants who work and study in urban areas where the application of the variable rule of plosives is rare.
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Variação fonológica, redes e práticas sociais numa comunidade bilíngue português-alemão do Brasil meridionalLara, Claudia Camila January 2013 (has links)
O fenômeno linguístico em questão é a variação das consoantes plosivas bilabiais: o desvozeamento das plosivas vozeadas (trabalho~trapalho) e o vozeamento das plosivas desvozeadas (pudim~budim) em português, na fala de bilíngues português-alemão. A comunidade de fala sob investigação é Glória, localizado na zona rural de Estrela, uma cidade fundada por imigrantes alemães no século XIX, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Vinte e quatro entrevistas sociolinguísticas forneceram dados para a investigação. Os dados foram analisados quantitativamente com os programas computacionais do pacote VARBRUL, versão GoldVarb X, a fim de verificar os fatores linguísticos e extralinguísticos que condicionam a realização das plosivas. A frequência total de aplicação de regra é baixa. O controle da variável idade sugere que o processo tende a desaparecer nos próximos anos. O processo é condicionado por informantes velhos, mulheres, bilíngues que realizam práticas sociais quase exclusivamente em Glória. A análise da rede social pessoal dos informantes mostrou que ela é densa e multiplexa. Apesar de sua densidade e multiplexidade, os informantes centrais na rede, idosos, não difundem a regra variável a seus contatos, jovens que trabalham e estudam em áreas urbanas, onde a aplicação da regra variável de plosivas é raro. / The linguistic phenomenon in question is the variation of the bilabial plosive consonants: the devoicing of the voiced plosives (trabalho~trapalho) and the voicing of the voiceless plosives (pudim~budim) in Portuguese, in the speech of Portuguese-German bilinguals. The speech community under investigation is Glória, located in the countryside of Estrela, a city founded by German immigrants in the XIX century in the state of Rio Grande do Sul, Brazil. Twenty four sociolinguistic interviews provided data for the investigation. The data were quantitatively analyzed with the computational programs of the VARBRUL package, in their GoldVarb X version, in order to verify the linguistic and extralinguistic factors which constrain the realization of the plosives. The total frequency of rule application is low. The control of variable Age suggests that the process tends to disappear in the years coming. The process is conditioned by old informants, women, bilinguals which perform social practices almost exclusively in Glória. The analysis of the personal social network of the informants showed that it is dense and multiplex. Despite of its density and multiplexity, old informants do not diffuse the variable rule to their contacts in the net, the young informants who work and study in urban areas where the application of the variable rule of plosives is rare.
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